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20/06 Por: Raphael Mendes em Destaques Comentários ## CÂMERAS DE SEGURANÇA FLAGRAM VÂNDALO EM AÇÃO DURANTE PROTESTOS ABSURDO, ONDE ESTÁ A TROPA DE CHOQUE PRA CONTER ESSA BADERNEIRA?!? ### Gostou? Curta nossa fanpage ;-) Por: Raphael Mendes em Destaques
2023-02-02T00:44:30Z
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BANDO DE BADERNISTA SEM MÃE! Acompanhantes BH Apostas Esportivas O conteúdo desse site é fictício, recheado de ironia e sarcasmo, estamos aqui de brincadeira. Acompanhantes ES
2023-02-09T02:20:36Z
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19/02 Por: Izzy Lulz em Comentários ## Marmanjos badernistas são presos e pedem pra chamar os pais Um bando de marmanjos barbados quebrando tudo na rua, são presos e pedem pra chamar os pais pra ~resolver~ as coisas na delegacia. Que bonito essa juventude criada a leite com pêra! VÃO CHORA AGORA? ### Gostou? Curta nossa fanpage ;-) Por: Izzy Lulz em
2023-02-09T12:51:10Z
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https://bobagento.com/metodo-infalivel-para-fasdsadsaazer-seu-irmao-mais-novo-ficar-nao-sair-do-lugar/
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20/03 Por: Izzy Lulz em Comentários ## Método infalível para fazer seu irmão mais novo não sair do lugar Sua mãe sai de casa e o pirralho do seu irmãozinho não pára de fazer zuera pela casa? Faz o seguinte, pega o celular, tablet, computador, videogame, ou seja lá o que for que ele mais goste e siga o exemplo do vídeo: Pronto, quando sua mãe estiver chegando é só explicar que ele estava fazendo baderna. ### Gostou? Curta nossa fanpage ;-) Por: Izzy Lulz em
2023-02-03T04:24:17Z
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ESSA TORCIDA ORGANIZADA SÃO TUDO BADERNISTA MESMO. UM ABSURDO! Acompanhantes BH Apostas Esportivas O conteúdo desse site é fictício, recheado de ironia e sarcasmo, estamos aqui de brincadeira. Acompanhantes ES
2023-02-09T05:51:13Z
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## Reporter é preso por fazer perguntas a general durante a ditadura militar Se você é daqueles que acha que só bandido e baderneiro era perseguido na ditadura militar está muito enganado. Pessoas eram presas apenas por expor opiniões diferentes, críticas e até mesmo por fazer perguntas desagradáveis. Eu não gosto de tocar nesses assuntos pra não dar motivo pra esquerdopata ficar repetindo e usando esse tipo de argumento para defender bandido e a permanência do PT no poder, mas não posso deixar de dizer que sou contra a intervenção militar, porque é isso que aconteceria se a ditadura voltasse: Se estivéssemos vivendo uma ditadura, enquanto você lê esse post, provavelmente eu já estaria preso e levando borrachada em algum quartel, apenas por divulgar esse conteúdo.
2023-02-05T01:18:44Z
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https://bocanotromboneitaguai.com/tag/sindicalistas/
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Sindicalistas, lideranças sociais e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acusam a Polícia Militar de ter inviabilizado o comício de encerramento dos protestos contra as reformas trabalhista e da Previdência, nesta sexta-feira (28), na Cinelândia. Segundo eles, quando milhares de pessoas aguardavam o início dos discursos, que seriam realizados em um palanque montado em frente à Câmara Municipal, PMs começaram a jogar bombas de efeito moral e de gás lacrimogênio, o que causou um corre-corre e esvaziou a praça. De acordo com os organizadores, após cerca de 30 minutos, os manifestantes voltaram, mas a PM voltou a reprimi-los, jogando mais bombas sobre o local e terminando de vez com o comício. “Eles chegaram com a truculência de sempre, sem identificar quem estava [ali] para fazer baderna e quem estava para protestar. Eles simplesmente botam todos no mesmo saco e atacam a gente. O principal ato de hoje eles conseguiram desmobilizar”, protestou o representante do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas em Saneamento Básico do Rio de Janeiro, Mario Porto. Os sindicalistas disseram que a PM jogou bombas no palco, enquanto pessoas discursavam. “A polícia nunca quis que a gente realizasse este ato. Jogaram bombas no palco, enquanto as pessoas estavam falando. Essa não é atitude de polícia”, disse o presidente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB), Ronaldo Leite. Para Leite, o objetivo real era encerrar o ato. Manifestação A concentração para o comício começou por volta das 13h, em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), quando houve o primeiro confronto entre manifestantes e PMs. Em seguida, o grupo foi para a Cinelândia para participar do ato principal. A ativista social Indianara Siqueira disse que, na Alerj, os policiais já tinham começado a jogar bombas. “Nós nos reagrupamos e fomos para a praça [Cinelândia]. Aí houve a fala dos parlamentares e dos movimentos sociais e eles jogaram bombas novamente e as pessoas se dispersaram.” De acordo com Indianara, quando os manifestantes retornaram, os policiais voltaram a jogar bombas de gás e usar spray de pimenta. OAB A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Seção do Rio de Janeiro, divulgou nota protestando contra a violência da PM nos protestos de rua que fizeram parte do dia de greve geral. “Nada justifica a investida, com bombas e cassetetes, contra uma multidão que protestava de modo pacífico. Se houve excessos por parte de alguns ativistas, a polícia deveria tratar de contê-los na forma da lei”, diz a nota da OAB, assinada pelo presidente da entidade, Felipe Santa Cruz. PM Em nota, a PM diz que agiu para combater a ação de vândalos. “A corporação agiu em vários distúrbios, reagindo à ação de vândalos que, infiltrados entre os legítimos manifestantes, promoveram atos de violência e baderna pelo centro da cidade”. A PM foi procurada por e-mail pela reportagem, mas não se posicionou sobre a acusação de que usa violência desproporcional contra a multidão que se preparava para participar do comício na Cinelândia. Em nota, o presidente Michel Temer criticou os protestos realizados hoje. Segundo ele, “pequenos grupos bloquearam rodovias e avenidas para impedir o direito de ir e vir do cidadão, que acabou impossibilitado de chegar ao seu local de trabalho ou de transitar livremente”. “Fatos isolados de violência também foram registrados, como os lamentáveis e graves incidentes ocorridos no Rio de Janeiro”. No Twitter, a ex-presidente Dilma disse que a greve mostra que o povo brasileiro é valente e capaz de resistir a mais um golpe. Agência Brasil
2023-02-03T16:49:41Z
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A sociedade determina estereótipos de gênero e a criança é fruto desse meio. A escola é uma das esferas sociais por onde transitam conceitos, valores, crenças, relações, etc. Desde tenra idade os indivíduos estabelecem relações sociais entre seus pares. É por meio dos princípios adultos que as crianças fazem as suas escolhas, como um amiguinho com quem vai brincar, por exemplo, porque se identificam mais com este do que com aquele. No entanto, a escola continua desprezando comportamentos destoantes relacionados ao gênero. Realizamos uma pesquisa de campo utilizando a entrevista, com perguntas diretas sobre o tema abordado, como instrumento de pesquisa. Palavras-Chave: Gênero. ### Em destaque Os símbolos que identificam a marca acabam por agregar e gerar valor aos produtos ou serviços oferecidos. Quanto ao conceito de marca, que engloba a identidade visual e os serviços oferecidos, o autor define que: [ Trata-se de um sistema integrado que promete e entrega soluções desejadas pelas pessoas. Dessa maneira, constata-se que existem diversas formas diferentes de que uma registro pode ser identificada no mercado, seja por símbolos, cores, entre outros. Referente a isso, segundo Martins , p. Se a marca cumpre o que promete, os clientes certamente pagam restante pelas diferenças que eles creditam aos valores representados pela marca. No entrementes, Kotler , p. Cobra , p. ### Document details Pesquisar casada reunião às cegas filme bandada. Xadrez Ponha-se à provação com um quesito de xadrez. Sudoku Faça uma pausa e resolva um sudoku. Puzzle Junte as peças e descubra algo segundo todos os existência. Jorge Mourinha. Editorar i-podcast. Europa Hungria rejeita badernar política restritiva de migrações. ### A procura de um amor Angel silva Sou uma pessoa de conveniência com a viver, adoro um decente sexo, maneira de declarar e recepcionar prazer. Totalidade vida moro no pivô do Rio admitido Karina Vou te surpreender na leito, vamos trabalhar o que você nunca fez, vou te indicar a portar qualquer mulher à mania e vamos Vitória e virtual. Sexo pré-casamento transformaram a cata por namoro do transposto pela cata de sexo do presente. Sexo aqui é pré-requisito para iniciar um relacionamento. A pílula anticoncepcional foi o catalisador que mudou o pendulo da monogamia para a promiscuidade. ### Em busca do meu par Maria eduarda de torre, morena super gostosa. Vizinha flagrada na fronte de domicílio. Novinha pepeca do Pouco no ressaio de casa. Esposa gordinha tetuda muito safada.
2023-01-31T00:05:27Z
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- Gerar link - Outros aplicativos Com a PEC da Transição e o Orçamento aprovados e promulgados pelo Congresso, Lula anunciou uma leva de ministros, Fernando Haddad assumiu o compromisso de entregar um novo marco fiscal até agosto, Aloízio Mercadante saiu bem posicionado de encontro com banqueiros e o mercado financeiro reage com discreto otimismo. Estão dadas as diretrizes para o início de uma nova era no País. Lula e sua equipe assumem o comando do governo em 1º de janeiro com a responsabilidade de responder à grande expectativa da maioria dos brasileiros, que anseia pela superação da mediocridade. Além de trabalhar, o governo Lula precisará de apoio de um novo Congresso, terá de buscar uma coalização. O ano legislativo só começa em fevereiro, o que dá a Lula 30 dias de fôlego para começar a consolidar seu governo. Lula também precisará de paz, e a esmagadora maioria da população concorda que atos golpistas precisam ser punidos, por respeito à lei e ao resultado eleitoral. É chegada a hora de colocar ordem na baderna. Se na economia os sinais são de alento para o começo do governo, a área social vai exigir esforços ainda maiores. Saúde, educação, cultura e atendimento aos mais carentes vivem um caos nunca visto. Parte da nossa contribuição será não dar combustível para as intrigas que a mídia insistirá em ampliar. E policiar outros atentados à democracia com os quais pequenas minorias insistirão. Com otimismo e alegria pelo fim das trevas, desejo Boas Festas e um Ano-Novo de paz, realizações e felicidades para todos nós. --------------------------------------------------------- Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com - Gerar link - Outros aplicativos ## Comentários ## Postar um comentário Os comentários são bem-vindos. Não serão aceitos, porém, comentários anônimos. Todos serão moderados. E não serão publicados os que estimulem o preconceito de qualquer espécie, ofendam, injuriem ou difamem quem quer que seja, contenham acusações improcedentes, preguem o ódio ou a violência.
2023-02-02T08:34:57Z
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- Gerar link - Outros aplicativos |Valter Campanato/Agência Brasil Após tentativas de ataques em refinarias, terroristas derrubaram três torres de transmissão de energia e fala-se que se mobilizam para novas arruaças nesta quarta-feira (11). Mas não passarão. A reação tem sido rápida e enérgica. Alexandre de Moraes determinou a prisão do ex-ministro Anderson Torres, que até domingo era secretário de Segurança do Distrito Federal e homem forte do miliciano. É um recado ao chefe da milícia. Quem falou com Torres revela que o machão quando ministro, golpista e articulador de bandidos chora como um covarde. Treme como vara verde ao saber que vai para a cadeia quando voltar de Orlando, onde no final da semana passada articulou o ataque terrorista com o miliciano. Moraes mandou prender também o chefe da quadrilha travestida de polícia do Distrito Federal. Fabio Augusto Vieira, responsável pela baderna de domingo, já está no xilindró. Na petição das prisões, a pedido da PF, Moraes alega que há ameaça à vida do presidente Lula e outras autoridades. Menciona “organização criminosa e omissão”. Fora dos autos, Moraes diz que não estamos lidando com pessoas, mas com selvagens. Outras prisões devem ser efetuadas. O covarde que fugiu para Orlando vê apertar o cerco criminal e o isolamento político. Expoentes da ultradireita global, como Netanyahu, Andrzej Duda e Giorgina Meloni, condenaram os ataques terroristas e defenderam a eleição de Lula. A exceção é Donald Trump, cujo silêncio, porém, depõe contra o miliciano. Nem o mercado financeiro parece dar bola para a trépida terrorista. A Bolsa fechou em alta pelo quinto dia consecutivo e o dólar caiu. --------------------------------------------------------- Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com ## Comentários ## Postar um comentário Os comentários são bem-vindos. Não serão aceitos, porém, comentários anônimos. Todos serão moderados. E não serão publicados os que estimulem o preconceito de qualquer espécie, ofendam, injuriem ou difamem quem quer que seja, contenham acusações improcedentes, preguem o ódio ou a violência.
2023-02-02T08:28:05Z
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A Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) contratou este ano "fantasmas" ligados a dois deputados bolsonaristas reeleitos — Soraya Santos (federal) e Dr. Serginho (estadual), ambos do PL-RJ. Os pagamentos eram feitos com recursos que a Faetec (Fundação de Apoio à Escola Técnica), órgão do governo estadual, direcionou à Uerj; Eles ganharam até R$ 26 mil por mês durante a campanha Há indícios de que ao menos 45 contratados pela Uerj têm ligação com Dr. Serginho e Soraya Santos - políticos que fizeram campanha juntos. Eles receberam um total de R$ 2,314 milhões de recursos que vieram da Uerj. **Viver é Perigoso** ## 2 comentários: E aquela baderna ontem em Brasília? Não é pregação da direita que só os esquerdistas promoviam esses ataques e vandalismos? E agora?. Enquanto isso o Minto continua sua pregação dúbia, ao gosto do freguês. Será que ele e os bolsonaristas não se tocam? A justiça,os políticos, os empresários, o mercado, a maior parte da população, os outros países até os militares já viraram a página eleitoral. Ontem vi duas cenas emblemáticas: futuro ministro da Justiça junto com autoridades do DF falando da baderna e a investigação/responsabilização dos culpados e o atual jantando tranquilamente na hora de baderna num restaurante chique de Brasília. Acorda gente! Observador de Cena Abordagem bastante polêmica do novo governo sobre a questão fiscal, PEC do estouro, estoura mesmo e muito. Juros futuros nas alturas. Outra polêmica são as indicações principalmente a do BNDES onde Mercadante não poderia "sentar" - barrado pela lei das estatais. Solução, contorna-se a lei ou aprovam-se mudanças, prazos de quarentena etc, afinal na economia e principalmente na política nada é definitivo. E o dito mercado vai reagindo negativamente a cada fala/indicação do Lula. Aquele período de "lua de mel" parece que não vai acontecer. Assim ficará difícil reclamar da herança maldita e ela existe principalmente na questão orçamentária. Mal começo. Mercado-Lógico Postar um comentário
2023-01-27T21:43:39Z
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Antes que me torne um eremita completo, ocuparei este espaço para falar e discutir um pouco, com simplicidade, sobre a vida, com suas alegrias e tristezas. Pode ser que acabe falando comigo mesmo. Neste caso, pelo menos prevalecerá a minha opinião. outro dia foi comparado aqui os sofrimentos dos judeus (traição) com os bolsonaristas baderneiros. façam isso com a gente não. será que é por que nessas manifestações golpistas sempre aparece nas fotos ao fundo uma bandeira de israel? nunca entendi! Postar um comentário ## Um comentário: outro dia foi comparado aqui os sofrimentos dos judeus (traição) com os bolsonaristas baderneiros. façam isso com a gente não. será que é por que nessas manifestações golpistas sempre aparece nas fotos ao fundo uma bandeira de israel? nunca entendi! Postar um comentário
2023-02-07T14:19:40Z
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Antes que me torne um eremita completo, ocuparei este espaço para falar e discutir um pouco, com simplicidade, sobre a vida, com suas alegrias e tristezas. Pode ser que acabe falando comigo mesmo. Neste caso, pelo menos prevalecerá a minha opinião. Conhecereis a verdade sobre os Bolsonaros e a verdade vos libertará deles. Triste o país onde as forças armadas protegem terroristas!O Exército impediu que a PM prendesse os anarquistas?Por quê?Muitos parentes e amigos de farda fazem parte do grupo de vândalos? De toda forma jamais serão esquerdopatas.Já é alguma coisa.Continuemos no lado de cá e vc fica ai do lado de lá. Ah, pode fazer um.... No exército tbem tem os *melancias* verde por fora e vermelho por dentro...kkkkkkk Não serão esquerdistas. Já são bozzopatas..Ou melhor, baderneiros, terraplanistas, vândalos, rachadores e então desesperados e com medo de perder o leite condensado na faixa!Haja "patriotismo".E enquanto isso, o bozzo na esbornia em Miami. Postar um comentário ## 5 comentários: Conhecereis a verdade sobre os Bolsonaros e a verdade vos libertará deles. Triste o país onde as forças armadas protegem terroristas! O Exército impediu que a PM prendesse os anarquistas? Por quê? Muitos parentes e amigos de farda fazem parte do grupo de vândalos? De toda forma jamais serão esquerdopatas. Já é alguma coisa. Continuemos no lado de cá e vc fica ai do lado de lá. Ah, pode fazer um.... No exército tbem tem os *melancias* verde por fora e vermelho por dentro...kkkkkkk Não serão esquerdistas. Já são bozzopatas..Ou melhor, baderneiros, terraplanistas, vândalos, rachadores e então desesperados e com medo de perder o leite condensado na faixa! Haja "patriotismo". E enquanto isso, o bozzo na esbornia em Miami. Postar um comentário
2023-02-07T14:10:59Z
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https://lealrocha.co/2023/01/08/anitta-se-veste-de-tieta-do-agreste-para-abrir-temporada-de-pre-carnaval/
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Afim de homenagear as mulheres fortes e inspiradoras, **Anitta** elege o tema Guerreiras e se veste de **Tieta do Agreste** para abrir temporada de pré-Carnaval. Sendo assim, ontem (sábado, dia 8 de janeiro), a cantora iniciou os ensaios no Centro de Convenções de Salvadora, na Bahia. Aliás, a previsão é que 2023 seja o maior Carnaval na carreira da artista. Para começar, ela se inspirou na personagem Tieta – obra de **Jorge Amado**, publicada em 1977. Escorraçada de sua cidade natal por ser uma mulher sexualmente livre, ela se eternizou na adaptação televisiva de **Betty Faria** e no cinema por **Sônia Braga**. *“Estou muito feliz em realizar novamente meus ensaios de carnaval e sentir o calor do público de pertinho! São shows diferentes, com repertório bem eclético e que não deixa ninguém parado. Salvador sempre me recebe com muito carinho e a galera é como eu, animada né amor? Que venham as outras cidades! Serão muitas até o carnaval. Muitas fantasias produzidas, brilho e muita diversão!”* (disse **Anitta** à imprensa). Além do show que aconteceu ontem, rolou também a presença dos baianos **Márcio Victor (do Psirico**), **Xanddy Harmonia** e da banda **Timbalada**. Entretanto, hoje, a carioca desembarca no Rio de Janeiro para uma segunda apresentação dos ensaios, dessa vez no Riocentro. ## 1 Comment Descubra quem foi Marietta Baderna, a bailaria homenageada por Anitta- […] do Agreste”, de Jorge Amado) no último sábado (7 de janeiro), a cantora Anitta homenageou Marietta Baderna (italiana radicada em 1849 na então capital do Brasil) no domingo (8), […]
2023-02-06T06:56:54Z
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https://lealrocha.co/2023/01/10/descubra-quem-foi-marietta-baderna-a-bailaria-homenageada-por-anitta/
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Descubra quem foi Marietta Baderna. Após homenagear a personagem **Tieta** (protagonista do romance **) no último sábado (7 de janeiro), a cantora “Tieta do Agreste”, de Jorge Amado** **Anitta**homenageou **Marietta Baderna**(italiana radicada em 1849 na então capital do Brasil) no domingo (8), no Rio de Janeiro. Aliás, o tema dos ** desse ano é baseado nas mulheres fortes que romperam paradigmas da sociedade por onde passaram e viveram – seja na ficção ou na realidade. “Ensaios da Anitta”** #### Descubra a seguir quem foi Marietta Baderna Sim, o sobrenome da bailarina, que era um fenômeno e fazia parte do baile do Alla Scala de Milão, remete sempre à confusão e tumulto. Mas você sabe o motivo? Pois bem… Na realidade, ela e seu pai se auto-exilaram no Brasil após participarem de manifestações republicanas na Itália durante o período de unificação do país. No Rio, a jovem dançou em teatros como o Teatro São Pedro de Alcântara (atual Teatro João Caetano), entretanto começou a incorporar danças afro-brasileiras, como o lundu, a umbigada e a cachucha. Vistas como escandalosas, as danças e apresentações fizeram bastante sucesso entre as pessoas que faziam manifestações exaltadas. Por isso, seus admiradores eram chamados de badernistas. Ainda assim, ela não se limitou a se apresentar em lugares fechados, mas também dançava ao ar livre, ao lado de escravos. Lembrando que a sociedade escravagista e moralista da época iniciou os boicotes a ela e seu fãs. E mais uma vez, reagiram de forma ainda mais barulhenta, por exemplo, batendo os pés para atrapalhar outros espetáculos, protestavam contra a direção dos teatros e não iam aos espetáculos. Conhecida como **Marietta Baderna**, **Franca Anna Maria Mattea Baderna** nasceu em Castel San Giovanni (1828) e morreu no Rio de Janeiro em 1892. Sua última apresentação pública aconteceu na temporada de 1864-1865 no Brasil, depois de se apresentar no Grand Théatre de Bordeaux, em 1863. Todavia, os jornais não publicaram mais nada sobre ela. Bom, se antigamente a palavra “baderna” chegou a ser sinônimo de “beleza”, hoje tomou forma e nunca mais deixou de indicar confusão e tumulto. Por isso, quem age assim não é mais “badernista”, mas sim “baderneiros”. #### Sobre a fantasia usada por Anitta Criada pela *stylist* **Clara Lima** e confeccionada por **Michelly X** (que também fez a roupa em que a cantora homenageou **Tieta**), a fantasia contém um body que parece duas peças, mas é unido na lateral. A produção conta com tecido amassado em tons de rosa e cinza. Ah, e a **Anitta** também usou uma meia com cinta-liga, bota prateada e tiras amarradas nas pernas. #### Fantasia de Tieta Na apresentação que aconteceu em Salvador, o look estava ainda mais sensual com uma mistura de animal print e vermelho. A estampa apareceu nas luvas, no lenço, no top e na meia usada sob a bota dourada, tudo finalizado com o body vermelho. Quer saber mais sobre a fantasia de **Tieta** usada por **Anitta**? É só clicar **aqui**! ## 1 Comment Anitta grava clipe em terreiro de candomblé e começa a sofrer ataques na internet- […] assim, ontem (25 de janeiro), após gravar seu novo clipe em Magé, cidade do Rio de Janeiro, a artista começou a sofrer ataques de intolerância […]
2023-01-29T15:22:23Z
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https://lealrocha.co/tag/quem-foi-marietta-baderna/
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2023-02-06T07:21:54Z
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Projeto: Museu Clube da Esquina Depoimento de: Nelson ngelo Entrevistado por: José Santos e Stella Tredice Local e data: Belo Horizonte, 17 de junho de 2004 Realização Museu da Pessoa Código do depoimento: MCE_HV018 Transcrito por: Marllon Chaves P1- Bem, Nelson, bom dia! R- Bom dia. P1- Eu...Continuar leitura Projeto: Museu Clube da Esquina Depoimento de: Nelson ngelo Entrevistado por: José Santos e Stella Tredice Local e data: Belo Horizonte, 17 de junho de 2004 Realização Museu da Pessoa Código do depoimento: MCE_HV018 Transcrito por: Marllon Chaves P1- Bem, Nelson, bom dia! R- Bom dia. P1- Eu queria começar a entrevista perguntando então o seu nome completo, data e local de nascimento. R- Isso no cartório, (riso) Nelson ngelo Cavalcanti Martins, nascido em Belo Horizonte, dia 15 de junho de 1949. P1- E Nelson, você podia falar o nome dos seus pais e qual era a atividade que eles desenvolviam? R- Meu pai chamava-se Nelson Vieira Martins e minha mãe Heloísa Cavalcanti Martins. Meu pai era médico e minha mãe, do lar, como chamavam antigamente. Classe média de Belo Horizonte, e isso aí, normal ali, família normal ali. Gente do interior, Ponte Nova, todo mundo. Eu tenho um pé no norte também, o meu avô por parte mãe era lá do norte, mas o resto da família, todo mundo Minas Gerais. P1- O seu avô materno ou paterno que era do norte? R- Materno, meu avô materno. Tenho um pezinho lá, um Cavalcanti, né? O Cavalcanti é do pessoal de lá. P1- E Nelson, os seus pais... R- Posso fazer um negócio? Eu fiquei totalmente inibido, eu fiquei... P1- Bem, Nelson, você podia se apresentar? R- Tá. Hoje a gente está aqui, no dia 17 de junho de 2004. Eu estou aqui pra falar um pouco de mim, e pra falar sobre a minha participação junto com meus amigos e companheiros num movimento que foi chamado de Clube da Esquina e também pra falar um pouco da minha vida no meio dessa história toda. Meu nome é Nelson ngelo Cavalcanti Martins, eu nasci em Belo Horizonte, minha família é do interior de Minas Gerais, de uma cidade chamada Ponte Nova. [pausa] R- Bom, hoje é dia 17 de junho de 2004. Eu estou aqui pra prestar um depoimento, falar sobre mim e sobre amigos que acabaram se tornando parte de um movimento. [trecho sem som] Martins, nome artístico, como dizem, Nelson ngelo. Nasci em Belo Horizonte, em 1949, na rua da Bahia, nasci em casa. Filho de um médico [trecho sem som] Nelson [trecho sem som] e Heloísa Martins, [trecho sem som] na cidade mineira de Ponte Nova. E eu tenho um pé um pouco no norte, porque meu avô é pernambucano, Cavalcanti, que foi pra Minas Gerais e constituiu família, lá. Então é uma pessoa de classe média. Família normal. Eu nasci ali perto do Minas Tênis Clube. Onde eu vivi a minha infância entre Belo Horizonte e Ponte Nova, que eu passava assim a metade do ano em Ponte Nova e também um outro lugar chamado Papagaio. Que meu pai foi médico da cidade e chegou até a ser prefeito uma época, aquela coisa. Um lugar, um lugarejo, né, pequenininho, uma cidade pequena. E eu passei também bastante tempo da minha infância nessa história de cidade do interior e Belo Horizonte. Foi muito importante na minha vida. Mas eu vivi muito essa coisa de cidade de interior mesmo. Então essa história daí. Na minha infância eu comecei a estudar em colégio de classe média, em colégio marista, os Irmãos Maristas. E fiquei, isso era 1954, 1955, por aí. Fiquei estudando lá e aos 10 anos, eu estudei um pouco de violão. Primeiro com o professor Raul Martins, ali no Santo Antônio mesmo. E depois um pouco com professor José Martins, que era muito conceituado, amigo até do André Segóvia e tudo. Mas na verdade, eu fiquei muito pouco tempo nesse estudo, porque eu tinha uma fascinação muito grande pela música popular. E em Minas Gerais é um lugar onde se ouvia muita música. A grande escola, depois até pretendo me lembrar disso pra falar um pouco sobre essa história na frente, que é uma escola de ouvir, de tocar porque ouviu muito, porque seguiu aquilo. Essa era a coisa vigente, a maioria desses músicos, desses meus amigos, dessas pessoas, tanto músicos como letristas como pessoas que mexiam com literatura, tinham um aprendizado. Havia um aprendizado meio feito assim sem as escolas tradicionais. Era tudo meio no meio da rua mesmo, nas esquinas, nos bares, que era uma coisa tradicional lá de Minas Gerais. Sempre foi o bar um lugar de encontro, de troca de idéias e de aprendizado, por incrível que pareça assim, um meio menos formal de aprendizado. Então essa época dos 10 anos, a música era tocada em rádio. A televisão ainda não existia, veio um pouco depois. Mas se ouvia muita música no rádio e muita música em tudo que é lugar que você ia. Todas as casas tinham piano, violão, entendeu? Você não ia numa casa que não tivesse um instrumento musical. E a motivação era muito grande. As pessoas que tinham uma facilidade, vamos dizer, um talento pra questão musical se deram muito bem, porque tiveram uma formação rica ali em Minas Gerais. Todos, assim sem exceção. Todas as pessoas da maioria das classes ouviam música. Ouviam ópera, ouviam música clássica, ouviam jazz, ouviam rock and roll, ouviam tudo que é tipo de música. E isso parece que foi assim a semente dessa história pelo lado musical, né? Pelo lado humano, a gente tinha, eu tive um presente muito grande, porque eu tive a felicidade de poder conviver com diversas pessoas independentemente assim do status dessas pessoas, enfim, do poder aquisitivo. Eu tive uma vida curiosa desde cedo, porque pelo fato deu estudar em colégio de classe média, eu conhecia as pessoas ricas da cidade, entendeu? Quer dizer, donos de banco, donos de grandes empresas e grandes lojas. Mas pelo meu bairro ali tinha uma proximidade também com pessoas que não tinham absolutamente nada. Inclusive, assim, favelados mesmo, pessoas que moravam em favela, que a gente tinha uma relação por intermédio de música e de futebol. Rolava uns joguinhos assim, entendeu? E apesar de eu ser um grande perna de pau, eu joguei muito futebol quando era menino. Na fazenda assim, lá em Ponte Nova, tinha uma coisa engraçada que o pessoal, tinha um campo de futebol que era assim, o, era um... P1- Um declive? R- É, era um declive. Então os meninos tinham tanta saúde assim, tanta liberdade, tanta vontade de viver, assim essas coisas, que jogavam assim. O pessoal almoçava, aí assim, de duas às quatro, jogavam pra baixo. De quatro a seis, jogavam pra cima, entendeu? O time atacava pra cima, né? Então esse tipo de coisa, rolava em morro, rolava quando eu mudei pra perto do Minas Tênis Clube, que era mais chique assim, pro Alto do Santo Antônio, perto da caixa d’água. Começou a história de, tinha umas favelinhas, um outro tipo de coisa, a palavra favela a pessoa pensa até que é esse tipo de coisa de hoje, mas era uma coisa muito mais romântica, entendeu? Existia uma pobreza mas com muita dignidade. Existiam os marginais que eram os malandros. Eu conheci já desde essa época, entendeu? Conheci lá o cabeção, entendeu? Que era o cara barra pesada. “Esse, ó, esse garoto, meu amigo, hein.” E fiquei impressionado com aquilo. Eu era menino, eu ficava com medo, né, claro. Aí o cabeção já soltava pipa, lá já. Era uma coisa assim mesmo marginal, mas só que com muita elegância, vestia um terno, entendeu? P1- Terno? R- É, e namorava as moças, as domésticas e tinha romance. Contava pros meninos. Os meninos ficavam ouvindo as histórias dele lá. Ele dizia assim: “não, porque eu namoro aquela lá, aquela.” Contava altas peripécias, né? Então tinha esse convívio e o negócio de carnaval. A gente formava uns bloquinhos de carnaval, que eu tocava percussão. Descia lá e tocava, fazia papagaio, pipa, né, lá na coisa e tocava com eles. Até o pessoal falar: “aí, o cara aí, o cara vem cá de cima e está tocando melhor que vocês.” (riso) Tinha um jogo, uma brincadeira. Enfim, o quê eu quis dizer com isso que me veio aqui na memória agora, já que vocês me liberaram pra falar até mais da minha pessoa e que a minha convivência humana foi essa daí. Isso me gerou coisas curiosas durante a vida assim. Porque nem sempre e até hoje essas pessoas convivem numa muito boa, não é? Existem diferenças, existem revoltas. E eu desde menino fiquei meio no meio dessa coisa daí, entendeu? E tentando um pouco defender um lado e o outro da minha amizade. O que talvez possa ter provocado uma coisa, que demorou pra eu até aparecer, porque eu fiquei assim meio, sabe? Se o cara era um tipo de pessoa, eu não gostava de ver um outro tipo de pessoa chegar e dizer, fazer pouco caso daquilo, entendeu? Quer dizer, vamos dizer, se era pobre eu não gostava de ver o cara que era rico chegar e dizer algum negócio pra ele. Se era rico eu também não gostava de ver o malandreco dizer: “Eu vou passar a perna nesse cara!” Então eu tive uma vivência boa e fiz muitos amigos, graças a Deus, nessas áreas todas. Daí eu comecei a mexer com a música. Nós estamos ouvindo o lado Raul Marinuzzi e Martins, [espaço sem som] total [espaço sem som] estúdio de música, não sei o quê. Isso foram uns dois, três anos. P2- Mas o seu primeiro instrumento foi a percussão? R- Nada, pra te dizer na brincadeira foi, né, na brincadeira foi, porque eu toquei, eu tocava tamborim. Mas não era a coisa que eu levei a sério no sentido de prosseguir naquela coisa. Meu primeiro instrumento na verdade foi o violão, porque eu peguei na minha casa, como eu disse todo mundo tinha instrumento. Meu pai tinha, minhas irmãs tocavam e eu peguei o violão e em dois meses assim eu tocava melhor do que ela, entendeu? P1- Ah é? R- Ah é. P1- E você tinha quantos anos? R- Não, eu era um menino cheio de jeito pro, é, meu professor ficava ____ e eu meio ___ negócio de música clássica, porque ele tocava a música pra mim uma vez e eu decorava, entendeu? Aí não lia. (Riso) Passava ele pra trás, não lia, ficava, entendeu? Era a facilidade de ouvir, então eu tinha, eu levava jeito, sabe? Aquele menino tinha jeito pro negócio, e eu... P1- Só te interromper um instantinho. Então quer dizer, na sua família tinha um clima musical? P1- Ah, tinha. P1- Teu pai tocava? R- Meu pai tocava uma música chamada “Dalila”, entendeu? Uma, entendeu? Que fazia plin, tchum, tchum, plin, tchum, (riso) e parava por aí, entendeu? O negócio dele era medicina e pescaria. Na música ele gostava, sempre me deu a maior força, mas ele me dava força pra qualquer coisa que eu quisesse fazer. Ele não era assim essencialmente um músico. A minha mãe era mais musical. P1- Ah, é? R- Era, minha mãe era musical. Porque as mulheres naquela época, todas aprenderam piano, entendeu? Todo mundo tinha uma casa que tinha piano, entendeu? As tias, se não tinham piano, por exemplo, na minha casa não tinha piano, mas na casa da minha tia, que era lá perto, tinha. Minhas irmãs estudaram até um pouco de piano na casa das minhas tias. E aí o negócio do violão, foi um instrumento que eu tinha facilidade. Eu peguei assim e rapidinho eu toquei. Eu olhava e repetia, sabe, facilidade visual e auditiva. Eu sempre fui um garoto musical, entendeu, musical. Por isso muitas pessoas gostaram de mim como músico. Nomes até que depois viraram pessoas super importantes na música. Por causa disso, uma facilidade musical, entendeu? Acho até que com o passar do tempo, às vezes, esses dias eu estava pensando nisso, as pessoas se deseducam um pouco. Porque quer, o raciocínio muitas vezes prejudica esse lado musical, a coisa. Você não pode começar querer tolher, sabe? É uma discussão longa que não cabe aqui. Mas às vezes a pessoa muito musical começa a ficar presa de regra, saber uma regra? “E então você faz isso aqui assim. Isso aqui pode, isso não pode.” Começa a tolher essa história e prejudica essa musicalidade bruta, entendeu? Quer dizer, atrapalha um pouco. Eu acho que a pessoa não deve deixar essas regras, deve prestar muita atenção pra regra não começar tolher a facilidade que você tem, que Deus te deu, de talento, de musicalidade, de fazer isso. Mas voltando aqui, como dizem, à vaca fria. Então rolava isso, aí rolava assim, muita festa, entendeu? Assim, ponte, ai cidade do interior, entendeu? Baile e todos os... menino de interior é menino precoce em relação à vida, né? Menino que convive, fez 12 anos já está com cara de 18, querendo falar grosso, entendeu? E é, o trem é, e começa logo o movimento, a ir nos lugares, entendeu? Vai na igreja, vai na zona, vai no clube, tem muitos amigos, entendeu? Então eu tive a felicidade de ter essa vida, entendeu? Eu comecei, como diziam, comecei muito cedo, entendeu? Eu fui muito à festa, dancei muito em clube, entendeu? Tinha aquela coisa, aqueles namoros de cidade de interior, maravilhosos, que você vai, convida a menina pra ir, primeiro tem aquela coisa, as moças andando, você, os rapazes ficavam olhando, não sei o quê. P1- É o footing. R- É, aquele footing. Então você diz assim: “posso falar com você?” E coisa e tal. Aquela coisa até meio atrevida, né, ficava vermelho, envergonhado, a moça também e coisa e tal. Aí vai pro cinema. P2- Mas o quê que vocês ouviam na época, que música que vocês dançavam? R- Tudo isso que eu estou te falando, era tudo. Tinha, ó, tinha assim: ópera, o Trovador, o Palhaço, Cavalleria Rusticana. Ouvia-se muito Bach, Beethoven. Isso eu não estou botando isso na frente de nada. Aí assim, música popular era época que começou a coisa da bossa nova, você entendeu? Quer dizer, vindo de uma época seca pra jovem. Eu comecei ouvir mas na época de Tamba Trio, João Gilberto, entendeu, Tom Jobim. E paralelo a isso veio a coisa de Ray Charles, veio a coisa de, tinha tudo, tudo, Elvis Presley, Pat Boone, as grandes orquestras americanas, Ray Conniff, Mancini, todas elas, Tommy Dorsey, todas as bandas, entendeu? Quer dizer, a informação era enorme, entendeu? Então aquilo ali, misturado na cabeça de uma pessoa jovem, entendeu, dava um coquetel maravilhoso. Se você tinha facilidade de lidar com aquilo, tanto que quando eu viajava pra Ponte Nova, eu tinha uma, ia muito de trem. E aí rolava uma história que eu botava o ouvido assim na janela da Maria Fumaça e aquele barulho do vento batendo, eu ia ouvindo melodias, o que eu mais gostava de ouvir. Porque eu, engraçado, surpreendentemente, eu ouvia meio o que eu queria. Ai eu falava, eu gostava muito de ouvir corais, entendeu? Coro cantando. E a melodia, não sei com o vento, eu não sei o quê que isso, sabia? Até hoje eu não entendi. Eu ouvia, fazia a melodia, eu compunha a melodia que eu queria ouvir ali. Já era um negócio de composição que eu meio não sabia o que era, né? Eu ficava ouvindo, aquilo me bastava, nunca pensei em guardar. (Riso) Devia ter um interesse. “Vou gravar isso aqui.” Devo ter feito grandes obras para coral, (riso) para coral e orquestra. Então a história era essa. Ponte Nova, muita festa, muito baile e enfim. E aí, quer dizer, acho que eu já dei um panorama dessa história. Era bom aluno. Engraçado que geralmente o cara que tem isso que eu falei aqui, não é lá muito bom aluno, o neguinho é meio, né, coisa e tal por natureza. Mas, curiosamente, mais uma vez pra eu não me entender, eu era bom aluno, entendeu? Assim, matemática, era bom, eu ouvia uma aula de matemática, eu aprendia ali na hora, entendeu? Depois até tinha uns colegas meus que pediam pra eu explicar depois da aula, entendeu, às vezes eu explicava, porque eu aprendia. Eu fui, tirei primeiro lugar muitas vezes no colégio, ganhei medalha, não sei o quê. Tinha até uma medalha, que era a medalha de excelência, eu ganhei. Engraçado, né, porque geralmente não bate com músico. Músico geralmente é o cara mais baderneiro, mais, né? Em compensação quando eu parei eu parei assim de vez, entendeu? Acho que a reação foi inversa. Né? Eu parei o estudo de uma vez só, nunca mais mexi com colégio. P1- Quando? R- Em 1965, no Colégio Estadual. Eu saí do Marista, fui pro Estadual, fiz um ano de clássico. Mas aí eu dormia na aula. Eu falei com os professores que eu não queria mais estudar e convenci. Falei: “no ano que vem eu vou me mudar pro Rio de Janeiro, vou fazer música e não vou mais estudar.” Convenci. Tinha uma professora de Geografia, Leda, que ela deixava eu dormir na aula. Eu ficava acordado até tarde, eu dormia na aula dela numa boa. Meu, a prova de fim, acho que agora já pode falar nisso. Não vai comprometê-la, né? Me deu a prova de fim do ano, assim, pra eu poder estudar as questões, né? Ela passou: “eu sei que você não vai estudar mais mesmo, já vi que não adianta querer nada com você.” Mas voltando lá, porque aí que eu vou começar a chegar numa história, que é o seguinte. Aí Ponte Nova, coisa e tal, carnavais maravilhosos, música, estudo, colégio, amizades. Aí em 1963, 1962 pra 1963, a gente tinha lá no colégio um grupo de amigos que gostavam de mexer com música e organizar assim, uma espécie de um clubinho de música lá na cidade, entendeu? E nessa época o Teatro Opinião, o pessoal do Grupo Opinião tinha a peça, estava no auge do “Carcará”, aquela coisa, João do Vale e tudo mais. Então eles iam fazer um show em Belo Horizonte e esses amigos resolveram fazer uma espécie de um clube, um lugar chamado Carcará, entendeu? Que era lá no centro da cidade, na rua da Bahia aí, no centro da cidade. E essa foi a mesma época que o Tamba Trio tinha ido a Belo Horizonte um pouco antes, feito uma apresentação na Secretaria de Saúde de Belo Horizonte - onde até meu pai trabalhou muitos anos como médico lá na Secretaria da Saúde e Assistência - eu fui, assisti esse show. Aí eu já fiquei totalmente fascinado, porque eu conheci as coisas pelo disco, mas ao vivo eu não tinha visto ainda, entendeu? Então, aí é que a coisa pegou mesmo, entendeu, foi aquela pedrada. Ah aí tem um fato que eu vou contar aqui, que é marcante, eu já até falei sobre isso, que nesse mesmo dia em que eu fui ver o Tamba Trio lá na Secretaria de Saúde, tinha uma turma sentada atrás de mim assim. O auditório estava muito cheio, e tinha um turma sentada atrás e tinha um sujeito lá no meio dessa turma que gritava. “Maravilha, que beleza, que beleza!” Batia palma, levantava. Eu nunca tinha visto aquilo na minha vida, eu falei: “meus Deus, que coisa engraçada, que entusiasmo.” Eu fiquei olhando aquilo. E muito pouco tempo mais tarde, eu um dia o conheci e que é que era? O meu amigo Márcio Hilton Fragoso Borges, que foi assim, era um entusiasta, tal. É. E a figura ficou assim na minha cabeça, que eu não, eu não vou esquecer a cara daquele maluco que estava, (riso) urrava no show. Aí falei: “eu não vou esquecer a cara daquele maluco de jeito nenhum.” Então foi meio junto com o Bituca, com o Milton Nascimento, que eu conheci Márcio Borges. A gente, a apresentação formal, ó, vou formular: eu conheci o Márcio Borges antes do Bituca, do Milton Nascimento, tá, e fui apresentado a ele depois que eu fui apresentado ao Milton. Isso foi uma questão de pouquíssimo tempo, uns dois três meses. P2- E aonde vocês se...? R- Tudo em Belo Horizonte. Aí vou voltar ao Caracará, eu não estou perdido não. É porque tem muita coisa. O Carcará deu uma festa depois que eles fizeram essa apresentação em Belo Horizonte do Opinião, que era Nara Leão, que era o Zé Keti, o João do Vale, tinha um violonista que está aí até hoje, o Roberto Nascimento, entendeu? E esses foram os principais. Eu não pude ir nesse show, porque a gente estava lá cuidando da inauguração do lugar e convidando todo mundo, não sei o quê. Então, lá nesse show, foi o primeiro dia que ouvi falar do Milton. “Tinha um cara lá no show, que entrou, cantou uma música e arrasou, acabou com o show.” (Riso) Quando ele entrou assim, diz que o teatro veio abaixo, que acabou com a história do negócio lá. Eu falei: “olha que maravilha, é mesmo, não sei o quê.” E me apareceu a figura do Milton, junto com o João do Vale, com o Zé Keti e com o Roberto Nascimento. E foram lá fazer a visita ao tal Clube Carcará, deixar o autógrafo na parede, né, botar lá o autógrafo na parede. E tudo certo, aquela coisa, todo mundo satisfeito, um movimento danado. E no meio disso, eu estava lá assim. E aí, todo mundo na época gostava de tomar umas biritinhas e aquilo ali às vezes fugia um pouco assim do controle, né, o pessoal ficava bem doidão mesmo assim. E no meio dessa história eu já estava falando, todo mundo meio assim, “Por quê!” Fazendo discurso. E aí o Milton falou assim: “eu acho que a gente devia tomar um Sonrisal.” (Riso) Nessa aí do Sonrisal, como não tinha lá, obviamente, nós fomos numa farmácia. Fomos procurar um Sonrisal numa farmácia lá aberta, aquelas farmácias de plantão. Não sei o quê. Aí já tomamos um Sonrisal, aí tinha um bar do lado, já tomamos mais uma outra, já tomamos não sei o quê, daí uma confusão. E, a partir desse dia, em 1963, nós fizemos uma sólida amizade, entendeu? Uma sólida amizade. Pela música, pelos mesmos interesses de conversa, de noite, de arte, de tudo, daquela coisa de ouvir muito, de ficar, de querer fazer alguma coisa, e ter uma vida pela frente assim. E nesse mesmo tempo, o Milton também, já conhecia o Márcio Borges e aí eu também fiquei conhecendo Márcio Borges. E aí a gente começou essa história, quer dizer essa é a minha versão. Quer dizer, o que ocorreu comigo. Eu não sei se é, entendeu? Cada pessoa vai ter uma maneira de enfocar isso aí, né? Comigo foi assim, a coisa de Clube da Esquina, chamado hoje. Começou dessa maneira daí. Daí nós viramos assim, grandes frequentadores, né, do Bigodoaldo’s, né, do Edifício Maletta, e de alguns lugares que permitiam que a gente fosse, frequentasse, entendeu, de menor beber, entendeu? Não tinha muito, eu era menor mas neguinho fazia vista grossa, tomava uma cervejinha, tomava, né, uma caipirinha e ninguém, chiava. Era uma coisa tranquila onde a gente podia compor, evoluir a nossa amizade, trocar idéia. Porque a coisa, é muito fascinante, a cabeça da pessoa mais jovem sobre os parâmetros, os conceitos, o quê que quer fazer da vida, o quê que a outra pessoa pensa, como é que é, discussões filosóficas, alegrias, tristezas. Ficava todo mundo numa tristeza danada, de repente tinha um negócio que se chamava fossa. Na época da gente, pô, hoje eu tô na fossa. Era aquela coisa assim meio influenciada por Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, existencialismo, entendeu? E a coisa assim, o Marcinho por exemplo era super ligado em cinema, o Bituca também. Eu também gostava apesar de saber menos coisas sobre cinema, mas gostava, porque cinema é uma coisa de sensibilidade. Todo mundo gostava muito. Então a gente fazia altos papos sobre isso, entendeu? Altas elucubrações, ia, voltava, não, por quê? E não sei o quê e por quê? E não sei o quê lá. E começou a juntar um monte de pessoas maravilhosas, que eu posso assim, sem dúvida nenhuma lembrar de uma moça totalmente apaixonante, maravilhosa, que foi amiga de nós todos, que foi a Marisa. Uma moça chamada Marisa, que também é parte do começo da minha história nisso aí, entendeu? É uma pessoa espetacular, a Marisa simbolizava assim, a figura feminina que era amiga, gostava dos assuntos pertinentes à rua, política, à arte. Não tinha aquela coisa de uma outra área de, de mais sofisticação, sei lá, enfim de garotas que só pensavam em outro tipo de coisa. A Marisa era igual a gente, porque ela ficava ali. Daí amizade ter se aprofundado, né, acredito que todos tiveram uma amizade muito grande com ela, e eu acho que é uma pessoa assim símbolo, merece sempre ser relembrada, talvez assim, fazendo uma comparação à nossa Leila Diniz, entendeu, até nessa hora. Uma pessoa, aquela pessoa que chegou e põe linha mesma, dizia: “vamos lá.” E encarava os assuntos. Ela participou. E a coisa foi crescendo, nessa época a família Borges, eu comecei a conhecê-los, o resto da família, né, o seu Salomão, a dona Maricota, eu conheci. Eles moravam no Edifício Levy. Uma família enorme, né, que eram, sempre foram muito amigos do Bituca. O Bituca tinha lá como uma casa dele, entendeu? E eu já também, como amigo, já comecei a frequentar. Andamos dando até umas festas lá, uma vez que o povo viajou. (Riso) P1- O povo viajou vocês fizeram uma festa? R- Essa festa foi um negócio, famosa festa, porque o pessoal mais velho viajou e aí, acho que os mais velhos e os mais novinhos. Porque nessa época, acho que o Lô ainda tinha calça curta lá. Ainda nem mexia com essas coisas, assim, ficava só olhando. Mas não era personagem, era o Marilton e o Marcinho, que era amigos do Bituca, assim, da idade e que ficaram meus amigos também. E sei que um dia lá teve uma festa, rapaz. E a gente não achou limão pra comprar pra fazer batida e então a gente comprou Ki-Suco de limão. Olha, aquilo ali foi um negócio sério na parada, porque deu um porre desastrado em todo mundo, desastrado. O Marilton cantava numa boate chamada ______ e no dia não pôde ir, chamou o Bitica pra substituí-lo. Quem era o substituto era o Bituca, mas o negócio já estava tão avançado a história que o Bituca me convidou também e eu falei: “claro é comigo mesmo.” Fomos, entendeu? Não, eu fui tocar bateria, entendeu? E não sei porque cargas d'água o Bituca ia cantar e tocar baixo. E o Elvis Vilela apareceu também, ou da mesma festa, que eu já não me lembro mais, ou de uma outra festa. Eu sei que resumindo a história, quer dizer, fomos expulsos da boate. P1- Expulsos? R- Não, você imagina essa coisa, esse trio tocando, entendeu? Era um, o Elvis foi ao banheiro, desmaiou dentro do banheiro, ficou lá. O Bituca caiu com o contrabaixo pra frente, entendeu? E eu tocava e o Elvis falava assim: “Eu acho que isso está atravessado.” Eu falava assim: “onde, onde?” (Riso) Era o ritmo e eu tá, qualquer coisa. E eu dava umas canjas de bateria, por causa do negócio de percussão, eu dava umas canjinhas e coisa e tal. Lá no clube de Ponte Nova andei fazendo minhas incursões ali por esse lado. Mas, enfim, eu estou contando essas peripécias como se fossem assim uma coisa da nossa infância, juventude nessa coisa do Clube da Esquina. Começou por aí assim. Obviamente que tudo isso são coisas que foram se transformando, as pessoas naturalmente, essa fase dessa coisa dura um pouco, mas acabou. E daí começou acontecer, pelo fato desse interesse de pessoas que tinham talento, né, a coisa começou a se formular, né? [pausa] R- Bom, então eu estava falando sobre essa primeira parte, vamos dizer assim, de como, quer dizer, quem eu sou, como eu conheci as primeiras pessoas, né? Depois mais tarde a gente foi aumentado o número de gente, obviamente, pela vida. Mas existia essa coisa de Belo Horizonte. Teve a história que tinha uma coisa também muito ligada ao ponto dos músicos. Quer dizer, a música sempre foi a comandante assim da motivação de amigos que se formaram, nessa época daí? P1- O quê que é o ponto dos músicos? R- Ponto dos músicos seria o lugar onde o pessoal que era músico ia pra bater papo e pra arranjar baile pra fazer. Então era por aí. Nessa época, o Milton como era pouca coisa, tinha mais idade que eu, conhecia, me apresentou algumas pessoas que eu não conhecia lá, Márcio José, alguns outros. Eu já conhecia alguns também, tipo Valtinho, o Aécio Flávio, o próprio Marilton aí, o Elvis Vilela. O Marilton Borges, o Elvis Vilela, que também é Borges. Então o quê que acontecia? O pessoal pra bater um papo, combinar um almoço aqui, um almoço ali, tinha uma coisa de convivência. E pra arranjar baile pra fazer. A história era meio essa. Coisa de ponto dos músicos mesmo. Eu tirei carteira da ordem, em 1966. Isso era 1966, eu tirei carteira da Ordem, não sei o quê. Então teve essa história toda. Mas veja bem, fora o plano de amizade, eu queria abrir um parênteses aqui na história pelo seguinte, porque na época ninguém não está nem aí, não imagina isso que eu vou falar, mas assim o Milton Nascimento por exemplo, fazendo uma rápida análise como um músico, como um compositor, somos uma pessoa totalmente ligada à área da música, ele sempre trouxe com ele essa bagagem, uma coisa assim, vamos dizer, acima do normal, assim de pessoa que já nasceu com o dom de ter aquela coisa por dentro, quer dizer, já é uma coisa natural, né? Então ele sempre, todas as pessoas que tinham essa possibilidade, perceberam isso nele, entendeu? Dessa, acredito que a maioria desses amigos dessas pessoas que eu citei sabia, disso. De uma maneira ou de outra, podiam não realizar, mas sabe que a pessoa tem uma coisa ali. E graças a Deus, nós todos, seja lá - isso não existe uma medida, não tem um aparelhinho pra medir isso - mas todos que foram essas pessoas que se juntaram ali, tinham um pouco disso, entendeu? Tinham essa coisa por dentro, entendeu? De uma facilidade, uma coisa que vinha dentro da cabeça, um talento mesmo pra mexer com arte. Não foi uma coisa forçada, sabe? Aquela vontade, simples vontade de falar assim: “não, eu vou fazer isso.” É porque aquilo vinha de uma maneira tão poderosa que começou ali a se formar uma coisa e muito assim, em torno do Milton, junto, entendeu? Quer dizer, ele era, talvez as parcerias deles com o Márcio foram talvez as primeiras que aconteceram ali, o Crença, Terra e outras mais, entendeu? Episódios até que eu fiquei super honrado, anos depois que eu soube, pra você ver que a coisa era tão desligada assim, tão despretensiosa, eu fui até homenageado numa parceria do Márcio e do Milton, que está até contado no livro do Márcio, “Os Sonhos Não Envelhecem”, que é a música “Coragem”, né? Que eles fizeram lá, aquele garoto doido lá que gosta de música, que tem talento. O Milton também sempre me admirou muito, entendeu, assim como um talento de música, eu tive um respaldo dele interessante. Não que eu fosse conseguir me desvencilhar disso, mas foi importante pra mim. O Milton assim, aquele jeitão dele: “Você é um compositor.” Ele falava assim meio arrancado, sempre foi assim. “Você é um compositor,” não sei o que lá. Então foi uma coisa muito interessante. A gente formou uma amizade e um trabalho danado, sabe? Aquilo começou ali a tomar uma medida, que foi feito com muita gana, muita garra, por isso que resultou nessa coisa. Senão, não resultaria na coisa que, vamos dizer, mais importantes em termos públicos que virou, foi essa questão estética musical, negócio do Clube da Esquina. Que realmente, eu sem meus estudos formais, né, coisa, eu posso discernir que vem daí, tem um embasamento muito grande de pessoas que realmente tinham o borogodó, entendeu? O talento do negócio. E o Milton sempre foi um irmão mais velho, um representante. E foi em torno dele que isso sempre foi, vamos dizer, permaneceu, não é? E uma coisa assim de um coração aberto. Porque eu não vi durante toda essa época, talvez mais tarde tenham outros parâmetros, mas durante toda essa época, eu não vi uma pessoa pensar qualquer coisa e medir o quê que era isso, o quê que era aquilo, entendeu? De entrega de coração mesmo pra causa que estava sendo ali tratada. Foi um negócio assim que todo mundo se ia dar uma nota, dava aquela nota do melhor jeito que podia dar, entende? Com o maior carinho. Se ia fazer uma música era com o maior carinho, entendeu? O maior respeito. Essa a coisa que eu acho, a coisa assim, é nesse aspecto aí. Que são vários aspectos, o mais importante, um negócio assim, de um respeito e de um carinho, entendeu? Fora do comum, uma coisa assim, totalmente fora do comum. O Milton sempre foi uma pessoa seríssima. Ele é uma pessoa, ele fez disso aí um sacerdócio, entendeu? E eu acredito que vários de nós também o tenhamos feito. Eu levo essa coisa daí, eu me considero assim, até pretensiosamente, talvez, mas eu sou escravo da música, entendeu? Eu sou uma pessoa que eu não consigo enganar um troço, entendeu? Eu posso fazer aquilo tão bem. Eu vou lá, mas entendeu, e isso é meio, foi formado com essa ideia de Clube da Esquina. O Clube da Esquina não tem uma pessoa que você faça música mais diferente um do outro. Viaja pra lá, mais diferente, viaja pra cá, ninguém procurou lá, enganar nada.., entendeu? Ninguém, nunca, mas nem de longe, entendeu, tentou enganar você pode ter discussões, não digo nem problemas, discussões com essa pessoa, aquela outra. Você não pode ter uma totalmente diferente, não ter mais, até não querer mais conviver com aquela pessoa. Mas essa coisa ninguém pode abrir boca pra falar. P2- Nelson, e como era num estúdio de gravação? R- Não, o estúdio de gravação ainda demorou desse tempo que eu estou falando. Isso aí era a formatação de um repertório, de um conceito, de uma estética que foi pautada no respeito à música de uma maneira geral, à música nacional, entendeu? Tipo Tom Jobim, João Gilberto, e Radamés Gnattali, que até não era tão citado, mas internamente já era uma pessoa da maior importância. Villa-Lobos, entendeu, que aparecia, todo mundo ouvia. Uma aplicação mais jobiniana, porque até uma época do Clube da Esquina, que o Tom sempre foi fascinado pelo trabalho do Villa-Lobos pra várias pessoas, né? Enfim, teve essa história dentro de negócio de clube da esquina e foi formado nessa época. Aí daí a pouco, começou o Lô com o talento dele a compor. Eu me lembro uma coisa do Lô e do Beto Guedes, eles eram bem meninos nessa época que a gente está falando. E quando eles começaram a botar as manguinhas de fora, quererem participar de uma coisa ou de outra. Um dia, eu já morava no Rio, e eles foram lá em casa me pedir pra fazer um arranjo pra cada um, de música deles. Era o “Equatorial” e era mais uma outra que aqui no momento eu não estou me lembrando. E eles foram lá no Santo Antônio, pedir, eu falei: “Que coisa, essas meninada, os meninos novos desse jeito, tudo aí.” E coisa e tal. E fizemos lá uma confusão danada. Eu tinha umas idéias assim meio de música concreta na cabeça. O Lô se lembra até hoje da história, que eu, chegou uma hora da partitura da orquestra que tocava lá na secretaria de saúde, eu dizia assim: Tocar __choise.” Aí os caras diziam: “O quê que é isso?” Eu dizia: “toque qualquer coisa.’ ___choise, eu botei em francês ainda por cima. “Toque ___choise.” Mas e assim: “mas como?” Eu disse: “faça aí um ruído e coisa e tal.” E aquilo era meio engraçada, foi meio, as pessoas na verdade não têm, enfim, virou um festão lá. E tocaram, não sei se isso, se as músicas foram classificadas ou se isso aí tirou, virou um protesto (riso) de forma lá e tirou a música do festival, mas enfim. Eu conheci o Beto Guedes e o Lô Borges que nós voltamos de lá do Alto Santo Antônio até o centro da cidade a pé. E eles falavam, a gente falava todo mundo alto. Gritava no meio da rua, era de noite, meio tarde da noite. Os meninos davam um berro pra ver, sabe, aquela coisa de juventude. E eu achava aquilo engraçado, a gente, tipo uma molecagem, no meio da rua. Saí correndo, corri ali, praça da Liberdade, não sei o quê, e foi assim que eu conheci essas duas figuras aí, né? Bem diferentes um do outro, né? Mas muito amigos e com o mesmo princípio, entendeu? Voltando lá do negócio que eu estava então, a coisa que eu faço que carimbou, entendeu? Que não há como ninguém mudar, porque é inexorável é essa questão. A questão da música, a música da maneira mais ampla. A música com palavras, né? A maioria das músicas que foram compostas nessa época raramente tem uma coisa que era só instrumental. Às vezes, uma coisa que era só instrumental, depois transformavam, tinham, colocavam letra também. Mas houve isso e isso ninguém tasca, porque ninguém planejou, não há como roubar isso. Você pode esconder essa pedra assim, entendeu? Em algum lugar, debaixo do oceano, mas no dia que alguém achar, vai ver que isso foi uma coisa que aconteceu, né? E que acabou formalizando um negócio assim com o mercado, entendeu, enfim, com a mídia. Que até em determinados pontos é discutível porque é uma confusão, né? Quer dizer, a mídia tem uma questão de medida, ela quer sempre dizer uma coisa assim, faz um parâmetro que tudo bem, eu prefiro deixar ela na dela. Eu estou falando da coisa aqui, houve um entorno de uma questão aí. Esse é um negócio que independente qualquer outra história que qualquer um possa falar. Ninguém pode tirar esse mérito, essa coisa daí. É música com muito respeito, muito carinho, muita responsabilidade, sabe, amor. Sabe, o melhor que pode ser feito. Uma coisa assim, criatura, entendeu? Que extrapolou os níveis, que é uma coisa importante que se diga é o seguinte: todas essa pessoas, eu acredito mesmo que todas, pode ter alguma exceção, alguém me lembrar, mas todas essas pessoas tiveram uma formação parecida. Se estudaram, estudaram pouco, entendeu? Estudaram assim formalmente, porque claro que todo mundo tem que estudar a vida inteira e não pode parar assim, aquela coisa, escola e tal, uma faculdade e tal, ninguém. É todo mundo faculdade da vida. É muito ouvir música, é formular uma espécie de teoria, de uma convivência, de um barato assim, com a, entendeu? Uns com os outros, o quê que pode funcionar dentro de um grupo, entendeu? Uma consciência de grupo muito bacana durante um bom tempo, entendeu? E eu acho isso, que todo mundo fez parte de uma escola, entendeu, foi formada aí uma escola. Depois você vê que hoje em dia é um negócio bastante formal, existe por uma facilidade muito grande. Você pega músicos que impressionam muito, porque obviamente talentosos e que têm aquela coisa ali toda escrita, toda dada ali. Ele não teve, ele tem aqui depois dessa nota, vai essa, porque acidente é esse, porque a regra é tal. E as pessoas acabam desenvolvendo a partir daí. Não quer dizer que assim é certo, o assado é errado. Mas é diferente, a gente aprendeu que uma nota não cabia quando tocou, estava e não gostou muito. E aí mudou ela ali mesmo na hora assim. Ela ali mesmo, na hora assim de uma maneira que acabou isso aí formalmente dando, sabe, uma coisa. Não ficou, a música você vê assim, não é muito aquela música muito certinha, sabe? Tudo exatamente no lugar, vamos dizer, a coisa do Clube da Esquina, a formação de uma banda não é aquela banda americana, que é toda precisa. Pan pan pen pon, tudo no mesmo lugar, o Clube da Esquina, essa idéia dessa música que rolou ali, tinha uns catan pan bran, entendeu? De repente rolava um negócio totalmente inesperado. Mas nem por isso virava uma bagunça, entendeu? Existia um conceito ali no meio daquela coisa, não era muito qualquer coisa, e isso, como as pessoas, uma foi fazendo com a outra, foi ali um se ajeitando aqui, outro ali, uma prática musical. Existem pessoas que têm, que tinham já na época, uma prática musical maior. Existiram assim, depois na coisa que a gente vai entrar que é a época da gravação, que aí já vem uma outra turma, não é mais ligada talvez até ao Rio de Janeiro. Músicos profissionais que são importantíssimos, fundamentais nessa questão de Clube da Esquina estética musical, entendeu? E tudo que também participaram de uma cabeça exatamente assim, né, mas a coisa formou-se dessa maneira. P2- E o quê que tinha tão diferente do que se fazia na época? R- Não é exatamente essa resultante, primeiro que ninguém estava procurando nada diferente, a coisa saía, vamos chamar, diferenciada, não é? Como dizem hoje, por causa disso talvez, uma falta de estudo formal, entendeu? As pessoas, às vezes, invertia um acorde, entendeu? Não sabia como é que era, aí em vez de falar assim, você coloca a terça, a sétima e depois você tira a quarta. A pessoa como não dava muita bola pra isso, pegava um violão lá meio qualquer coisa e fazia um negócio até fazer (palatein?), entendeu? Aí ficava com o dedo meio assim, entendeu? Que acorde é esse? Depois você sabe, é tudo muito simples, né? “Não, é um dó maior.” Mas, entendeu, então por causa disso houve uma diferenciação entendeu? Dessa coisa daí. E depois um negócio que aí me agrada, quer dizer, é uma utopia, que foi a tentar não dividir as coisas, as fronteiras, as barreiras, entendeu, as barreiras. Porque é óbvio, você nasce num lugar você mantém a característica daquele lugar. Você nasceu no interior, você teve uma formação, você mantém. Mas a coisa do limite, entendeu? Aí já vem uma história que foi da fase dos anos de 1970, a coisa hippie que me fascinou muito que é a idéia de não fronteira, sabe? Não fronteira, não ter, porque isso é uma coisa que vai e volta, se você observar nessa época, todo mundo tanto faz como tanto fez. Você vê principalmente o Rio de Janeiro não tinha a menor, o Rio de Janeiro é a cidade mais aberta do mundo. Você chegava ninguém te perguntava de onde você era, se você era mineiro, carioca, baiano, não sei o quê. E te tratavam como um baiano daqui. É o mineiro daqui, a coisa totalmente informal, que era pertinente a um estado de espírito carioca, entendeu? Que tempos em tempos essa coisa no mundo, os limites, as fronteiras são relembradas, entendeu? Porque eu, aqui agora na minha cabeça, acho que muito isso é por causa de dinheiro, entende? O dinheiro é que é uma coisa que às vezes faz essa forçação de barra, porque até ali se é daquele cara, ele está ganhando mais pra fazer isso, entendeu? Pra vender ou não sei o quê, que é não sei de onde, entendeu? Então ele estabelece uma linha ali no meio, o que artisticamente gera uma espécie de uma infelicidade de começar uma discussão, o por quê que tem aquela linha ali, entendeu? Então essa minha mudança pro Rio de Janeiro e o meu sonho de utopia, era ainda mais garoto inexperiente, cheio de amor pra dar. (Riso) P1- Nelson, você veio em 1966 com 16 anos? R- É, 1966, 16 anos eu vim. P1- Sozinho? R- É, vim sozinho. Eu ia pra Bahia, entendeu? Estudar no Conservatório da Bahia, mas aí já tinha a história do Milton ter feito o negócio do festival, entendeu? Que ele veio prá cá, muito meu amigo, a gente sempre teve uma convivência enorme. E outros motivos e tem um negócio aí da minha paixão pelo Rio de Janeiro. Porque o meu pai formou-se aqui na Praia Vermelha, na Faculdade de Medicina da Urca. E todo ano tinha uma festa da turma dele. Cada ano era num estado, foi Minas Gerais, blá, blá, blá e bateu no Rio de Janeiro. Então teve uma festa no Rio de Janeiro, eu tinha 5 anos, vim pra cá, entendeu? Só que quando eu cheguei aqui, quando eu pisei na cidade me deu um, eu falei: “ê, isso aqui.” Me deu um negócio, sabe? Já me deu um negócio esquisito. E além do mais, era uma festa, então foi o quê, uma semana de festa. Acordava de manhã, o pessoal ia pro Quitandinha, dava uma volta em Petrópolis, olhar, passear. Depois pegava uma barca dava uma volta na baía de Guanabara com uma banda de carnaval, serpentina e tudo mais. Então além de eu ter tido essa coisa com a cidade, ainda teve essa motivação. Eu cheguei em Belo Horizonte no dia seguinte, eu cheguei assim meio amuado, entendeu, meio chateado ainda. Engraçado que eu me lembro disso, tinha 6 anos talvez. Minha mãe falou: “Quê que foi, que está acontecendo, você está aí quieto aí?” E fui tentar falar não consegui: “estou com saudade do Rio de Janeiro” e bé, abri a boca. Aí 16 anos, não deu outra, na hora em que eu senti firmeza eu falei: “é prá lá, vou prá lá”. E fui, fiquei três meses na casa de uma tia minha, depois fui morar numa pensão de uma portuguesa lá em Copacabana. Se eu for ficar falando aqui, acho que eu vou fazer o, como é que chama aquele filme do Fassbinder, “Berlin Alexanderplatz”, vão ser trezentos capítulos sobre o negócio meu de Rio de Janeiro. Mas nós vamos falar um pouquinho, né? Então voltando lá no negócio, nós estamos chegando na fase aí que começaram as gravações. Então o Bituca já tinha coisa do festival. Ele já tinha feito um disco pela Codil, com o Tamba Trio, arranjo do Luiz Eça, com o Travessia, com o Morro Velho, com as músicas dele, acho que tem até o Crença, não tem naquele disco? O Crença, ele fez, e é um disco muito bonito e tudo mais. E aí ele começou, a EMI-Odeon, contratou o Milton pra fazer trabalhos lá e obviamente o pessoal que estava perto era esse pessoal dessa sequência da história, aí já o Lô e o Beto naquele momento de maior explosão de composição e tudo. O Milton naquela época estava assim, muito frequentando, não sei se ele já tinha mudado pra Santa Tereza, nessa época que o Milton estava aqui, talvez já tivesse mudado pra Santa Tereza, lá em Belo Horizonte. E aí surgiu, antes desse primeiro Clube da Esquina ainda tiveram alguns trabalhos, que o Milton gravou lá, que tem uma música minha e do Ronaldo Bastos, chamada “Quatro Luas”, tem o ___, Plínio Horta, Sunset Marquis. Tem algumas outras coisas, a gente gravou tudo junto, já era a mesma história. Aí começaram a ser feito os discos, né, os trabalhos começaram a acontecer daquela efervescência que teve lá atrás e aí era material que não acabava mais, entendeu? Aí tinha coisa junto que vinha, música dos Beatles, músicas de outras pessoas, porque sempre esse lado do Milton que foi um lado muito bom assim, acho que pra todo mundo, deu um grande exemplo, o Milton sempre gostou muito de canções, como ele tem o privilégio do cantor, da facilidade vocal e tudo, ele sempre gostou muito de interpretar obras de outras pessoas. Músicas americanas, músicas inglesas, enfim. Então isso aí foi uma coisa mantida dentro da estética que vinha rolando. O Milton também tem uma história muito interessante, vamos dizer até paralela, nesse sentido da minha narrativa com o Wagner Tiso, que é a coisa lá de Três Pontas, dos W’s Boys, que o Wagner deve até ter contado, o Milton também. Eles tiveram, vamos dizer, acho que antes do Milton ter ido pra Belo Horizonte, naquela época. E depois eles tocaram muito. E tinha essa história, o Wagner também tinha essa coisa de Belo Horizonte, tocava em festival. E era uma coisa dos músicos assim gostarem de tocar músicas de outras pessoas, né? Então tinha isso também, e foi juntando. Aí veio uma turma aqui do Rio de Janeiro, de músicos assim, na percussão por exemplo, quem acho que uma figura fundamental que é o Robertinho Silva, que é uma pessoa que vamos dizer, pegou toda essa combinação que já existia, não só entendeu, como transformou isso na área dele com uma generosidade enorme, um músico espetacular, né? E foi uma pessoa assim que fundamentalmente, depois teve até a chegada do Naná Vasconcelos, que também foi uma figura de proa nessa história numa área de criação. Mas assim o Robertinho, ele chegou um pouco antes e ficou um pouco mais em termos cronológicos assim, perto da coisa do Milton e estabeleceu um certo conceito mesmo rítmico e sonoro. É curioso que me lembro assim, eu sempre tive, não é também, não no assunto de tocar, mas idéias pertinentes a isso, a maneira de fazer percussão. Eu sempre na minha cabeça, apesar de não ser percussionista, mas gostar, pelo negócio do tamborim lá atrás. Eu fiz uma certa, eu tinha um certo conceito de usar várias coisas, de mexer, fazer ___ choise uma hora, né? Chacoalhar daqui e dali. E isso pra mim foi muito natural, porque como Robertinho já tinha isso, o próprio Naná também, o próprio Milton gostava dessa idéia, era uma música colorida pelo aspecto de percussão, o que deu assim, pensando bem, as pessoas não faziam muito nessa época isso. Não era uma coisa normal, você usava uma bateria, você usava, mas você não usava uma séria. Vamos dizer, nesse aspecto difere da bossa nova, porque a bossa nova ela tem uma marcação específica mas a sonoridade é uma sonoridade clássica, de um baterista, entendeu? E não tem coisa de percussão, a bossa nova mesmo, autenticamente, da maneira que a coisa foi elaborada, não tem pandeiro, não tem outras coisas chocalho e xequerês e não sei o quê. Ela obedece a uma coisa porque é assim. Eu não estou comparando, estou só vendo a coisa formal. Já nesse outro tipo de música, que é uma coisa que sempre me agradou, independente até de qualquer negócio com Clube da Esquina, ou sem, essas coisas assim, era um pouco dessa desordem, sabe assim, essa desordem rolando, tanto que eu gosto, é uma coisa que me fascina é achar uma nota que normalmente não seria dada ali. Eu sempre até hoje estou procurando uma nota que chega ali no limite entre estar e não estar, entendeu? Até a pessoa diz assim: “se você passar meio tom pra cá e meio pra cá conserta.” Uma coisa de músico. “Tá errado, dá meio tom pra cima, meio tom pra baixo.” Isso muito esperto. Mas eu gosto, eu vou além assim, eu às vezes eu gosto até da nota errada. Eu prefiro uma nota errada relaxada do que uma nota certa de demonstração, entendeu, aquela coisa. “Está vendo, eu estudei isso aqui, está vendo, não dou uma nota errada.” Eu não sou muito dessa escola., minha escola é o cara, às vezes, vamos dizer, eu perdôo certas coisas atrevidas musicalmente, entendeu? Pega uma nota que esteja totalmente dissonante às vezes, conforme ela é colocada ela pode significar um sentido pra aquilo ali. Sabe, você dá um acorde e dá uma nota, A, completamente fora daquilo, mas dentro de um contexto, ela te coloca musicalmente dentro de um contexto mais universal. Você pode ser mais universal musicalmente, porque ela te fala, um, te tira daquele pé no chão exclusivo. Fala assim: “espera aí, mas essa música está andando agora entre os planetas aqui.” É como você estivesse ouvindo o seu radinho, entendeu, num outro lugar e pegando um bonde espacial, e ouvindo o som do espaço e aquela música foi se somando com o universo. Então essa coisa é fascinante, entendeu? Antes de, voltando lá, pra eu não me perder aqui, aí teve assim o Robertinho, aí vieram outras pessoas importantes assim, até por também ter uma amizade grande, o Robertinho, Luís Alves, eram pessoas que tiveram coisas muito próximas ao que eu contei aqui sobre a gente de Belo Horizonte. Óbvio, né, eles vieram se conheceram em Realengo, não sei mais aonde, fizeram um baile aqui, fizeram não sei o quê, foram formando uma amizade, houve essa coisa. Embora às vezes assim entre o formal e a coisa de mercado, de empresários, que sempre é um papo paralelo, né, que os empresários que me perdoem, mas cria uma certa confusão uma hora, que não sei quem, a coisa fica no limite entre a coisa. Então às vezes atrapalha muito essa questão que nos interessa. Mas é um mal necessário, né? Então às vezes um parava de tocar um tempo, voltava, teve umas certas reviravoltas. Mas mesmo assim nada disso conseguiu derrubar. E a coisa no Rio de Janeiro cresceu, depois veio o Novelli. Tiveram músicos muito interessantes que trabalharam. O Novelli também é outra pessoa dessa formação da escola da vida. É um músico maravilhoso, uma pessoa super musical, entendeu? Que também começou a participar dessa amizade. Depois, e veio um monte de gente, foi chegando, as pessoas foram chegando, foram chegando. E fizeram vamos dizer, uma espécie de um núcleo. Aí já nessa época a gente contava... Me esqueci de falar só do Fernando Brant, né, que eu conheci um pouco depois do Márcio Borges assim, que o Milton falou: “pô, você tem que conhecer um cara que eu conheci aí, da pesadíssima, não sei o quê.” “Quem que é? “ “Ah, o Fernando, chama Fernando.” E eu conheci o Fernando nessa época lá em Belo Horizonte. Uma pessoa super generosa, trabalhava no juizado de menores, o pai dele era, foi juiz de menores lá, então o Fernando trabalhava lá. A gente fazia as mesmas incursões, às vezes passava lá, encontrava com o Fernando lá em baixo. Às vezes encontrava com o Marcinho, os Bigodoaldo’s, os Maletas, né, se quiser pode até depois cortar e depois botar lá naquela história porque é isso aí, porque é uma falha. Eu fiz questão de dizer as pessoas mesmo que eu conheci, não foi quem eu acho que é isso ou que é aquilo. São as pessoas com quem eu convivi. Tanto que tem nesse negócio de clube da Esquina várias outras pessoas mas que naquela época eu não convivi, o Tavinho Moura, o próprio Flavinho Venturini, o Murilo Antunes, entendeu, que veio um pouco depois dessa época, entendeu? Mas eu não convivi nessa determinada época da história. Então voltando ao negócio, aqui no Rio de Janeiro formou-se essa história daí de arredondar tudo. Aí tiveram, veio o Wagner Tiso, teve a coisa feita com o Som Imaginário, que foi um grupo que foi formado assim, com pessoas que eram assim muito pertinentes com essa coisa do Milton, essa coisa de Clube da Esquina, que sempre girou ali. E o Milton com um grande carisma foi somando isso mais aquilo, com outras coisas também, vamos dizer pessoais dele, foi entendeu, fazendo viagens, fazendo esse tipo de coisa. E nesses anos entre os anos de 1970 até os anos de 1980, eu participei de noventa e nove por cento das coisas que foram feitas, entendeu? De todas elas eu estava ali, ou como, ou tocando, ou fazendo arranjo, vocal, entendeu, enfim, aquilo pra mim sempre foi uma coisa de família, entendeu? Foi família, foi a minha vida. Eu não tinha nenhuma, nunca tive nenhuma questão de participar disso, nunca realizei de sabe, de ser, de estar trabalhando para uma outra coisa que não a minha coisa, entendeu? Isso daí, também faço questão de dizer, entendeu? Alma pura cara, entendeu, alma pura. Dentro do que eu consegui na vida, eu não tenho explicações, mas uma coisa eu sei, eu nunca fiz um troço pensando em outro, sabe assim de, não fiz mesmo. Se eu fiz foi inconscientemente, eu posso às vezes ser um grande mentiroso, porque é, todo mundo está sujeito a, não é prá levar a sério assim também não. Mas poderia. As pessoas que mais fascinam que são, né? Você vê são fascinantes, grandes discursos, grandes contas bancárias, entendeu, aqueles microfones maravilhosos em casa, entendeu. Então há uma coisa que eu acho pertinente que se fale sobre isso, mas assim faço questão que seja num nível elevado, porque já que a gente passou tanta coisa não vamos, entendeu, falar sobre isso de uma maneira lá embaixo. Porque a quem tiver que ouvir, se é que o português estiver correto, lá dos Irmãos Maristas, nem me lembro mais, entendeu? Vai ouvir, quem sabe vai raciocinar uma hora e até vai dizer, pô o cara não é bobo, fizeram isso com ele mas ele percebeu, então eu estou fazendo um comentário sobre isso. P1- Ô Nelson, eu podia só te interromper um pouquinho. R- Várias vezes. P1- Pra te fazer a seguinte pergunta, porque a nossa meta agora, lançando o site com essas histórias em setembro é dedicar um belo espaço pras histórias sobre o disco Clube da Esquina nº 1. Então você que foi testemunha, participou disso tudo você podia contar uma história sobre a gravação desse disco. P1- O que eu posso dizer é que pessoalmente, eu não acho que foi aí que começou a coisa, porque tanto a nossa narrativa já foi muito anterior, a coisa pra mim começou antes. O Clube da Esquina foi um disco muito importante, muito importante, entendeu, como vários outros também. E talvez ele pelo fato até de chamar Clube da Esquina, ele possa facilitar uma localização. “Ah, o Clube da Esquina nº 1.” Entendeu, né? O Clube da Esquina nº 1 na verdade foi aquele (Alka-Seltzer?) pra mim entendeu, foi ali que começou o negócio. Mas esse aí é muito importante sim, e merece inclusive, com vários outros trabalhos merece ser chamado representante. O que ocorreu ali, era uma fase que o Milton andou passando um tempo em Belo Horizonte convivendo muito com as novidades do Lô e do Beto. inclusive fazendo parcerias com o Márcio, parcerias com o Fernando. Tudo naquele universo ali de uma coisa vamos dizer assim, da garotada que até então não tinha participado. E houve um grande entusiasmo assim da parte do Milton em trazer o Lô e o Beto, entendeu, assim, pra essa praia daí, entendeu, pra esses acontecimentos. Então ele os convidou e começou a se fazer ali o disco na Odeon, numa época em que a Odeon era um estúdio, a tecnologia se comparada a de hoje, era uma coisa até engraçada, parecia a lamparina e a luz elétrica, entendeu? Era um estudiozinho ali no centro da cidade, entendeu? No Edifício São Borja, entendeu? Com um elevadorzinho, um prédio meio antigo, até meio velhinho assim já. E um estúdio grande onde você não tinha muito recurso de play-back, sabe? Você chegava, você juntava logo uma turma, tanto que as orquestras iam lá pra dentro. Todo dia que tinha orquestra, tinha cordas, então estava todo mundo lá. Entrava gravava cordas junto com violão, junto com vozes, entendeu? Você podia gravar duas vezes, entendeu, depois passaram pra quatro. Então duas vezes era o seguinte, era todo mundo ali ao vivo e a cores. Se alguém errasse, para tudo, começa tudo, vamos fazer tudo de novo. E o Clube da Esquina pegou essa época daí, né, de poucos recursos. Então o quê que ocorreu, as composições foram escolhidas ali, né? E houve um revezamento. Acho que talvez seja, dessa época, talvez o único disco que não tenha composição minha, porque foi exatamente feito nessa história. O Milton queria apresentar os dois rapazes, a música do Lô e a música do Beto, a base principal. E com todo merecimento, entendeu? Não preciso nem repetir o que eu já fiquei horas aqui falando, sobre o respeito a isso. Então, o quê que foi feito? Juntou uma turma ali em volta. Aquele estúdio grande, bem grandão mesmo, entendeu? Na época o espaço era mais fácil. Casinha pra bateria, lugar pra não sei o quê, lugar pra isso. Milhares de histórias, né? A bateria tinha uma casinha só prá ela, a famosa casa da bateria. Você chegava lá tinha mensagens enfiadas assim nos pedacinhos de espuma de borracha, você baixava a mão pegava uma mensagem. “Você deu sorte, aqui tem o que você quer.” Entendeu? Qualquer coisa acontecia na casa da bateria. Então, isso é uma coisa pitoresca da história. O clube da Esquina foi feito num clima de todo mundo no estúdio, entendeu? Aí aquela musicalidade, o Beto sentava lá na bateria e tocava uma música. O Lô pegava um violão de corda de aço. Aí o Toninho Horta e eu aqui. Tinha um órgão Hammond lá maravilhoso, entendeu? Cada hora ia um e sentava lá e tocava. As percussões foram, sabe, o cara ia passando, um tocava surdo e o outro tocava não sei o quê. Tudo ali ia formando como se tivesse assim, cada um fazia um pouco do arranjo, entendeu? Participava um pouco da história. E quando havia arranjo formal mesmo, de orquestra, nessa época eu acho que o Wagner chegou a fazer pro Clube da Esquina. O Clube da Esquina tem um arranjo do Eumir Deodato também, né, não estou gagá não, acho que tem, é, um arranjo do Eumir Deodato maravilhoso, é o “Girassol da Cor do Seu Cabelo”, é, maravilhoso. Então eu tive o privilégio, aquilo é igual você um menino feito o nosso querido lá da Mangueira fala, feito pinto no lixo, não é? É pinto no lixo, você chegava ali um monte de instrumento. Violão, viola. A Odeon tinha assim duas guitarras, três violões de corda de aço, dois de corda de nylon, a gente levava os da gente. Aí você olhava pra tudo que era canto tinha instrumento de percussão. Você nem tocava você passava assim tinha um negócio toc, toc, toc, e a música estava rodando de repente chegava, isso está, quando você vê já estava gravado, entendeu? E aquela coisa então é um disco assim de coisas assim, tinha parte de composição, a parte de criação musical na hora e a parte mais formal de música escrita, quer dizer tinha tudo. P1- Mas era tudo ensaiado ou tudo no improviso? R- Não, nada ensaiado, o ensaio era assim, é claro que pra eles falarem vamos gravar essa música, eles tinham tocado a música algumas madrugadas, alguns dias assim, entendeu? Aí você pode dizer que era um ensaio nesse sentido. Mas ensaio formal, olha três horas não sei aonde nós vamos, nada. E menos ainda o musical, entendeu? Porque quando rolava uma coisa já embasada naquele som que você já tinha uma intimidade com aquilo, as pessoas ficavam experts nesse negócio, entendeu? Tem coisas pra frente que eu fico abismado, músicas tipo do Tavinho Moura. Que assim, as maravilhosas músicas do Tavinho Moura é um acorde, um acorde, um acorde, o negócio vai andando, não para, não para. Eu digo: ”meu Deus do céu.” A gente sentava assim na frente, olhava aquilo ali, olhava, ficava olhando, olhando. Na segunda passada, as pessoas sentadas assim, já estava todo mundo tocando, invertendo o acorde, fazendo outro som, buscando o efeito no instrumento. Quer dizer, foi um trabalho coletivo que aconteceu ali, entendeu? Aí vinha a facilidade do Milton, sabe, as coisas cantadas maravilhosas. Então surgiu aí o Clube da Esquina nº 1, entendeu? E daí já estava vindo, continuou, e foi e não parou mais. Aí o que você poderia chamar de ensaio era muito a nossa convivência, porque os discos receberam sempre o apoio das pessoas da área. Os letristas, vamos dizer, os poetas que fizeram as letras das músicas sempre participaram muito das produções, entendeu? O Marcinho, o Ronaldo, o Fernando. Então sempre todo disco que ia ser gravado, o Minas, o Geraes, entendeu? Outros todos, todos eles dessa época que eu permaneci ainda na história física, eles tinham vários encontros, entendeu? Vários Bigodoaldo’s e vários Maletas, entendeu? As pessoas encontravam diziam: “não porque essa música vai ser assim, vai abrir, não porque.” Aí o Milton: “não, eu quero colocar, vamos ver se a gente coloca um coral fazendo não sei o quê.” Aí o outro dizia: “vamos emendar essa música aqui com aquela outra.” Tanto que você vê, eu me lembrei aqui, o “Simples”, que é uma música e letra minha é a última faixa do Minas, mas tem um solo de bateria do Edson Machado, grande Edson Machado, que tem uma participação maravilhosa. A história é muito rica musicalmente do Clube da Esquina. Eu estou lembrando ele e tem outros participantes assim maravilhosos que passaram de uma vez e deixaram carimbado. O Edson Machado fez um solo de bateria que foi, nessas conversas, Bigodoaldo’s e papos de bar, e olha aqui e olha ali, foi colocado como introdução do “Fazenda” no outro disco. Você termina, prrlll, ele fazendo um solo de bateria e o começo do “Fazenda” é o prrll, entendeu, que vem o água de beber e tudo mais, e ele, entendeu? Tudo isso eram coisas que aconteciam em torno dessas conversas. Como é que vai ser, não era uma coisa bagunçada, era uma bagunça organizada, você entendeu? Tinha uma história, tinha um conceito, o quê que deveria ser com todo naquele momento. P2- E Nelson, tem uma coisa dos coros, você pega ali a relação de pessoas que cantam no coro enorme, como que era isso? R- Foram generosos, entendeu? Porque até vem de encontro ao que eu penso. Às vezes as pessoas cantam mais simpaticamente do que um cantor num determinado trecho, não que ele vá ser aquele cantor, também não vamos falar isso não, senão vão pensar que ah, então é qualquer coisa. Mas às vezes uma pessoa que nem é cantor, um coralzinho. "ê nã nã, _____" Fala uma coisinha que fica mais simpático, mais relaxado do que se ___, entendeu? Botar um cantor formal ali prá cantar o negócio. Então houve sempre uma generosidade muito grande. De repente pessoas que não eram cantores estavam ali, mas faziam a massa e tinham a idéia do que era aquilo, não é. Então dentro de um trecho ou de outro, foi colocado determinado tipo de pessoa. Quando era pra fazer um vocal, onde tinha vocalise, notas definida e tudo o mais, aí se procurava fazer com os músicos, com pessoas que saberiam dizer, fazer aquela volta ali, fazer aquele contracanto de uma maneira mais fácil. Que você não vai pegar uma pessoa, de repente que não tenha prática e vai ser até ruim pra ela, colocar numa… Então houve uma generosidade muito grande em todo esse trabalho. Não só nesse trabalho o próprio assunto do Milton, porque ele gosta muito da coisa de voz, de canto, entendeu? Então você vê que sempre ele está, até hoje variando, pega uma turma pra cantar não sei o quê, de repente pega uma pessoa mais velha pra cantar, não sei o quê lá. É uma valorização da sonoridade humana, né? Então houve isso nesse trabalho entendeu? De repente tinham cem pessoas cantando, ___, tinha aquela coisa, às vezes duas, entendeu? Às vezes uma fazia um contracanto, e houve várias pessoas, criaram contracantos em várias músicas, entendeu? Coisas até que depois se misturaram em outras músicas e que relembraram histórias contadas, entendeu, houve um grande, uma grande atenção, até sem querer, nesse tipo de coisa, entendeu. E foi bacana. Pras coisas serem aprovadas também existia um consenso, sabe, se ficasse uma coisa dentro ali, estava bom. Mas não podia sair, embora não houvesse, nunca houve censura de nada, nem ninguém coisa. Mas assim tinha um cuidado pra aquilo sair dentro de uma característica bacana. Eu acho que houve sempre isso. P1- Ô Nelson, você tocou o quê no Clube da Esquina nº 1? R- Tudo. P1- Tudo? R- É, toquei piano, toquei piano, toquei viola de doze, toquei percussão, toquei tudo. É o que eu estou falando, a gente chegava, entendeu, estava lá, o piano estava al. Às vezes vinha um, a gente sempre até distribuiu muito simpaticamente, entendeu? Era uma esperteza malandra, sabe? Era uma coisa assim, às vezes uma pessoa via que alguém ia fazer aquilo ali, estava ali mais na mão naquela hora, sabe? Às vezes era outro. Então tinha um revezamento. Você vê que eu toquei baixo em algumas coisas, Entendeu? O Novelli tocou piano em outras. O Toninho Horta tocou baixo acústico, entendeu? Então tinha, percussão todo mundo fazia, que era uma coisa deliciosa. Juntava aquela turma, né, grandona. Um fazia tum, o outro tché-ké, plin, frrr, entendeu? Isso aí, todo mundo ali ao vivo, pô, era uma maravilha, entendeu? Dava aquela sensação de vida dentro da música, entendeu? A coisa era viva. Você ficava ali respirando aquele som e a coisa era muito, né? E os caras lá do cachimbo lá na indústria lá, o charuto, né? Hum, rô rô rô rô rô rô. (riso) né? É, tem essas, entendeu? Nem todo dia é dia que você pode estar com dois sóis assim na sua frente. Falando sobre isso, porque os caras estão lá pra parecer que você está bobo no mundo, né? "Ah, meu Deus, coitado”. Talvez a nossa época tenha sido mais leve isso aí, porque agora os meninos sabem disso muito cedo. Acho que a grande diferença dessa época dos anos de 1970 pra agora pra 2000, entendeu? Que eu, graças a Deus estou vivendo aqui agora, não estou, é essa um pouco, a gente era mais, meio que, “ah tá Papai Noel não existe, mas Papai Noel larga ali (riso) um negócio.” Agora é muito duro, entendeu? Os meninos dizem assim: "olha bicho, Papai Noel não existe." Acabou ali, por ali, michou aí, o cara já fica, como é que é, quê que tem que fazer, como é que eu vou fazer. É mais complicado. Então. P1- Como é que foi a repercussão do lançamento do disco? R- De qual disco. P1- Do Clube da Esquina nº 1, os shows? R- Olha, nós fizemos umas quatro ou cinco grandes turnês com o Milton, Brasileiras, fora as que tiveram lá fora. Eu fui uma vez pros Estados Unidos com ele e foi numa época que já, depois disso, eu não sei se vai dar tempo da gente chegar lá. Mas depois disso eu já fisicamente não estava. Mas essas grandes turnês foram assim tipo Brasil inteiro sabe, teve muita viagem, teve muita coisa, sabe? Eu me lembro mais das turnês, na verdade, o primeiro Clube da Esquina, eu acho que teve o show que era com o Som Imaginário, se não me falha a memória, que eram as coisas do Teatro da Lagoa, esse teatro aqui na Lagoa, Teatro da Fonte da Saudade. Eu dei canja, porque como eu tinha gravado, fui, toquei. O Tavito tocava, eu me lembro bem disso. O Toninho Horta, nesse show que era mais participação do Lô e do Beto eu dei umas canjas lá. Era perto da minha casa, eu morava aqui no Jardim Botânico. E não teve assim grande turnê, tá? Foram apresentações, talvez tenha tido algum programa de televisão, algum negócio, mas era Milton Nascimento e o Som Imaginário. E coisa e tal, não teve. O que eu me lembro que começaram as grandes turnês do Milton, foi a partir do Minas. Aí virou assim coisa grande, entendeu? Era viagem, começava geralmente aqui no Rio de Janeiro, tinha ou o Maracanãzinho ou lugar grande, não sei o quê. Aí saía São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Norte, Nordeste, Sul inteiro, entendeu? Eram viagens assim, enormes. E parecia uma coisa assim de Beatles, entendeu? O que eu me lembro assim é que formou-se uma estrutura em torno disso, não é, que era grande estrutura, era uma coisa big, era uma coisa mesmo pá, sabe, que tinha assim as coisa todas necessárias para uma grande turnê. Transportes e afins e equipamentos e os shows não era pra menos de cinco mil, dez mil pessoas nunca era, sempre coisa grande. E eram shows assim que eu, não raras vezes, várias e várias vezes, entendeu? Da mesma forma que ouvi da boca do Milton Nascimento, várias vezes na minha vida ele dizer pra mim que eu era o melhor amigo dele, eu ouvi pessoas falarem que nunca tinham visto uma vibração igual aquela, era uma loucura, nem show de Beatles que tinham assistido, nunca tinha tido uma coisa, uma sensação tão maluca, entendeu, nem Rolling Stones, entendeu, do que aquela coisa. Isso eu ouvi, porque na verdade eu estava concentrado em outros negócios, eu estou contando o que me falaram. E não foi, nem duas, nem três, milhares de pessoas. Nunca vi um negócio desse na minha vida, o palco tremia, entendeu? O pessoal pulsava e era engraçado porque como a época não era muito um frenesi que hoje em dia tem um pouco, que é assim, as pessoas ouvem um som e estão precisando extravasar mesmo, porque a vida está complicada. Não quero entrar nesse mérito da questão, pulam muito, não sei o que lá, tinha uma coisa mais contida, mas era uma pulsação conjunta, você sentia que um sim pesado era ouvido por uma pessoa em posição de lótus, entendeu? Era uma coisa e ao mesmo tempo aquela pessoa dançava junto e todo mundo parecia que estava muito concentrado no que estava acontecendo ali, entendeu? Não era muito jogar pra platéia, você jogava pra platéia o seu coração, o seu negócio, não era querer fazer um charme na história não, entendeu? Era uma coisa religiosa, entendeu? Essas turnês do Milton pra mim era assim. Tinha lugar de vinte mil pessoas, entendeu, e uma coisa rapaz parece que você ficava assim totalmente numa outra esfera. Houve muita dedicação, houve muita coisa bacana, entendeu, eu acho que ali naquele momento e em vários outros houve uma vitória da, não sei se a palavra é essa, da arte, entendeu,da música, sabe? Não conseguiram entrar ali no meio e fazer aquela coisa, né? Quando eu era menino, a primeira vez na minha vida - eu me lembrei, que hoje eu tenho altas discussões com isso, porque existe um exagero na minha maneira de pensar - eu era fã do Ray Charles quando eu era garoto, lá em Ponte Nova, ouvia-se muito Ray Charles e tudo mais, e eu tinha uma ideia daquilo na minha cabeça. Um dia eu abri a revista e estava assim, Ray Charles usa fitas Scotch. Foi a maior decepção que eu tive na minha vida, naquela época, naquele dia ali, eu falei: "o Ray Charles está fazendo anúncio de fita de gravador?” Eu posso estar falando uma grande bobagem, mas isso não me soa bem, não me soou o ideal, depois é que eu vi que as pessoas têm que sobreviver, não é? Você não pode, a fitas Scotch deve ter dado ao Ray Charles um piano, mil trabalhos. Mas eu era radical, na minha cabeça não entrava isso. Arte era arte, entendeu?O mercado e o homem do charuto era uma outra história, tudo bem você fica aí, que me deixa aqui, entendeu? Eu quero passar isso aqui mas não interfira. Olha a inocência total, inocência total. É querer viver, é a coisa da juventude, né, dá até uma ansiedade, você achar que você vai conseguir passar por cima disso, quando depois você vê que, como? P2- E as suas experiências nos festivais, Nelson? R- Festival, eu vou te dizer, eu não gosto de festival. Não gosto, eu sei que festival é importante, que faz as pessoas... Eles justificam, a justificativa pro festival é que deixa as pessoas aparecerem. Deveriam deixar as pessoas aparecerem de outra forma, sem festival, porque música não é, sabe? Música não que é o melhor, qual que é a música. Música não tem esse peso, entendeu? Tanto que você está almoçando você não vai ouvir uma escola de samba, entendeu? Depois você está dançando você não vai ficar ouvindo uma balada de Ravel, entendeu? Então como é que você vai botar num mesmo lugar um monte de música, o quê que você vai dizer, "mas essa comunicou mais." Você pode construir com isso vários assuntos interessantes, entendeu? Como é que uma canção pode ser comparada com um samba. "Ah, mas todo mundo pulou na música de fulano e nessa daqui ninguém fez nada, ficaram até falando." Você ouve num festival uma coisa dessas. Mas dia assim, mas o quê que é melhor, qual é o primeiro lugar? Eu sou contra esse conceito. Sempre fui, tanto que devo ter tomado outra cacetada por causa disso. Porque o negócio do Bituca foi curioso, porque quem inscreveu as músicas do Bituca foi o Agostinho do Santos, entendeu? Ele já pegou uma coisa, porque aquilo era inevitável, entendeu? Se acontecesse ali no festival aconteceria, se não, teria uma outra maneira, porque na verdade sempre tem, quando há uma generosidade da coisa, o próprio astral vai se formando e conspira de uma certa forma, você acaba aparecendo. Então a grande desculpa é que não, mas o festival faz as pessoas aparecerem, que é prá poder aparecer o patrocinador, entendeu, que é prá poder haver um domínio do sistema maior, não é? Quer dizer, o sistema é que bota você. Você é um escolhido, entendeu? Você é um jovem hoje e está lá, é porque você foi escolhido por isso. Mas para você ser escolhido por eles existe um conceito deles, entendeu? Qual é a pessoa pra ser escolhida, é aquela que tenha isso, quer dizer, a política existe, é uma coisa, não tem como você fugir disso. E eu particularmente, né, não sei nem, ainda não posso andar no ônibus de graça mas estou quase, entendeu? Então talvez eu possa falar isso agora e não me prendam na saída daqui, mas existe um interesse do sistema, entendeu? Que é meio que uma mentira, entendeu? É meio que uma mentira, porque como o sistema não consegue gerir uma qualidade de vida pras pessoas, não consegue te dar condições pra você pegar o seu dinheiro, você assistir a música que você bem entender, e ver o filme que você bem entender, o teatro que você bem entender, no lugar que você bem entender, existe um controle dessa história, entendeu? As pessoas não são nada burras, a gente, as pessoas, os outros, não entendo como é que isso, aquele buraco está ali na esquina, não entendi como é que não conserta. Chega uma hora que você diz, como você não entende, por causa de dinheiro, entendeu? Porque aquele buraco está dando dinheiro pra um monte de gente. Então como não há essa possibilidade, começam a fazer como se fosse pão e circo, entendeu? "Não, nós da tal somos maravilhosos." Entendeu? São mais importantes do que os artistas, a vez deles está bem a frente, se chegar algum artista lá e falar alguma coisa que venha a triscar, entregar um negócio que pra eles não seja uma coisa, que pra eles seja útil, ele está fora. Ele está fora em vários níveis, ele está fora até a nível de se começar a falar muito, é capaz até, vamos dizer, não vamos enlouquecer totalmente, mas é capaz até dessa pessoa desaparecer. "Cadê fulano?" "Não sei, cara, olha nunca mais eu vi." A estrutura do mundo é essa, parece que o pecado original, a questão do ser humano, essa questão todo mundo tem que viver, querendo ou não, o cara não pode pedir pra descer, eu estou sentindo até sua cara um pouco cansada com o que eu estou falando. Uma coisa, não dá pra falar assim, para o mundo que eu vou descer, é uma coisa que o ser humano é obrigado a encarar isso, entendeu? Não dá assim pra você falar, é o sonho. “Não, agora eu vou morar no interior, numa casinha, numa choupana e vou”. Primeiro que você precisa muito dinheiro pra fazer isso, depois que você não consegue que o mundo vai lá dentro da sua casinha e acaba com seu sossego, entendeu? Vai, porque o ser humano é assim, entendeu, você fala assim: “não, mas tem um vizinho que é o cara mais chato do mundo”, entendeu? Você fala assim, “vou sair da cidade grande porque a cidade está me tornando…” Chega lá no meio do mato tem aquela pessoa que todo dia, pe pe pe, bate na porta da sua casa, começa a dizer assim: “porra eu vou voltar pra São Paulo, por que isso aqui eu achei que era roça, mas não é, São Paulo é aqui”. E o cara já te pega logo pra você falar das coisas que você saiu correndo de lá, entendeu? Então o mundo é globalizado, né, acabaram com a história. Então globalizaram, quer dizer, o efeito borboleta, então agora, acontece aqui, vai o cara do mercado chinês, não sei o quê, você não sabe mas aí aquele show que você ia fazer, você não faz mais porque o mercado chinês e o mercado de Nova Iorque, a bolsa. Tanto que agora em vez do músico olhar a coisa ele vai olhar a bolsa, né? Todo dia o músico se quer saber se vai ter show pra ele tem que olhar o resultado da bolsa, porque se a bolsa está subindo, ele fala: "Ih, vai rolar um projeto aí." Alguém, vai aparecer com um projeto, não é? A coisa é essa e existem assim os diversos são variados, por exemplo pra você ver quando eu me mudei pro Rio de Janeiro, continuei com a mesma sorte da história de conhecer pessoas de diferente locais, diferentes pessoas. Tive assim a honra, sabe, de continuar assim, já fui de cara, olha que eu já era amigo do Milton Nascimento que eu chamava já de Bituca, cheio de intimidade, o cara assim: “o Milton, o Bituca, como hem?” “Não, Bituca, meu amigo”, já era. Então eu gostaria de falar um pouquinho dessa coisa daqui. Mas assim, eu vou pedir assim, cinco minutos para os nossos comerciais. [pausa] P1- Bem Nelson, voltando dos comerciais, eu queria que você contasse um pouco da sua participação no disco Minas no qual você grava a sua composição “Simples”. R- O Milton morava na Barra da Tijuca, na _____ ____. E a casa dele era o centro das reuniões, né, subversivas, sobre como é que ia ser esse trabalho ou outro, essa coisa toda. E a gente frequentava ali de uma forma religiosa, entendeu, ia todo mundo que participou desse trabalho. Tinha ali uma sala com um piano, contrabaixo e violões, aquele mesmo ambiente de sempre, de música. E o disco foi planejado ali, né, com as coisas que Milton achava que deviam ser pertinentes àquele trabalho. Foi, as coisas foram um pouco distribuídas, assim: quem tocaria, quem seria convidado pra fazer arranjo. E nessa música minha que foi escolhida, foi uma música chamada “Simples”, a primeira música do disco seria uma música do Novelli, chamada “Minas”. E a última música seria o “Simples”, desse trabalho. E foi feito ali um roteiro em cima disso, com as músicas que o Milton queria cantar, a música lá em homenagem a Leila Diniz, as coisas todas que tinham ali, Paula e Bebeto, me parece. Que eram coisas assim, que o Milton tinha assim, vamos dizer, naquela fase de ter feito, a coisa nova que o compositor sempre gosta muito, se empolga bastante com a coisa mais recente, né, que está ali, então era o Paula e Bebeto. Tinha até o Caetano, assim, que também gostava da música, cantava não sei o quê. Então ele foi elaborado ali e continuou o que eu já contei aqui. No estúdio foi exatamente aquela mesma história, foi chegando gente e foi, eu não me recordo aqui se é no Minas que tem a participação da Mercedes Sosa ou se é no Geraes, né? É no Geraes, é. P1- “Volver a los Diecisiete”? R- É, é “Volver a los Diecisiete”. Então, mas aí no Minas também teve muita participação, teve muita coisa e o esquema de estúdio era o mesmo. Ele ficou ali, entendeu, as pessoas chegavam, um tocava um baixo aqui, o outro fazia uma percussão, um vocal. E foi passado assim. E foi gravado também ainda no São Borja, ali no estúdio da EMI, da Odeon. Foi um disco assim, que começou a partir dele as turnês começaram mesmo a pegar o pique de grandes turnês. Foi assim, ele foi elaborado assim, numa sequência muito interessante com o Geraes. Agora tem uma coisa engraçada que está vindo na minha cabeça aqui, o Milagres dos Peixes é posterior? P1- Não, o Milagres dos Peixes é de 1973. R- É, é por isso que me deu uma certa confusão aqui, é que a gente pulou, né? O Milagre dos Peixes, que foram trabalhos incríveis também. P1- É, a gente tinha pulado por causa de pegar sua composição. R- É, não, tudo bem. Mas aí fica registrado que a gente está ligado nisso. Então, aí a sequência do Minas foi o Geraes, né? Porque já era mesmo aquela historinha, né? O Minas tem histórias até pitorescas, assim, que era o negócio de Milton Nascimento, né? Teve uma pessoa que percebeu isso, né, que teve até alguns jogos assim interessantes. Então ficou Minas, Milton Nascimento, Minas, aí virou Minas Gerais, aí subdividiu Minas num Geraes, quer dizer, foi um trabalho meio, se fossem duas coisas interligadas, né? Com duas turnês, com os mesmos esquemas, né? Arranjadores também. A parte criativa, a parte de produção, o quê que ia ser, a parte criativa de estúdio e a parte mais formal das orquestras, que aí tinha orquestra no estúdio, tudo escrito. A orquestra tinha que ser escrito, né? Eu fiz arranjo, acho que o Toninho Horta, o “Beijo Partido”, tem arranjo. A minha faixa o “Simples” é arranjo meu, de cordas. E aí acho que o “Carro de boi”, acho que é de uma outra, já é do Geraes, né? É o Geraes então, o “Carro de Boi” a gente fez o arranjo assim conjunto, que era uma forma do Milton tocar o “Carro de Boi”. Já desde Belo Horizonte ele cantava, sempre gostou muito. Uma música em parceria, a letra é do Cacaso. Uma música do Maurício Tapajós, a letra é do Cacaso que eu não sabia que a letra era do Cacaso. Fiquei sabendo anos e anos mais tarde, né? Que era o “Carro de Boi”, que Os Cariocas tinham gravado. O Milton sempre gostou muito da música. Já era uma escolha dele e a gente acabou fazendo um arranjo pra orquestra junto ali, né? Eu, o Milton e o Novelli. Nós fizemos assim a três mãos, cada um deu uma idéia de uma frase, eu escrevi. Mas foi feito dessa forma. E foi muito parecido o trabalho, porque é uma sequência o Minas e o Geraes, eles são ali. Depois veio o Clube da Esquina... P1- Não, vamos falar um pouquinho do “Fazenda”? R- Do “Fazenda”, pois é, o “Fazenda” é no Geraes, né? Ele foi escolhido, o “Fazenda” para começar o Geraes. Uma coisa pertinente, né, bastante pertinente. O “Fazenda” é uma coisa curiosa porque tem umas coisas assim sobre ela, engraçadas assim. Primeiro, ela foi assim, um grande sucesso no meio, entendeu, assim todo mundo que ouviu. Foi uma música que eu fiz muito rápido, entendeu? Geralmente, eu tenho umas músicas que eu faço assim, ____. Eu até falo, penso que não é minha, porque falo assim: "Uai, será que eu fiz mesmo isso aqui? Eu não posso esquecer", não sei o quê. Daí a pouco eu vejo que tinha feito. Parece que eu já sabia meio assim, entendeu? Letra e música tudo de uma vez, e o “Fazenda” foi um negócio assim. E ela fez muito sucesso, todo mundo que ouvia “Fazenda” dizia assim: "essa música é minha.” Entendeu? Isso me criou um problema engraçado porque, olha só, foi o Bituca, foi Fafá de Belém, Simone, Caetano Veloso, entendeu? E foi engraçado porque o Bituca, engraçada essa história, ele gravou a música, eu acho que a Fafá já tinha gravado. Mas aquela história assim, não sei nem se eles vão gostar desse comentário, mas é pitoresco, uma coisa engraçada, normal, coisa humana, né? Primeiro que o Bituca quando canta uma música fica muito complicado pra outro intérprete, né? Geralmente tem aquele medão, né, porque aí, não essa gravação aí imagina como é que é. Então, ele não se, não tem importância outra pessoa ter gravado, mas às vezes os outros ____. E com isso, acho que a Fafá já tinha gravado, ele não se importou, gravou porque era, fazia parte mesmo, o “Fazenda” tinha tudo a ver com o assunto que a gente estava lidando ali, que é o negócio de Minas Gerais. Ele gravou, mas aí, eu perdi outras gravações.(Riso) No caso, assim a Simone tinha gravado mas ficou assim: "ih, mas todo mundo gravou." Aí o Caetano também ia gravar, mas falou: "mas o Milton gravou, como é que eu vou gravar." E eu fiquei lá. "Mas que coisa, perdi uma oportunidade por excesso de sucesso da música." (Riso) É engraçado isso. Então ela foi gravada assim, foi uma gravação que fez muito sucesso. E as pessoas pensaram durante muitos anos que a música era do Milton, entendeu? Eu já me, já teve shows assim de eu cantar a música, assim, às vezes num lugar e a pessoa falar assim: "Ah, bacana, cantando aquela música do Milton." (Riso) O “Fazenda”. Mas é normal, vamos dizer, a gente tem que ter uma compreensão pra isso porque é assim mesmo, o quê que vai fazer, né? Ele representou isso muito bem, ele deu, vamos dizer, uma visão muito grande, muito popular pra essa história. E várias pessoas, depois até que, depois de brigar bastante. "Não, a música é minha." Música, letra e arranjo. Eu fiz o arranjo, que por outro lado vai justificar também aquilo que a gente estava falando anteriormente, está tudo interligado. Eu escrevi arranjo assim de atrevido, entendeu? Aprendi um pouquinho lá de solfejo. Sou péssimo em teoria musical, entendeu. Vou lá contando no dedo. Ta a ta ta tá, ta ta ra ta ta, entendeu, ta,ta,ta, conto, escrevo precariamente, mas eu tenho um atrevimento entendeu? Como eu não estudei, não sei nada formal, eu também acabei reproduzindo determinadas situações, que ficaram, as pessoas acharam muito interessante. Depois falaram até como assim, uma forma estética de arranjo, entendeu? Gostaram muito do arranjo do “Fazenda”, fez muito sucesso. Eu já fui citado por causa dele por pessoas que fizeram cursos de arranjador e tudo mais. É. Nos Estados Unidos e tudo. Várias pessoas citaram como um dos arranjos mais criativos, entendeu? Em coisas inusitadas, entendeu, que é criatividade harmônica, passagens diferentes. O fato, às vezes de você não saber e levar jeito pra coisa, faz aquilo ficar, entendeu, vamos dizer meio até, meio original, numas, né? Porque na música tudo se transforma, não tem essa coisa, ninguém é tão original. Então a gente mexe com, né? A respiração muda daqui, dali, mas vai repetindo. Então essa coisa daí, essa história aí. Eu participei aí como arranjador, participei como músico. Eu participei como tudo, entendeu, ali e como na turnê também, entendeu? Onde foi uma turnê que o Bituca me convidava pra cantar. Eu fazia lá, eu cantava o “Tiro Cruzado” e cantava o “Canoa” como convidado lá, entendeu. E o Lô cantava também, e o Flávio Venturini também viajou bastante com a gente nessa turnê daí. P1- Da turnê do Geraes? R- Do Geraes, é. O Novelli também, e várias pessoas tiveram uma participação, foi uma coisa bem comunitária esse disco, bacana. P1- E Nelson, o próximo trabalho vai ser Clube da Esquina nº 2, em 1978? R- É, acho que sequência é isso, foi o Clube da Esquina nº 2. Onde aí já expandiu, né, essa história. Na verdade pra mim, isso tudo é uma coisa só. Nunca teve duas, três, agora. E sempre continuou sem um planejamento de nada, entendeu? O Clube da Esquina nº 2 apenas expandiu um pouco porque aí vieram mais agregados. Pessoas de fora, amigos que o Milton já tinha feito. Grupos sul-americanos, teve a Mercedes Sosa, Elis Regina. Enfim, já entrou uma gama, outras pessoas mesmo. O grupo Azymuth já entrou. Vários percussionistas e São Paulo, entendeu? Músicos de São Paulo, do Rio. Quer dizer, cresceu a parada de participação, né? Teve muita coisa que foi feita assim dessa maneira, de músico que o Milton já tinha conhecido os Estados Unidos, nas turnês, entendeu? Aquilo tudo foi sendo somado e teve a grande turnê, talvez a mais recente que eu tenha participado que foi a turnê do Clube da Esquina nº 2. Foi uma turnê enorme, entendeu? Também na mesma base, trinta mil, vinte mil daqui, vinte e cinco mil dali. Era gente que não acabava mais, entendeu? Muito sucesso, muito bacana. E a gente formou grupos assim, dava pra viajar com uma boa de uma orquestrinha, entendeu? Cordas, flautas. Aí tinha assim, o Jaquinho Morelenbaum participou do naipe de cordas, o Paulinho Jobim, o Danilo Caymmi, entendeu? Houve uma, entendeu, a banda aumentou, entendeu? Nesse disco, o Clube da Esquina nº 2 teve a participação de várias cantoras. A Joyce participou. Enfim, o Boca Livre, entendeu? Um monte de novidades, vamos dizer assim, no sentido de estar na mesma turma, né? E foi assim a turnê mais recente que eu fiz. A partir daí, vamos dizer, continua valendo tudo que falei, mas eu não tive mais o mesmo tipo de contato, entendeu, físico com essa história. Mesmo assim, até com o próprio Milton, entendeu? Porque aí ele mudou de gravadora, saiu da EMI foi pra um selo novo que eu não recordo aqui o nome, enfim, que aconteceu, a [Gravadora] Ariola, talvez, né, não sei o quê. E aí começaram outros trabalhos, ele já fez outras coisas. E sempre tinha, as pessoas vinham falar comigo com o negócio de comparações e tudo. Eu dizia: "Ah, não me faça isso, não me leve para este universo, eu não quero saber disso não, está ótimo, entendeu, vamos em frente.” Comparar que aquilo ou que aquilo outro. Então foi, pó, o trabalho sempre teve o Milton que é uma pessoa que eu tenho a maior admiração, mas realmente eu perdi o contato. Eu continuei me encontrando por questões de continuar a compor com o Fernando Brant. Nós fizemos uma turnê dos Estados Unidos que foi meio na mesma época desse negócio do Clube, que a gente gravou um disco chamado Journey to Dawn, que foi feito em Los Angeles, eu participei, a gente, foi um disco. E altas história, a gente viajou muito. A gente fez assim, conhecemos pessoas interessantíssimas. Acho que o Milton me proporcionou assim, porque ele era o convidado, não era eu. Ele proporcionou uma oportunidade de conhecer músicos maravilhosos. Eu fiz boas amizades também. P1- Que músicos você conheceu? R- Ah, fiquei do Wayne Shorter, entendeu,? O Wayne gostou muito de mim, falou: "Esse mineiro aí." Mandou me buscar em casa, lá no hotel, às vezes, entendeu? E cismou com o “Simples”. E o maior fã do “Simples” é Wayne Shorter. Aliás não gravou, ele ia gravar no próximo. Está tudo certo, nunca gravou. Mas ele, nós furamos um LP na casa dele, né? Ainda a Ana Maria estava viva nessa época, ele morava numa casa muito bonita. Aquelas casas de Los Angeles, mandaram me buscar em casa. Fiquei super honrado, mandaram sei lá, um carro, me pegaram no hotel. Eu fui, passei uns dois dias lá. (Riso) A minha visita demorou dias. (Riso) Aí, aí. Fiquei lá e ouvimos. Aí quando chegou, aquele olho arregalado, assim: “Nelson, Nelson." Aí pegou o disco, botou assim, nós ficamos assim uma noite inteira, ouvindo “Simples”. Ele olhava: "Mas Nelson..." (riso). Pegava o ___,tá, botava de novo, a gente ouvia. E o Milton que me permitiu conhecer assim, naquele momento essas pessoas. Depois também, não tive muito contato, não, não voltei muito mais lá. Voltei de uma outra forma. Mandei trabalhos meus e tudo mais. P1- E como é que você continuou a sua carreira? R- A minha carreira, eu aí paralelo a tudo isso, quer dizer, voltando aquela história do meu fascínio pelo Rio de Janeiro, eu sempre tive um outro lado. Porque veja bem, o negócio de Clube da Esquina ficou mais localizado a uma coisa profissional, prática. Não tinha mais aquele tipo de encontro tão feito, que nem era em Belo Horizonte, que era full time. Era assim, o dia inteiro, o dia inteiro. Então aquilo era mais na hora dos shows, das produções dos discos, não sei o quê. E eu aqui no Rio de Janeiro, vamos dizer, desenvolvi um outro círculo de amizades, entendeu? Eu fui, nos anos de 1960, a convite da Márcia Rodrigues, eu fui, a Márcia tinha uma ligação com o pessoal de Belo Horizonte, uma amiga chamada Mercedes, que é muito minha amiga. Uma figura deliciosa, que eu até perdi o contato com ela. Mas assim, ali a Mercedes, a Márcia era amiga da Joyce, morava em Copacabana, eu morava numa pensão ali, da Dona Margarida, em Copacabana, na Francisco Sá. E a Márcia Rodrigues me convidou e convidou a Joyce pra gente fazer uma visita ao Tom Jobim. E desde esse dia, dessa visita ao Tom, eu fiquei muito amigo dele. E ele gostou, ele teve uma coisa muito parecida ao que o Milton teve comigo, uma reação muito favorável, entendeu? Quando ele viu assim a minha possibilidade até meio desorganizada, meio de garotão ali, eu tinha, sei lá, uns 16 anos, entendeu? Ele ficou assim fascinado. O Tom fez coisas comigo que eu não vi ele fazer com muita gente, a não ser com o Vila, entendeu? Pessoas mais, que ele veio de uma formação dessas pessoas. Gente que era abaixo dele nesse sentido de geração, ele não assim, grandes colher não. Ele falava... P1- Não, e você o conheceu então logo na chegada, garoto? R- Dentro da casa dele, é, ainda mais por cima. Daí eu comecei a frequentar a casa do Tom Jobim, entendeu? Aí eu tive muito mais contato com o Tom do quê com o Milton. P1- Sei. R- Eu frequentei de almoçar, tomar cerveja. O Tom falou: "Ah, você, quero que você seja amigo do meu filho, do Paulo." Eu não conhecia o Paulinho. "Eu quero que você, ah, vocês vão ser amigos. Pô, meu, espera aí," e coisa e tal. Aquele jeitão maravilhoso. Me recebeu muito bem dentro da casa dele. Eu frequentei assim durante anos a casa mesmo. Almocei, jantei, só não dormi lá assim, formalmente como convidado. Porque nessa época eu rolava de um lugar pro outro. Mas lá era uma família organizada. Acabou que eu fui morar com o Luiz Eça, que era ali perto, no canal do Leblon, aqui na Visconde de Albuquerque. O Luizinho me convidou pra morar na casa dele. Então é outra pessoa importantíssima na minha vida, entendeu? Que era lá perto. Eu, quando morava no Luizinho, eu frequentava a casa do Tom, entendeu? A Teresa super generosa, entendeu? Assim, convidava os amigos. E o Tom tinha uma coisa assim que ele gostava muito, ele era muito sociável, gostava muito que as pessoas fossem, frequentassem a casa dele e fizessem o círculo de amizades. Ele preferia, por exemplo, aquele tipo de pai, "Não, se é pra tomar cerveja, vamos tomar todo mundo aqui, eu também", sabe. Ele participava, ficava ali, porque gostava mesmo do lance, do quê o pessoal ir pra rua, não sei o quê. Então ficava sempre combinado que a casa do Tom tinha sempre uma cervejinha, entendeu? Que tinha sempre um som rolando e que tinha uma sala lá que dava o maior pé, dos meninos juntarem, entendeu, e ficar estudando, vendo partitura do Ravel, olhando, estudando assim, informalmente. A gente imitava João Gilberto, entendeu? A gente tirava os acordes que o João usava e tocava muito, inventava música, fazia tudo, rock and roll. Aí era a época hippie, entendeu? Era uma coisa bem bacana, uma liberdade de cabeça. Aí rolava aquela praia de manhã no posto 9, entendeu? Aí eu já tinha mudado da pensão da dona Margarida aqui. Todas essa coisas que eu estou falando rápido, são capítulos à parte. Porque a própria pensão da dona Margarida, eu fiz uma amizade na pensão da dona Margarida, que eu chamava o cara de Raulzito, que era amigo de dois outros baianos, que era o Carleba e o Eládio, que moravam, dividiam o quarto comigo. Era um quarto pequenininho, a gente pra chegar numa cama tinha que pular um por cima do outro. Era uma confusão danada. E de vez em quando dormia um cidadão lá chamado Raulzito, que tinha um negócio chamado Raulzito e os Panteras, lá em Salvador. [pausa] P1- Pensão que aparecia o Raulzito, né? R- É, a pensão da dona Margarida era uma coisa formidável que fez parte, eu me lembrei por causa do Tom Jobim, que tinha: levanta cedo, não tem café, não tem dinheiro, só anda a pé. Como vai você? Como vai você? Como vai você? Vai bem, não é? Dar pra se ver que a sua vida é boa pra valer. Entendeu? Essa música, quando eu mostrei isso pro Tom, virou um sucesso pra ele. Virou um sucesso, ele encontrava comigo, _____"levanta cedo, não tem_" E ficava fazendo arranjo pra música, entendeu? Então teve uma fascinação que era a mesma coisa do Bituca, que falava: "compositor, __compositor." Eu tive a mesma sensação. Como eu tive também com o João Gilberto, como eu tive com o Dorival Caymmi, entendeu? Todos eles por uma razão ou por outra, foram assim, muito iguais com relação a minha pessoa, já me abraçaram assim. Eu fiquei mal acostumado com essa história, entendeu? É, porque veja bem, eu não estou falando de qualquer um que olhou e falou: “ih esse cara é demais”, eu estou falando os nomes mais importantes, entendeu da... P1- Como é que você conheceu o João Gilberto? R- O João Gilberto foi no México. Foi depois, só queria terminar o negócio do Tom, vamos pegar aqui, porque o tempo, né? Eu queria fazer um filme que nem o Berlin Alexanderplatz, oito horas logo, né? Mas eu entendo isso. Então pra ser mais objetivo, né? Na dona Margarida, eu conheci um sujeito chamado Raulzito, né? Que de vez em quando dormia lá. O pessoal que tocava com ele era meu companheiro de quarto. Um ano depois, eu já morava no Solar da Fossa, que é um outro lugar também interessantíssimo, que é uma outra história. Eu cheguei na PolyGram um dia, estou ouvindo uma gritaria, um som __: "Eu nasci a dez mil anos atrás." Eu olhei aquilo e falei: "meu, quem é que esse maluco que está ali berrando, esgoelando desse jeito aí?" Abri a porta do estúdio, porque eu já era músico, íntimo, gravava lá todo dia. Me convidavam, me chamavam. Gravava profissionalmente e copiava ____ do Luís Eça. Enfim, me virei de tudo que foi jeito. E quando eu olhei eu falei: "Raulzito, mas o quê que você está fazendo aqui?" (Riso) E era o Raul Seixas, grande amigo meu, entendeu? Ficou horas e horas. Depois anos mais tarde, a gente se encontrava, ele parava o que estava fazendo, entendeu, ele falava assim: "Mas Nelson, mas Nelson." A gente ficava horas e horas, eu esquecia da vida, eu ficava conversando horas e horas. Passamos várias peripécias. Eu tive altas histórias com o Raul Seixas. Inclusive dele dizer assim: "eu quero produzir um disco seu." Isso a gente já tinha assim tomado umas cervejas a mais, essa coisa e tal. "Eu quero produzir um disco seu." Não produziu nunca. (Riso) Eu dizia: "claro Raul, você pode produzir um disco meu a hora que você quiser, pra mim vai ser ótimo, imagina, vou ficar famoso." (Riso) Aí acabou que ele não produziu nada. "Eu quero tocar violão igual você toca." Olha que coisa engraçada que eu me lembrei. Muito generoso, o Raul Seixas, uma figura excelente, maravilhoso. Tem altas coisas. Importante, ele tem uma importância enorme. Nem era assim formalmente na música exclusivamente. Mas uma coisa de cabeça, de comportamento, e figura mesmo interessante. Um filósofo talvez assim, mais do que um músico assim. P1- Um filósofo. R- É um, é. Usava a música, aquela meio forma de música americana, meio rock and rol. Mas não é, o lance dele era a mensagem, né? Era uma percepção da coisa social, da cabeça, do pensamento. Aí, indo da dona Margarida, voltando ao negócio do Tom. Foi muito importante, porque nessa época eu conheci também o Vinícius de Moraes, que também gostou muito de mim. Eu conheci por causa do Tom no Carreta, que eu já era amigo dos filhos do Vinícius: do Pedro, da Suzana, da Georgiana e da Luciana. Sempre fui amigo aqui, de Rio de Janeiro, de noite carioca, de boêmia. Enfim, dessa coisa toda, os bares da vida, maravilhoso. E o Vinicius era um frequentador nessa época da Carreta. Ele, Aloísio de Oliveira, o Tom Jobim, que obviamente como era aquela figura sociável, ele queria juntar o máximo possível, né? Então ele levava pra lá os filhos, a mulher e os amigos ali mais chegado. e eu era um deles. Porque a gente se encontrava em Ipanema no meio da rua, nem marcava, às vezes, nada. Mas já meio sabia do lugar que ia. Às vezes ele me ligava, dizia: "e aí, vai lá hoje?" Não sei o quê. Mas muito raramente e às vezes a gente se encontrava era no meio da rua. Ele com aquele Galaxie, eu via."Ih, olha só." Aí eu entrava no Galaxie, a gente ia às vezes na praia, ficava sentado lá jogando conversa fora. E altos ensinamentos, porque era uma diferença de idade que fazia diferença. Era um cara muito mais experiente, entendeu, como o Vinícius. E nisso eu aprendi de A a Z, você entendeu? Fui, vamos dizer, eu tive uma, como é que diz, um acabamentozinho ali, que pra mim foi muito importante, porque eu aprendi um pouco, como é o seu comportamento, a sua maneira de ser começa a influir, a interferir diretamente na música que você faz. Eu comecei a tomar mais consciência disso, de como é que isso se passava. Informalmente, quer dizer, com ensinamentos assim, entendeu? Assim, criar aquela tensão superficial no copo de licor, entendeu? (Riso) Isso era um papo levado a sério, porque vinha aquele Cointreau, mas ele assim: "Se você está vendo, isto aqui, ó, quando você serve essa dose, você cria aquela tensão superficial”, então fica ali aquela, quase derramando, mas não derrama, faz aquele, o Cointreau fica assim, aí você também tinha que mostrar honestamente que a situação ainda era boa, que você não estava nem tão alterado, né? E pegar com a mão firme e levar aquilo à boca, não é tomar, não é. Quando a coisa complicava, você botava um charuto pra acabar com a tensão superficial e não derramar, né? Então ficava aquele assunto de churrascaria, e generoso, né? Aí realmente foi uma escola pra mim, de vida, fabulosa. Porque essas pessoas que eu citei, reuniam outras pessoas. Então era assim, um sem fim, daí ecoou aqui na bateria, um sem fim de personalidades, e pessoas de várias áreas que circulavam em torno deles, entendeu? Mas eu estava ali presente e muito bem recebido. Então eu aprendi assim a lidar com um monte de situações. Você, é a coisa da vida, você vai aprende daqui, vê ali como é que é que, hum, quer dizer que osso por aqui, por ali. Quer dizer, pra mim foi uma coisa fabulosa, entendeu, esse convívio com o Tom, com o Vinícius. Conheci indo a Copacabana, na época da pensão da dona Margarida, o Danilo Caymmi, que é da minha geração, que tem uma participação também muito importante nessa coisa também com os mineiros, e é muito amigo dos mineiros. É uma família espetacular, a família de Dorival Caymmi, não há palavras pra dizer como são bacanas. São pessoas e importantes assim na nossa história, né? E o Dorival Caymmi, aquele ser humano que já nasceu pronto, né, já nasceu ensaiado, tem o dom de sintetizar, que é uma das grandes qualidades do ser humano, né? A coisa quase Jesus, né? Que sintetizava em duas frases e coisa e tal. O Dorival Caymmi é a pessoa que começa, ele diz duas frases já te responde quinhentas coisas que você queria ouvir, já aparece uma conversa de duas horas, entendeu? E ele é muito generoso, uma pessoa. Me levou, junto com o Danilo, é engraçado, eu fui meio adotado, né? Agora que eu estou percebendo isso, porque junto com o Danilo, ele já me levou lá pra ______, já pra mostrar aquelas malandragens do centro da cidade do Rio de Janeiro. E muito simpático, aquela figura carismática, já pegava um táxi, falava: "ô seu Caymmi, como é que vai?” Ele: "ah, meu filho..." Aí ficava aquele papo que você não queria outra vida, entendeu? E, vamos lá, eu vou pra Maracangalha, aquela camisa listrada, entendeu? O cara generoso, pai do meu amigo, meu amigo também, e dizia: "minha casa é sua, você por favor você vá a hora que você quiser" e não sei o quê. Então foi uma coisa atrás da outra. Foi, vamos dizer, que foi uma universidade, né, essa fase daí. Porque, músico, tocava no violão dele, chegava lá e subia, entendeu? P1- É mesmo? R- É, no violão dele lá. Um cara super generoso. Pintava, sabe, eles moravam, aqui em Copacabana, no Edifício chamado Comandante (Lance?). Enfim, dona Stella sempre me recebeu de braços abertos. Eu sou querido lá dentro da casa. E isso é um orgulho pra mim. Isso é uma coisa muito boa. Eu falo isso assim, me dá uma sensação muito agradável, de coisa. Então eu tive essa vida. Veja você, ao mesmo tempo teve o negócio de Clube da Esquina, ao mesmo tempo isso aí, Barra da Tijuca, não sei o quê, já foi me levando pra um negócio que eu também já tinha desde cedo assim, um pouco no sangue, que era uma coisa da área do samba, entendeu? Eu sempre gostei dessa história do samba, da, sabe, não só quer dizer o samba, o negócio da bossa nova, que é basicamente uma coisa do samba, a pulsação do samba de um formato ali determinado. E eu nessa época comecei a conhecer assim um pessoal, João Nogueira, entendeu? A época, o Cacaso, que já estava desde essa época do Plataforma. Tinha assim um outro QG, vamos dizer, que não, Carreta antes, Plataforma depois. Estúdio com o Tom a maioria das vezes, na RCA-Victor. Aquele disco Tom Jobim e Miucha. Todas aquelas coisas que o Tom Jobim fez naquela época ali, eu andei participando. Ele ia assistir show meu e do Paulinho na sala Funarte, entendeu? A plateia estava... O Tom sentado, aquilo era uma maravilha. E você ficava ali se sentindo, entendeu, achando a coisa, poxa, estava tudo certo. Porque você estava no veio, na coisa mais importante, efervescente de música. Então o Cacaso tinha também, como ele morava na avenida Atlântica e ficou muito meu amigo, a gente começou uma hora a deslocar um chopinho pra ali. O Cacaso já era conhecido do Radamés Gnattali, que frequentava muito o Lucas, aqui no posto 6, em Copacabana, na avenida Atlântica. E era melhor que o point do Radamés. Então eu já ia, às vezes, tinha um chopinho no Lucas assim de tarde com o Radamés, também ouvindo l´o mestre falando lá e coisa e tal.Não uma coisa de música formal, mas música por vida, né? Porque as atitudes de vida são as que mais evoluem a pessoa na música, curioso, né? Não é, tudo bem, escala e as coisas, você tocar, praticar, você não pode viver sem, né? Senão enferruja tudo, não dá certo. Mas à vezes, a postura na vida te evolui mais do que a própria coisa ali. Porque aquilo é meio mecânico, né, você fica na mecânica. Mas a vida te leva a formular aquilo de uma maneira diferente. Você coloca um acorde assim, o outro você, conforme a situação, você diz, mas espera aí, isso aqui aconteceu assim, vamos fazer assim e ver o quê que pode surgir daqui. Então isso é uma escola maravilhosa. E o Cacaso, nós tivemos, é uma pessoa que eu gostaria de fazer um filme assim falando da nossa amizade e tudo mais. P1- Você tem uma parceria enorme com ele, né? R- Enorme, porque eu vou te contar o começo dessa história. Quando eu conheci o Cacaso, nessas coisas de churrascaria, todo mundo, essa vida, vamos chamar, mais boêmia também, junto com a coisa formal de música. Nós fizemos uma música e nessa de conviver na casa dele, ele me fez fez uma proposta que foi o seguinte, falou: "ó, a gente fez uma música aqui, estamos gostando a beça, está super bacana, vamos fazer um negócio." Uma coisa até mineira, bem de Minas. Ele falou assim: "nós vamos fazer um monte de músicas, não vamos falar nada, quando as pessoas souberem já tem assim, entendeu, um montão de música." E dito e feito, nós paramos assim e ficamos um ano, entendeu? Um ano, sabe? Ia pra casa do Cacaso, às vezes ele ia lá em casa, mas era mais na casa dele. Porque era ali na beira da praia, tinha piano ainda, se bem que na minha casa também tinha. Mas o costume era do encontro mais lá na casa do Cacaso. Eu ia, Copacabana, a gente ficava ali, entendeu? Tinha umas mesinhas de bar, tinha sempre uma cervejinha. A gente ficava ali, tocava piano, olhava aquele mar. Aí que começou a história do mar de mineiro, entendeu? Que eram aqueles mineiros olhando ali pra aquele marzão besta, entendeu? O mar, olha o mar. Olha o mar, entendeu? Mas não era da beira do mar, né, que nem. Isso aí você não invente, né? Mas tinha um sentimento também, aí começou uma coisa paralela, meio que uma simbiose, né? Se é que é pertinente essa palavra. Pode ser, né? Não é? Simbiose é meio isso, né? Então com essa história do mar, da beira da, e a gente começou a falar do mar, misturar. E eu tenho uma história na minha vida que é uma grande fascinação pela coisa de cidade com sertão. Eu assim, o meu negócio, assim, eu tenho um projeto que eu ainda não consegui realizar, que chama-se o Sertão da Cidade, que é um jogo meio que, né, O Sertão da Cidade e a Cidade do Sertão. E um, entendeu, essa coisa que virou até uma globalização,virou. Esse papo tem a ver com a coisa que foi, me fascina muito, como sempre me fascinou a falta de fronteira para o ser humano. Isso aí é uma coisa que me fascina. O comportamento humano de um roceiro na cidade ou de um cara da cidade na roça ou de, entendeu? Esse jogo aí me dá subsídio pra pensar. Então, eu com o Cacaso comecei a fazer um trabalho, quando a gente viu tinha umas oitentta obras, assim, sabe, feitas. Inéditas, fizemos um musical. Fizemos um monte de coisas. Tinha até um folclore. Ah, mas vocês não mostram coisa de mineiro, eles não mostram músicas pros outros gravarem. (Riso) Mas não era isso não, a gente ficava doido pras pessoas gravarem depois que vissem. Acabou essa bobagem, que era uma brincadeira. Na verdade, nem foi levado a sério. Nós fizemos as músicas porque vinha brotando, entendeu? E músicas enormes, letras, entendeu? De tudo que é jeito, valsa, samba, choro, tudo, tinha tudo que é tipo de música. E isso tudo paralelo com o que estava rolando, entendeu? E principalmente nos anos de 1980, aí foi uma dedicação total a essa coisa. Perdi esse contato com Milton, coisa que até hoje é assim. Eu entendo porque um lado assim, a vida leva as pessoas, né? Eu tenho até um disco chamado “A Vida Leva”, um samba chamado “A Vida Leva”, né? Que é a coisa desse disco, a vida vai te levando, numa hora você, até o Zeca Pagodinho também agora é um grande sucesso dele, “Deixa A Vida Te Levar”. A idéia é mais ou menos essa, né? As músicas são diferentes, mas é isso, a vida leva. Então o negócio de Clube da Esquina pra mim, tem essas facetas assim: o ponto central disso como trabalho está fincado no coração, jamais vai ser mudado, entendeu? Agora, essa coisa prática, não sei o quê, desde os anos de 1980, entendeu? As pessoas, às vezes não imaginam muito isso, porque acham que é aquela historinha formal. Eu não, eu estou solto pelo mundo aí, de outras formas. Mesmo porque eu sei que eu gozo de privilégio na cabeça, na alma do Milton. Porque seria impossível ele não ter uma ligação mais próxima comigo, mas fisicamente a gente não sabe muito. Olha, eu encontrei com ele recentemente duas ou três vezes, entendeu? Trocamos duas ou três frases, entendeu assim? Eu até, vou ser sincero, eu gostaria que a gente até tivesse falado mais, mas não levo isso como uma obrigação, eu levo isso como um prazer. Eu teria prazer de encontrar o Milton e dar umas risadas. Eu teria o enorme prazer, mas não aconteceu, sabe como é que é? A gente não sabe o por quê, aconteceu, hoje a gente recebe homenagens, entendeu? Essas coisas principalmente que são referentes ao Clube da Esquina, eu estou incluído. Não há, nem querendo dá pra me tirar, porque eu estava lá desde o começo. Então eu vou e a gente se encontra assim, na assembléia legislativa não sei de onde. Ele está assim sentado do meu lado. "E aí tudo bem?" "É, pois é, ___". Troca umas duas frases, não sei o quê, aí daí a pouco vira aquela confusão, ninguém fala com ninguém mais, entendeu? Quem eu mais falo agora é o Fernando Brant e o Márcio Borges, que a gente ultimamente tem se relacionado mais de encontrar e ficar por aí, entendeu, porque a história modifica, né? Você também, a idade vai modificando essa coisa, né, a facilidade física, né? Antigamente, numa época a pessoa mais jovem, qualquer coisinha você pega um ônibus, entendeu? Vai ali, vai a pé, vai de carona, entendeu? Hoje você não pode ir na avenida Brasil, entendeu, pedir uma carona que você vai virar uma estátua de sal, né? Então, não. P1- Mas ô Nelson, agora também, quer dizer, você tem ido muito a Belo Horizonte, entrou agora na fundação, na Associação Amigos do Clube. R- Eu acho isso muito importante, entendeu, essa fundação do clube, eu acho importante, do museu, entendeu? Porque veja bem, isso que eu estou terminando de dizer, essa falta de contato físico, de encontro e de participação em coisas divisões em certos trabalhos, cria nas pessoas que não conhecem essa história, uma curiosidade muito grande de saber. Poxa, mas como é que é isso, mas como é que... E isso estava me incomodando, estava fazendo uma certa falta. Porque aí vem um lado de mineiro que é muito complicado, que é um lado mais tímido, uma timidez. Às vezes eu brinco assim, se a gente fosse baiano, estava todo mundo rico. (Riso) Mas, entendeu, falta esse discurso. O mineiro não é muito de discurso, entendeu? Eu até talvez seja assim meio falador porque eu vivi em outros lugares, aprendi um pouco aqui no Rio. Acho que é isso, eu tive mais facilidade. Só não consegui na verdade falar X, mas pô, resto eu aprendi muita coisa aqui, eu me considero assim, um carioca assim, também, entendeu, de coração pelo menos. Eu gosto dessa terra, eu participo, eu botei, sabe, eu boto uma fé danada nesse lugar aqui. Apesar de todos os problemas que estão acontecendo no momento, eu acredito muito na terra, na beleza, nas pessoas, na generosidade, entendeu? É uma terra bacana, mas enfim, é uma outra discussão. O que eu quero dizer é que demorou muito, principalmente ao Milton, pra fazer um evento. Chegou 30 anos da história, aí ficava um negócio, como é que vai ser? Vai ter um show, não vai ter um show? Obviamente vem os homens do charuto, né, que sempre estão presentes, estão olhando a gente, o quê que está falando. "Vê lá em, vê se esse garoto não vai atrapalhar o meu negócio." Então, sabe, sempre criou uma tensão, uma saia justa nisso. E estava faltando um momento de que as pessoas vissem o Milton e mais todas as outras que estão faladas ali, pelo menos uma vez, de saber que ele é um cara que aprova, quer dizer, ele assina embaixo que houve uma história. Ele pode ter os julgamentos e as conclusões pessoais, mas a história ninguém pode mudar a história. Não é assim dessa forma, você pode até ter uma visão diferente, você pode ter coisa, mas você não pode tirar uma pessoa que fez determinada coisa numa época, porra, que depois você vai dizer o quê, que não fez? P1- Não. De modo algum. R- Nunca, entendeu? Então a história ela é fundamental e eu achei que já estava no limite, entendeu? Então eu parabenizo, entendeu, essa coisa, mais uma vez aí, dessa iniciativa, nesse sentido, de poder esclarecer alguns pontos, entendeu? Das pessoas verem a história e verem como é que a coisa funciona, entendeu? Agora, me dá um grande alívio ter falado assim sobre isso, porque, sabe, parece que eu tiro um peso, sabe como é que é? Porque sempre alguém me pergunta, mas escuta mas e a pessoa, fulano é seu amigo? Não sei quem gosta mesmo de você? Por quê que você não faz mais, você não grava mais com o Milton? Ele nunca mais gravou uma música sua? Não tem nada a ver isso, entendeu? A vida já mudou, eu já estou, olha, cheio de projeto, entendeu, cheio de projetos. Eu sou bastante teimoso. Uma coisa que eu acho que eu aprendi com sambistas. Entendeu, porque sambista às vezes faz sucesso velho, né? Não é, o cara sim, né? É difícil sambista novo fazer sucesso. O cara fica, quando está bem, porque acham que vai aprontar muito. (Riso) Sambista muito novo, faz sucesso, faz uma desordem, brincadeira. É uma provocação, mas deixa eu só seguir esse raciocínio aqui. Então, eu acredito que uma hora eu vá ter um espaço com essas coisas, com esses meus projetos. O Sertão da Cidade é um projeto super pretensioso. Porque é um filme, um longa-metragem. Mas feito em homenagem a Belo Horizonte. Começou os 100 anos de Belo Horizonte, que já tem uns oito, né, dez, sei lá. E os afro-mineiros, que é uma coisa muito mal falada, muito mal esclarecida, porque Minas Gerais tem uma convivência com a África muito grande. Um aprendizado e uma troca de coisas, entendeu? E eu sempre achei isso muito mal explicado, sabe assim, muito. Uma hora as pessoas se metem a querer ser muito generosas e trocam os pés pelas mãos. Enfim, um assunto não trouxe. E ao mesmo tempo som, não é um som de fazer uma homenagem aos africanos, de pegar o som deles e repetir no meu trabalho, sabe como é que é? É uma questão pra mim, de uma questão de vida, de sabedoria, de calmaria, né? Que eu me lembro disso, a Julieta, que era uma senhora que trabalhou na minha casa durante longos anos, que me ensinou milhares de coisas, sem falar nada, com o próprio comportamento. Nos momentos em que o europeu é muito ansioso, é muito nervosinho, muito, né, aquela coisa de ansiedade, é falta de domínio mesmo psíquico de algumas coisa lá de dentro da cabeça; e o africano, ele tem uma postura muito mais sábia, é mais plantado. E obviamente quando você convive entre as raças, o convívio entre as raças é o maior presente que Deus dá, porque todo mundo pode ter a generosidade de aprender daqui, dali. E essa senhora dava uma idéia de calmaria muito grande, entendeu, de. Então eu tenho essa homenagem nesse sentido. Não vou ficar botando instrumento africano no meu negócio, porque não é, até posso pôr, mas não é aquela coisa. Eu fazer uma, esse negócio de homenagem é muito perigoso, porque você vai fazer uma homenagem, usa tudo que a pessoa fez e diz que está fazendo uma homenagem. Então esse projeto é interessante que é o meu negócio, o que eu aprendi sobre isso e a minha forma de ver, ou seja, um filme em cima de uma música. Só que como eu tenho essa ansiedade sobre as coisas, eu já fiz o roteiro do filme. Uma vez eu fui falar com o Domingos de Oliveira, que é meu amigo, ele falou: "ah, mas você já tem um filme pronto." Falei com o Zé Jofre também, ele falou: "mas você devia dirigir esse filme." Eu falei: "você está brincando comigo, pára com isso." Porque eu já tenho a idéia do filme como é, como começa, como vai pro meio, entendeu? Como é que, os quadros... Só que imagina a minha pretensão, né, entendeu? Muito, imagina fazer um filme desse, não, é um projeto enorme, que vai exigir um monte de dinheiro, um monte de confusão. E eu tive alguns papos daqui e dali, entendeu, com os homens do charuto, entendeu, através de órgãos, da indústria, _, governos e afins, entendeu? E consegui um mínimo. Então, o que eu quero dizer, a minha postura, desde esses 20 anos, eu guardo esses projetos. Eles estão todos, eles estão vivos e eles estão aguardando o seu momento de darem continuidade. Fiz uma versão mais jazzística da música, entendeu? Convidei outros músicos e fizemos uma coisa mais. Tirei a idéia de orquestra sinfônica, porque era, estava se tornando inviável. E fui transformando, mas o cerne permaneceu. Tem os discos que eu gravei nesse tempo, eu nunca fiz um disco igual ao outro, sabe? Meus discos são assim a coisa que estou naquele momento mexendo e mais empolgado. Então eu nunca tive uma fórmula, o que também, atrasa na mídia, entendeu? Cada hora tem uma cara o meu disco, entendeu? Uma hora eu estou mais dedicado ao violão, porque eu estou tocando mais violão nessa época. Outra hora o piano, que é um instrumento que eu tenho um grande fascínio na minha vida. Ele tem uma entrada espetacular o piano na minha vida, porque eu ganhei um piano. Isso é uma coisa rara de acontecer. Um cunhado meu me deu um dia. Eu morava no Jardim Botânico, chegou um piano no dia no meu aniversário, 15 de junho. Eu vi uns caras subindo a escada, uma barulhada. Uma escada de um prediozinho pequenininho, as minhas filhas eram novinhas ainda. Eu abri vi um piano, pense comigo: "poxa vida, podia ser pra minha casa." Fechei a porta e deixei. Aí o cara veio subindo, subindo, subindo, pim, bateu na porta, falou assim: "senhor Nelson ngelo." Eu falei: "sou eu mesmo." "Esse piano é pro senhor." Eu quase caí duro, entendeu? E desde então o piano é um instrumento assim, eu agora já estou menos tímido, eu toco piano, você acredita nisso? Eu toco piano, nunca estudei piano. Mas eu toco piano porque eu gosto tanto daquilo. Não vou te dizer que eu seja aquele pianista pra qualquer coisa fazer, entendeu? Chega assim e toca aí agora uma rapsódia. Não, não é nada disso. Mas dentro do meu universo, eu ajeito com bastante carinho aquela história, entendeu? E já vi gente ouvindo assim, gravação de gente importante dizer assim, que é o pianista. Já ouvi algumas vezes. Já falaram que eu era, citaram outros nomes dizendo, e era eu que estava tocando, entendeu? Então é um instrumento que fascina, entendeu? Essa coisa que Wagner falou que o piano é aquela orquestra ambulante. E ele é isso e até muito mais, porque ele, você vê tudo aqui, você tem duas, entendeu, as suas duas mãos percutem e repercutem, e tem uma repercussão sonora de harmônicos e de parâmetros e tudo. É uma coisa impressionante o piano, realmente. Talvez é o instrumento mais completo nesse sentido e tem coisas curiosas. Porque piano, você vê, o que soar no piano, soa nos outros instrumentos. Se você fizer um acorde muito grave e ele ficar muito embolado, aquela série harmônica não tiver muito de acordo ali, vai acontecer aquilo nos instrumentos. Então, ele é um instrumento, além de tudo é bengala assim, sabe? Você faz um acorde assim, tum, aqui numa região, ih que acorde bonito, você pode escrever pra qualquer coisa, flauta, pra sopro, vai ficar bonito. Ele tem esse dom porque exatamente, ele naquela coisa dele mexe com a série harmônica. O piano é um instrumento chamado temperado. Você quando afina, você não pode botar uma máquina eletrônica afinar o dó central e afinar o último dó lá com a mesma máquina, porque pra um piano acústico ficar afinado, ele aqui está de um jeito, aqui você vai indo pra lá, a afinação vai subindo. Tem que ser meio de ouvido, pra você soar temperado, dar o acorde ele ficar parecido. E ao contrário pra cá, ele tem que ficar mais baixo a afinação dele, entendeu? Aí você toca no teclado inteiro do piano, você tem um equilíbrio do piano. Já o violão é aquele instrumento que é uma outra natureza assim, embora seja muito generoso nos harmônicos, coisa que é mais explorado quando o violão é usado acústico, entendeu? O violão é um instrumento bonito já pela forma, né? Forma de mulher, forma de um corpo, né? Todo mundo faz essa comparação do corpo de mulher. Que é uma coisa linda, ele é generoso, um instrumento de uma forma feminina, você põe o instrumento no colo, você acaricia. É muito importante a postura do instrumentista, porque é uma coisa você ter um contato. O piano já é mais complicado, porque você não vai carregar um piano. Você senta ali e toca nas teclas. O violão não, você tem uma relação física com ele e se você ver, as pessoas que você acha que você selecionou como os melhores instrumentistas de violão, são aquelas que se integram mais com o instrumento. Que sabe, eles pegam, tem uma maneira de pegar que você fala: "hum." Sabe, não vai pegando de qualquer maneira, sabe. Abraça, acaricia, aí o instrumento começa te responder, porque o instrumento é isso. P1- Ô Nelson, maravilhoso, você deu a definição de violão pro dicionário já do Clube da Esquina. R- Uai é? Se valeu, ótimo. P1- Eu queria te fazer a última pergunta. R- Não, a mais recente, né? Como é que a gente vai dizer a última, se não vai parar por aqui, a mais recente hoje. P1- A de hoje, a do primeiro tempo, né? R- Não, eu sei, é primeiro tempo. Não eu estou brincando com você. P1- Porque o Tavito está ali. R- Ah bom, _____, esse é um outro grande cidadão, pessoa de Belo Horizonte, mineiro de Belo Horizonte, desculpe, vai. P1- Então eu queria, nós vamos combinar um segundo tempo, porque você é um ótimo contador de história mesmo. R- Muito obrigado. P1- Estamos aqui muito satisfeitos, muito legal essa primeira parte. R- Funcionou? P1- Demais, e eu queria... R- Eu espero que as pessoas gostem, quem sabe, eu tenho alguma chance no cinema. P1- E queria dizer o quê que você sentiu de dar esse depoimento pro Museu do Clube da Esquina. R- Muito bem, eu já declarei isso aqui, me senti muito bem, entendeu? Não só de ter dado esse depoimento pro Clube da Esquina que é uma coisa que eu já estava esperando isso a muito tempo, de fazer, entendeu? Vamos dizer, é mais um capítulo assim essa, entendeu? Vamos sair pra uma outra novela, porque, entendeu, essa daí, se alguém vier me falar alguma coisa, me perguntarem eu digo: "ó, tem umas duas horas de fita lá, falei tudo que é bobagem, pode ir lá olhar", porque pra não ficar repetindo, né? Mantenho no coração as minhas declarações aqui, principalmente as, vamos chamar, mais formais, porque claro que a gente brinca e tudo mais. Mas nós estamos aqui não é por uma brincadeira, é por uma coisa séria que gerou o Clube da Esquina, se tornou um negócio importante, discutido, não é? E eu me sinto muito honrado de participar. Me sinto muito bem nessa história toda. E estou afim, entendeu? De ter uma continuidade. Eu sei que eu não posso começar de novo. A gente hoje estava até falando sobre a questão de envelhecer, não é? Eu sei que não dá pra começar de novo, de 13 anos, 14 anos de novo, mas eu ainda tenho vontade de fazer mais coisa, sabe? De, não é desfazendo quê aconteceu, mas eu sinto carência, eu sinto falta de ainda, sabe, tentar construir mais um negócio. Talvez seja pertinente ao ser humano mesmo, e esteja falando uma coisa que aquele senhor, né, 5 mil anos, diz assim: “É meu filho" e coisa e tal, "você está indo, é, você está indo mais ou menos, você vai chegar lá, 55 não é nada, né?" Mas eu tenho essa vontade, essa pretensão de estar agora, sabe? Eu não quero saber do negócio do passado nesse sentido, eu estou agora, sabe? Eu estou aqui, agora, doido pra tocar, doido pra, sabe, pra chegar num lugar desses, num palco, sabe, numa coisa e até, modestamente, até numa churrascariazinha que é bom, né? Você toma uma pinguinha assim miudinha, né? Já não pode mais, mas vai aquilo, plin. Só pra, não é, tem que ser ajuizado, toma uma, né? Come uma carne, faz uma extravagância vamos dizer assim, depois fica cinco dias pra (riso) mas eu pretendo ainda ter esse approach, entendeu? Principalmente com a juventude, porque eu gostei muito dessa coisa daí de ir e falar pros jovens. Gostei e não é uma coisa careta, não. Eu não quero aquela coisa de virar, coisa. Eu queria estar é lá, e tocar e meu som agradar e meu papo também, entendeu? Porque os termos podem ser um pouco diferentes, bicho, não sei o quê. O cara usa, Pô cara, entendeu? Vai mudando mas a alma, entendeu, está ainda. Eu estou nessa batalha de chegar perto das pessoas, né? P1- Então olha, muito obrigado mesmo. R- Eu que agradeço, isso é uma oportunidade maravilhosa. Vamos continuar, né? Vamos ver se uma hora a gente faz um pro Museu da Pessoa, não é?Recolher
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DAS VILAS DE VILA ISABEL AS LAGOAS DE SETE LAGOAS ANTONIO RANAURO SOARES Prefacio: Uma trajetória nos 70 anos de vida de um ex morador das Vilas de Vila Isabel no Rio de Janeiro e que acaba encontrando outra vez as Vilas no seu caminhar por S. Paulo e em Sete Lagoas/Minas Gerais . Uma colcha de re...Continuar leitura DAS VILAS DE VILA ISABEL AS LAGOAS DE SETE LAGOAS ANTONIO RANAURO SOARES Prefacio: Uma trajetória nos 70 anos de vida de um ex morador das Vilas de Vila Isabel no Rio de Janeiro e que acaba encontrando outra vez as Vilas no seu caminhar por S. Paulo e em Sete Lagoas/Minas Gerais . Uma colcha de retalhos com narração de fatos diversos da vida e da Historia do Brasil convivendo por vezes com as Vilas da Vergonha, da Calunia, da Difamação, da Dor e de outros sentimentos que muitos Brasileiros às vezes conseguem suportar por serem originários de uma Vila Maior que é a Vila do Amor e Respeito ao Próximo. Agradecimentos: A minha família, principalmente a minha esposa que muito suportou durante esta nossa caminhada e muito também me auxiliou nas lembranças de datas de ocorrências na cidade. Nas ocorrências de Sete Lagoas deixo meus agradecimentos aos Professores e Historiadores, Dr. Marcio Vicente da Silveira Santos, Prof. Mariza da Conceição Pereira e aos falecidos Prof. Alfredo A. Elian Valadares e Francisco Timoteo pelas riquezas de suas informações em conteúdos de livros editados e outra pessoas que por esquecimento as vezes deixo de citar mais apresento antecipadamente minhas desculpas. BIOGRAFIA RESUMIDA DO AUTOR Antonio Ranauro Soares, Brasileiro, nascido no Rio de Janeiro/RJ - Bairro de Vila Isabel. Filho de Manoel Bernardo Soares (Cabeleireiro) e Catharina Ranauro Soares (do lar). Por parte paterna a família teve origem em Campos/RJ; Por parte materna a família teve origem na Calábria/Itália. ORIGEM/CASA A casa da minha infância estava localizada em uma vila situada a Rua Barão de Cotegipe, 586 casa 12 no Bairro de Vila Isabel. Nesta Vila residia quase toda a família que ocupava seis casas da mesma. Era uma casa modesta, mas muito agradável por se localizar no alto de um pequeno morro. ORIGEM/FAMÍLIA Minha convivência com meus avós paternos foi muito pouca, mas consigo lembrar-me que se tratava de gente muito modesta que vivia da lavoura de cana da região de Campos, mais precisamente no município de Saturnino Braga/RJ. Quanto a convivência com os parentes do lado materno foi total. Os costumes eram de família italiana. Fui criado com algum rigor e meu relacionamento com tios e primos foi muito gratificante. Não conheci pessoalmente meu avo Antonio Ranauro, pois ele faleceu muito novo. Minha avó, a nona como era chamada, viveu até os 103 anos e guardo com muito carinho sua lembrança. Até hoje conservo o hábito de pedir a benção à tios e principalmente à minha mãe. Abaixo a autorização do Imperador da Itália Umberto I e o passaporte de nº 1999 autorizado por Vittorio Emanuele III para a família de minha avo Christina viajarem para o Brasil. Capa e interior do Passaporte que relaciona todos os membros da família que vieram para o Brasil. Cartão de Registro de Estrangeiros Abaixo Certidão de Casamento de meus avos maternos realizado em 19 de março de 1910. Abaixo Certidão de Óbito de meu avo materno Antonio Ranauro. O óbito ocorreu em 21 de fevereiro de 1928. Abaixo Certidão de óbito de minha avo. Óbito ocorrido em 15 de janeiro de 1991. Éramos três irmãos: Eu; Marilda Ranauro Soares (nascida em 13/7/1938) que mais tarde veio a chamar-se Marilda Soares do Nascimento Guedes em conseqüência de seu casamento com Velson Guedes. Desse casamento nasceram Velson Soares do Nascimento Guedes, Nelson Soares do Nascimento Guedes, Paulo Roberto do Nascimento Guedes e Marilda do Nascimento Guedes. O Velson de Marilda faleceu a alguns anos atrás. A Marilda possui 8 netos. Ronaldo Ranauro Soares (nascido em 30/09/1940) que se casou com Ivanei que tiveram um filho Ronaldo Pedro. Depois de separar-se de Ivanei, o Ronaldo casou-se com Ana que teve dois filhos Alexandre e Pablo. Ronaldo faleceu em 1988. ORIGEM E EDUCAÇÃO O primário estudei na Escola de D. Canuta e no Colégio Castro Alves em Vila Isabel, o ginásio e o científico estudei no Colégio Independência que mais tarde transformou-se no Colégio Pedro II da zona Norte (Engenho Novo). O curso de Administração fiz depois de alguns anos na PUC. Como tive de trabalhar cedo, somente voltei a estudar depois de alguns anos. A formação política foi adquirida com participação em Grêmios Estudantis, já a formação católica foi praticamente herdada da família de minha mãe. ORIGEM/PESSOAL Fui uma criança muito saudável. Uma de minhas brincadeiras preferidas era andar de bicicleta e empinar papagaio. O meu maior problema de infância e adolescência foi a dificuldade que encontrava em relacionar-me com os colegas, já que na época filhos de pais separados era praticamente segregado. Os meus melhores momentos eram quando eu ia visitar um tio e padrinho que era considerado bem de vida e o mesmo me permitia sentar-me ao volante de seus carros. Sempre gostei de travar amizades e meu relacionamento com os amigos era bom, principalmente com os mais carentes. Meus pensamentos eram voltados para o futuro e eu não conseguia me imaginar traspassando o ano 2.000. Já meus sentimentos já eram contra a segregação e a pobreza. A profissão que eu sonhava era de aviador. TRANSIÇÃO E FAMÍLIA Permaneci junto de minha mãe até 1956 quando surgiu uma oportunidade de melhoras no serviço (Esso Brasileira de Petróleo) indo trabalhar em S. Paulo. Aceitei e fui morar com meu pai que residia na Rua Oscar Freire (Jardim América) e exercia com sucesso a profissão de cabeleireiro. Em São Paulo o que muito me marcou foi o rigor de minha madrasta Laura Jorge (também falecida) que mais tarde compreendi, pois era muita responsabilidade para a mesma participar da educação de um adolescente filho de seu companheiro. Neste período namorava uma jovem de família espanhola chamada Helena Barea Cano que residia na Rua Odorico Mendes, na Moóca/SP. Lembro-me apenas que seu pai chamava-se Antonio Cano, seu tio Ciriaco Barea e sua irmã Dolores Barea Cano. Com o término deste namoro em 1958, resolvi mudar-me de S. Paulo e voltar a morar com minha mãe no Rio de Janeiro. No Rio consegui arranjar um emprego na Empresa Brasileira de Engenharia para montar a Cia. Mineira de Cimento Portland em Matozinhos/MG. Em um fim de semana fui passear em Sete Lagoas, cidade próxima a Matozinhos e fiquei conhecendo uma jovem de nome Elaine por quem me apaixonei e contrai núpcias em 28/5/60. RELAÇÕES O meu primeiro namoro foi com uma jovem chamada Ana Maria e meu primeiro beijo foi com minha prima Ligia. Depois tive algumas namoras no Rio de Janeiro, Maria José, Sara, Mariza, Márcia e Neide. Sem contar com Gilda “a desquitada”. Em S. Paulo além da minha primeira e grande “paixão” Helena Barea Cano ainda tive como namoradas Angelina e Berta. Já em Sete Lagoas, finalmente vim conhecer a pessoa de quem eu mais gosto que é o meu grande amor, minha esposa Elaine. O nosso relacionamento sempre foi alimentado pelo amor que temos um pelo outro. TRABALHO O meu primeiro trabalho foi na Esso onde comecei a trabalhar como oficce boy e permaneci nesta firma por 9 anos. O momento mais importante foi quando retornei a S. Paulo em 1972, como diretor regional do Grupo Financeiro Financilar Lume e lá permaneci até 1976 quando o grupo foi liquidado pelo Banco Central. Foi muito importante porque eu voltava à cidade onde adquiri e moldei meus sentimentos e por outro lado pela importância do cargo que ocupava. Desde 1977, trabalho por conta própria sendo proprietário da Firma C.A.T.I. - Centro de Atendimento Técnico Imobiliária em Sete Lagoas/MG. Montei também na cidade, para minha esposa a firma Ranauros Malhas Ltda que por causa do plano cruzado acabamos fechando. ATUAL/COTIDIANO Moro com minha esposa, sou aposentado pelo INSS e ainda mantenho a imobiliária onde exerço a função de Gerente e Corretor. A minha maior preocupação é com o futuro de meus netos. O meu dia-a-dia é tranqüilo e o que mais gosto de fazer e escrever a minha coluna "Boca Maldita" e “ O Trovão” para semanários da cidade e as vezes para jornais como Est. de Minas, Jornal do Brasil e HojeemDia. ATUAL/FAMÍLIA Atualmente moro em Sete Lagoas no Bairro Jardim Arizona. Da minha união com Elaine nasceram: Frank Diniz Pontes Ranauro Soares (02/03/1961), Engenheiro Civil, casado com Iara Leite Duarte Ranauro, Odontóloga, que tiveram três filhos: Victor Duarte Ranauro, Rafael Duarte Ranauro e Alex Duarte Ranauro; Ciomara Diniz Pontes Ranauro Soares Moura (30/09/1964) Farmacêutica, casada com Carlos Alberto Moura (Industrial) que tiveram três filhos: Thiago Ranauro Moura, Tatiane Ranauro Moura e Elaine Ranauro Moura. Meu relacionamento com a família é harmonioso e cheio de amor. Em julho de 1997 sofri uma cirurgia de revascularização do coração (colocação de 2 safenas e 1 mamária) e agradeço a Deus por me ter dado mais esta oportunidade de viver mais alguns anos junto com esta maravilhosa família que construí junto com minha esposa Elaine. Tantos os filhos como os netos nos dedicam muita atenção e amor. Jamais tivemos qualquer decepção com eles e só colecionamos alegrias. Não temos nora ou genro, e sim possuímos quatro adoráveis filhos e seis maravilhosos netos. Não mudaria nada na minha vida e a minha melhor qualidade é o respeito e amor que procuro dar ao próximo. OBS: “Por causa deste resumo de minha vida publicado no site do Museu da Pessoa, em 2000 participamos do Globo Repórter que falou sobre” “Felicidade”. PRINCIPAIS RELATOS: • Criação da Radio Nacional • Perseguição aos Integralistas • Morte de Getulio Vargas • Criação do Estado Da Guanabara • Parte da vida de Martha Rocha • Algumas Miss que levaram para o mundo o nome do Brasil • Atentado da Rua Toneleiros contra o Gov. Carlos Lacerda • O Comício da Central do Brasil • A Revolução de 1964 • As Escolas de Samba do Rio de Janeiro com os vencedores de todos os anos. • Vencedores das Copas do Mundo • Criação das Principais Emissoras de Televisão • Política • Carnaval • Curiosidades com Eventos, Nascimentos e Falecimentos • Falecimento de Personalidades de Sete Lagoas depois de minha chegada na cidade. OBS: Para facilitar a descrição de minha caminhada separei os relatos por tópicos distribuídos dentro de cada ano. Tive também a preocupação de mesclar fatos pessoais com fatos acontecidos dentro da historia brasileira. Para que se tenha uma idéia de como foi construída minha família apresento uma tentativa de criar minha Arvore Genealógica e da Elaine. Antonio Ranauro Soares Pais: Manoel Bernardo Soares - 17/09 Catarina Ranauro Soares – 22/07 Avos Paternos: Manoel Bernardo Soares Malvina Carolina da Conceição Avos Maternos: Antonio Ranauro Christina Nicollete Ranauro Elaine Pontes Diniz Ranauro Soares Pais: João Diniz Pontes – 27/10 Ernestina Diniz – 06/01 Avos Paternos: Joaquim de Moraes Pontes Maria Bela Diniz Avos Maternos: Paulo França Dias Diniz Conceição Pires de Andrade Filhos de Manoel Bernardo Soares e Catharina Ranauro Soares: Antonio Ranauro Soares – 02/09 Marilda Ranauro Soares – 13/07 Ronaldo Ranauro Soares – 30/09 Filhos de João Diniz Pontes e Ernestina Diniz: José Diniz Pontes - Falecido Edno Diniz Pontes – 20/06 Edna Diniz Pontes – Falecida Mauro Marcos Pontes – 23/10 Gelma Aparecida Diniz Pontes – 17/05 Hortência Maria Diniz Pontes – 29/09 Elaine Pontes Diniz – 18/09 Petrônio Diniz Pontes - Falecido Evandro Diniz Pontes – 11/07 Maria da Conceição Diniz Pontes – 04/11 Maria das Graças Diniz Pontes – 29/05 Filhos de Antonio Ranauro e Elaine Diniz Pontes Ranauro Soares: Frank Diniz Pontes Ranauro Soares – 02/03 Ciomara Diniz Pontes ranauro Soares – 30/09 Filhos de: Frank Diniz Pontes Ranauro Soares – 02/03 e Iara Leite Duarte Ranauro – 02/07 : Victor Duarte Ranauro – 24/01 Rafael Duarte Ranauro – 12/07 Alex Duarte Ranauro – 20/08 Filhos de: Carlos Alberto de Moura – 06/04 e Ciomara Diniz Pontes Ranauro Soares Moura – 30/09: Thiago Ranauro Moura – 27/06 Tatiane Ranauro moura – 01/01 Elaine Ranauro Moura – 20/10 Irmãos, Cunhados e Sobrinhos de Antonio Ranauro Soares – 02/09: Filhos de: Velson do Nascimento Guedes – Falecido e Marilda Soares do Nascimento Guedes – 13/07 Nelson Soares do Nascimento Guedes - casado 2 filhos Velson Soares do Nascimento Guedes – solteiro Paulo Soares do Nascimento Guedes – casado 5 filhas Marilda Soares do Nascimento Guedes – 17/12 – casada – 2 filhos Filhos de: Ronaldo Ranauro Soares - 30/09 e Evanei Soares Ronaldo Pedro Soares – 29/07 – casado – 1 filho Filhos de: Ronaldo Ranauro Soares – 30/09 e Ana Soares Alexandre Soares – casado – 1 filho Pablo Soares – casado – 1 filho Irmãos, Cunhados e Filhos de Elaine Pontes Diniz Ranauro Soares -17/09: Edno Diniz Pontes – 20/06 e Leda Roque Pontes – 21/01 Filho: Geraldo Roque Pontes – Casado – 2 filhos Mauro Marcos Pontes 23/10 e Maria Berenice G. Pontes – 10/05 Filhos: Wagner Guimarães Pontes – 20/04 – Casado - 2 filhos Marcus Vinicius Guimarães Pontes – 27/06 – Casado – 1 filho Jean Carlo Guimarães Pontes – Separado Rodrigo Guimarães Pontes – 12/08 – Casado – 1 filha Helder Guimarães Pontes – Casado – 1 filha Cristina Guimarães Pontes – 07/08 – Casada – 1 filho Cláudio Guimarães Pontes - Casado – 1 filha Petrônio Diniz Pontes (Falecido) e Dorina Pontes Filho: Lincoln Pontes – Casado – 1 filha Paulo Sergio Veiga do Amaral – 15/04 e Maria da Conceição Pontes do Amaral 04/11 Filhos: Luciana Pontes do Amaral – 19/06 – Solteira Jean Paulo Veiga do Amaral – 06/06 – Solteiro – 1 filha Irmãs Solteira de Elaine Gelma Aparecida Pontes – 17/05 – Solteira Hortência Maria Diniz Pontes – 29/09 – Solteira Maria das Graças Diniz Pontes – 29/05 – Solteira Falecidos solteiros: José Diniz Edna Maria Diniz Pontes OBS: Os números ao lado dos nomes corresponde ao dia e mês dos aniversários. AQUI COMEÇA A MINHA CAMINHADA Vila Isabel de Noel Rosa, do Samba e do Jardim Zoológico. Vila Isabel das Vilas e da vila onde nasci no dia 2 de Setembro de 1936. Ano também do nascimento de Martha Rocha a eterna Miss Brasileira. RELATOS DO RIO DE JANEIRO PERIODO DE 1936 à 1956 1936 LEMBRANÇAS Ano do meu nascimento e no ano seguinte morria Noel Rosa um dos maiores poetas e seresteiro de Vila Isabel. Ano em que começaram pensar em desativar o velho Jardim Zoológico existente no bairro. Alem dos fatos acima relatados, voltamos de novo às vilas, uma particularidade de Vila Isabel. As vilas das Ruas Barão de Cotegipe, da Emilia Sampaio, da Viana Drumonnd, da Mendes Tavares, da Teodoro da Silva e das outras tantas vilas existentes no Bairro. Algumas destas vilas deram lugar a construção de vilas verticais (prédios de apartamentos). Entre todas, a que mais me chamava a atenção era aquela em que eu residia na Rua Barão de Cotegipe, 586. Nesta vila eu vivi uma grande parte de minha infância e nela e que pude conhecer os bons e maus momentos de minha vida. Uma outra particularidade e que na vila residiam uma grande parte de meus familiares e na maioria irmãos de minha mãe. • Na casa numero 1 morava o casal de alemães Sr. Walter e D. Ruth e suas duas filhas. • Na casa de numero 2 residia minha avo Christina com minha tia Aida que mais tarde se uniu a Sebastião com quem teve dois filhos Lucia e Marco Antonio. • Na casa 3 morava uma família que não me lembro o nome. • Na casa 4 morava seu Osmar, esposa e o Zizico (Vu, Vu) seu filho e uma agregada que era mãe de um menino que foi entregue a minha mãe para que ela criasse. O nome desse menino e Wilson e foi criado em minha casa como meu irmão. • Na casa 5 morava o Adilson e sua irmã Adília e seus pais. O pai do adilson também trabalhava como cobrador de bonde. • Na casa 6 morava D. Otede, marido e filhos. • Na casa de numero 7 residia minha Tia Marina com seu esposo Mario e mais tarde com sua filha Marilene. Antes residiram nesta casa meu tio Mario (meu padrinho de batismo) sua esposa Ana (minha madrinha) e sua filha Marina (Marininha). • Na casa de numero 8 moravam duas irmãs de caridade. • Na casa de numero 9 o Sr. Albano(motorneiro de bonde), esposa e dois filhos. • Na casa de numero 10 morava meu tio Felix com sua mulher Zelinda e seus filhos Paulo e Márcia. • Na casa de numero 11 morava o Sr. Paulo e Esposa • Na casa de numero 12 morava eu com minha mãe Cattarina meu pai Soares e meus irmãos Ronaldo e Marilda. • Na casa de numero 13 morava o Dr. Pedro e esposa. • Na casa de numero 14 uma senhora de idade chamada D. Lourdes que gostava de fazer quitutes para oferecer as crianças da vila • Na casa de numero 15 morava minha tia Helena e seu marido Galeno Werneck e suas duas empregadas. Abaixo fotos da responsável por eu estar agora relatando estes fatos. Minha mãe. Minha mãe era filha de imigrantes Italianos que por sinal tiveram uma intima convivência com o Barão de Drumonnd o criador do Zoológico e que dizem ser também o criador do “Jogo do Bicho”. Contam que ele para estimular a visitação do Zoológico por ele construído, pedia ao meu avo que confeccionasse sapatos e sorteava os mesmos nos sábados e domingos para os visitantes e os sorteios eram baseados nos bichos ali existentes, daí a lenda de ser ele o criador do jogo do bicho. Todos os meus parentes pelo lado materno sempre residiram neste Bairro e até falam que minha mãe, quando solteira, era uma das cortejadas pelo poeta Noel Rosa. Lembro-me perfeitamente da casa onde residiam meus avos que depois foi habitada pelo meu tio Mario, esta casa ficava quase na esquina da Rua Viana Drumonnd que na época possuía um pequeno morro e que hoje esta totalmente calçado e da acesso para a Rua Visconde de Santa Isabel. Na Rua Barão de Cotegipe existe ate hoje umas 10 vilas, sendo que cinco (5) estão no trecho entre as Ruas Viana Drumonnd e Emilia Sampaio. As outras estão entre a Viana Drumonnd e Mendes Tavares e outras entre esta Rua Mendes Tavares e a Praça Barão de Drumonnd. Entre as coisas de minha lembrança da infância estão as Batalhas de Confete e os Blocos de Sujo que eram realizados na Rua Barão de Cotegipe. As famílias vinham todas para suas portas para assistirem os desfiles dos Corsos e também dos Blocos que disputavam entre si apresentando suas alegorias e fantasias. Interessante e que quase todos os blocos que pertenciam a rua e eram originados de alguma vila e casa visinhas. As marchas, sambas e frevos eram cantados e dançados por todos os participantes dos blocos e também por aqueles que assistiam. Todos participavam com a mesma alegria e respeito, principalmente às famílias. Vez por outra blocos de outros bairros também vinham participar do desfile. O grande momento do carnaval se dava na Av. 28 de Setembro, onde os blocos vencedores das diversas ruas adquiriam o direito de desfilar nesta avenida. O grande vencedor da 28 de Setembro ia então participar do desfile da Av. Rio Branco que depois foi transferido para a Presidente Vargas e hoje acontece na Marques de Sapucaí. Entretanto posso frisar que o desfile de hoje e muito mais para os estrangeiros do que para participação do povo. Já não temos mais os blocos de sujo e as sociedades carnavalescas com a participação popular e hoje participam somente as sociedades fechadas e para o publico pagante. Os blocos famosos como Bola Preta, High Life e outros blocos, já não desfilam mais pelas ruas da cidade e hoje se prendem aos bailes que promovem em suas sedes. Quantas vezes, meus pais alugavam caixotes, para que nos crianças pudéssemos assistir o desfile na Av. Rio Branco Não que eu seja contra o desfile de hoje que nos trás divisas e gera milhares de empregos, mas o meu saudosismo e muito mais pela harmonia e respeito que existia entre as famílias que participavam desta folia. Mas não só de carnaval vivia a minha Vila Isabel e suas vilas. Vivíamos também da liberdade de passearmos pelas ruas do bairro com nossas bicicletas e patins, sem a preocupação de agressões e assaltos. Reuníamos todas as noites nas portas das vilas e aguardávamos que nossos colegas acabassem do jantar para então começarmos as nossas brincadeiras de carniça, pega-pega, esconde-esconde e chicotinho queimado. E muitas vezes meninos e meninas davam as mãos em suas brincadeiras de roda, cantigas e cirandas. A simplicidade e a inocência de muitos ainda não tinham sido atingidas pela prepotência e maldade. Davam-se as mãos crianças brancas, negros, judeus, católicos, portugueses, alemães e brasileiros e o amor predominava em cada coração. Nossos pais sabiam que quando não nos encontrava na casa de seu Albano, um motorneiro de bonde que morava na casa 9, poderia nos procurar na casa do Mario que morava na Rua Viana Drumonnd, pois sua casa dava fundo para nossa vila. A casa do Mario e também a do Zé Cabeção tinham imensos quintais e cheios de frutas como abil, mangueiras, cajá-manga e amendoeiras e não era de se admirar se por lá ficássemos durante horas. Todos estes personagens citados eram colegas de infância com quem brincávamos quase sempre. Uma outra diversão nossa era empinarmos papagaios ou pipas. Os duelos eram travados no ar e a turma da vila vivia em brigas com a turma da Viana Drumonnd. Estas brigas normalmente duravam somente no momento da disputa e logo depois lá estávamos todos reunidos, ajudando uns aos outros para construir novos papagaios. Os morros do Andaraí e dos Macacos que também freqüentávamos para brincar com colegas que lá residiam, eram pouco habitados e a tranqüilidade era constante nos mesmos, salvo, em uma determinada ocasião quando surgiu na região um bandido, que era conhecido como Zé da Ilha e que aterrorizava os bairros e a cidade. Sua maldade era enorme, armava-se de navalha e ia esperar o bonde passar na Rua Barão de Bom Retiro e outras com trafego de bondes, para cortar as pernas dos que estavam nos estribos. Teve uma morte violenta na subida do morro, pois a policia logo acabou com ele com mais de 50 tiros e a tranqüilidade voltou a reinar.. Foram muitas as Vilas que conheci neste meu caminhar, desde a vila mais simples, as vilas suntuosas e as vilas militares. HISTORIA No dia 12 de Setembro deste ano 10 (dez) dias após meu nascimento nascia também a Radio Nacional que foi instalada em uma das maiores vilas verticais existentes na época, que era o Edifício do Diário da Noite, um prédio com mais de 25 andares. Alguns anos após meu nascimento, mais precisamente em 1942, muitas vezes fui com minha mãe ou minha tia Aida, ao auditório desta radio para assistir programas como Trem da Alegria com Iara Sales, Lamartine Babo e Héber de Bóscoli que também participavam do “Trio de Osso”. Seus componentes eram bastante magros. Outro programa que tive a oportunidade de assistir foi o “Programa Manoel Barcelos” que também tinha bastantes atrações, mas o programa que era bastante disputado para se conseguir lugares no auditório era o “Programa Cezar de Alencar”. Neste ultimo as disputas para se elegerem Reis e Rainha do Radio acontecia quase todos os anos. Participavam cantores como Cauby Peixoto, Carlos Galhardo, Nelson Gonçalves, Marlene, Dalva de Oliveira, Ângela Maria , Emilinha Borba e outros. A disputa além de ser no auditório era também através da Revista do Radio O relato abaixo foi escrito em 1956 por Moacyr Areas, na época Diretor Geral da Radio Nacional. Muitos destes Departamentos citados no relato já foram extintos. Eis o relato: Cada Diretor de Divisão, na Rádio Nacional, tem o seu gabinete diretamente ligado às sessões subordinadas. É fácil imaginar que importante área do edifício de ”A Noite” — um dos maiores prédios do Rio de Janeiro — é ocupada pelas oito Divisões componentes da estrutura da rádio nacional. O Edifício de “A Noite” esta localizado na Praça Mauá no Rio de Janeiro. Essa grandeza pode ser maior avaliada, se lembrarmos que, em 20 anos, a Rádio Nacional conseguiu aumentar o seu patrimônio em cerca de 20 vezes, às custas dos seus próprios recursos. Paulo Gracindo em animado programa de variedades. Ivon Cury era um entre as centenas de cantores e cantoras que faziam parte do cast da Nacional. De dois simples e pequenos estúdios, no 22º andar, em 1936, possui hoje seis estúdios, sendo um especial para rádio teatro (o maior e melhor dotado da América do Sul, no gênero), um especial para rádio jornalismo (igualmente único em todo Continente); um palco estúdios de dimensões imponentes; dois estúdios para pequenos conjuntos e um grande estúdio de 3,72 metros quadrados, com vigas sobre espirais de aço e isoladores excepcionais e um moderno auditório de 496 lugares É sempre motivo de saudades, hoje, revirar os arquivos da rádio nacional e analisar, com ternura e encantamento, seu crescimento maravilhoso, o impulso que ela tomou, desde seus primeiros dias, graças aos homens que tão bem souberam conduzi-la através dos anos e tão bem assentaram os seus alicerces. É como rever um álbum antigo de fotografias de uma família é como recordar antepassados. É como ir ao baú das recordações e relembrar, com os olhos umedecidos de emoção, pessoas e fatos que nos são gratos. É este o caso, por exemplo, do grande acontecimento ocorrido a 12 de setembro de 1936. Era um sábado. A nova emissora, que, havia alguns dias, vinha funcionando em experiências, acabou de retransmitir a “Hora do Brasil”. O último andar do edifício de “A Noite” estava em festas. Noite de gala. 21 horas. Ouviu-se, primeiramente, a característica musical da estação que ia nascer: “Luar do Sertão”, de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco, em solo de vibrafone por Luciano Perrone. Logo depois, a voz do locutor Celso Guimarães: Alô Alô Brasil Aqui fala a Rádio Nacional do Rio de Janeiro Em seguida, a grande Orquestra do Teatro Municipal executou o Hino Nacional Brasileiro. Em nome do Presidente da República, falou o presidente do senado, Sr. Medeiros Neto, que proferiu as seguintes palavras: “Tenho a honra de inaugurar a Sociedade Rádio Nacional. Declaro inaugurada a Rádio Nacional, PRE-8. Ouviram todos os brasileiros que esta inauguração foi precedida das notas do Hino Nacional, cujos compassos iniciais marcam os primeiros passos gigantescos desta novel sociedade e que constitui grande elemento de defesa deste grande legado de nossos antepassados que é o nosso Brasil. Aqui se levanta mais uma voz pela paz e pela defesa de todos quanto souberem, nesta hora terrível para a humanidade, compreender que ela é mais uma garantia de que na nossa pátria, a liberdade terá sempre um culto.A estação que neste momento se inaugura nasce sob a proteção de uma empresa que em todos os tempos tem sido arauto das grandes aspirações do povo — a “A Noite”. Está inaugurada a grande estação da Sociedade Rádio Nacional. Ivon Cury era um entre as centenas de cantores e cantoras que faziam parte do cast da Nacional. Logo depois, a PRE-8 procedeu a sua primeira irradiação externa, com seus microfones instalados no Palácio de São Joaquim, onde S. E., o Cardeal D. Sebastião Leme, abençoando a nova emissora, disse o seguinte: Duas palavras de benção pela inauguração da Sociedade Radio Nacional, pois de benção está sempre transbordando o coração boníssimo do Cristo. - Assim, abençoe Deus esta poderosa rádio emissora, para que no céu da pátria saia a espargir sementes de paz, ordem, amor, fraternidade, que, desabrochando em alegria cristã, fecunde a vida e o trabalho de todos os lares brasileiros. Falaram, ainda, o Sr. Nobre de Mello, embaixador de Portugal, ministro Gustavo Capanema, embaixadores da França e do Japão, vereador Ernani Cardoso, Srs Lourival Fontes representante do prefeito padre Olimpio de Melo, Nelson Dantas, presidente da Confederação brasileira de Radiodifusão, Herbert Moses, presidente da associação brasileira de imprensa, Castelar de Carvalho, em nome do vespertino “A Noite”, e Cauby de Araújo, primeiro presidente da Sociedade Rádio NacionaL. Ao ato de inauguração compareceram ainda os ministros Agamenon Magalhães, Sr. Tavares Bastos, Sr. F. ª Silva Reis, representando o Sr. Antonio Carlos, presidente da Câmara Federal, os Srs. Calmon de Brito, Gilson Amado, Silvio Brito, Major Lessa Bastos e Aurino de Moraes, representando, respectivamente, os ministros da Justiça, Viação, Fazenda, Guerra e Agricultura, os deputados Morais Paiva e Barreto Pinto e o maestro Lorenzo Fernandez. Oduvaldo Cozzi, locutor, anunciou a primeira parte do programa inaugural, com acompanhamentos pela Orquestra do Teatro Municipal, sob a regência do maestro Henrique Spedini e contando com a participação de Bidu Sayão, Maria de Sá Earp, Giuseppe Danise, Bruno Landi e Aurélio Marcatu, além dos pianistas Mario Azevedo e Dyla Josetti. A segunda parte do programa foi realizada Pela grande orquestra de concertos da Radio Nacional, sob a regência do maestro Romeu Ghipsman, tendo Radamés Gnattali ao piano. Participaram da audição os novos contratados da emissora, entre eles os sopranos Abigail Parecis, Dolly Enor e Gilda Fernese e o tenor Pasquale Gambardella. Celso Guimarães, a seguir, tornou ao microfone, já então para apresentar outros integrantes do elenco que se formava: Osvaldo Diniz Magalhães, professor de ginástica, a locutora Ismênia dos Santos, que realizaria um programa feminino e um programa infantil, Sônia Carvalho (por coincidência, cunhada do locutor), Marilia Batista e Aracy de Almeida, cantoras de samba; Elisinha Coelho e Silvinha Melo, intérpretes de música folclóricas; Amália Diaz, cantora de tangos; Roxane interprete de canções francesas; Orlando Silva e Nuno Roland, músicas brasileiras; Bem whigt e Bob Lazy, de músicas americanas; Mauro de Oliveira, de tangos; e o fadista Joaquim Pimentel. Revendo esses papéis antigos, voltando aos dias que deixaram saudades, vamos encontrar, por exemplo, a primeira transmissão esportiva realizada pela Nacional. Foi no dia seguinte ao de sua inauguração. Um domingo. Oduvaldo Cozzi, o locutor. Jogo: Flamengo e Fluminense, no campo deste último. E a emissora ainda deu informes sobre o encontro do Vasco e São Cristóvão, que se realizou na mesma tarde, assim como de provas de atletismo e motociclismo. Na quarta-feira, 16 de Setembro, Ismênia dos Santos lançou seu primeiro programa feminino “Hora das Damas” — que passou a ser transmitido as segundas, quartas e sextas-feiras, as 18 horas. Mas já um dia antes, na terça-feira, 15, seu programa infantil — “programa dos Garotos” — havia sido irradiado e passou a ir ao ar as terças, quintas e sábados no mesmo horário do outro. É curioso notar, também, que o primeiro horário de funcionamento da rádio Nacional obedeceu a seguinte programação: 06h15min — início das transmissões 08h15min — intervalo 11h00min — volta da programação 13h00min — intervalo 15h00min — volta da programação 16h00min — intervalo 18h00min — volta da programação 23h00min — final Ainda no dia de sua inauguração — isto é: no sábado, a tarde, um avião decorado (em forma de cometa) sobrevoou todos os bairros da cidade, anunciando a festa inaugural da emissora e atirando folhetos de propaganda, alguns dos quais continuam frases que davam direito a prêmios de 10, 50, e 500 mil réis. O maior desses prêmios coube ao sr, Arthur Carvalho Laguna, empregado no lacticínios Vitória, na rua Ibiapina,5, na Penha, e residente da rua Urussaí, 168. No dia seguinte o Sr. Laguna, em companhia de seu amigo Jacy Coimbra, recebeu, ao microfone, o premio que lhe coube, pois nosso companheiro Genolino Amado lhe entregou a cédula nº 037.468, no valor de 500$000. A cantora argentina Tânia, cognominada de “A Rainha do Tango”, que estreou a 24 de setembro de 1936, foi a primeira atração internacional contratada para atuar na Radio Nacional. No dia 21 de Setembro a Nacional não irradiou. É que, então, festejou-se, no Rio, o dia do Rádio, e todas as emissoras cariocas silenciaram, e, a 20 do mesmo mês ela realizou sua primeira transmissão fora da cidade, numa reportagem de Oduvaldo Cozzi sobre a “corrida da Primavera”, de Petrópolis promovida pelo vespertino “A Noite”. Três meses depois de ser inaugurada, começou a Nacional a apresentar programas de radioteatro, constando os mesmos de peças de um ato, traduzindo (do castelhano) por Celso Guimarães. O primeiro original escrito especialmente para E-8 foi de autoria de Genolino Amado e teve como intérpretes o próprio Celso e Amélia de Oliveira. E, a 6 de agosto de 37, a Nacional lançou seu “teatro em casa”, com a comédia em dois atos “oh, meu irmão, salve-me”, do espanhol Miguel Scuder, adaptada por Júlio César e traduzida por Simões Coelho. Foram seus intérpretes: Mesquitinha, Paulo Ferraz, Manuel Pêra, Arnaldo Coutinho, Violeta Ferraz, Maria Grillo (mãe de Amélia de Oliveira), Olga Nobre e Emilia Pêra. Foi no “Teatro em Casa” que Ismênia dos Santos estreou como radioatriz, assim como a atriz e corretora Zezé Fonseca e a atriz Abigail Maia. Nele chagaram a trabalhar, ainda, Isis de Oliveira, Brandão Filho, Floriano Faissal, Altivo Diniz, Letícia Flora e muitos outros. O êxito obtido pelo radio teatro fez com que, em 1939, a Nacional contratasse seu primeiro escritor exclusivo, para o gênero: o paulista Amaral Gurgel, que foi traduzido por Celso Guimarães, também outro homem de teatro veio se juntar ao grupo: Vitor Costa. E outros mais: Saint Clair Lopes, Floriano Faissal, etc. E finalmente, em 5 de junho de 1941, Vitor Costa lançou a primeira história-seriada do rádio brasileiro: “ Em Busca da Felicidade”, romance do cubano Leandro Blanco, adaptado por Gilberto Martins, na interpretação de Zezé Fonseca, Iara Sales, Rodolfo Maier, Isis de Oliveira, Floriano Faissal, Saint Clair Lopes, Brandão filho e outros. Vamos encontrar ainda nessa reminiscência que foi a perfumaria Lopes S. A. o primeiro anunciante da rádio Nacional, e, em ondas curtas, foi a firma Stuart & Cia. (Leite de Colônia), que assinou contrato em janeiro de 1943, para um programa de 25 minutos, aos domingos, às 20 horas, horário este que permanece, até hoje, sob o mesmo patrocínio. Coube ao laboratório Urodonal-Fandori a primazia de possuir um cantor exclusivo: Orlando Silva, que cantava, as quintas — feiras, às 21 horas. O primeiro programa de montagem foi o “curiosidades musicais”, de Almirante, que estreou, a 2 de abril de 1938, tendo como patrocinadores os produtos Eucalol. Este produto foi vendido por intermédio de empresas de propaganda Brasil, por 700$000 por audição. E coube ainda a Almirante laçar o primeiro programa de brincadeiras de auditório: “caixa de perguntas” patrocinado por BY-SO-DO, vendido a 400$000 por semana e que estreou a 5 de agosto de 1938. Finalmente, foram os “instantâneos sonoros brasileiros”, produzidos por José Mauro e Almirante, os primeiros programas com montagem de grande orquestra e direção musicais de Radamés Gnattali. Preço: um conto de réis por audição. A Rádio Nacional foi a primeira emissora do Brasil a organizar uma redação própria para noticiários, com a rotina de um grande jornal. É curioso lembrar o que ocorreu em dezembro de 1940. o faturamento da rádio não havia alcançado ainda a cifra de 150 contos de réis e o Departamento Comercial instituiu uma campanha para alcançar o faturamento de 300 contos, criando um prêmio de 5 contos para o corretor que maior verba obtivesse. Venceram, respectivamente, o primeiro e o segundo lugares, os Srs. Dário de Almeida e Luís Vassalo. E a Nacional faturou nada menos que 307 contos de réis. Seria um não mais acabar de histórias curiosas se continuássemos a colher, carinhosamente, tudo que há nos arquivos da Rádio Nacional; tudo que fala de sua realizações nesses 70 anos de existência, todas as suas grandes iniciativas. A Nacional cumpriu, até hoje, fielmente, a previsão do senador Medeiros Neto, em suas primeiras palavras ao microfone, quando aquele legislador afirmou que ela seria uma voz em defesa da liberdade. Eminentes campanhas altruísticas tiveram o apoio da Rádio Nacional. E sua obra é conhecida de todos. Caberia aqui salientar, ainda, que foi a PRE-8, num programa de almirante, que nacionalizou a canção americana “Happy Birthday to you” (“parabéns pra você”) e que foi na programação de seu quinto aniversário, a 14 de setembro de 1941, que foi executada em primeira audição, o famoso “concerto nº 1, para pianos e orquestras”, de Radamés Gnattali. Finalmente nesse momento em que a maior emissora da América Latina se prepara para a televisão, é curioso transcrever o que publicava, a 26 de setembro de 1936, em sua edição das 15 horas, o vespertino “A Noite”: “Revistas recentemente chegadas de Londres noticiam as experiências feitas, com sucesso, aliás, na primeira emissora de televisão, instalada nos domínios de John Bull. Embora não perfeitas, são, contudo, de molde a indicar um futuro próximo brilhante para o sucedâneo do rádio. As mesmas revistas prevêem que, em pouco tempo, menos de um lustro, a televisão será um realidade em todo o mundo e que, onde se erguem, hoje, as torres das sociedades de “ Broadcasting”, serão edificados estúdios próprios à televisão à distância, de figuras vivas e movimentos. As nossas emissoras cariocas devem ir se preparando, pois, para a televisão também já estavam vindo. Mas vale a pena salientar que foi a Rádio Nacional quem primeiro realizou experiência de televisão na América do sul, há quase dez anos, quando transmitiu, diretamente de seus estúdios, o programa “Rua 42”, produzido por Marques Nunes e animado por Manuel Barcelos. No mundo do rádio — teatro Três meses após a sua inauguração, isto é, em dezembro de 1936, a Radio Nacional passou a intercalar pequenas cenas de rádio-teatro entre números musicais. A 6 de agosto de 1937, inaugurava-se o “Teatro em Casa” para a irradiação de peças completas, semanalmente. A inauguração, sob grande expectativa, realizou-se com a peça de Miguel Escudeiro — “Ó Meu Irmão Salva-me”. Atores e atrizes de teatro interpretaram os respectivos papéis. O rádio-teatro iniciava a sua marcha de vitórias. O dia 5 de junho de 1941 ficará na história do rádio brasileiro como a data mais importante da rádio-teatro. Exatamente ás 10 e meia da manhã, o locutor anunciou: -Senhoras e senhoritas, o famoso creme dental colgate apresenta... o primeiro capítulo da empolgante novela de Leandro Blanco em adaptação de Gilberto Martins — E-M B-U-S-C-A D-A F-E-L-I-C-I-D-A-D-E Um vento de emoção varreu o país de norte a sul. Era a primeira autêntica história seriada radiofônica, que haveria de durar 2 anos menos um mês, e que marcaria uma época, assinalando novos rumos, abrindo outros horizontes, expandindo negócios e as oportunidades artísticas. Os patrocinadores de “em busca da felicidade”, subestimando o êxito da iniciativa, prometeram fotografia dos artistas da novela e um álbum com o resumo das mesmas aos ouvintes que enviassem um rótulo “Colgate”. No primeiro mês chegaram 48.000 pedidos e as perspectivas eram de aumento em progressão geométrica. Cessou o oferecimento. A primeira novela na Rádio Nacional provocou uma tempestade emocional entre os ouvintes. Pela primeira vez, na história do rádio brasileiro, cantores e locutores eram sobrepujados em popularidade pela comédia do rádio-teatro. Os artistas que trabalhavam na novela ficaram, algum tempo, praticamente impedidos de transitar pelas ruas, tal reboliço que provocava a sua aparição. Um deles, cujo papel era de vilão, teve de se refugiar numa casa comercial, em face da revolta de um grupo que o reconheceu. Outro papel de médico, (lembram-se do Dr. Mendonça?), recebeu uma senhora, que veio à rádio, especialmente, fazer-lhe uma consulta. Reunião do cast do Rádio Teatro. A primeira novela do Rádio foi "Em busca da Felicidade". Os atores não podiam circular na rua, tamanha sua popularidade. E até houve o grande português da novela, Benjamim Prates de Oliveira, no papel, que teve a visita de um homem que se apresentava como seu primo em Portugal. E depois de 1943, acabada “Em busca da felicidade”, no mesmo autor, surgia “O romance de Glória Marivel”. E veio a invasão das novelas no período noturno, com “Predestinadas” à frente, seguindo-se-lhe “Maldição”, “Renúncia” (com fantástica repercussão), “fatalidade” e muitas outras. A novela tinha assegurado o seu triunfo. A ela pertencem até hoje horários dos melhores índices de audiência da rádio nacional. Quinze anos depois da primeira novela, ou seja, no momento em que a Rádio Nacional comemora 20 anos de existência, o rádio-teatro dispõe de alta percentagem, cerca de 50% das transmissões diárias, com exceção da madrugada, incluindo 14 novelas por dia. Mas nem só de novelas vive a Rádio-Teatro. Aliás, sua atividade fora da novela é mais extensa, no decorrer dos anos. As peças completas e os programas mistos, sob sua responsabilidade, apresentam um quadro também impressionante. Este total compreende 11.270 horas de irradiação, pouco menos que o total da novela, mas um número de intervenções superior, pois alguns programas são de menos de trinta minutos. Até dezembro de 1955, o Rádio-Teatro Nacional irradiou 861 novelas, as mais ouvidas do rádio brasileiro, segundo as mais seguras pesquisas de audiência. Esses números equivalem a mais de 11.756 horas de irradiação consecutiva. Isto significa que, depois de “Em busca da felicidade”, se o Rádio-Teatro resolvesse transmitir todas as novelas já irradiadas, noite e dia, incessantemente, gastaria 1 ano, quatro meses, quatro dias e vinte horas e meia. O papel utilizado nesses 23.513 capítulos daria para erguer uma torre de 4 quilômetros de altura. Neste mundo, registram-se cerca de 470 mil atuações de atores e atrizes, número superior a da população da maioria das capitais brasileiras. Sonofonia (o som ornamental) O leitor, tão acostumado a ouvir as novelas de Rádio-Teatro nem repara nos efeitos musicais empregados. Entretanto eles são fundamentais. Graças a eles, os ouvintes são atingidos pela intensidade ideal que o autor imagina. A seção de sonofonia, que cuida somente desses efeitos, vive na Rádio Nacional a trabalhar com 4720 discos, cujas músicas ou outros ruídos completam o clima e a intenção das inflexões dos intérpretes e da decoração sonora da sonoplastia. Esta é a sonofonia, uma arte eminentemente especializada, também, e que é uma das garantias do êxito do Rádio-Teatro da rádio Nacional. A Rádio Nacional foi a primeira emissora do Brasil a organizar uma redação própria para noticiários, com a rotina de um grande jornal. Tal como a ação do sonoplasta que se manifesta num plano real, a do sonofonista se desenvolve num plano psicológico, procurando identificar com exemplos musicais as emoções das cenas representadas. Eis que este homem também é um artista, suficientemente arguto para perceber entrelinhas do script as inflexões que o autor empregará durante o desempenho. Como profissional, seu principal conhecimento, como no caso da equipe de sonofonistas da Rádio Nacional, será o da discografia especialmente clássica, onde os motivos são mais ricos e variados. A sonofonia, através da música primordialmente, estabelece os pontos finais, as definições últimas de uma idéia, as reticências. É também um mundo mágico e maravilhoso. II Sonofonia (o som ornamental) A sonofonia da Rádio Nacional nasceu junto com a primeira novela, ou seja, em junho de 1941. Era um simples prolongamento da discoteca, mas já com simulacro de organização; A) seleção de música e ruídos; B) Execução no controle Em 1943, a sonofonia conquistara independência funcional, embora utilizando ainda o material da discoteca. Em 1945 teve a sua primeira sala, e material separado do da discoteca. Hoje, é uma seção tremendamente atuante no mundo do rádio-teatro, e seus funcionários exercem o complicado e delicado mister de ler todos os originais, marcar as músicas e ruídos apropriados e executar esses sons no controle. A seção de sonofonia utiliza para esse fim: DISCOS DE 10 POLEGADAS Gravações da casa. . . 1000 Comerciais. . . . . . . . . . .400 DISCOS DE 12 POLEGADAS Gravações da casa. . . . 1700 Comerciais. . . . . . . . . . .750 DISCOS DE 16 POLEGADAS Gravações da casa. . . . .870 Entre os grandes êxitos da sonofonia da Rádio Nacional, destaca-se a montagem espetacular de um ciclone na novela “o direito de nascer”. Seguidamente, seus funcionários movimentam-se para obter novas peças próprias, com ruídos de tráfegos, cantos de índios, batuques, tempestades, etc. Sonoplastia (ou a arte mágica dos ruídos) Já imaginaram ouvir a irradiação de uma peça, sem um ruído sequer?Já imaginaram ouvir uma violenta cena de luta, sem passos confusos, socos, cadeiras jogadas ao chão, louças quebradas, tiros? Seria música sem instrumento ou discurso sem palavras. Neste exato momento entra em ação o contra regra ou sonoplasta “vive” e “sente” as situações que o microfone está captando. Se o papel é de um vilão brutal e arrogante, o sonoplasta deverá produzir os seus passos violentos. Seu personagem é a mocinha, a idéia a ser transmitida será de uma figura frágil, que anda com passos leves e faz gestos delicados. A Lavadeira Na equipe da Rádio Nacional, uma longa prática resultou numa seleção dos melhores sonoplastas do Brasil. Com bom ouvido e boa memória, acompanham a distância os diálogos, realizando simultaneamente a decoração dos ruídos. Às vezes, há um acúmulo tão grande de situações diferentes, que não lhe é possível acompanhar o desenrolar pelo “script”. Revela-se então, o profissional insubstituível movimentando como um mago o mundo estranho dos ruídos. O Inquieto Mundo das Notícias A Rádio Nacional foi a primeira emissora do Brasil a organizar uma redação própria para noticiários, com a rotina de um grande jornal (impresso) diário. De um simples núcleo de dois ou três encarregados, armados de tesoura e cola, para preparar o jornal falado com notícias do vespertino “A Noite”, a Rádio Nacional construiu uma divisão de rádio-jornalismo, com mais de uma dezena de redatores, secretários — de — redação, rádio — repórteres, informantes e outros auxiliares, além de uma sessão de divulgação e uma sessão de esportes completa, e um boletim de notícias em idioma estrangeiro, que cobre todo o continente.Com esta organização, a Rádio Nacional passou a ter voz atuante nos acontecimentos nacionais e internacionais, sendo citada, no país e no exterior, como fonte de notícias. A Reportagem A sessão de reportagens, com um chefe e cinco rádio-reporteres (inclusive uma mulher), não só dá Assistência a secretaria de redação, como funciona autonomamente para irradiar um programa diário de entrevistas, fragrantes, mesas-redondas ou reportagens de diversos tipos. Esse rádios-repórter estão sempre a postos para irradiar, de qualquer ponto da cidade, um acontecimento importante e inesperado. A adoção de sistema linear na redação de notícias vem permitindo à Rádio Nacional um rigoroso controle da produção dos seus redatores. O secretário distribui a matéria, e dia a dia, um auxiliar especial controla a produção individual, para mapas mensais. A Direção divisão de rádio-jornalismo tem, assim, a exata medida da capacidade de produção de cada um, bem como fica apta a intervir na melhor distribuição das matérias por parte da secretaria de redação. No ano de 1952, a oscilação indica uma superprodução, que se deveu à campanha nacionalista do petróleo, a que durante seis meses a rádio nacional se dedicou. Esportes A primeira vez que a rádio nacional realizou uma inovação no mundo dos esportes estabeleceu um novo vínculo entre a crítica e a execução. Lançou um concurso entre figuras de esporte para revelar um novo “astro” da locução esportiva. O técnico Ademar Pimenta, que em 1938 dirigiu a seleção nacional no campeonato do mundo, foi o vencedor a Rádio Nacional inaugurava, assim, uma nova oportunidade aos homens do esporte para o seu ingresso “no outro lado”, isto é, no setor da crítica e da reportagem. Em 1946, as transmissões de futebol da Rádio Nacional realizaram uma verdadeira revolução em matéria de reportagem radiofônica. Era o sistema duplo, dividindo a cancha em dois setores, cada qual “ocupado” por um locutor colocado de preferência na zona de ataque de cada quadro. O sistema duplo foi inspirado no moderno método de arbitragem em trio, com os “bandeirinhas” colocados em ângulos opostos. Posteriormente, o sistema duplo, já adotado por outras emissoras de todo o país, foi aperfeiçoado com informantes de “goal”, repórteres volantes colocados atrás das metas. As atenções da sessão de esportes da Rádio Nacional distribuem-se por todos os setores esportivos nacionais e internacionais. Seus locutores e repórteres já viajaram praticamente por todos os países da América e Europa, a serviço da informação esportiva. E não só o futebol, mas o turfe, o basquete, o automobilismo e toda a sorte de atividades esportivas amadoras, estão sob as vistas de uma equipe de mais de vinte profissionais. - Além das já famosas Reportagens Esportivas Brahma, aos sábados e domingos, a Rádio Nacional apresenta, diariamente, sob o patrocínio de “The Sidney Ross Co” o programa “No Mundo da bola”, recordista em audiência no seu horário. O programa “Resenha Esportiva Superball”, há 12 anos sob esse patrocínio revolucionou os horários de audiência esportiva dominical. Todas as resenhas de esportes eram transmitidas entre 19 e 21 horas. A “Resenha Esportiva Superball”, para apresentar um noticiário mais completo de todo o mundo, foi para o ar às 22h30min horas e venceu. Novamente, neste livro da Rádio Nacional, surge a expressão —“traço-de-união”. É o que temos sido com os colegas de outros países do mundo, principalmente no setor de esportes. Os representantes das Emissoras Estrangeiras, quando em viagem ao Brasil, encontram na Rádio Nacional o ambiente de camaradagem e colaboração para o melhor cumprimento de suas tarefas. O Campeonato Mundial de Futebol, realizado no Brasil em 1950, foi o ponto culminante desta atividade internacional. A Rádio Nacional deu assistência técnica a todas as emissoras estrangeiras que a solicitaram; organizou serviços especiais de informação e entendimento; estabeleceu inter-relações que resultaram em proveito geral. Em idioma espanhol, diariamente a Rádio Nacional transmitiu a marcha do Campeonato Mundial a fim de colocar os ouvintes da América Latina a par do maior acontecimento esportivo até hoje realizado em nosso país. Divulgação A Seção de Divulgação, de caráter eminentemente externo, estabelece os vínculos de relações-públicas com a imprensa de todo o país subordinada ao diretor da divisão de Rádio-Jornalismo, tem, entretanto uma área de grande influência em todo o setor de “broadcasting” e publicidade da emissora. Todos os lançamentos de programas, os planejamentos de apoio publicitário, a propaganda da rádio e seus artistas, estão a seu cargo. Setor Político. Uma importante parte de tarefa da redação e da seção de reportagens está inteiramente dedicada ao setor político. Assim, os diversos secretários estão entrosados com um repórter de plenário na Câmara dos Deputados, um repórter que realiza a cobertura dos trabalhos das comissões, um informante no Senado Federal, um repórter na Câmara dos Vereadores do Distrito Federal, e dois elementos permanentemente encarregados de coordenar todo o noticiário político para o programa “Antena Política”. Além disso, a Rádio Nacional mantém no Palácio Do Catete dois representantes jornalísticos e um operador e completo equipamento de reportagem, para transmitir diretamente da sede do Governo da República a qualquer momento e, todos os dias, um boletim intitulado “Aconteceu no Catete”. Majestade a Notícia A principal reportagem da redação de jornais-falados da Radio Nacional é sua Majestade, a notícia. Antigamente, em todas as emissoras do Brasil noticioso não era sequer redigido, pois jornais impressos inteiros eram lidos ao microfone, com um primitivo senso de ordem. A Rádio Nacional implantou o sistema do “Lea d” radiofônico, que consiste no impacto inicial sintético das principais informações que um acontecimento possa conter. Hoje, um redator da Rádio Nacional, ao receber de um repórter uma informação, pergunta-se a si próprio, antes de redigi-la, qual o grau de interesse humano que poderá extrair dos dados fornecidos, até onde a notícia poderá interessar a um maio numero de pessoas, etc. Simultaneamente a Rádio Nacional criou o sistema linear de paginação dos seus jornais falados. Consiste este sistema na numeração das linhas de cada notícia, permitindo ao secretário de redação paginar cada noticioso com numero de linhas exato necessário ao preenchimento de determinado espaço. Embora não seja uma emissora especializada em esportes, a Rádio Nacional vem mantendo, a sua liderança de audiência nas trans missões esportiva. Uma demonstração do poderio de penetração esportiva da Rádio Nacional foi os dois concursos intitulados “Melhoral dos Cracks”, que eletrizou a nação inteira. Lançado em 1948, com a eleição de Tesourinha, o atacante do Rio Grande do Sul, o concurso assumiu proporções, vamos dizer assombrosas, em 1950, quando Ademir, o extraordinário jogador natural de Pernambuco, foi eleito com 5.304.935. Cada voto deveria ser acompanhado de uma carteirinha de Melhoral. O total de votos desse concurso atingiu a cifra espantosa (para um concurso de rádio) de 19.105.865. Cinema O público do cinema tem no setor especializado da Rádio Nacional uma inesgotável fonte de orientação e notícias. Viagens ao estrangeiro, incluindo Hollywood, marcam vitoriosamente esse trabalho. “Este setor de cinema esta incondicionalmente ao lado do cinema brasileiro, tendo ao seu favor iniciativas de retumbantes sucessos como a “terceira semana” levada a efeito em Vitória, no Espírito Santo, e “ quinta semana” em Caxambu. Furos autênticos tem sido dados diretamente de locais como Buenos Aires, Punta Del Este, e Hollywood. Já falaram ao microfone da Rádio Nacional-Bob Hope, Danny Kaye, Eleanor Parker, Ilona Massei, Carmem Miranda (em memorável reportagem), Vic Damone, Jossé Ferrer, Van Johnson, Fred Mac Murray, Von Stronheim, Ann Miller, Daniem Gelim, Jane Powell, Walter Pidgeon, Honda Fleming, Jeannete McDonald, Gene Raymond, Janete Gaynor, Errol Flynn e muitos outros. Todos os grandes artistas do cinema brasileiro já estiveram ao nosso microfone. E noite de gala no Municipal, foi entregue à Rádio Nacional, pelos seus serviços em favor do cinema brasileiro, um troféu famoso “Índio”. Na Galeria Cruzeiro, em pleno coração do Rio, os cariocas param todos os dias para orientar-se através do “Placard de Cinema da RN”. Os efeitos da orquestra A orquestra de hoje é um dos maiores motivos de orgulho da Rádio Nacional. Não somente pelo que ela representa de grandiosidade e eficiência, mas pelas vitórias sobre várias duras etapas conquistadas desde os primitivos regionais, passando pela All Stars, (lembra-se?), a carioca a Típica Corrientes, à primeira orquestra brasileira à orquestra de concertos PRE-8, ao quarteto Borgerth, a orquestra da Rádio Nacional conseguiu atingir a um máximo ideal de preparação para o difícil trabalho radiofônico. Norma Benguel e Paulo Gracindo concedendo a coroa de Rei do Rádio para Orlando Dias. Os grandes Programas Depois que a Rádio Nacional abandonou o terreno das improvisações, inaugurou no Brasil a era dos programas de alta montagem. Aos seus maestros e arranjadores foi designada a missão cada vez mais difícil, a de encontrar (ou compor) efeitos musicais que realizassem “fundo sonoro” capaz de enriquecer a impressão auditiva. Esta é a música verdadeiramente radiofônica, que nasce dos laboratórios da Divisão Musical, e à qual daríamos o nome de “música concreta”, pois ela dá forma as abstrações do microfone: É ela que colore as vozes neutras e que interpreta a própria alma recôndita das coisas, pois lhe dá uma medida sonora e intencional. O tesouro escondido Nem Lafitte, Morgan ou os outros piratas que assolaram os mares com as bujarronas de seus barcos infladas ao sopro da aventura e da ambição conseguiram amealhar dobrões de ouro mais valiosos que o tesouro que este mapa nos revela: AMÉRICA DO SUL BRASIL RIO DE JANEIRO, DF PRAÇA MAUÁ RÁDIO NACIONAL 20° ANDAR SALAS N°s 2016, 2017, 2018 Eis o tesouro Milhões e milhões de notas, tilintantes de harmonia, transformaram o - Arquivo Musical da Rádio Nacional na maior e mais rica arca melodiosa da América Latina. Os operários da canção Assim como uma “Jeúne-fille”, que se prepara para o “debut” na sociedade, a música requer especialíssimos cuidados, mesmo nascendo num berço de ouro ou brotando de uma caixa de fósforos boêmia. Para caminhar pela estrada do sucesso, ela precisa de: Figurinistas (copistas) Uma “toillete” de “soirée” (roupagem musical). “Demoiselles d’honneur” (coro). Acompanhantes (regional ou orquestra). E a música passa longas horas no salão de beleza musical antes de entrar no estúdio. Realizando o extenuante serviço pelos operários da canção, a música brilhará nas paradas musicais ou passará despercebida. Ninguém sabe. A música tem o destino da criatura. E a culpa não caberá a esses operários, pois por melhor que seja um salão de beleza ele não poderá criar jamais uma Vênus. Chuva de estrelas. . . E Astros Em um momento emocionante o do encontro diário com as “estrelas” e “astros” Da Rádio Nacional. Nosso elenco mobiliza as maiores camadas de público desde o pós-guerra, quando rádio se transformou na diversão popular por excelência, a Rádio nacional destacou na sua programação os grandes nomes que os fãs adoram e procuram. Continuação do Livro sobre a - História da Rádio Nacional do Rio A Técnica O conjunto de 59 homens que compõe a Divisão Técnica da Rádio Nacional tem mil olhos e mãos para movimentar as seguintes tarefas, que são a própria alma do “broadcasting”: a) Operação de 5 controles, para confeccionar o som, eletronicamente, na programação de 24 horas diárias, distribuídas por 6 estúdios. b) Manutenção no ar, durante 19 horas e meia por dia, de 2 transmissores de FM. c) Manutenção no ar, durante 19 horas e meia por dia, de: 1 transmissor de ondas médias de 50 kWs. 2 transmissores de ondas curtas de 50 kWs. 2 transmissores de ondas curtas de 10 kWs. d) Manutenção no ar, durante 4 horas e meia (de madrugada) de 1 transmissor de ondas médias de 25 kWs. e) Execução de todas as tarefas de transmissões fora da sede. f) Execução de todas as reportagens e programas dentro e fora da sede. g) Execução de programas transmitidos das viaturas preparadas para tal fim. A Vitrina dos Milagres No grande auditório, em penumbra, há momentos de “suspense”. O programa está se desenrolando no maior estúdio da América do Sul. Vai ser iniciada a sua audição. Os homens que vão dirigir o seu espetáculo estão parados, como estátuas, voltados para uma janela de luz, ao alto à esquerda. Aguardam um sinal. Silêncio. Setenta músicos e professores, o maestro, os cantores, os contra-regras e nós, também, prezado leitor, que estamos sentados no auditório, vimo-nos contagiados pela expectativa, e voltamos nossa cabeça para o alto, para a vitrina iluminada. A mão de um homem, naquela janela, desce, e nossos ouvidos são fulminados pela festa do som. Uma engrenagem de máquinas e corações foi posta a funcionar. - Aquela é sem dúvida a vitrina dos milagres. Que é isto, a vitrina dos milagres? É o controle-geral da Rádio Nacional. Aqui se distila e beneficia o som dos maiores programas orquestrais e mistos da programação. Aqui esta vitrina dos milagres, onde se instala as principais mesas e equipamento de controle da Rádio, é o cérebro que comanda os cinco sentidos mecânicos da estação. a) O CONTROLE DA RÁDIO-TEATRO, dependência inédita pelas suas proporções e especialização, no mundo inteiro; b) O CONTROLE DOS ESTÚDIOS-GÊMEOS NO 21º ANDAR; c) O CONTROLE DO RÁDIO-JORNALISMO, um dos mais modernos na sua especialização. e) A SAIDA DO SOM PARA OS TRANSMISSORES. Os Trampolins do Som Esta floresta de antenas, torres e postes constituem os trampolins do som. Aqui, a alegria, a notícia, a cultura, batem nos trampolins e se elevam e se irradiam por todo o globo. De um simples transmissor de ondas médias, de 25 kws., em Moça Bonita, há 20 anos atrás, surgiu esse parque de Parada de Lucas. Os trampolins são agora acionados por nove transmissores. Nos transmissores, em Parada de Lucas, deparamos com 5 sistemas de antenas direcionais RCA, por ondas curtas, para 50 kws. Cinco antenas “doublet” de três elementos dobrados, para 50 kws., com linhas de alimentação em 600 ohms, e sistema de chave de reversão (único no mundo, citado especialmente em “Rádio Antena Engineering” por Laport) a saber: E ainda uma torre metálica irradiante para ondas médias, 50 kws., com altura de 162 metros e 25 centímetros, trabalhando em 980 kc, onda de 306,1 metros. Nos estúdios na Praça Mauá, no alto do edifício de “A Noite”, há mais dois trampolins de som: 1 antena “Pylon” da RCA, para transmissor FM de 5 kws. (a única existente no Brasil). 1 antena “Terraplano” para o transmissor FM de 250 watts. O Calendário do Técnico Por ser o mundo das máquinas, nem por isso deixa de ser o mundo de emoção. Esses homens, mais de meia centena, que movimentam o coração eletrônico da maior emissora da América do sul, têm suas datas queridas. Eis o seu calendário: 12 de setembro de 1936 — 1 transmissor de ondas médias, de 25 kws., Philips. 1 equipamento de controle Philips, nos estúdios, com o encargo de confeccionar programas sobre 2 estúdios e 1 auditório, no 22º andar do edifício de “A Noite”, Praça Mauá. 15 de novembro de 1942 — Mudança das instalações do transmissor para Parada de Lucas, continuando a transmissão em ondas médias, a cargo do transmissor Philips inicial. 31 de dezembro de 1942 — Inauguração do novo transmissor RCA Victor de 50 kWs. De ondas curtas; e dos 5 sistemas de antenas direcionais, além das antenas onidirecionais de ondas curtas. Inauguração do novo equipamento dos estúdios, constando de 2 controles simples e um controle mestre, operando no 22º e 21º andares, com a inauguração do auditório, estúdio grande e 2 estúdios pequenos no 21º andar. Transformação dos estúdios do 22º andar em 1 estúdio grande de Rádio-Teatro e 1 estúdio auxiliar, comandado pelo novo controle. Baixa do Controle Philips. 12 de setembro de 1948 — Inauguração do novo transmissor RCA Victor de 50kws, de ondas médias, passando o velho transmissor Philips a funcionar como socorro. 10 de dezembro de 1949 — Inauguração de dois transmissores FM, um de 250 watts e outro de 3 kws, que também são aproveitados para mandar o som para os transmissores, cobrindo falhas das linhas telefônicas. 31 de dezembro de 1953 — Inauguração de um transmissor Telefunken, de 50 kws, de ondas curtas, e dois geradores diesel de 160 KVA cada um. 13 de maio de 1955 — Inauguração de um novo controle no 20º andar com o Estúdio da Rádio jornalismo. 12 de Setembro de 1956 — Inauguração de dois transmissores RCA, de oc, 10 kws. E agora, a Técnica da Rádio Nacional, foi chamada. Mobiliza seus homens e todas as suas energias. Está no limiar de uma nova expansão: é a TV Nacional, que já está na mesa dos debates internos, que já se desenha nos planos. Uma nova personagem surge para fazer com que esses trampolins aumentem de responsabilidade: é a imagem, companheira do som, que com este se entrelaçará muitas vezes, partindo de outra matriz, no alto da Serra da Carioca, onde já foram abertas as primeiras clareiras na floresta. A Telefônica será o denominador comum desses numeradores que se somam, na equação do progresso: Rádio mais TV No Mundo da Criação Eis a idéia, força motriz dos programas.Ela é a energia que fecunda a nebulosa para a criação. Somam-se, aqui, os valores intelectuais para movimentar as turbinas do talento. É o Conselho da Inteligência transformando esse rádio numa trilha de cultura. É o lampejo do bom humor, o relâmpago do drama, a brisa da comédia, a tempestade da arte nova de fazer ouvir. Eis o Mundo da Criação, em permanente inquietude. A Idéia Desçamos do cósmico e do astral para, em termos mais próximos, aprender o verdadeiro sentido do mundo da criação. A idéia é nossa matéria prima. Esta é a nossa indústria, onde trabalham dezoito artistas privilegiados. São os escritores que manejam com os teares da idéia. Montam a sua produção, desenvolvem-na e a mercadoria, que é o programa, está pronta para a venda. A principal diferença, entre essa indústria e uma outra qualquer, é a de que os recursos da matéria prima não são palpáveis. Há uma produção em série, mas de conjuntos de idéias diferentes. Cada produto tem a sua própria personalidade. O ciclo vital de cada um obedece a injunções diversas. Eis porque é complexo o resultado dessa movimentação. Há produtores vibrantes, e outros metódicos, e outros pesquisadores, e outros imaginativos. Essa gama de tendências é posta a serviço de consumo semanal de um espetáculo. Não há usina que iguale essa efervescência de uma fábrica de arte. A direção Nessa agitação, há metas a alcançar. Mas a principal será a da coordenação para uma entregassem ideal. E essa coordenação transcende do trabalho bruto das máquinas de escrever para o entrelaçamento de todos os recursos à disposição dos teares: o som musical, interpretado por instrumentos; o som da palavra, interpretado por locutores, rádio atores e rádio atrizes; a preparação dos lugares para a execução das idéias. A tabela Daí, dessa coordenação, surge a tabela de serviço, completa mas, de uma simplicidade meridiana. Reunidas todas as responsabilidades, a casa inteira depende desse mapa de obrigações para se movimentar em todas as suas funções de “broadcasting”. Os locutores Tudo pronto para a execução, reúnem-se as vozes ideais que vão anunciar o acontecimento. São os locutores, que a experiência de seleção agrupou num padrão de alta qualidade e rendimento. Mecanografia Todos os setores artísticos atingidos por determinado programa estão de posse do “script” com as suas anotações convencionais. Como foi feita essa distribuição? Vamos às origens da produção. A idéia tomou forma nos dedos ágeis das datilógrafas e dali para as prensas do dicto. Um organismo de circulação fez distribuir rigorosamente os papéis. A contra regra Nos quatro pontos cardeais de um estúdio há uma constante de expectativa: o tempo. Sobre essa trilha impalpável rola o mundo da criação. - Cada etapa é um programa. Há uma guilhotina que corta inapelavelmente. - É o cronômetro do contra regra, que martela na cabeça do diretor do programa a verdade irrecorrível da existência de um segundo e suas frações. A aferição Depois de tudo, há que tomar o pulso da criatura. Sua posição ditará ou não rumos novos ao criador. Eis o compartimento da estatística, que é a célula nervosa da programação. Aqui é aferido todo o trabalho da emissora. Nas suas balanças, permanentemente, há declínios e ascensões, que testes diários, semanais, mensais e anuais, registram para orientação do comando da criação. Os Produtores A consagração do programa trouxe a necessidade da idéia. E a necessidade da idéia trouxe a consagração do Produtor. Desde aí a Rádio Nacional tem sido a escola contínua, onde se formaram e consagraram os melhores e mais aplaudidos escritores radiofônicos do Brasil. Tão dura e espinhosa é sua função de agarrar a inspiração à hora certa e escrever por necessidade como se estivesse escrevendo por prazer, que só uns raros seres humanos conseguem resistir a prova de se propor a alimentar a voracidade de uma programação. O escritor do rádio é o poeta recitado uma vez e esquecido, é o escultor da areia, cujas obras primas o vento desfaz. Escolher e desenvolver esses raros trabalhadores tem sido uma preocupação perene da Rádio Nacional. Hoje, é uma glória saber que, em qualquer emissora do Brasil, as portas se abrem largas e acolhedoras, para o produtor que se apresente com esta recomendação: Eu escrevi para a Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Eis a História Isto terá sido sempre assim? Não. O super-programa, conjugando os esforços de dezenas de atores, músicos e cantores, num espetáculo grandioso, é uma singularidade do Rádio brasileiro e uma criação da Rádio Nacional. Lembremo-nos das etapas: a) O Quarto de Hora; b) O Cantor; c) O Locutor; d) A Crônica Sentimental; e) A Anedota. Era a fase rudemente individualista. Cada “cartaz” um lobo solitário, cultivando seus números e suas vaidades, para aquele alto mandatário de gloriosa memória: o Diretor-Artístico, o todo poderoso Diretor-Artístico, que, como o seu título, não se usa mais. Nesse clima personalista, a Rádio Nacional resolveu valorizar o Programa, com P maiúsculo, lançando as famosas “Curiosidades Musicais” de Almirante. Estava inaugurado o rádio de grande montagem. Era a reunião de músicos, atores, contra-regras, copistas, cantores, todos trabalhando em função de um horário e de um espírito de equipe. Caíam os valores individuais fictícios em favor da criação coletiva. Personagens do nosso Mundo Uma biblioteca de centenas de volumes não esgotaria o assunto — Rádio Nacional. Se o rádio é uma arte coletiva, e se o seu êxito, atualmente, repousa no trabalho de equipe, não há como ignorar, entretanto a existência de valores individuais, elos dessa corrente fortíssima, que se distribuem em nossa vida, ora isoladamente ora em conjunto pelos mais diversos setores. São figuras comuns na nossa paisagem, indispensáveis mesmo; personagens do nosso mundo que a todo o momento são encontrados nas escadas, nos corredores, no auditório, nos estúdios, nos gabinetes, nas suas próprias mesas, nas nossas, com uma função específica, sua, própria; partes indivisíveis desse todo. Paul Gracindo comemora aniversário rodeado de admiradores. Ao seu lado, Marlene e Dalva de Oliveira. Em setembro de 1956, o “cast” artístico da Rádio Nacional apresenta os seguintes nomes, nos diversos setores: Atores Abelardo Santos, Gerdal dos Santos, Saint Clair Lopes, Afonso Stuart, Hemilcio Froes, Samir de Montmor, Alfredo Viviani, João Fernandes, Tonio Luna, Álvaro Aguiar, João Zacarias, Waldyr Fiori, Antônio Laio, José Américo, Walter Alves, Apolo Corrêa , José Arimathéia,Walter D’avila, Armando Couto, José Renato, Walter Ferreira, Brandão Filho, Mafra Filho, Wolner Camargo, Bruno Neto, Manuel Brandão, Cahuê Filho, Mario Lago, Castro Gonzaga, Mendes Netto, Castro Viana, Milton Rangel, Celso Guimarães, Mozart Regis, César Ladeira, Navarro de Andrade, Cícero Acaiaba, Oduvaldo Viana, Darci Pedrosa, Orlando Mello, Dinarte Armando, Oswaldo Alves, Domício Costa , Oswaldo Elias, Domingos Martins , Paulo César, Dorival Silva , Paulo Gracindo, Edair Bardaró , Paulo Pereira, Edmundo Maia, Roberto Faissal, Fernando Maia , Rodney Gomes, Floriano Faissal , Rodrigo Salles, Geraldo Avelar ,Roque da Cunha, Germano Dias , Ruy Viana Atrizes Infanto-Juvenis Abigail Maia, Juraciara Diacovo, Alda Verona, Nelly do Amaral, Amélia Ferreira, Luis Manoel, Amélia Oliveira, Paulo Afonso, Auricea Araújo, Roberto Gonzaga, Aurora Aboim, Célia Maria. Especializados Consuelo Leandro, Daysi Lucidi , César de Alencar, Diamantina Bandeira , Jararaca, Dulce Martins , Paulo Roberto, Elza Gomes , Ratinho, Gessy Fonseca , Renato Murce, Graziela Ramalho , Zé Praxedi, Haidê Fernandes, Henriqueta Brieba Cantores Ilka Maria, Isis de Oliveira, Albertinho Fortuna, Ismênia dos Santos, Aluísio Pimentel, Ítala Ferreira, Ataulfo Alves, Letícia Flora ,Bill Farney, Ligia Sarmento, Black-Out, Lizete Barros , Bob Nelson, Lolita França , Os Cariocas, Luddy Veloso, Carlos Carrié, Maria Alice , Cauby Peixoto, Nelma Costa , Déo, Neusa Tavares , Francisco Carlos, Neyde Murce , Gilberto Milfont, Nilza Magrassi , Hélio Paiva, Norma Geraldy, Ivon Curi, Olga Louro , Jimmy Lester, Olga Nobre, Jorge Fernandes, Suzana Negri , Jorge Veiga, Suzy Kirby , Jorge Goulart, Teresa Nascimento, Léo Bélico, Tina Vita , Lúcio Alves, Wahita Brasil , Luis Bandeira, Yará Jordão , Luis Vieira, Zezé Fonseca , Mário Alves, Zezé Macedo , Nelson Gonçalves, Nuno Roland, Paulo Molin, Renato Braga, Risadinha, Romeu Fernandes, Ruy Reis, Salvador Guimarães, Trigêmeos Vocalistas, Trio de Ouro, Trio Irakitan, Trio Nagô, Venilton Santos, Catulo de Paula, Jararaca e Ratinho Orlando Silva, Cantoras, Célio Nogueira, Livosi Bartolomeu, Ângela Maria , Eduardo Patané , Geraldo Passidomo, Adelaide Chiozzo , Francisco Bernardo , Pedro Vidal Ramos, Ademilde Fonseca , Oscar Borgerth , Carlos Gabriel Henriques, Alzirinha Camargo , Francisco Corujo, Bárbara Martins , Alda Borberth Flautas, Belinha Silva , Ângelo De Napoli, Bidu Reis , Augusto Vasseur, Pedro Vieira Gonçalves, Carmélia Alves , Domingos Colacicco , José Teodoro Meireles, Carmem Costa , Edgard Teixeira Pinto, Evaristo Machado, Carminha Mascarenhas, Edmundo Blois, João de Deus Lima, Dolores Duran , Francisco Perrota, Emilinha Borba , Jaime Marchevsky OBOÉS, Esther de Abreu , João Armindo Spohr, Gilda de Barros , Jorge Eckhardt , José Cocareli, Heleninha Costa, Waldomiro Pascoli, Isaac Kolman, Irene Macedo , Irany Pinto, Juanita Castillo , Wenceslau Solodownikoff Córno Inglês, Julie Joy , Winniamin Farberow, Lenita Bruno, Edmundo Bisagio , August Keller, Lúcia Martins, Enaura Barroso Melo, Marion , Ernani Paula Fogaça Clarinetes, Mariza, Ezio Falzoni, Marlene, José Epaminondas e Leão Malamut, Marly Sorel , Marcelo Pompeu Filho e Roberto Sardi, Nadir de Melo Couto, Neide e Nancy Violas Clarones, Nora Ney, Neusa Maria, César Eckhardt e José Rosa Ribeiro,Norma Suely e Guido Cantelli, Olinda Ribeiro e José Luderer Trompas, Olivinha Carvalho e Ulrich Danemann, Quatro Estrelas Ary Paulo da Silva, Rogéria Violoncelos, Silvinha Chiozzo, Vera Lúcia Iberê Gomes Grosso, Violeta Cavalcante e Nicolas Otero, Zezé Gonzaga e Nidia Soledad Otero, Homero Dornelas. Músicos Contrabaixos Violinos Oswaldo Alves Saxofones Altos Nos Serviços Extraordinários atuam ainda os seguintes músicos: Giusepe Sergio, José Miranda Pinto. Violinos Sebastião Pinto , Ivo Coutinho Filho e Andréa Osório, Victor André Barcelos e Adolfo Chimanovitz, João Batista da Costa e Enilde Jotta, Pedro Nogueira Filho e Homero Gelmini, Emilia Teixeira das Neves, João Corrêa Mesquita Saxofones Tenor João Rodrigues, Messody Baruel, Sandoval Oliveira Dias e Rodolfo Leye, Fernando Barros Pinto, Samuel Granatowitz, Aderbal Moreira e Luis Bezerra Menezes Violas Lupercílio Lyra, Isaac Kolman Fritz Preusa, Jandovi de Almeida Saxofone Barítono Gerson Flinkas, Germano Lucan, Violoncelos Francisco Monteiro e Wilhelm Paullart Pistons Edmundo Oliani, Francisco Sergi e José Guerra Vicente, Laerte Resende e Marino Pissiali Contrabaixos José de Moura, Benedito Barbosa, Geraldo Bezerra, Carmelino V. Oliveira,Amaro dos Santos, Canuto Pissiali , Pascoal Perrota, Waldomiro Alves, Wassyl Jeremejiw Trombones Flautas Waldemar Moura, Eugênio Martins, Francisco Nogueira e Antonio Sousa, Raul de Barros, Lenir Siqueira, Walfredino Capilé, Leonel Guimarães, Jose Armando Pala, Oboés Mário da Silva Roxo Baterias José Brás, Nelson Nilo Hack, Hugo Tagnin, Orlando Trinca Clarinete Manoel Dias Figueiredo, Hildebrando Amorim Guitarras Clarone, José Menezes de França, Djalma de Andrade , Ernani Amorim, Luiz Bitencourt Saxofones Nestor Campos Pianos Odilon Caldeira, Joaquim Gonçalves, Romeu Fossati, José Franco, Geraldo Rocha Barbosa, José da Silva Zimbres Pistons, Francisco Scarambone, Alderico Moura Harpa Hércules Galastri, Hélio Roxo Trombones Giannino Fumagalli Ritmo Miguel Azevedo, Alcebíades Barcelos, João Batista Veiga, Geraldo Fernandes, Sebastião Gomes Bateria, João Machado Guedes, Heitor dos Prazeres e Luciano Vaz, Julio Viñolas y Rosado, João Pedro da Silva Guitarra e José Dias Bicalho Trompas Adelmar Cardoso Saxofone Clarin Abel Ferreira, Luperce Miranda Bandolim Jairo Ribeiro e Jacob Bandolim Clarinete Lindolfo de Almeida e Luiz Americano Violão Firmino Miranda e Dilermando Reis Tuba Carlos Matos Orgão Jorge Kenny Piano Armilnto Valim, Benedito Urbano de Carvalho Locutores Bombardino, Adolfo Cruz, César de Alencar, Paulo da Silva , Afrânio Rodrigues, César Ladeira, Alberto Curi , Hamilton Frazão Acordeom Alfredo Canthé, Jairo Argileu, Aloísio Pimentel , Jorge Curi, Auro Pedro Thomaz, Álvaro Gonçalves , Jose Renato, Antonio Cordeiro , Manoel Barcellos Ritmo Aurélio de Andrade, Milton Rangel, Celso Guimarães, Nilza Magrassi, Milton Marçal, Eric Vargas , Oswaldo Elias, Alberto Paz , Fernando, Jacques , Paulo Gracindo, Elis Ferreira , Hamilton Frazão , Ribeiro Martins, Heron Domingues , Wahita Brasil Regional Hilton Moura, Jairo Argileu, Dante Santoro, João Luiz Miranda, Norival Carlos Teixeira, Jorge Araújo, Norival Guimarães, Jorge Curi, Rubem Bergman, Jorge Lúcio, Carlos Lentini, Jose Maria Caldeira, Arthur Duarte, Lita Romani, Godofredo Cesar de Matos , Lucia Helena, (César Moreno) Manoel Barcellos, Lino José da Silva Meira Filho, Waldemar Pereira de Melo , Nelson Miranda, Edinaldo Vieira (índio) , Newton Costa, Jorge José da Silva , Osmar Ribeiro, Oswaldo Moreira Solistas Reinaldo Costa, Ronaldo Dusi de Nazaré e Chiquinho Acordeom Ruy Mesquita, Carolina C. Menezes Piano Saint — Clair Lopes Locutores-repórteres Carlos Buhr, Jota Rui, Elias de Oliveira Jr., Lourival Marques, Jacyra Gomes Mario Lago, Jose Grossi, Nestor de Holanda, José Maria Neves, Oranice Franco, Paulo Gracindo Produtores Renato Murce, Waldir Buentes, Almirante Mario, Meire Guimarães, Carlos Gutemberg, Mario Faccini, Fernando Lobo, Dinarte Armando, Flávio Cavalcante, Dias Gomes, Gastão Pereira da Silva, Ary Barroso, Ghiaroni, Helio do Soveral Novelas no ar durante o mês de setembro de 1956. “A Estrada da Boa Esperança (Jerônimo)” — Moisés Weltman “A Mancha Vermelha” — Oduvaldo Viana “Alma Danada” — Mario Lago “Alma sem Deus” — H. Morales “Castigo Imerecido” — Gilberto Martins “Falta uma estrela no céu” — Gastão Pereira da silva “Mais Perto de Deus” — Ciro Bassini “Nuvem que Passa” — Carlos Gutemberg “O vendedor Macabro” — (Aventuras de um Anjo) — Álvaro Aguiar “Os 2 Forasteiros”(Drama de cada um) — Castro Gonzaga “Perdão, Meu Filho” — Dias Gomes “Quando o sol se Esconde...” — Gastão Pereira da Silva “Rodrigo” — Cícero Acaiaba “Solange”(Presídio de Mulheres) — Mario Lago “Um Dia na Vida” Dias Gomes “Voragem” — Carlos Gutemberg Programas de Radioteatro “A vida que a Gente Leva”, “Boa tarde, madame” Lucia Helena “Consultório Sentimental” Helena Sangirardi “ Divertimentos Brankiol” — Ary Picaluga “Edifício Balança, mas não Cai” — Paulo Gracindo “Grande Teatro De Milus” — Dias Gomes “Jararaca e Ratinho” — Joe Lester “Marlene meu Bem” — Mario Lago “Os grandes Amores da História” — Saint Clair Lopes “ Sabe da Última?” — Rui Amaral “Tancredo e Trancado” — Ghiaroni Programas Mistos “Coisas do Arco da Velha” — Floriano Faissal “Clube das Donas de Casa” — Lourival Marques “Gente que Brilha” — Paulo Roberto “Grande Espetáculo Brahma” — Mario Meira Guimarães “Hoje Tem Espetáculo” — Paulo Gracindo “Lira do Xopotó” — Paulo Roberto “Música e Beleza” — Roberto Faissal “Nada Além de 2 Minutos” — Paulo Roberto “Nova Historia do Rio pela Música” — Almirante “Passatempo Gessy” — Jota Rui “Rádiosemana” Hélio do Soveral “Recolhendo o Folclore” — Almirante “Roteiro 21” — Dinarte Armando “Seu criador Superflit” — Lourival Marques “Todos Cantam sua Terra” — Dias Gomes Programas Musicais “ A canção da Lembrança” — Lourival Marques “Audições Cauby Peixoto” — Mario Lago “Audições Cinta Azul”Redação “Audições Orlando Silva” — Ghiaroni “Brasil Sertanejo” — Zé Praxedi “Cancioneiro Royal” — Paulo Tapajós “Cancioneiro Romântico” — Riu Amaral “Carrossel Musical” Ouranice Franco “Clube do Samba” Fernando Lobo “Fama e Popularidade” — Oswaldo Elias “ Festivais G. E.” — Leo Peracchi “Festivais de Gaitas” — Cahuê Filho “Horário dos Cartazes” — Almeida Rego “Nossa Musica” — Redação “Pelas estradas do Mundo” — Fernando Lobo “Preferências Musicais” — Dinarte Armando “Um Milhão de Melodias” — Paulo Tapajós “Um Musical Predileto” — Redação Programas de Auditório “A Felicidade Bate a sua Porta” — Dinarte armando “A Voz do RCA Victor” — Helio do Soveral “Aí Vem o Pato”Jorge Curi “Alegria, meus Senhores” — Fernando Lobo “Alô, Memória” — Paulo Gracindo “Dr. Infezulino” — Paulo Gracindo “Enquanto o Mundo Gira” — Paulo Gracindo “Este mundo é uma Bola” — Fernando Lobo “Ganha tempo Duchen” Hélio do Soveral “Gancia no Mundo do Long-playing” — Waldir Buentes “Nas Asas da Canção” — Dinarte Armando “O Cartaz da Semana” — Hélio do Soveral “Qualquer Semelhança é Mera Coincidência” — Waldir Buentes “Papel Carbono” — Renato Murce “Parada dos Maiorais” — Helio do Soveral “Placar Musical” — Nestor de Holanda “Rádio Oportunidade” — Ghiaroni “Rádio-revista” — Hélio do Soveral “Seleções Musicais A.B.C.” — Ghiaroni Programas Especializados “Cinelândia Matinal” — Adolfo Cruz “Discos impossíveis” — Flávio Cavalcante “Desfiles Bangu” — Fernando Jaques e Ribeiro Martins “No Mundo da Bola” — Esportes “É verdade ou Mentira?” “Antena Política” “A Reportagem do Dia” O Mundo Fascinante da Publicidade As antenas que transmitem música, a informação e o ensinamento; os microfones que registram, em todas as escalas, os mistérios da voz; os estúdios que abriam verdadeiras tempestades emocionais; os “pick-up’”, os “racks”, as cascatas de som desaguando no infinito perfilam-se, agora, nesta parada de imagens, para receber as mensagens do mundo fascinante da publicidade. O Salto Para o Futuro (Mensagem do DG) Ao folhear a última página deste relato, o leitor terá tido uma noção, ainda que apenas em largos traços, do que, hoje, a Rádio Nacional. Como seu Diretor-Geral, permito-me mais algumas palavras, em tom pessoal, no sentido da avivar as linhas desta autêntica radiografia da maior organização do “broadcasting” do nosso Brasil. Sua vida econômica e financeira tem sido objeto, através dos anos, de críticas e campanhas, naturalmente baseadas no total desconhecimento da sua auto-suficiência. Terá sido o acaso, ou um complexo de condições excepcionais, o principal responsável pela reunião, sob um mesmo prefixo, desta equipe que construiu a Rádio Nacional e cuja maioria de elementos ainda permanece, coesa, sob os mesmos princípios de honestidade, em todos os sentidos, que foi a chave do seu êxito desde os primeiros anos. Ligada incidentalmente ao Governo, por força da incorporação, a Rádio Nacional sempre esteve apta a viver a sua vida, sem a contemplação de verbas ornamentarias ou auxílio financeiro por parte dos poderes públicos. - Ao contrário, dentro da sua auto-expansão, ampliou o seu patrimônio multiplicadas vezes, o que significa, simplesmente, que enriqueceu a Fazenda Pública. Como “broadcasting”, a sua curva no ascendente perde-se no infinito. E a sua missão está literalmente cumprida. Os novos passos, neste terreno, serão a rotina do progresso e da adaptação ás novas condições com que, fatalmente, se defrontará o rádio em nosso país, diante do advento da televisão. Então, meus amigos, o assunto que marca este salto para o futuro é a televisão. O Presidente Juscelino Kubtschek de Oliveira, em memorável despacho de 18 de julho de 1956, acertou definitivamente o rumo da Nacional -TV. Muito cedo, nos próximos meses, os receptores de televisão da Capital da República e adjacências estarão assinando a existência do canal 4, onde se estampará a imagem da nossa TV. Providências imediatas da Superintendência das Empresas Incorporadas ao Patrimônio Nacional, fizeram com que, desde logo, se estalasse a comissão que está movimentando os primeiros assuntos referentes às propostas de concorrência pública, etc. E um núcleo inicial — a Divisão de Televisão — que mais tarde formará a estrutura da Nacional -TV, dá, neste momento, os primeiros passos. Desejo, neste momento, expressar o meu reconhecimento pelo apoio e confiança com que tenho sido distinguido da parte do Dr. Mário Pires, Superintendente das Empresas Incorporadas ao Patri- mônio Nacional. Encontro sempre da sua parte em todos os assuntos que interessam ao desenvolvimento da Rádio Nacional, a melhor acolhida e o patrocínio mais entusiasta. Com estas notícias, creio encerrar este livro com um fecho de ouro, pois elas levarão alegria e entusiasmo a este generoso público que sempre apoiou a Rádio Nacional. Com o fantástico progresso da ciência eletrônica, é de se acreditar que muito brevemente maiores camadas da população deste país, pelo interior a fora, gozarão dos benefícios da TV. Nesse instante não longínquo do futuro, então, a Rádio Nacional, através da sua televisão, procurará estar presente como sempre ao lado e a serviço do povo brasileiro. “Moacyr Áreas” POLITICA O Presidente do Brasil era Getulio Vargas ECONOMIA: A moeda circulante era o Reis FUTEBOL FUTEBOL/COPA DO MUNDO: A idéia de organizar um torneio de futebol internacional a cada quatro anos surgiu em 1928 por sugestão do então presidente da FIFA, o francês Jules Rimet. O troféu de ouro maciço, que mais tarde receberia seu nome, seria de posse provisória, até que algum país o conquistasse por três vezes. Com 1,8 kg e trinta centímetros de altura, a Taça Jules Rimet representava uma Vitória alada, que segurava nas mãos um vaso em forma de copa. A I Copa do Mundo foi disputada no Uruguai em 1930, por 13 países. A longa viagem por mar dificultou a participação de muitas seleções européias. A competição foi disputada em três fases, uma de classificação antes das semifinais e da final. O Brasil foi eliminado pela Iugoslávia na primeira fase. A final, disputada entre Argentina e Uruguai, terminou com a vitória dos anfitriões por 4 X 2. Mais bem organizada e com mais participantes a II Copa do Mundo teve como sede a Itália em 1934, onde o governo fascista tentou fazer da competição um instrumento de propaganda política. Trinta e dois paises se inscreveram para disputar a competição (três desistiram e os outros disputaram as eliminatórias para a escolha de 16 finalistas). Num sistema de eliminatória simples, o Brasil foi derrotado na primeira fase pela Espanha, por 3 X 1. Itália e Tchecoslováquia decidiram o titulo, e mais uma vez a equipe anfitriã sagrou-se campeã. CARNAVAL: HISTORICO DAS ESCOLAS DE SAMBA ANTES DO MEU NASCIMENTO: Em 1920 o Rio de Janeiro começava a tomar contato com o sambas depois que “Pelo telefone”, de Sinhô, Mauro de Oliveira de Almeida e Donga, foi gravado em 1917 e fez sucesso. Mas as rodas de samba eram vistas pela policia mais como uma reunião criminosa, “vagabundagem” que uma manifestação cultural. Nos morros do centro da cidade, especialmente no bairro da Gamboa e Estácio, o samba começava a tomar a forma que o tornaria conhecido em todo o pais, distanciando-se cada vez mais de outros ritmos como o maxixe ou a marcha. Em 1923 é fundado no dia 11 em Oswaldo Cruz, bairro distante do centro, um bloco chamado Conjunto Carnavalesco Oswaldo Cruz. Seus fundadores foram Paulo Benjamim de Oliveira, Antonio Rufino e Antonio Caetano. Pouco tempo depois o bloco passa a chamar-se “Vai como pode”. Já em 1928 no dia 12, foi fundado por Ismael Silva e Bidê entre outros, o bloco “Deixa Falar”, no Largo do Estácio. O local de encontro dos fundadores ficava perto da Escola Normal. Esta coincidência geográfica e considerada a razão pela qual nasceu o termo “escola de samba”. Se na escola normal formavam-se professores, os criadores do Deixa Falar difundiram o samba por vários bairros. Os blocos se intitulava escola de samba mas nunca chegou a ser uma, de fato. O termo não chegou a ser utilizado embora todos reconheçam que esta foi a primeira. Em abril de 1929 no dia 28, um grupo que ainda incluía figuras como Cartola e Carlos Cachaça transformavam o Bloco dos Arengueiros em Estação Primeira de Mangueira. Mas até por volta de 1934, o termo escola de samba era um codinome dos mangueirenses que ainda eram chamados por vezes de bloco. Dezembro de 1931 dia 31 foi fundada a Unidos da Tijuca. Em Fevereiro de 1932 o Jornal “O Mundo Sportivo” dirigido pelo jornalista Mário Filho (que hoje empresta seu nome ao Estádio do maracanã), resolve organizar o primeiro torneio de escolas de samba. Como os corsos passavam no domingo, os ranchos na segunda e as grandes sociedades na terça, não havia local para as escolas na Av. Rio Branco, local oficial dos desfiles de carnaval. Adotou-se como local a Praça 11 de Junho. 7 de fevereiro de 1932: acontecia o primeiro desfile, na Praça Onze, que lotou o local para assistir a apresentação de 19 escolas, desde 20h30. Cada escola poderia apresentar três sambas. A vencedora foi a Mangueira. A Deixa Falar, que havia resolvido virar um rancho faz o seu primeiro desfile competitivo que foi um fiasco. Depois do carnaval, acusações. Fevereiro de 1933: Com o fim do “Mundo Sportivo”. O jornal “O Globo” assume a organização do concurso das escolas de samba, que é, pela segunda vez. Vencido pela Mangueira. Desfilaram 35 escolas, entre 20h30 e 4h15 da manhã. Os jornais destacam que a Unidos da Tijuca se apresentou com um samba que era “de acordo com o enredo”. Muitos especialistas consideram este o primeiro samba-enredo, apesar de a paternidade do gênero também ser reivindicada a Paulo da Portela. Em 1935, o desfile das escolas de samba ganham subvenção oficial da Prefeitura, o que só ocorria com ranchos e grandes sociedades. Foi a primeira vez que o bloco Vai como Pode desfilou como Portela. E foi o vencedor. EVENTOS: • Carnaval - A Unidos da Tijuca vence o segundo desfile oficial de escolas de samba do Rio de Janeiro, conquistando seu único título no evento. • 11 de Dezembro - O Rei Eduardo VIII do Reino Unido abdica da coroa para o irmão Jorge VI. NASCIMENTOS: • 19 de Fevereiro - Martha Rocha, miss Brasil 1954 • 12 de Março - Carlos Alberto de Nóbrega, humorista brasileiro • 26 de Março - Éder Jofre, pugilista brasileiro • 10 de Abril - Sepp Blatter, presidente da FIFA. • 24 de Abril - Esther Pillar Grossi, educadora brasileira. • 29 de Julho - Roberto DaMatta, antropólogo e sociólogo brasileiro. • 26 de Setembro - Luis Fernando Veríssimo, escritor brasileiro. • 16 de Outubro - Agnaldo Timoteo, cantor brasileiro. • 8 de Dezembro - David Carradine, ator estado-unidense. FALECIMENTOS: • 20 de Janeiro - Rei Jorge V do Reino Unido. 1937 LEMBRANCAS Muito ouvi falarem a respeito deste período de governo de Getulio Vargas. Entre estes comentários dizem que Getulio Vargas teve como seu maior mérito a promulgação da Consolidação das Leis do Trabalho mas que por outro lado, um desfile que promoveu num dia 7 de Setembro foi seu ato mais covarde. Para este desfile convidou os Integralistas para participarem, só que no final da Avenida Presidente Vargas colocou o DOPS para prender todos os participantes e dizem que muitos vieram a falecer em virtude das torturas e agressões sofridas. Neste ano Getulio também promulgou uma nova Constituição que estabeleceu também o Estado Novo um apelido dado ao regime ditatorial implantado por ele ao Pais. Este regime só veio acabar em 1945. Com a morte no mês de maio do poeta Noel Rosa em Vila Isabel, abriu-se uma lacuna na sociedade do samba do Rio de Janeiro. POLITICA Em 10 de Novembro deste ano tomava posse outra vez como Presidente da Republica o Sr Getulio Vargas. Tão Logo assumiu a Presidência derrubou com um golpe a Constituição de 1934. GOLPE DE 1937 “A cidade recebeu, ontem, com calma os acontecimentos políticos que determinaram a entrada em vigor de uma nova Constituição para o Brasil, revogando-se implicitamente, a de julho de 1934”. O Presidente Getúlio Vargas no discurso que pronunciou, à noite, ao microfone do Departamento Nacional de Propaganda, falou à Nação com franqueza e desassombro, mostrando os erros e os vícios que vinham deturpando a essência do regime democrático e a necessidade de dar à nossa democracia uma nova forma, capaz de assegurar o prestígio da autoridade e dar ao governo maiores possibilidades de resolver os grandes problemas nacionais. O Presidente da República, com as intenções melhores de servir ao Brasil, deu-lhe uma nova Constituição, a Carta Magna, trabalho inteligente, de cuidadoso exame das nossas necessidades sociais, econômicas e políticas, possui uma uniformidade de pensamento que nào foi possível imprimir à Carta efêmera de 1934. A Carta fundamental do regime republicano ontem promulgada, conserva, nas suas linhas gerais, na perfeição do seu arcabouço, a viga mestra do espírito democrático. As alterações que ela apresenta visam, entre outras coisas fortalecer a representação nacional, criando uma formula nova para o sufrágio universal, dando aos municípios um prestígio que eles nunca possuíram, neles reconhecendo a célula mater da federação. Respeitando as liberdades públicas e os direitos dos cidadãos, a Constituição tem os seus alicerces fundamentais no sentido democrático, do qual a consciência brasileira jamais se afastou e jamais se afastará. Organizando a disciplina, restaurando os princípios da hierarquia, opondo represas poderosas à anarquia e à desordem, a nova Carta Magna não cria círculos de ferro para oprimir e escravizar. A carta de 1934, a despeito das melhores intenções que inspiraram os seus autores, não conseguiu conciliar os ideais da Revolução de 1930. Obra de políticos, por isso mesma cheia de defeitos e contra-sensos, ela sacrificou muitas das promessas feitas à Nação pelos revolucionários que tiveram como chefe civil o Sr. Getúlio Vargas. Dando ao Brasil outra Constituição o Sr. Getúlio Vargas se reinveste na qualidade de chefe da Revolução de 30 e retoma o ritmo interrompido de sua grande obra. É, pois, na autoridade moral do presidente da República, nos anseios da Nação que quer viver e prosperar sem os tropeços de formalismos irrealistas e no sangue dos brasileiros imolados por um Brasil maior, que vamos encontrar a legitimação da nossa nova Carta Política." Diário Carioca, 11 de novembro de 1937. "O presidente da República dos Estados Unidos do Brasil: Atendendo as legítimas aspirações do povo brasileiro à paz política e social, profundamente perturbada por conhecidos fatores de desordem, resultante da crescente agravação os dissídios partidários, que uma notória propaganda demagógica procura desnaturar em luta de classes, e da extremação de conflitos ideológicos, tendentes, pelo seu desenvolvimento natural, a resolver-se em termos de violência, colocando a Nação sob a funesta iminência da guerra civil; atendendo ao estado de apreensão criado no país pela infiltração comunista, que se torna dia-a-dia mais extensa e mais profunda, exigindo remédios de caráter radical e permanente; atendendo a que, sob as instituições anteriores, não dispunha o Estado de meios normais de preservação e da defesa da paz, da segurança e do bem estar do povo; Com o apoio das forças armadas e cedendo às inspirações da opinião nacional, umas e outras justificadamente apreensivas diante dos perigos que ameaçam a nossa unidade e da rapidez com que se vem processando a decomposição das nossas instituições civis e políticas; resolve assegurar à Nação a sua unidade, o respeito à sua honra e à sua independência, e ao povo brasileiro, sob um regime de paz social, as condições necessárias à sua segurança, ao seu bem estar e a sua prosperidade; decretando a seguinte Constituição, que se cumprirá desde hoje em todo o país: (...)" - A Batalha, 11 de novembro de 1937. "Ontem pela manhã, realizou-se no Palácio Guanabara, convocada pelo Sr. Presidente da República, doutor Getúlio Vargas, uma reunião coletiva do Ministério. Terminada a reunião, o gabinete do Sr. Chefe de Polícia forneceu à imprensa a seguinte nota: Regressando da reunião realizada hoje pela manhã no Palácio Guanabara, o Sr. Ministro da Justiça declarou aos representantes da Imprensa acreditados junto ao seu gabinete que acabava de ser promulgada a nova Constituição da República, que ainda hoje será publicada. Ipso facto acham-se dissolvidos o Senado e Câmara Federais, bem como as Assembléias Legislativas dos Estados e as Câmaras Municipais. Às primeiras horas da tarde, foi dado igualmente, conhecimento aos jornais do seguinte telegrama-circular remetido pelo Sr. Ministro da Guerra, general Gaspar Dutra, aos Comandantes das Regiões Militares: Urgentíssimo - N. 1.352 - Acaba ser decretada nova Constituição Federal (vg) assinada pelo Presidente da República e por todo o Ministério (pt) Entrará em vigor desde já (pt) Segue Proclamação dirigida ao Exército pelo Ministro da Guerra (pt) Absoluta calma nesta Capital e em todo o país (pt) Saudações (a.) General Eurico Dutra - Ministro da Guerra." A Nação, 11 de novembro de 1937. "A convite do Sr. Francisco Campos, ministro da Justiça, estiveram, ontem, no seu gabinete, os diretores de todos os jornais cariocas. O titular da Justiça declarou aos diretores de jornais que o governo desejava a colaboração da imprensa na organização do Estado novo, lembrando para isso a constituição de um Conselho de Imprensa através do qual pudessem se entender os poderes públicos e os jornalistas. Está marcada para hoje, na ABI, uma reunião dos diretores de jornais para o exame das sugestões do ministro da Justiça. Por decreto de ontem do presidente da República, foi nomeado interventor no Estado do Rio de Janeiro, o capitão Ernani Amaral Peixoto. S. Ex prestará compromisso, hoje, às 11 horas, no Ministério da Justiça e tomará posse às 15 horas, no Palácio do Ingá. O embaixador Mario de Pimentel Brandão, ministro das Relações Exteriores, reuniu, ontem, no Palácio Itamaraty, os chefes de missões diplomáticas acreditadas junto ao nosso governo, aos quais fez a seguinte exposição: Acredito que todos tenham lido nos jornais as notícias dos últimos acontecimentos. Entendi o, comiudo, do meu dever convoca-los a fim de prestar-lhes mais alguns esclarecimentos e responder a quaisquer perguntas que entendam de formular. (...) Desde 1934, éramos regidos por uma Carta política que não mais respondia ao espírito da nossa época. Essa carta restringia o poder do presidente da República, quando, no mundo interno, o poder executivo tem sido reforçado. A experiência mostrou que se tornara difícil o exercício do poder, sobretudo quando as atividades comunistas se concentraram no Brasil e produziram conseqüências que são de todos conhecidas. Em novembro de 1935, acontecimentos sangrentos se produziram na Capital e nos Estados do norte do país. O espírito político, a habilidade e o tacto do presidente da República encaminharam as coisas de modo em poucos meses tudo se pôde normalizar. E nessa convicção se abriu a campanha presidencial. E então notou-se que elementos agitadores se imiscuíam e se infiltravam nos dois campos opostos, aproveitando da circunstância da luta eleitoral, de mais a mais acirrada, desde que não fora possível concentrarem-se as facções em torno de um único candidato. Ao meio da luta, chegaram ao governo provas convincentes de que estávamos em vésperas de um grande abalo político de conseqüências impossíveis de prever. Apesar disso o governo não poupou esforços, através de todos os meios, pelos conselhos de prudência e sabedoria a fim de encaminhar as forças políticas para um terreno de conciliação. Tudo, porém foi em pura perda. E à proporção que falhavam essas tentativas patrióticas, o presidente da República recebia de todos os cantos do Brasil manifestações inequívocas de que se fazia em torno dele, por ele e para ele, um movimento que congregava a totalidade da opinião sã do país, e lhe pedia uma solução para a crise manifesta. Depois de um longo e demorado exame da situação, durante o qual ouviu figuras representativas das forças vitais da nacionalidade, foi que o presidente decidiu a decretar a nova Carta política, para atender ao apelo da Nação. Creio que cada um dos srs. chefes de missão pôde verificar que, de fato, a atitude de calma e de confiança do País, nesta Capital e nos Estados, demonstra que o ato do presidente da República respondeu plena e auspiciosamente aos anseios do povo brasileiro. Tendo promulgado uma nova Constituição, de modo a não atingir nem à Democracia e nem ao sistema representativo, o governo tem como base a sua política de realizações, para a qual espera a colaboração das nações amigas, com cuja simpatia e amizade conta inalteravelmente. (...)" Diário de Notícias, 12 de novembro de 1937. “Regressando da reunião realizada hoje pela manhã no Palácio Guanabara, o Sr. ministro da Justiça declarou aos representantes da Imprensa acreditados junto ao seu gabinete que acabava de ser promulgada a nova Constituição da República, que ainda hoje será publicada. Ipso facto acham-se dissolvidos o Senado e as Câmaras Federais, bem como as Assembléias Legislativas dos Estados e as Câmaras Municipais. Às oito horas da noite o Presidente da República falará à Nação pelo rádio. (...)”. Acaba de ser fornecida à Imprensa, para conhecimento do povo, cópia da nova Constituição promulgada para o Brasil em reunião realizada pelo Ministério, sob a presidência do Sr. Getúlio Vargas, esta manhã, conforme nota que divulgamos. Recebemos do Gabinete do Chefe de Polícia a seguinte nota: A nova Constituição foi promulgada. A transformação se operou de modo pacífico, e teve por fim assegurar a paz à Nação. A Constituição será submetida a plebiscito nacional. A nova Constituição assegura, de modo mais completo, a autoridade da União e arma o Governo de meios normais de defesa da Ordem. Haverá Parlamento e um Conselho Consultivo de Economia Nacional. São garantidos todos os direitos e contratos." Diário da Noite, 10 de novembro de 1937. AS MANCHETES Em virtude das resoluções tomadas ontem pelo governo foram também dissolvidos a Câmara e Senado Federais, assim como Assembléias dos estados e as Câmaras Municipais. Todos os governadores com exceção dos Srs. Lima Cavalcanti e Juracy Magalhães, solidários com o presidente da República. Falam ao País e ao Exército o presidente da República e o ministro da Guerra. Assumiram os governos da Bahia e Pernambuco os coronéis Villanova e Fernando Dantas. (A Nação) Brasileiros A Defesa Social Brasileira é um novo Arraial do Bom Jesus erigido como baluarte do Brasil contra a invasão vermelha. Nenhum patriota poderá ficar alheio ao seu grande apelo. Alistai-vos (A Nação) A Constituição hoje promulgada criou uma nova estrutura legal, sem alterar o que se considera substancial nos sistemas de opinião: manteve a forma democrática, o processo representativo e a autonomia dos Estados, dentro das linhas tradicionais da federação orgânica (do discurso do Presidente Getúlio Vargas) (A Nação) A Constituição Federal Promulgada - Tradições que permaneceram das Constituições de 1824 e 1936. Democracia, representação popular direta e indireta. Inexistência de qualquer preconceito. Manutenção do hábeas corpus. Irretroatividade das leis. Paz, Justiça e Trabalho (A Nação) Acaba de Ser Promulgada, Em Reunião No Ministério, Nova Constituição Para A República (Diário da Noite) A atmosfera de tranqüilidade e de confiança em que se operou a transformação do regime é a melhor prova de que o ato do governo não foi mais do que a sanção de um decreto do Povo. - Francisco Campos - (Diário da Noite) Haverá parlamento no regime da nova Constituição - Prorrogado o mandato presidencial até a renovação do plebiscito - Seis anos, o novo período presidencial - As candidaturas - Garantidos todos os direitos e contratos. (Diário da Noite) CARNAVAL Neste ano por interferência do delegado Dulcidio Gonçalves (um capacho de Getulio) que mandou encerrar o desfile antes da hora já que era para desfilarem 32 escola e somente 16 haviam desfilado. Não puderam se apresentar entre as outras a campeã do ano anterior, a Unidos da Tijuca, e a Mangueira. O júri indicou como campeã a Vizinha Faladeira, que trouxe uma comissão de frente montada em cavalos. UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES No dia 13 de agosto de 1937, na Casa do Estudante do Brasil no Rio de Janeiro, o então Conselho Nacional de Estudantes conseguiu consolidar o que já havia sido tentado diversas vezes sem sucesso: a unificação dos estudantes na criação de uma entidade máxima e legítima. Desde então, a UNE começou a se organizar em congressos anuais e a buscar articulação com outras forças progressistas da sociedade. A UNE já nasceu como uma das principais frentes de combate ao avanço das idéias nazi-fascistas no país durante a Segunda Guerra Mundial. Os estudantes organizados também promoveram, em 1947, um dos mais importantes movimentos de opinião pública da história brasileira: a campanha “O Petróleo é nosso”, série de manifestações de cunho nacionalista em defesa do patrimônio territorial e econômico do país, que resultou na criação da Petrobrás. Durante os anos 50, houve muita disputa pelo poder na entidade, um embate diretamente ligado aos principais episódios políticos do país como a crise política do governo Vargas que levaria ao suicídio deste presidente em 1954. Após o governo de Juscelino Kubitschek, foram eleitos Jânio Quadros e João Goulart. Nesse período a União Nacional dos Estudantes e outras grandes instituições brasileiras formaram a Frente de Mobilização Popular. A UNE defendia mudanças sociais profundas, dentre elas, a reforma universitária no contexto das reformas de base propostas no governo Jango. A partir do golpe de 1964, tem início o regime militar e a história da UNE se confunde ainda de forma mais dramática com a do Brasil. A ditadura perseguiu, prendeu, torturou e executou centenas de brasileiros, muitos deles estudantes. A sede da UNE na praia do Flamengo foi invadida, saqueada e queimada no dia 1º de Abril. O regime militar retirou a representatividade da UNE por meio da Lei Suplicy de Lacerda e a entidade passou a atuar na ilegalidade. As universidades eram vigiadas, intelectuais e artistas reprimidos, o Brasil escurecia. Apesar da repressão, a UNE continuou a existir nas sombras da ditadura, em firme oposição ao regime, como célebre passeata dos Cem Mil no Rio de Janeiro em 1968. A entidade foi profundamente abalada depois da instituição do AI-5 e das prisões do congresso de Ibiúna. Mesmo assim, o movimento estudantil continuou nas ruas, como nos atos e missa de 7º dia do estudante da USP, Alexandre Vannucchi Leme, e organizando protestos por todo o Brasil reivindicando mais recursos para a universidade, defesa do ensino público e gratuito, pedindo a libertação de estudantes presos do Brasil. Em 1979, a partir da precária reorganização da UEE-SP, iniciou-se a reconstrução da UNE no célebre Congresso de Salvador. Em 1984, a UNE participou ativamente da Campanha das "Diretas Já" e apoiou a candidatura de Tancredo Neves à Presidência da República. Com a força recuperada, o movimento estudantil, representado pela UNE e pela UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), foi o primeiro a levantar a bandeira pela ética na política em 1992, durante as manifestações pró-impeachment de Fernando Collor. Milhares de estudantes “caras-pintadas” influenciaram a opinião pública com a campanha “Fora Collor” e pressionaram o ex-presidente à renúncia. Durante o governo Fernando Henrique Cardoso, a União Nacional dos Estudantes se manteve firme e denunciou o ataque neoliberal ao país, repudiando as privatizações, os privilégios ao capital estrangeiro e o descaso com as políticas sociais e com a educação. Os estudantes tiveram papel marcante nos anos FHC sempre defendendo o ensino público de qualidade e democrático. A eleição de Lula em 2002 teve o apoio da União Nacional dos Estudantes, após um plebiscito promovido das universidades. Com uma postura independente, mas alinhada às iniciativas de mudança em relação ao neoliberalismo. Desde o início do governo, a entidade se mobilizou pela substituição do Provão por um novo modelo de avaliação das universidades e levantou os debates sobre a reforma universitária, participando ativamente no debate do projeto sobre os rumos da universidade brasileira, e ainda, de punhos erguidos para alterar a cara de nossas universidades: investindo da educação pública e regulando o setor privado. EVENTOS: • Carnaval - A Vizinha Faladeira vence pela primeira e única vez o desfile das escolas de samba do carnaval carioca. • Em 13 de Agosto e fundada a União Nacional dos Estudantes • É fundada em 17 de agosto, Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil a Sociedade de Filosofia Transcendental - Escola de Iniciação Cristã, hoje denominada Igreja Cristã Primitiva. • Manuel Teixeira Gomes publica Miscelânea • É organizado, pela CBD, o 1o Campeonato Inter-regional de futebol no Brasil, vencido pelo Clube Atlético Mineiro. • A equipe de futebol do Siderúrgica, de Sabará, ganha o campeonato mineiro. NASCIMENTOS: • 6 de Março - Valentina Tereshkova, primeira cosmonauta russa • 22 de Abril - Jack Nicholson, ator norte-americano. • 4 de Junho - Hugo Carvana, ator e diretor brasileiro • 11 de Junho - Carlos Eduardo Dolabella, ator brasileiro. • 17 de Junho - Clodovil Hernandes, estilista e apresentador de TV brasileiro • 6 de Agosto - Baden Powell de Aquino, músico brasileiro . • 13 de Setembro - Joel Nascimento, músico brasileiro • 1 de Novembro - Milton José Pinto, doutor em Comunicação e professor brasileiro • 16 de Dezembro - Giulio Massarani, professor de engenharia química ítalo-brasileiro. • 17 de Dezembro - Jaime Lerner, político e arquiteto/urbanista brasileiro. FALECIMENTOS • 4 de Maio - Noel Rosa, compositor. • 15 de Outubro - Dom José Marcondes Homem de Melo, bispo brasileiro. 1938 POLITICA Além do golpe da Constituição e a implantação do Estado Novo, Getulio Vargas traiu o povo e perseguiu os Integralistas. Para que se conheça um pouco desta agremiação, transcrevo a carta de Plínio Salgado principal líder do movimento integralista, endereçada a Getulio Vargas. O INTEGRALISMO DEPOIS DE 10 DE NOVEMBRO ENGANADOS, MAS FIÉIS A PALAVRA DADA. A maior de todas as surpresas que tive em 10 de Novembro foi o discurso de V. Exª. Nessa noite fiquei completamente convencido de fôramos enganados, desde o primeiro dia. Não houve uma palavra de carinho para o Integralismo ou para os Integralistas. Entretanto, era um movimento e eram homens que tudo fizeram pela Nação e que sempre foram leais para com V. Exª. nos momentos os mais difíceis. Por todo o país, ouvindo o rádio, um milhão e meio de brasileiros considerava o fato amargamente. Apressai-me, leal à palavra empenhada, em extinguir a feição política da “Ação Integralista Brasileira”. O único partido nacional, o único que estava em consonância com o proclamado corporativismo do Estado Novo, era paradoxalmente o ÚNICO que vinha espontaneamente declarar-se extinto, para só viver como sociedade cultural, esportiva e beneficente. Isso antes de qualquer lei, de qualquer decreto... O Integralismo iria continuar, sob essa forma, conforme lhe prometeram os responsáveis pela situação, prestando os serviços que só ele até então tinha prestado ao país. Eu não supunha, porém, que o que se arquitetava contra o Integralismo era tão grande. Logo os jornais, havendo censura oficial, começaram a atacar-me, a ridicularizar o movimento integralista. Alguns diretores de jornais informavam-me que recebiam ordens de autoridades para abrir fogo contra nós. LOUVORES QUE NÃO HONRAM E CAMPANHA QUE NÃO DIGNIFICA Em todas as rodas de políticos da cidade só se falava, então, do “tombo” que V. Exª. nos dera; no novo “pirarucu” que V. Exª. pescara; na rasteira que V. Exª. passara no Integralismo, como se tais proezas atribuídas a um homem que todos brasileiros devem olhar como honrado, dedicando-lhe todo o respeito, não ferissem mais a V. Exª. do que ao Integralismo. Houve mesmo uma palestra assistida por pessoa que os comensais não sabiam integralista, em que um dos diretores de uma Companhia, de que o Ministro da Justiça fora advogado, afirmava haver sido eu chamado pelo Dr. Campos, o qual me impusera (isso logo no dia 10 de Novembro) o fechamento imediato do integralismo. Essa conversa deixou-me bem claro o projeto que se continha no meu chamado na manhã de 10, de improviso convertido em um pedido de noticia no “O Povo”. A censura de imprensa começou a dar ordens que mais parecem de inimigos de V. Exª. Proibiu a publicação do meu nome muitas vezes ou em tipo que ultrapassasse o tamanho indicado; proibiu elogios literários sobre livros de minha autoria; proibiu que se dissesse que fundei o Integralismo, ou que fiz campanha nacionalista; proibiu que se usassem as palavras Integralismo, Integralista, Integral, etc. Fomos, desde o primeiro dia do golpe, tratados como inimigos. Já não quero falar a V. Exª. o que se passou nos Estados, antes mesmo do nosso trancamento oficial. Meus retratos foram destruídos por esbirros, meus companheiros presos e espancados, sendo numerosíssimos os telegramas que ao Dr. Campos foram apresentados, relativos as mais inomináveis violências em todos os pontos do país, onde os Governadores irritados com o estado novo ao qual aderiram por interesses pessoais, vingavam-se nos integralistas, apontados como sustentáculos de V. Exª. FASCISMO CONTRA INTEGRALISMO Assim passamos angustiadamente até 19 de Novembro. Tive noticias de que nesse dia seriam lançadas as “legiões” iguais aquelas kakis, de tentativa fascista de outros tempos. Mas, não sei por que motivo, talvez devido à copiosa chuva, não fomos pelo fascismo governamental esmagados e substituídos nesse dia. No dia 20, o General Góis Monteiro pediu-me para chegar até sua residência. Lá, fez-me veemente apelo para que eu não fechasse o integralismo, dizendo-me mesmo que tal medida seria desastrosa para o Brasil. Dizia-me que o Integralismo já havia cumprido uma grande missão e agora tinha de cumprir outra. Essa ultima era a de manter uma sagrada mística onde tudo era interesse e hipocrisia. Elogiou as intenções de V. Exª., mas lamentou que os políticos estivessem estragando tudo. Disse que o destino do Brasil muito dependia do Integralismo. Em seguida insistiu para que eu falasse imediatamente ao Ministro da justiça, Dr. Campos, e, indo ao telefone, marcou o encontro. Foi isso exatamente na ocasião em que V. Exª. designava nova entrevista que desejava ter comigo e que seria dessa vez em Petrópolis. PROMESSA QUE NÃO FOI CUMPRIDA; AFLIGEM-SE OS GENERAIS GOIS MONTEIRO E NEWTON CAVALCANTI. O Dr. Francisco de Campos disse-me logo de inicio da conversa, que a colaboração pessoal minha no Governo de V. Ex.ª dependia, preliminarmente, do fechamento do Integralismo, pois no Estado Novo, só haveria o partido do Governo. Respondi-lhe que já havia fechado o partido político, porém que, de acordo com o combinado, ficava aberta sociedade civil “Ação Integralista Brasileira”, de fins culturais e educacionais. A esta altura da minha carta, lembro-me, Sr, Presidente, de que na manha do dia 10 de Novembro, quando fui chamado pelo ministro da Justiça, Dr. Campos, para receber a encomenda de uma noticia de imprensa, eu lhe perguntei ao despedir-me, já de pé, se na nova Constituição tinha sido incluída alguma disposição dentro da qual ficasse assegurada a existência da “Ação integralista Brasileira” como sociedade civil, ao que ele me respondeu prontamente que sim. Agora, eu apelava para a afirmativa do Sr. Ministro, ao que ele retrucava que era uma exigência de V. Ex.ª o nosso fechamento. Eu disse, então, ao Ministro Campos, que se o fechamento da Ação integralista Brasileira também como sociedade civil, e não só como partido, era inevitável, então que partisse do próprio governo, pois essa deliberação jamais partiria de mim porque a minha dignidade não o permitia. Foi esse o pensamento que ele levou a V. Ex.ª. Abalado por tão imprevistos acontecimentos, julguei um dever comunicar o fato ao General Góis Monteiro, que apelara para mim no sentido de que eu não fechasse o Integralismo, e ao General Newton Cavalcanti que prometera ser o advogado dos Integralistas. O General Góis Monteiro, relembrando os serviços que o Integralismo prestara ao Exército e expondo com muita clarividência a sua crítica sobre a situação do país, prometi falar com o Sr. Presidente da república, demonstrando a V. Ex.ª a extrema gravidade que representava para o exército e o País o fechamento do Sigma naquela ocasião. Quanto ao General Newton Cavalcanti tão profundamente chocado ficou com a noticia contrária ao que V. Ex.ª lhe assegurara que, já noite, debaixo de um forte temporal, saiu da Vila Militar para a cidade, a fim de se entender com o Sr. Ministro da Guerra, pedindo-lhe que se dirigisse a V. Ex.ª. O MINISTRO CAMPOS OFERECE-ME DINHEIRO No dia seguinte, estive novamente com o Ministro Francisco Campos, que já havia estado com V. Ex.ª e que me informou da resolução de V. Ex.ª de baixar um decreto fechando todos os partidos políticos, inclusive o Integralismo, que não poderia funcionar, mesmo como sociedade civil sem as características do partido. Reclamei, então, veemente, contra isso dizendo ao Dr. Campos que tal medida nos deixaria numa situação dificílima, pois a Ação Integralista Brasileira tinha relações civis e comerciais, com responsabilidades para com terceiros, tinha dividas, inclusive a relativa ao empréstimo do Sigma de milhares de contos, tinha ambulatórios médicos, lactários, escolas, bibliotecas, jornais e revistas. Seria uma calamidade e nós não mereceríamos isso, pois não praticamos nenhum crime para sermos tratados dessa maneira. O Sr. Ministro da Justiça respondeu-me que esses prejuízos financeiros o Governo poderia pagar porque tinham sido despesas feitas com obras DE BENEMERÊNCIA. Eu lhe respondi que a dignidade do Integralismo não permitia que aceitássemos a oferta, pois daríamos a impressão de haver transacionado o nosso apoio ao governo. Encerrando a conversa, o Ministro disse que iria estudar o caso. O PRESIDENTE ENCONTRA-SE COMIGO NO LUGAR DE COSTUME Foi depois disso que estive com V. Ex.ª, novamente, em casa do Dr. Renato da Rocha Miranda. Depois de palestrarmos sobre vários assuntos, V. Ex.ª me declarou que iria baixar um decreto fechando todos os partidos e eu tive de concordar com essa providencia, porque assim deveria ser pela Constituição do Estado Novo. Falei então, a V. Ex.ª que, a “Ação integralista Brasileira” já não seria atingida pelo decreto, porque deixara de ser partido, desde o dia 11 de novembro, e que ela deveria apenas continuar como sociedade cultural, educacional, esportiva, e beneficente, em que porventura se transformassem os partidos, teriam de mudar de nome. Dignando-se V. Ex.ª transmitiu-me essas informações, reiterou o convite que anteriormente me fizera para ocupar o lugar de Ministro da Educação em seu governo. Eu procurei mostrar a V. Ex.ª como a proibição, de chofre, dos gestos, uniformes e distintivos integralistas, iria ferir profundamente a massa de mais de um milhão de brasileiros que me acompanhava. Lembrei a V. Ex.ª que os nossos inimigos eram justamente aqueles que nos odiaram por verem em nós o sustentáculo do Poder Central e que, agora, esses homens tendo aderido hipocritamente ao Estado Novo e não se conformando, no intimo, com a situação, iriam vingar-se nos integralistas,uma vez que não tinham hombridade para lutar contra o Presidente da Republica. Falei a V. Ex.ª das grandes opressões que os integralistas já estavam padecendo antes mesmo do fechamento do Sigma e do quanto iriam sofrer de autoridades covardes que exorbitariam na ocasião do trancamento das sedes municipais. Pedi a V. Ex.ª, em nome dos serviços que prestáramos na luta contra o bolchevismo, na sustentação da autoridade do Presidente da República, no combate ao regionalismo separatista e, em nome dos mártires que já contávamos que a “Ação integralista Brasileira”, embora fechada como partido pudesse continuar a viver como sociedade civil, sem que, portanto, fosse preciso o encerramento das sedes nacionais, estaduais e municipais, que ocasionaria tropelias e barbaridades em todo território da republica. A esse apelo, V. Ex.ª, atendendo-me, prometeu que falaria com o Ministro da Justiça, a fim de que combinasse ele comigo as instruções que eu julgasse necessárias, de modo a evitar maiores aborrecimentos aos integralistas. Diante disso, para demonstrar a V. Ex.ª a minha boa vontade esquecendo todos os dissabores dos últimos dias, prometi que, logo que saísse o decreto fechando os partidos políticos e desde que, pelo seu texto, os integralistas verificassem que continuavam a sua obra patriótica, eu reuniria as personalidades de mais projeção do integralismo e as consultaria sobre o convite que me era feito para colaborar como Ministro de V. Ex.ª. O GENERAL NEWTON CAVALCANTI, FIADOR DA PALAVRA ALHEIA, PEDE DEMISSÃO. Nos dias que se seguiram, no que me parece, os Generais Góis Monteiro e Newton Cavalcanti deram alguns passos junto ao Ministro da Guerra, em continuação às providencias que estavam tomando anteriormente, no sentido de obterem de V. Ex.ª o não fechamento do Integralismo como sociedade civil. Isto suponho, porque o General Góis Monteiro teve a bondade de me procurar em minha casa para me fazer a comunicação de que esgotara todos os argumentos a nosso favor, porém não pudera evitar o nosso fechamento. Quanto ao General Newton Cavalcanti, tive conhecimento (e toda a população do Rio de Janeiro) de uma longa carta que ele endereçou ao Sr. Ministro da Guerra, pedindo demissão do Comando da Vila Militar, por não concordar com a providencia que nos atingia, em desacordo com a palavra em contrário que se lhe havia dado. Logo depois, saia o decreto. E eu não fui ouvido pelo Ministro da justiça, conforme ficara combinado com V. Ex.ª. DESENCADEIA-SE A PERSEGUIÇÃO AOS INTEGRALISTAS. Não se descreve o que se passou no país, Sr. Presidente. As maiores tropelias e violências foram praticadas. Centenas de sedes foram depredadas. O meu retrato arrastado para as ruas e queimado. Numerosas prisões efetuadas. Homens e mulheres espancados barbaramente. Domicílios particulares invadidos e saqueados. Houve um caso até (no Paraná) de incêndio na casa de um médico, chefe integralista municipal, enquanto este se encontrava encarcerado. Os relatórios que possuo são deprimentes para os esbirros estaduais. Era o ódio recalcado dos próprios inimigos de V. Ex.ª (separatistas e comunistas) desforrando-se naqueles que pregaram a unidade da Pátria, o prestigio do Poder Central e as doutrinas corporativistas agora de certa forma adaptadas pelo Estado Novo. Foi proibida a revista “Anauê”, que se publicava nesta capital, havendo ameaça de fechamento dos nossos jornais. Em diversos Estados foram apreendidos, nas livrarias, livros de autores integralistas. No Estado do Rio chegaram até a confiscar os livros de minha autoria que nada tinham a ver com o Integralismo: romances, ensaios, literatura em geral, com prejuízos financeiros para os meus editores e para mim particularmente. A onda de ódio desencadeou-se violenta por todo o país com ameaças tremendas, vexames de toda espécie e brutalidades indescritíveis. AS CONSEQÜÊNCIAS FATAIS Encontro-me hoje, Sr. Presidente, na mais dolorosa das situações a que um homem de bem, pelo seu patriotismo, pela sua desambição, pela sua lealdade e pela sua dignidade poderia ser levado. As autoridades exigem de mim duas coisas que se repelem, duas coisas que constituem o impossível: Que eu não me considere mais “Chefe Nacional” dos Integralistas; Que eu lhes de ordens, que seja obedecido e que responda por todos eles; As autoridades exigem também outro absurdo da massa integralista, pela imposição de duas exigências contraditórias: Que se acabe definitivamente com a “mística”, isto é, com o uniforme, os símbolos, a saudação, os distintivos, o nome “Integralista” e a palavra “Integralismo”, o respeito ás ordens do Chefe, porque o governo não quer que exista mais Chefe para os mesmo Integralistas; Que essa massa, sem mística, sem características, sem disciplina e sem chefe, tenha um procedimento uniforme e responda coletivamente por atos isolados de qualquer de seus membros. A tentativa que fiz para organizar uma sociedade (“Associação Brasileira de Cultura”), não logrou êxito no Ministério da Justiça onde os papeis se arrastam há dois meses. Muitos Integralistas, aliás, não se conformam com outras denominações e não querem abrir mão das exterioridades do seu culto cívico. Outros revoltados diante da campanha dos jornais esquerdistas (em plena vigência da censura) contra o Integralismo, desgarram-se dos quadros disciplinadores do antigo movimento, ligando-se a políticos liberais por não acreditarem na sinceridade do Governo. Vários companheiros têm morrido sob maus tratos policiais. Diante de tudo isso, que devo fazer? Cerca de cinco mil integralistas passaram, em sucessivas comissões, pela minha residência, por ocasião do Natal e do Ano Bom. A esses falei e aconselhei. Mas o Rio tem dezenas de milhares de integralistas e o Brasil centenas de milhares. Que estarão fazendo? As cartas que recebo revelam um estado de animo estranhamente tenso. O Comandante Américo Pimentel, da Casa Militar de V. Ex.ª, vindo cumprimentar-me em nome de V. Ex.ª na passagem daquelas datas festivas, foi algumas vezes testemunha de meus esforços pacificadores. Indague V. Ex.ª, por exemplo, de pessoas que lhe merecem crédito, como o Dr. Renato Rocha Miranda, Dr. Amaro Lanari, Dr. Belisário Pena, o General Vieira da Rosa, o Dr. Rocha Vaes, o Dr. Gustavo Barroso, sobre o quem tem sido a minha ação, desde o fechamento do Integralismo, a acalmar exaltado, a descobrir grupo que cometam ou despertam ou se desesperam, reduzindo-os à disciplina a fim de evitar que façam loucuras. O Integralismo, arrebentadas as comportas da hierarquia, a través da qual chegava, de chefe em chefe, a minha palavra é hoje uma ebulição que se pode tornar incontrolável. Entre as coisas que mais amargam essa massa, cumpre notar a inexistência, nestes dias, da menor palavra do Governo, que tanto deve ao Integralismo e que no Integralismo sempre reconheceu um movimento que tudo sacrificou pela grandeza da Pátria, sem nada haver pedido em troca. A coletividade integralista só tem recebido asperezas, remoques, ironias, perseguições injustificadas, não só de certa imprensa como mesmo de algumas autoridades superiores do país. E que crime praticou o Integralismo? Os argumentos que se usam contra nós são os mais absurdos e irrisórios. Afirma-se que devemos estar satisfeitos porque nossas idéias estão triunfantes e que, por isso, qualquer atitude de desgosto só pode revelar ambição pessoal. Mas ao mesmo tempo, autoridades policiais proíbem a palavra “integralismo”, proíbem que os jornais nossos se refiram à obra realizada por nosso movimento no país, permitem que sejam feitos contra nós ataques em certa imprensa até há pouco reconhecidamente bolchevista e, em todos os quadrantes do país, as autoridades, invertendo a realidade, nos chamam de “extremismo de direita” e ao Estado Novo de “defensor da democracia”... Nos meios políticos e em algumas esferas governamentais sempre fomos maltratados desde o dia 10 de Novembro. E quando se esgotaram todos os recursos para nos levarem ao desespero, começaram a fantasiar as mais ridículas conspirações, que se nos atribuíam, seguidas de prisões as mais injustas. As tropelias policiais em lares humildes são freqüentes e cruéis, com espancamentos e torturas que se produzem. Numerosas famílias estão privadas de seus chefes. Criou-se uma atmosfera de animosidade e desconfiança e desconfiança, dentro da qual se pretende asfixiar os Integralistas. Essa é a situação que precisa ser encarada com o maior realismo e o mais alto patriotismo por todos nós. CONCLUSÃO De minha parte, nos superiores interesses do Brasil, estou sempre disposto a procurar fórmulas salvadoras e dignas. É com esse estado de espírito que me dirijo a V. Exª. antes de um novo encontro pessoal, por meio desta carta que constitui um documento que lego à história do Brasil, mostrando a elevação de vistas, o desinteresse pessoal, o conciliador patriotismo e a firme dignidade com que me portei nestes dias que considero os mais tristes de minha vida toda, dedicada ao serviço da minha Pátria. Falei nestas linhas, francamente, confiadamente, sem nenhuma restrição mental a V. Exª., como um bom brasileiro deve falar ao Chefe de sua Nação. Penso que esta questão do Integralismo precisa ser colocada no terreno exclusivo da confiança e lealdade. É o que faço. E V. Exª. agora, sabedor do motivo porque ainda não aceitei o convite de V. Exª. para seu Ministro, poderá concluir em que setor do Governo e de que maneira poderíamos trabalhar com dignidade pela grandeza do Brasil. (a) Plínio Salgado. Rio de Janeiro, 28 de Janeiro de 1938. CARNAVAL Foram proibidos pelo regulamento carros alegóricos e temas que não fossem nacionais. Esta proibição só foi extinta no ano de 1997. Neste ano a comissão julgadora não apareceu. As escolas desfilaram mas não houve vencedores. Embora 35 escolas de samba tenham se inscrito e desfilado, não houve julgamento pois três dos quatro julgadores não compareceram ao evento devido aos temporais daquela noite. FUTEBOL Na III Copa, na França, não foram os franceses que brilharam, e sim os italianos que foram novamente campeões. Com a participação de 15 seleções, a III Copa seguiu o modelo da anterior, com jogos eliminatórios desde a fase das oitavas-de-final, realizados em nove cidades. O Brasil teve a sua melhor participação no torneio graças ao talento de Leônidas da Silva, Tim e outros craques, chegaram as semifinais, mas perdeu de 2 X 1 para a Itália, que sagrou-se campeã. CURIOSIDADES EVENTOS: • 3 de janeiro - Getúlio Vargas cria o programa oficial de rádio, A Hora do Brasil. • 25 de março - as indústrias Krupp, da Alemanha, firmam contrato para fornecimento de grande quantidade de material bélico ao Brasil. • 11 de maio - ataque Integralista ao Palácio Guanabara (na época, residência presidencial do Brasil) no Rio de Janeiro, RJ • 4 de junho - começa a III Copa do Mundo de Futebol, na França. Campeão: Itália. • 23 de julho - inaugurado o Túnel Nove de Julho na cidade de São Paulo, SP • 28 de julho a 29 de julho - reunião em Montevidéu, capital do Uruguai, dos chefes de missões diplomáticas alemãs no Brasil, Argentina, Uruguai e Chile para analisar a situação e forma de atuação política da Alemanha Nazista na América do Sul. • 29 de setembro - Adolf Hitler, Neville Chamberlain, Edouard Daladier e Benito Mussolini assinam o Acordo de Munique • 30 de outubro - primeira transmissão da fatídica versão radiofônica produzida por Orson Wells do clássico de ficção científica, A Guerra dos Mundos. Nos EUA • 9 de dezembro - instala-se em Lima, capital do Perú, a III Conferência Internacional Americana. • 17 de dezembro - fundação da cidade de Delfim Moreira no estado de Minas Gerais, MG • 24 de dezembro - inaugurada oficialmente a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, RJ. LEMBRANÇAS: Neste ano no dia 13 de Julho nascia minha irmã Marilda NASCIMENTOS: • 5 de Janeiro - Rei D. Juan Carlos de Espanha. • 16 de Janeiro - Jô Soares, humorista, escritor e apresentador de televisão brasileiro. • 28 de Janeiro - Raul Gil, apresentador de televisão brasileiro • 26 de abril - Elisa Vianna Sá, médica sanitarista brasileira. • 3 de Maio - Agnaldo Rayol, cantor brasileiro. • 22 de Outubro - Juca Chaves, humorista, compositor, escritor e cantor brasileiro. • 26 de Novembro - Tina Turner, cantora Americana, em Brownsville. • 14 de Dezembro - Leonardo Boff, teólogo brasileiro. FALECIMENTOS: • 28 de Julho - Virgulino Ferreira da Silva, o cangaceiro Lampião. • 28 de Julho - Maria Bonita, mulher do cangaceiro Lampião. 1939 LEMBRANCAS Os fatos que relato foram obtidos por conversas que tive com meus familiares que participaram da guerra e também obtidos com pesquisas por mim realizada. São poucas minhas lembranças deste período. Algumas tenho pequenas recordações como por exemplo as peladas que os moradores da vila disputavam aos domingos com moradores da redondeza. Outra que ainda tenho gravado era que as pessoas em quase todas as reuniões familiares comentavam as atrocidades que eram praticadas no interior do Pais pelo grupo de cangaceiros liderados por Lampião. Os comentários era temerosos, pois tinham receio de que os cangaceiros conseguissem chegar no Rio de Janeiro. HISTORIA Em 01-09-1939 teve início a segunda guerra mundial com a invasão da Polônia pela Alemanha. Getúlio Vargas declara que o Brasil se mantém neutro, em 02-09-1939 Outro fato ocorrido neste período e que Getulio tinha uma boa relação com o pessoal ligados ao Hitler e Mussolini e como ele não aceitava a política pregada por Luis Carlos Preste, mandou que prendessem a judia Olga, esposa de Prestes, e que a deportassem para a Alemanha, sabendo logicamente que ela seria colocada em um campo de concentração. Todos os atos e atitudes por ele, Getulio, que eram tomadas eram alicerçadas na Constituição Golpista por ele implantada. Países americanos assinam a Declaração do Panamá, de neutralidade, em 03-10-1939. CARNAVAL No inicio do ano a União das Escolas de Samba passa a se chamar União geral das Escolas de Samba. Fevereiro de 1939, a Portela é a grande sensação do desfile ao apresentar todos os seus componentes fantasiados de acordo com o enredo e ganha seu segundo titulo. A comissão julgadora, da qual participava Austraugesilo de Ataíde, desclassificou a Vizinha Faladeira por trazer um tema estrangeiro (“Branca de Neve e os Sete Anões”). CURIOSIDADES EVENTOS: Janeiro • 6 de janeiro - os EUA iniciam aproximação com o Brasil. O governo americano convida o chanceler brasileiro Osvaldo Aranha para uma entrevista pessoal com o presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt. • 21 de janeiro - descoberto do primeiro poço de petróleo no Brasil, no estado da Bahia • 8 de Janeiro - Estreia do Sport Lisboa e Benfica no Campeonato Nacional de Futebol da 1ª Divisão:Benfica 4 - Acadêmica de Coimbra 0. Fevereiro • 9 de fevereiro - Osvaldo Aranha, chanceler do Brasil, desembarca em Nova York, nos EUA, para uma entrevista com o presidente americano Franklin Delano Roosevelt. Março • 2 de Março - Pio XII é eleito o 261º papa, sucedendo ao Papa Pio XI. • 15 de março - Tropas nazistas invadem os territórios checos da Boêmia e Morávia. • 16 de março - Hitler proclama que "a Checoslováquia deixou de existir". • 28 de Março - As tropas de Francisco Franco conquistam Madrid, pondo fim à Guerra Civil Espanhola. Abril • 7 de abril - A Itália invade a Albânia. Junho • 27 de junho É criada a cidade de Canoas, (RS) Agosto • 23 de agosto - A Alemanha nazista e a URSS assinam um pacto de não agressão - o Pacto Ribbentrop-Molotov. • 24 de agosto - o presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt e o Papa Pio XII fazem um apelo à paz na Europa. • 25 de agosto - Polônia e Grã-Bretanha assinam um pacto de mútua cooperação militar. Setembro • 1 de Setembro - A Alemanha nazista invade a Polônia, dando início à Segunda Guerra Mundial na Europa. • 3 de Setembro - Inglaterra, França, Austrália, Índia e Nova Zelândia declaram guerra à Alemanha nazista. O Brasil se declara neutro. • 5 de setembro - Os EUA se declaram país neutro. • 10 de setembro - O Canadá declara guerra à a Alemanha nazista. • 13 de setembro - O primeiro-ministro francês, Edouard Daladier, realiza a primeira reunião dos seu gabinete de guerra. • 17 de setembro - O URSS invade e ocupa o leste da Polônia. • 23 de setembro a 3 de outubro - I Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores das Américas, na cidade do Panamá. • 27 de setembro - As tropas nazistas tomam Varsóvia, capital da Polônia e o governo polonês capitulam. • 28 de setembro - Os ministros Ribbentrop (da Alemanha) e Molotov (da URSS) se encontram para discutir a partilha da Polônia. Outubro • 14 de outubro - o couraçado britânico Royal Oak (Arca Real), símbolo do poder da marinha britânica, é afundado por um submarino alemão dentro da base naval de Scapa Flow, nas Órcades (Ilhas Orkney em inglês) na costa da Escócia. Novembro • 8 de novembro - Atentado contra Hitler na taberna Bürgerbraükeller em Munique. • 26 de novembro - A Finlândia recusa proposta da URSS de estabelecer bases militares em seu território. • 29 de novembro - Aviões soviéticos bombardeiam Helsinque, capital da Finlândia. • 30 de novembro - A URSS invade a Finlândia. Dezembro • 13 de dezembro - Batalha do Rio da Prata, o encouraçado-de-bolso alemão, Almirante Graf Spee, enfrenta 3 cruzadores britânicos, no litoral do Uruguai. • 14 de dezembro - a URSS é expulsa da Liga das Nações por sua agressão à Finlândia • 17 de dezembro - o encouraçado-de-bolso alemão Graf Spee é afundado por sua tripulação, após deixar o porto de Montevidéu. • Francisco Franco substitui Juan Negrín López como presidente do governo de Espanha e Manuel Azaña Díaz como chefe de estado. NASCIMENTOS • 6 de Julho - Thelma Reston, atriz brasileira • 23 de Junho - João de Jesus Paes Loureiro, escritor brasileiro. • 11 de Outubro - Maria Esther Bueno, tenista brasileira • 12 de Outubro - Fulvio Stefanini, ator brasileiro. FALECIMENTOS: • Alberto de Oliveira, poeta brasileiro. • 10 de Janeiro - Santino Maria da Silva Coutinho, bispo brasileiro. • 10 de Fevereiro - Papa Pio XI 260º papa. • 23 de Setembro - Sigmund Freud, psiquiatra, fundador da psicanálise. 1940 LEMBRANÇAS As pessoas muito comentavam sobre um malandro que vivia na Lapa que era homossexual, mas com sua valentia protegia as prostitutas e corria atrás dos rapazes com quem ele queria ter relações sexuais. Ai daquele que oferece resistência, pois alem de apanhar, corria o risco de ser cortado de navalha. A policia para socorrer as pessoas vitimas de Madame Satã, como ele era conhecido, normalmente ia em escoltas de 2 a 3 carros, pois o homem era bom na capoeira e não respeitava nem mesmo a policia. A abaixo transcrevo os dados do cara. João Francisco dos Santos (1900 - 1976), mais conhecido como Madame Satã, foi um capoeirista e performista noturno brasileiro. Viveu às margens da sociedade por ser negro e homossexual. Era frequentador assíduo do bairro da Lapa (reduto carioca da malandragem e boemia na década de 1930), onde muitas vezes trabalhou como segurança de casas noturnas. Cuidava das meretrizes para que não fossem estupradas e/ou agredidas por homens que freqüentavam a localidade. Os rapazes tinham verdadeiro pavor de passar poe aquele local e por isso preferiam frequentar a “Zona do Mangue”. Foi detido várias vezes e tendo estado no presídio da Ilha Grande. Faleceu logo após a sua última saída da prisão. No ano de 2002 foi rodado no Brasil um filme sobre a sua vida, que leva o também o nome de Madame Satã. Outra coisa de minha lembrança e que naquela epoca os pais amedrontavam seus filho dizendo que se ficassem na rua até mais tarde a DGI (Departamento Geral de Investigações) os prenderiam. A DGI possui viaturas que patrulhavam todos os bairros do Rio de Janeiro. Depois vieram os flamenguinhos e por fim a Radio Patrulha. Estas viaturas além de garantirem a segurança da população fiscalizavam se existiam crianças na rua após as 22 horas e também para prender malandros (pessoas que nao trabalhavam e viviam na vadiagem). Tanto a malandragem como a vadiagem era crime e se as pessoas ficassem na rua sem documentos, principlamente comprovando que trabalhassem, eram presas e fichadas na policia como vadios ou malandros. Foi neste ano no dia 30 de Setembro que nasceu meu irmão Ronaldo. CARNAVAL Neste ano as escolas foram proibidas de funcionar por causa de uma briga que feriu uma passista de uma escola. Depois de muitos protestos, que envolveram inclusive o cantor Francisco Alves, a proibição foi revogada. A escola de samba Vizinha Faladeira, em protesto pela desclassificação, passa por trás da comissão julgadora (que naquela época ficava em palanque). Os diretores da escola anunciam que a escola se retiraria do carnaval. “Um dia voltamos...”. A Estação Primeira de Mangueira vence o carnaval carioca, conquistando seu 4º título geral. HISTORIA Hitler declara guerra aos EUA, em 11-12-1940 - Segunda Guerra; a Alemanha ataca a Noruega e a Dinamarca, em 09-04-1940- formado o eixo Roma-Berlim-Tóquio, em 27-09-1940. A Alemanha ocupa o sul da França. CURIOSIDADES EVENTOS: Janeiro • 2 de janeiro - Segunda Guerra Mundial: a URSS inicia ofensiva no istmo da Carélia, na Finlândia. Fevereiro • 14 de Fevereiro - Segunda Guerra Mundial: A Grã-Bretanha anuncia que armará os navios mercantes no Mar do Norte. • 15 de fevereiro - Segunda Guerra Mundial: o Exército Vermelho rompe a Linha Mannerheim da defesa finlandesa. Março • 12 de março - Segunda Guerra Mundial: a Finlândia assina o armistício com a URSS. • 28 de março - Segunda Guerra Mundial: França e Inglaterra decidem que não concluirão, separadamente, armistícios. Abril • 9 de abril - Segunda Guerra Mundial: o exército nazista inicia a ocupação da Dinamarca e invade a Noruega. • 10 de abril - Segunda Guerra Mundial: primeira batalha naval entre britânicos e alemães em Narvik, porto do norte da Noruega. • 13 de abril - Segunda Guerra Mundial: segunda batalha naval de Narvik, na Noruega. • 14 de abril - Segunda Guerra Mundial: tropas britânicas desembarcam nas redondezas de Narvik, na Noruega. • 19 de abril - Segunda Guerra Mundial: tropas francesas desembarcam na Noruega. • 24 de abril - Segunda Guerra Mundial: o exército franco-britânico é derrotado na Noruega, em Lillehammer. Maio • 10 de maio - Segunda Guerra Mundial: a Alemanha invade a Bélgica, Holanda e Luxemburgo. • 10 de maio - Segunda Guerra Mundial: o Primeiro Ministro britânico, Neville Chamberlain, renuncia, e Winston Churchill assume o cargo. • 14 de maio - Segunda Guerra Mundial: a cidade portuária de Roterdã, na Holanda, é bombardeada pela Luftwaffe. 400.000 mortos. • 15 de maio - Segunda Guerra Mundial: a Holanda capitula. • 17 de Maio - Segunda Guerra Mundial: tropas alemãs ocupam Bruxelas, capital da Bélgica. • 27 de Maio - Segunda Guerra Mundial: o rei Leopoldo III, da Bélgica assina o armistício com a Alemanha nazista. • 27 de Maio - Segunda Guerra Mundial: Início da operação Dynamo. Junho • 3 de Junho - Segunda Guerra Mundial: os alemães bombardeiam Paris. • 4 de Junho - Segunda Guerra Mundial: Completada a retirada de Dunquerque. • 5 de junho - Getúlio Vargas aprova ampla colaboração militar entre Brasil e EUA. • 10 de Junho - a Noruega capitula. • 10 de Junho - Segunda Guerra Mundial: A Itália declara guerra à Inglaterra e França. • 10 de Junho - Segunda Guerra Mundial: o Brasil, ainda neutro, aceita encarregar-se dos interesses da Itália junto a Grã-Bretanha e colônias, o que desagrada os britânicos. • 10 de junho - o presidente dos EUA, Roosevelt, discursa na Universidade da Virgínia comprometendo-se a auxiliar os Aliados e a preparar os EUA para a guerra. • 11 de junho - Vargas pronuncia discurso a bordo do encouraçado Minas Gerais, que é considerado simpático ao fascismo. • 13 de junho - Vargas envia declaração às Agências de Notícias e ao governo dos EUA, afirmando que seu discurso não foi simpático ao fascismo e nem oposição ao discurso de 10 de junho de Roosevelt. • 13 de Junho - Segunda Guerra Mundial: Paris é declarada cidade aberta. • 14 de Junho - Segunda Guerra Mundial: tropas alemãs entram em Paris. • 14 de Junho - Segunda Guerra Mundial: governo brasileiro divulga nota reafirmando o alinhamento do Brasil aos EUA e as nações americanas, e a sua neutralidade na guerra. • 17 de junho - Segunda Guerra Mundial: o general Pétain, proclama-se Chefe de Estado da França e pede o armistício à Alemanha nazista. • 21 de junho a 30 de junho- realiza-se a II Reunião de Consulta dos Ministros de Relações exteriores das Américas, em Havana, Cuba. • 22 de junho - Segunda Guerra Mundial: a França de Vichy assina o armistício com a Alemanha nazista. Julho • 1 de julho - Segunda Guerra Mundial: instala-se na França, o Governo de Vichy. • 3 de julho - Segunda Guerra Mundial: a marinha britânica bombardeia e destrói a frota francesa estacionada em Mers-el-Kébir, na Argélia, matando 1300 marinheiros franceses. • 5 de julho - Segunda Guerra Mundial: a França de Vichy rompe relações diplomáticas com a Grã-Bretanha. • 10 de julho - Segunda Guerra Mundial: começa a Batalha da Grã-Bretanha. • 16 de julho - Segunda Guerra Mundial: Hitler ordena o início dos preparos para a invasão da Grã-Bretanha, a denominada Operação Leão do Mar. • 16 de julho - Letônia, Estônia e Lituânia, são proclamadas repúblicas soviéticas. Agosto • 3 de agosto - Segunda Guerra Mundial: a Itália inicia a ocupação da Somália Britânica. • 15 de agosto - Segunda Guerra Mundial: a Luftwaffe intensifica os ataques contra a Grã-Bretanha. • 20 de agosto - atentado na cidade do México contra o líder exilado da revolução bolchevique na Rússia, Leon Trotsky, que morre no dia seguinte. • 29 de agosto - Segunda Guerra Mundial: o governo de Vichy cria as Legiões Combatentes. Setembro • 3 de setembro - Segunda Guerra Mundial: os EUA iniciam a entrega de navios de guerra à Grã-Bretanha. • 13 de setembro - Segunda Guerra Mundial: a Itália invade o Egito. • 15 de setembro - Segunda Guerra Mundial: Japão dá ultimato à França pela seção das bases navais da Indochina. • 17 de setembro - Segunda Guerra Mundial: a Alemanha decide adiar a invasão terrestre da Grã-Bretanha. • 25 de setembro - os EUA limitam a entrega de petróleo para o Japão. • 27 de setembro - Segunda Guerra Mundial: Alemanha, Itália e Japão assinam o Pacto Tripartite, formalizando a aliança conhecida como Eixo. NASCIMENTOS: • 27 de Janeiro - Walcyr Monteiro, escritor brasileiro. • 22 de Fevereiro - Aracy Balabanian, atriz brasileira. • 6 de Março - Paulo Figueiredo, ator brasileiro • 10 de Março - Chuck Norris, ator norte-americano • 1º de abril: Wangari Maathai, ativista africana ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2004 • 25 de Abril, Al Pacino, Famoso actor Americano • 23 de Junho - Stuart Sutcliffe, baixista e membro dos Beatles • 7 de Julho - Ringo Starr, baterista e membro dos Beatles • 9 de Outubro - John Lennon, músico britânico, dos Beatles • 12 de Novembro - Bruno Tolentino, poeta brasileiro. FALECIMENTOS: • 9 de Novembro - Neville Chamberlain, ex Primeiro-Ministro britânico. 1941 HISTORIA: Começa, na Alemanha, a deportação de judeus para os campos de concentração, em 12-10-1939 é no Mediterrâneo, em 22-03-1941. - Hitler invade a URSS sem declaração de guerra, em 22-06-1941. LEMBRANÇAS Neste ano foi marcado com meu ingresso na Escola Primaria e meus pais me matricularam em uma escola localizada no bairro, mais precisamente na Rua Barão de Cotegipe, que era de propriedade da professora Dona Canuta, muito severa mais bastante eficiente. Todos a temiam, pois era comum seus alunos levarem puxões de orelhas e ficarem de castigo depois da hora para aprenderem fazer redações e conjugar verbos. As dificuldades de minha mãe eram grandes. Meu pai pouco se preocupava com a família e normalmente deixava pouco dinheiro para as despesas de casa. Como minha mãe não queria transparecer para nós estas dificuldades, quase sempre na hora do almoço ela demorava a nos chamar e quando isso acontecia geralmente era servida uma sopa ou então ela nos chamava já na hora de irmos para a escola para nos dar somente um copo de leite. Essa situação durou muitos anos até que ela realmente se separasse de nosso pai. Ainda tenho na lembrança uma vez que minha mãe nos aprontou e levou-nos a casa de uma amante de meu pai chamada Elza e que morava na Praia do Flamengo, 100. Quando lá chegamos a mulher ficou toda apavorada, mais minha mãe só falou pra ela isso, “Trouxe para você conhecer as crianças de quem você esta roubando a comida ao ficar com meu marido e gastando nosso dinheiro”. Deu certo a mulher abandonou meu pai, que ficou enfurecido por minha mãe ter ido a casa da dona. CARNAVAL A Portela vence o carnaval carioca e conquista seu 3º título, o primeiro de sete consecutivos, recorde jamais superado no Rio de Janeiro. Começavam os chamados "anos portelenses". CURIOSIDADES EVENTOS: Janeiro • 5 de janeiro - Segunda Guerra Mundial: Tropas australianas capturam Bardia, na Líbia. • 10 de janeiro - Segunda Guerra Mundial: Batalha naval entre britânicos e italianos no estreito da Sicília, no sul da Itália. • 19 de janeiro - Segunda Guerra Mundial: Início da ofensiva britânica na Etiópia e Eritréia, na África. • 20 de janeiro - Segunda Guerra Mundial: Hitler ordena o envio de tropas motorizadas de elite, o Afrika Korps, para o norte da África, em auxílio aos italianos. • 20 de janeiro - Criado no Brasil o Ministério da Aeronáutica e a Força Aérea Brasileira, tendo como primeiro titular da pasta um civil - Dr. Joaquim Pedro Salgado Filho. • 22 de janeiro - Segunda Guerra Mundial: Tropas britânicas e australianas capturam o porto de Tobruk, na Líbia. • 26 de janeiro - Segunda Guerra Mundial: Começa a ofensiva britânica na Somália italiana. Fevereiro • 6 de fevereiro - Segunda Guerra Mundial: Tropas britânicas e australianas capturam Benghazi, na Líbia. • 9 de fevereiro - Segunda Guerra Mundial: A RAF bombardeia Gênova e Livorno, na Itália. • 12 de fevereiro - Segunda Guerra Mundial: O general Rommel, comandante do Afrika Korps, chega a Trípoli, capital da Líbia. • 25 de fevereiro - Segunda Guerra Mundial: Tropas britânicas capturam Mogadíscio, na Somália italiana. Março • 1 de março - Segunda Guerra Mundial: A Bulgária adere ao Eixo, assinando o Pacto Tripartite. • 2 de março - Segunda Guerra Mundial: O exército alemão entra na Bulgária. • 15 de março - Realizada a missa inaugural das Faculdades Católicas, que viriam a se transformar na atual Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC - Rio) • 16 de março - Segunda Guerra Mundial: Ataque da Luftwaffe à cidade de Bristol, na Inglaterra. • 19 de março - Segunda Guerra Mundial: Grande ataque da Luftwaffe a Londres, capital da Inglaterra. • 22 de março - Segunda Guerra Mundial: Aviões alemães metralham o navio mercante brasileiro Taubaté, no Mediterrâneo, matando um tripulante. É a primeira baixa brasileira na II Guerra Mundial. • 25 de março - A Iugoslávia assina o Pacto Tripartite e adere ao Eixo. • 28 de março - Segunda Guerra Mundial: A marinha britânica derrota os italianos no cabo Matapan, na costa da Grécia. • 30 de março - Segunda Guerra Mundial: A RAF realiza um grande ataque aos cruzadores alemães Scharnhorst e Gneisenau, no porto de Brest, na França ocupada. • 31 de março - Segunda Guerra Mundial: Afrika Korps, de Rommel, começa a ofensiva a partir de El Agheila. Abril • 4 de abril - Segunda Guerra Mundial: Afrika Korps derrota os britânicos em Benghazi, na Líbia, e captura a cidade. • 6 de abril - Segunda Guerra Mundial: A Alemanha ataca a Iugoslávia e a Grécia. • 6 de Abril - Segunda Guerra Mundial: A Luftwaffe bombardeia Belgrado, capital da Iugoslávia. • 12 de abril - Segunda Guerra Mundial: Os alemães ocupam Belgrado, capital da Iugoslávia. • 13 de abril - Segunda Guerra Mundial: A URSS e o Japão assinam um pacto de não-agressão. • 14 de abril - Segunda Guerra Mundial: Afrika Korps chega à fronteira do Egito. • 16 de abril - Segunda Guerra Mundial: Violento bombardeio aéreo sobre Londres, capital do Reino Unido. • 17 de abril - Segunda Guerra Mundial: O exército da Iugoslávia rende-se aos alemães. • 22 de abril - Segunda Guerra Mundial: O exército alemão captura Thessaloniki, na Grécia. • 24 de abril - Segunda Guerra Mundial: Os gregos rendem-se no Épiro e na Macedônia. • 27 de abril - Segunda Guerra Mundial: Tropas alemãs ocupam Atenas, capital da Grécia. • 30 de abril - Segunda Guerra Mundial: As forças britânicas deixam a Grécia. Maio • 11 de maio - O secretário particular de Hitler, Rudolf Hess salta de pára-quedas na Escócia, após um vôo clandestino até a Grã-Bretanha. • 15 de maio - Segunda Guerra Mundial: Tropas britânicas recapturam Sollum e Halfaya, na Líbia. • 20 de maio - Segunda Guerra Mundial: Tropas alemãs invadem a ilha grega de Creta, no Mediterrâneo. • 24 de maio - Segunda Guerra Mundial: O encouraçado alemão, Bismarck, afunda o cruzador de batalha britânico Hood, símbolo do poder naval britânico. • 27 de maio - Segunda Guerra Mundial: O encouraçado alemão, Bismarck, é afundado pela esquadra britânica. • 27 de Maio - O presidente americano, Roosevelt, declara estado de emergência nacional nos EUA. • 31 de maio - Segunda Guerra Mundial: Os britânicos são derrotados em Creta, ilha grega no Mediterrâneo. Junho • 22 de Junho - Segunda Guerra Mundial: A Alemanha invade a União Soviética, com o começo da Operação Barbarossa. Agosto Outubro • 2 de Outubro - Segunda Guerra Mundial: Início da batalha de Moscovo. Novembro • 3 de novembro - Joseph Grew, embaixador americano no Japão, informa o governo americano sobre a possibilidade de um ataque surpresa da marinha japonesa ao Havaí. • 14 de novembro - Chega a San Francisco, na Califórnia, Sabino Kurusu, enviado japonês para negociar com os EUA um acordo de manutenção da paz entre os dois países. • 17 de novembro - Novo alerta do embaixador americano no Japão, Joseph Grew, sobre a possibilidade de um ataque surpresa da marinha japonesa ao Havaí. • 26 de Novembro - Governo dos EUA apresenta aos representantes do Japão uma fórmula para diminuir a tensão entre os dois países. • 26 de Novembro - Frota japonesa comandada pelo Vice-Almirante Chuichi Nagumo, zarpa do Japão com destino a Pearl Harbor. Dezembro • 5 de Dezembro - Serviço de inteligência dos EUA decifra o código diplomático japonês e informa o governo americano que o Japão rejeitará qualquer proposta de paz que venha a ser apresentada. • 6 de dezembro - Segunda Guerra Mundial: O exército nazista estanca seu assalto à Moscou, capital da União Soviética. Contra-ofensiva do Exército Vermelho em toda a frente russa. • 7 de Dezembro - Segunda Guerra Mundial: Forças aeronavais do Japão atacam a base dos EUA de Pearl Harbor, no Havaí, a Tailândia, o Sião e a Malásia. • 7 de Dezembro - Segunda Guerra Mundial: O Japão declara guerra aos EUA e à Grã-Bretanha. • 8 de Dezembro - Segunda Guerra Mundial: O congresso dos EUA aprova o Estado de Guerra contra o Japão. • 8 de Dezembro - Segunda Guerra Mundial: A Grã-Bretanha declara guerra ao Japão. • 9 de dezembro - Segunda Guerra Mundial: Aviões japoneses afundam os couraçados britânicos Prince of Wales e Repulse, ao largo da Malásia. • 11 de dezembro - Segunda Guerra Mundial: A Alemanha e a Itália declaram guerra aos EUA. • 13 de dezembro - Segunda Guerra Mundial: Tropas japonesas ocupam a ilha de Guam, no arquipélago das Marianas. • 17 de dezembro - Segunda Guerra Mundial: Tropas japonesas desembarcam em Bornéu. • 17 de Dezembro - Segunda Guerra Mundial: Primeira Batalha de Sirte. A frota italiana é repelida por forças britânicas. • 17 de Dezembro - Segunda Guerra Mundial: Os EUA declaram, formalmente, guerra ao Japão. • 18 de dezembro - Segunda Guerra Mundial: os Aliados desembarcam em Timor. • 31 de dezembro - Vargas discursa para militares brasileiros analisando a situação do Brasil perante a guerra na Europa e o ataque japonês a Pearl Harbor. O discurso é considerado pró Aliados. NASCIMENTOS: • 26 de Março - Cláudio Marzo, ator brasileiro. • 24 de Maio - Bob Dylan, cantor e compositor americano. • 10 de Junho - Olívio Dutra, político brasileiro • 12 de Junho - Antônio Lopes dos Santos, treinador de futebol brasileiro. • 4 de Setembro - Marilena de Souza Chauí, filósofa e educadora brasileira. FALECIMENTOS: • 8 de Janeiro - Baden-Powell, militar inglês e fundador do Escotismo. 1942 FUTEBOL - Por causa da guerra foi suspensa a realização da Copa do Mundo. ECONOMIA - Neste ano o cruzeiro tornou-se a nova moeda nacional. HISTORIA • Brasil rompe relações com a Alemanha e a Itália, em 28-01-1942 • submarino alemão afunda o navio Buarque, provocando 54 mortes, em 14-02-1942 • governo brasileiro encampa as empresas aéreas Lati (italiana) e Condor (alemã), em 11-03-1942 • queda de Sebastopol, fortificação soviética na Criméia, em 01-07-1942 • a Suíça fecha as fronteiras aos refugiados, em 13-08-1942 • manifestações populares em várias cidades exigem que o Brasil entre na guerra contra o Eixo, em 18-08-1942 • Brasil declara guerra à Itália e Alemanha, em 22-08-1942 - Em Novembro deste ano, navios alemães metralham o navio brasileiro Taubat. LEMBRANÇAS Neste ano a violência contra imigrantes alemães e italianos era enorme. Em um determinado dia, umas minorias de radicais, resolveram invadir e agredir nossos visinhos alemães, mas foram rechaçados pelos muitos italianos e portugueses que residiam no bairro. Ali a nacionalidade de todos era a de “moradores de Vila Isabel” irmãos dos mesmos sofrimentos e das mesmas alegrias e jamais poderíamos permitir que nossos irmãos sofressem agressões de quem quer que fosse. Os moradores do bairro eram uma só família e todos foram criados freqüentando as casas de seus visinhos e nossos pais sabiam como encontrarmo-nos, pois o conhecimento entre eles era comum. Minha mãe sempre foi uma mulher muito atualizada e procurava nos passar informações de forma bem simples mais muito objetivas. Nos passou uma educação de forma a sermos respeitosos com os idosos e nunca diferenciarmos as pessoas por classes sociais ou seja ricos de pobres e assim por diante. Quando minha mãe nos passava informações a respeito de sexo falava abertamente que o anus era (cú) e que só era usado para sair as fezes (coco) e não para entrar nada. Como não tínhamos preconceitos de brancos, amarelos, vermelhos, pardos ou negros na casa 4 da vila morava uma família negra que tinha um filho com anormalidades sexuais, ou seja gostava de molestar sexualmente as crianças. Minha mãe sabendo que as casas de visinhos eram também extensões de nossa casa, sempre nos alertava para não ficarmos sozinhos com o Zizico ou Vú Vu como era ele conhecido. Este rapaz filho de Sr. Posidônio e D. Maria deu muito trabalho para a família e por diversas vezes foi preso e espancado pela policia, pois sabendo que na vila todos sabiam de sua tara ia para a rua molestar outras crianças. Seu apelido Vu, Vu e que ele quando andava se inclinava para a frente, arrastava os pés e esfregando uma palma da mão contra outra sai gritando; Vú, Vú... Acabou cego, pois ele sempre enxergou pouco e no fim de sua vida a maior dificuldade até sua morte foi arranjar pessoas que servissem de guias para o mesmo. Seu verdadeiro nome era Osmar. As dificuldades continuavam para minha mãe que foi forçada a arranjar emprego para ajudar nas despesas de casa. Ela conseguiu emprego na casa de um senhor chamado Diógenes que sofria de semi–paralesia das pernas. A esposa do Sr. Diógenes contratou minha mãe para ficar atenta com a alimentação do mesmo que tinha de comer em horários regulares. Esta família muito ajudou minha mãe, principalmente em questões de saúde. O Sr. Diógenes era provedor da Casa de Saúde N. S. de Lourdes que ficava localizada na Av. 28 de Setembro e com isso qualquer situação de saúde que ocorresse com a família nos éramos atendidos pelos médicos deste hospital. Todos nós fomos assistidos pelo Sr. Diógenes ate seu falecimento que ocorreu alguns anos mais tarde. CARNAVAL O desfile acontece pela ultima vez na tradicional Praça Onze, quase inteiramente demolida para a construção da Avenida Presidente Vargas. Neste carnaval, por causa de brigas na hora de desfilar, Paulo Portela se afasta da escola que fundou. A Portela conquista o bi-campeonato no carnaval carioca CURIOSIDADES EVENTOS: Janeiro • 2 de Janeiro - Segunda Guerra Mundial: Manila, capital das Filipinas, é capturada pelas forças japonesas. • 7 de Janeiro - Segunda Guerra Mundial: Fim da batalha de Moscovo, com a contra-ofensiva Soviética. • 7 de Janeiro - Brasil rompe relações diplomáticas com os países do Eixo. Fevereiro • 9 de Fevereiro - Segunda Guerra Mundial: Lideres militares dos EUA realizam sua primeira reunião formal para discutir a estratégia americana. • 15 de fevereiro - Primeiro ataque de submarino a um navio brasileiro, o Buarque, que vai a pique às proximidades de Norfolk, nos Estados Unidos. Um passageiro morre. • 15 de Fevereiro - Segunda Guerra Mundial: Singapura se rende aos japoneses. • 18 de Fevereiro - Torpedeado o navio brasileiro Olinda, ao largo da costa do estado da Virgínia, nos Estados Unidos. • 19 de Fevereiro - Segunda Guerra Mundial: aviões Japoneses atacam Darwin, Austrália. • 24 de Fevereiro - A rádio Voz da América inicia suas transmissões. • 25 de Fevereiro - Torpedeado o navio brasileiro Cabedello. • 25 de Fevereiro - Princesa Isabel II, do Reino Unido, se alista para o serviço militar. • 27 de Fevereiro - Segunda Guerra Mundial: o USS Langley, o primeiro porta-aviões americano, é afundado por aviões japoneses. • 27 de Fevereiro - Segunda Guerra Mundial: Batalha do Mar de Java com a derrota das Marinhas Americana, Inglesa, Holandesa e Australiana pela Marinha Imperial Japonesa, em que abre o caminho a estes para a invasão das Índias Orientais Holandesas. Março • 7 de março - O navio mercante brasileiro Arabutan é torpedeado e afunda ao largo da costa da Carolina do Norte, Estados Unidos. O enfermeiro de bordo morre. • 7 de março - O navio de passageiros brasileiro Cairu é torpedeado e afunda na costa dos Estados Unidos. Um passageiro morre. Abril • 11 de Abril - Aviões da Força Aérea Brasileira iniciam missões regulares de busca e patrulha no Atlântico sul. • 18 de Abril - Segunda Guerra Mundial: Os EUA, lançam um ataque a Tóquio, concebido pelo Tenente General James Harold Doolittle em resposta ao ataque a Pearl Harbor: Ataque Doolittle. • 20 de Abril - Descobertas no Rio de Janeiro centrais de rádio da espionagem nazista. Reportavam notícias locais e posição de navios em rota de abastecimento para o norte da África. Maio • 1 de Maio - Torpedeado e afundado o navio mercante brasileiro Parnahyba próximo à ilha de Trinidad, na costa da Venezuela. • 4 de Maio a 8 de Maio - Segunda Guerra Mundial: Batalha do Mar de Coral, no Pacífico sul. • 18 de Maio - Torpedeado o navio brasileiro Comandante Lyra. • 22 de Maio - Primeiro combate direto entre brasileiros e alemães. Um B-25 Mitchell da Força Aérea Brasileira, encontra submarino nazista na tona. O submarino alemão ataca com metralhadoras e o avião brasileiro responde com bombas. Nenhum dano em ambas as partes. • 22 de Maio - Brasil e Estados Unidos instituem Comissão Mista de Defesa. • 24 de Maio - Torpedeado e afundado o navio mercante brasileiro Gonçalves Dias, ao sul do Haiti, no Mar das Caraíbas. Seis tripulantes morrem. Junho • 1 de Junho - O navio brasileiro Alegrete é torpedeado e afunda entre as ilhas de Santa Lúcia e São Vicente. • 4 de Junho a 7 de Junho - Segunda Guerra Mundial: Travada a Batalha de Midway entre forças aeronavais dos EUA e Japão, no Pacífico, nas proximidades do Havaí. Vitória decisiva dos norte-americanos • 26 de Junho - O navio mercante brasileiro Pedrinhas é torpedeado e afunda na costa de Porto Rico • 28 de Junho - Segunda Guerra Mundial: Ínicio da Batalha de Estalinegrado. Julho • 26 de Julho - O navio mercante brasileiro Tamandaré é torpedeado e afunda. Quatro tripulantes morrem. • 28 de Julho - Os navios brasileiros Barbacena e Piave são torpedeados e afundam próximo a Port of Spain. Dezoito mortos. Agosto • 7 de Agosto - Segunda Guerra Mundial: começa a Batalha de Guadalcanal, no sul do Pacífico. • 15 de Agosto - início da ofensiva naval do Eixo na costa brasileira. Submarinos torpedeiam os navios brasileiros Baependy e Araraquara, a apenas 20 milhas da costa de Sergipe. • 16 de Agosto - Submarino do Eixo torpedeia o navio brasileiro Annibal Benévolo. • 17 de Agosto - Submarinos do Eixo torpedeiam os navios brasileiros Itagiba e Arará, na costa de Sergipe. • 22 de Agosto - Segunda Guerra Mundial: Frente aos seguidos ataques de submarinos alemães e italianos aos navios brasileiros, o Brasil declara guerra à Alemanha e à Itália. • 24 de Agosto - A rádio Berlim transmite para o Brasil, falseando o estado de guerra entre os dois países. • 26 de Agosto - Avião da Força Aérea Brasileira ataca e danifica submarino do Eixo, próximo a cidade de Araranguá no estado de Santa Catarina. • 28 de Agosto - Avião da Força Aérea Brasileira ataca submarino do Eixo, próximo a cidade de Iguape no estado de São Paulo. Sem danos ao submarino. • 31 de Agosto - Segunda Guerra Mundial: governo brasileiro declara o estado de guerra para todo o Brasil. Novembro • 8 de Novembro - Segunda Guerra Mundial: Forças dos Estados Unidos e Reino Unido desembarcam no norte da África. Se inicia o ocaso do Eixo. A partir dessa data, os Italianos e Alemães não ganharam mais nada na guerra. • 15 de Novembro - Segunda Guerra Mundial: termina a Batalha de Guadalcanal, no sul do Pacífico. Dezembro • 2 de Dezembro - Na universidade de Chicago, um grupo de cientistas liderados por Enrico Fermi inicia a primeira reação nuclear auto-sustentável. • 8 de Dezembro - O Botafogo Football Clube une-se ao Clube de Regatas Botafogo, dando origem ao Botafogo de Futebol e Regatas, um dos mais importantes clubes do Brasil. NASCIMENTOS: • 17 de Janeiro - Muhammad Ali-Haj, pugilista estadunidense. • 25 de Janeiro - Eusébio, jogador de futebol português. • 23 de Abril - Joviano de Lima Júnior, bispo católico. • 18 de Junho • Paul McCartney, baixista dos Beatles. • Celly Campelo, cantora e precursora do rock no Brasil. • 26 de Junho - Gilberto Gil, cantor, compositor, Ministro da Cultura do Brasil. • 2 de Agosto - Isabel Allende, escritora chilena. • 10 de Agosto - Agepê, cantor brasileiro. • 8 de Setembro - Maria Lúcia Medeiros, escritora brasileira. • 16 de Setembro - Elói Roggia bispo católico brasileiro. • 31 de Outubro - David Ogden Stiers, ator norte-americano • 27 de Novembro - Jimi Hendrix, músico de rock. • ? - Paulo Henrique Amorim, jornalista e apresentador de televisão FALECIMENTOS: • 13 de Fevereiro - Epitácio Pessoa, presidente brasileiro. • Fevereiro - Olga Benário Prestes, militante comunista alemã, que viveu no Brasil entre 1934 e 1939, data da sua expulsão do Pais e entregue aos alemães por Getulio Vargas. • - Pedro Alexandrino, pintor brasileiro 1943 LEMBRANÇAS Já naquela época o espírito de provas já se despertava em mim. Em certa tarde, sai pela vila, eu e um amigo de nome Adilson a pegar guimbas (pontas de cigarros) e fomos nos esconder no fundo de um barracão que tinha em um terreno ao lado da vila para fazer cigarro e experimentar o vicio. Em um determinado momento o Adilson, que estava vigiando, começou a gritar que a minha mãe estava subindo a ladeira. Com medo, embrulhei o cigarro em um pedaço de papel e sai do esconderijo. Sem raciocinar que o fogo pegaria no papel que embrulhei o cigarro quando fui para casa. Bem no final da tarde comecei a perceber uma grande movimentação na ladeira e logo depois escutei a sirene dos bombeiros. O fogo tinha se alastrado pelo mato e começado e pegar no barracão. Passei um tremendo susto e minha mãe como já tinha percebido a minha arte passou a usar isto para me controlar. Todas as vezes que eu fazia alguma coisa errada ela dizia que os bombeiros iriam me procurar, pois eles já sabiam que eu e que tinha tocado fogo no barracão. CARNAVAL Não houve desfiles por causa da guerra. Mesmo assim a Portela sagra-se tri-campeã do carnaval carioca HISTORIA • URSS vence a batalha de Stalingrado e passa à ofensiva contra a Alemanha, em 02-02-1943. • Goebbels anuncia "guerra total", em 18-02-1943. • na Itália, Mussolini é deposto pelo rei Vitor Emanuel III, em 25-07-1943. • avião da FAB põe submarino alemão a pique e recolhe 12 sobreviventes, em 31-07-1943. • capitulação incondicional da Itália, em 08-09-1943= . pára-quedistas alemães libertam Mussolini, em 12-09-1943. CURIOSIDADES EVENTOS: Janeiro • 9 de janeiro - o Brasil declara sua adesão à Organização das Nações Unidas e à Carta do Atlântico. • 29 de janeiro - os presidentes Roosevelt, dos EUA, e Vargas, do Brasil, se encontram na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte. Tratam, entre outras, do envio de tropas brasileiras para combater na Europa. Fevereiro • 2 de Fevereiro - Segunda Guerra Mundial: Fim da Batalha de Estalinegrado. • 9 de fevereiro - preso na cidade do Rio de Janeiro um dos chefes da espionagem nazista no Brasil, Albrecht Gustav Engels. • 18 de fevereiro - o navio Brasiloid, do Loide Brasileiro, é torpedeado próximo ao farol de Garcia dAvila, na costa da Bahia. • 25 de Fevereiro - Segunda Guerra Mundial: O África Korps do general Rommel é obrigado a recuar pelo desfiladeiro de Kassenine, na Tunísia, apenas 5 dias após ter conseguido atravessar o mesmo desfiladeiro. Março • 2 de março - o navio de passageiros brasileiro Afonso Pena é torpedeado e afunda no litoral da Bahia, próximo aos Abrolhos. Morrem 33 tripulantes e 92 passageiros. • 15 de março - Getúlio Vargas aprova o envio de tropas brasileiras para combater na Europa. Começa a nascer a Força Expedicionária Brasileira. • 17 de março - o navio caça-submarino brasileiro Jaguaribe, em serviço de comboio, ataca e afunda um submarino alemão. • 31 de março - manchete do jornal The New York Times informa decisão do Brasil de enviar tropas para a Europa. Maio • 12 de Maio - tropas da Alemanha (Afrika Korps) e da Itália se rendem aos Aliados no Norte da África, • 22 de Maio - os submarinos alemães, os U-boats, são retirados do Atlântico Norte. Termina a Batalha do Atlântico. Junho • 30 de junho - o navio Tutóia, do Lóide Brasileiro, é torpedeado ao norte da costa de Iguape, no estado de São Paulo. Morrem 7 tripulantes. Julho • 31 de julho - torpedeado o navio Bagé, o maior e melhor navio de passageiros do Lóide Brasileiro, à noite, ao largo da costa de Sergipe. Salvam-se 87 dos 107 tripulantes e 19 dos 27 passageiros. • 10 de Julho - alemães e russos travam a maior batalha de blindados da história, em Kursk, na Rússia. • 10 de Julho - começa a invasão da Itália. Os Aliados desembarcam na Sicília deflagrando a Operação Husky. • 19 de Julho - Roma, capital da Itália, é bombardeada pela primeira vez na guerra. Pelos Aliados. • 25 de Julho – o ditador fascista da Itália, Benito Mussolini, é derrubado e preso. Setembro • 3 de Setembro - o novo governo da Itália assina o armistício com os Aliados. • 10 de Setembro - tropas alemãs ocupam Roma, capital da Itália. • 12 de Setembro - Mussolini é resgatado por um comando alemão, numa ousada ação chefiada pelo coronel da SS, Otto Skorzeny. • 23 de Setembro - Mussolini declara a criação de um Estado fascista no norte da Itália. • 26 de Setembro - torpedeado o navio brasileiro Itapagé, da Companhia Nacional de Navegação Costeira, próximo à costa de Alagoas, em pleno dia. 18 mortos e desaparecidos entre os 70 tripulantes e 4 passageiros desaparecidos entre 36. Outubro • 1 de outubro - os Aliados ocupam Nápoles, na Itália. • 13 de Outubro - o governo oficial da Itália declara guerra à Alemanha nazista. • 23 de outubro - torpedeado o navio Campos, do Lóide Brasileiro, ao sul do arquipélago de Alcatrazes, próximo à cidade de Santos, no estado de São Paulo. Morrem 10 tripulantes e 2 passageiros. Este foi o último dos 30 navios mercantes brasileiros torpedeados, com a perda de 570 vidas entre homens, mulheres e crianças. Novembro • 6 de novembro - forças soviéticas recapturam Kiev. Dezembro • 19 de dezembro - missão de vanguarda de oficiais brasileiros chega a Nápoles, na Itália. • 26 de Dezembro - o cruzador alemão Scharnhorst é afundado por navios britânicos, ao largo da costa da Noruega. NASCIMENTOS • 15 de Janeiro - Arnaldo Cezar Coelho, árbitro de futebol brasileiro • 19 de Janeiro - Janis Joplin, cantora norte-americana. • 24 de Janeiro - Sharon Tate, actriz estadunidense (m. 1969) • 25 de Fevereiro - George Harrison, músico inglês, guitarrista dos The Beatles. • 9 de Março - Bobby Fischer, jogador de xadrez norte-americano • 20 de Junho - Emil Rached, jogador do basquete brasileiro • 25 de Julho - Ieda Maria Vargas, a segunda brasileira a se tornar Miss Universo • 26 de Julho - Mick Jagger, músico inglês • 12 de Agosto - Clara Nunes, cantora de samba brasileira. • 15 de Agosto - Glória Maria, jornalista e apresentadora de televisão brasileira. • 17 de Agosto - Robert De Niro, cineasta norte-americano. • 25 de Dezembro - Wilson Fittipaldi Júnior, piloto brasileiro de Fórmula 1 FALECIMENTOS • 9 de Outubro - Emílio Henrique Baumgart, engenheiro brasileiro de origem germânica. 1944 LEMBRANÇAS Na Cinelandia (Nome dado ao local por ter uma grande concentração de cinemas) se erguia bem no meio da Av. Rio Branco o imponente Palácio Monroe. Neste prédio magnífico funcionava o antigo Senado da Republica. Outra obra que chamava bastante atenção era o Obelisco também construído no final da Av. Rio Branco com Av. Presidente Wilson. O Obelisco também foi removido quando da demolição do Palácio Monroe. Outra lembrança e que vez por outra meu pai nos conduzia ao cinema Vila Isabel que se localizava na Av. 28 de Setembro bem próximo a Praça Barão de Drumonnd. Lembro-me que ele nos dava uma moeda de 400 Reis que dava para pagar o cinema e ainda comprar balas e pipocas. Outro cinema que também freqüentávamos e o cine Grajaú que ficava localizado na Praça Verdun (Andaraí). Como eu não era nada bobo adorava levar minha prima para ficar de mãos dadas com ela dentro do cinema. Vez por outra dava para roubar uns beijinhos. Eu adorava os filmes do Zorro, Fantasma, Tarzan e outros seriados que na epoca eram os preferidos das crianças. HISTORIA • O Exército Vermelho, da URSS, liberta Leningrado, em 28-01-1944. • Os aliados conquistam o Monte Cassino, na Itália, em 18-05-1944. • Dia D, desembarque aliado na Normandia de 55 mil soldados, em 5 mil navios e mil aviões, em 06-06-1944. • Oficiais da FEB chegam a Nápoles, Itália, em 16-06-1944. • Primeiro contingente da FEB, com 5.379 homens, parte do RJ, em 02-07-1944. • Primeiro contingente da FEB chega a Nápoles, Itália, em 16-07-1944. • Hitler escapa de atentado com ferimentos leves, em 20-07-1944. • Anne Frank é descoberta pela Gestapo, em 04-08-1944. • Contingente da FEB incorpora-se ao 5º Exército, dos EUA, em 05-08-1944. • De Gaulle faz entrada triunfal em Paris, em 26-08-1944. • Batismo de fogo da FEB, em Vada-Ostedaletto, em 15-09-1944. • A FEB ocupa Massarosa, Monte Canunale e Il Monte, em 16-09-1944. • o 2º e 3º escalões da FEB, totalizando 11 mil homens, partem para a Itália, em 18-09-1944. • 4º escalão da FEB parte para a Itália, em 23-11-1944. CARNAVAL Não houve desfile por causa da guerra e outra vez a Portela sagra-se tetra-campeã do carnaval carioca. CURIOSIDADES EVENTOS • 16 de Fevereiro - Segunda Guerra Mundial: Uma força norte-americana ataca a ilha de Truck nas Carolinas. • 20 de Fevereiro - Segunda Guerra Mundial: Militares alemães e japoneses são detidos em Buenos Aires, após ser comprovado que exerciam atividades de espionagem na Argentina. • 20 de Fevereiro - Segunda Guerra Mundial: O 5º exército dos EUA chega ao Monte do Mosteiro em Cassino, Itália. • 4 de Junho – Segunda Guerra Mundial - Roma é ocupada pelos Aliados. • 23 de Fevereiro - Criado, em Portugal, o Secretariado Nacional de Informação, Cultura Popular e Turismo, novo nome do Secretariado da Propaganda Nacional, na dependência directa de Oliveira Salazar. • 23 de Fevereiro - Segunda Guerra Mundial: Estaline obriga 1 milhão de tchetchenos ao exílio e dissolve a república, acusando-a de colaboração com a Alemanha nazista. • 25 de Fevereiro - Segunda Guerra Mundial: O exército britânico consegue que os japoneses abandonem o desfiladeiro de Ngakyedyauk, na Birmânia. • 6 de Junho – Segunda Guerra Mundial – Começa a operação Overlord, forças aliadas desembarcam nas praias da Normandia, na França, no Dia D. • 24 de Agosto – Segunda Guerra Mundial – Tropas aliadas entram em Paris. • 7 de Novembro – Franklin D. Roosevelt vence a eleição para Presidente dos Estados Unidos da América pela quarta vez. NASCIMENTOS • 26 de fevereiro - Déo Cesário Botelho, (Déo Rian), músico brasileiro • 17 de Abril - José Roberto Batochio, advogado e político brasileiro • 14 de Maio - Raul Pont, ex-prefeito de Porto Alegre. • 24 de Agosto - Paulo Leminski, poeta e escritor brasileiro. • 13 de setembro - Domitila Stabile de Oliveira, artista plástica brasileira • 17 de Setembro - Reinhold Messner, alpinista italiano, primeiro homem a escalar todas as montanhas com mais de 8000 metros do mundo • 6 de Outubro - José Carlos Pace, piloto brasileiro de Fórmula 1 • 19 de Outubro - Moreira Franco, político brasileiro. • ? - Lucas Mendes, jornalista e apresentador de televisão brasileiro. FALECIMENTOS • 28 de Novembro - Antonio Rocco, pintor ítalo-brasileiro. 1945 HISTORIA • soviéticos libertam prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz, em 27-01-1945. • 5º escalão da FEB parte para a Itália, em 08-02-1945. • FEB vence a batalha de Monte Castelo, em 21-02-1945. • A FEB ocupa Castelnuovo, em 05-03-1945. • A FEB ajuda na tomada de Montese, em 21-04-1945. • Tropas da URSS entram em Berlim, em 22-04-1945. • Benito Mussolini é preso e enforcado pela guerrilha comunista, ao tentar fugir da Itália, em 28-04-1945. • Capitulação alemã é assinada em Reims, em 07-05-1945. • Rendição incondicional da Alemanha Nazista, em 07-05-1945. • Capitulação das unidades japonesas nas Filipinas, em 28-06-1945. LEMBRANÇAS A Guerra para felicidade de todos estava terminada e tenho em minha memória fortes lembranças do desembarque do 1º Escalão na Praça Mauá. Pessoas gritavam alegres ao localizarem seus filhos ou irmãos que desciam as escadas de desembarque dos navios e outras choravam por não verem seus entes queridos naquele desembargue, seja porque viriam em outro escalão ou porque tinham ficado para sempre repousando no Cemitério de Pistóia na Itália. Na vila onde morávamos foi realizada uma festa para homenagear um expedicionário de apelido Zeca (José Pires) primo de meu tio Mario. Foi uma tremenda festa. Como não sabíamos dos problemas que muitos pracinhas adquiriram enquanto tiveram no front começamos a soltar foguetes. O Zeca se atirou no chão e começou a gritar que estávamos sendo atacado pelo inimigo. Depois que as coisas se acalmaram ficamos sabendo que ele tinha adquirido Neurose de Guerra e que não podia escutar estrondos de bombas que entrava em pânico. Esta situação durou para o mesmo anos, e mesmo com tratamentos não conseguiu se ver livre do mal. Faleceu muitos anos depois, mais ainda com a doença. O cinema e o Teatro de Revista eram os grandes atrativos além dos cassinos com seus grandes shows. O grande centro do Teatro de Revistas era a Praça Tiradentes. O grande mago do Teatro de Revista era realmente Walter Pinto. Walter Pinto (1913 - Rio de Janeiro RJ 1994). Produtor e autor. Produtor dos maiores espetáculos de teatro de revista brasileiro, é responsável pela reformulação do gênero, nos anos 40 e 50. Em 1940, com a morte prematura do irmão Álvaro, Walter Pinto assume a direção da Empresa de Teatro Pinto, que desde os anos 20 se dedica ao teatro musicado. A Companhia Walter Pinto estréia com É Disso que Eu Gosto, de Miguel Orrico, Oscarito Brennier e Vicente Marchelli, 1940, título extraído da música que Carmem Miranda cantava, à frente do elenco, com Oscarito e Margot Louro. Durante toda a década de 40, os espetáculos são quase que exclusivamente dirigidos por Otávio Rangel. O produtor tira a ênfase do autor e dos primeiros atores para valorizar a espetacularidade da cena: escadas, luzes, grandes coreografias, efeitos de maquinaria, coros numerosos e grande orquestra garantem o sucesso dos espetáculos que se sucedem. Contrata coristas argentinas, francesas e até russas que atuam principalmente nas partes musicais, para as quais mantém um grupo de bailarinas. Durante a guerra, ensaia quadros patrióticos. Os títulos anunciam a jocosidade e mesmo a falta de história dos espetáculos: Assim... Até Eu, de Olavo de Barros e Saint-Clair Senna, Os Quindins de Yayá, de J. Maia e Walter Pinto, A Cabrocha Não É Sopa, de Freire Jr., todos de 1941; Passo de Ganso, de Freire Jr., de 1942; Rei Momo na Guerra, de Freire Jr. e Assis Valente, Comendo as Claras, de Paulo Orlando e Walter Pinto, de 1943; Tico-Tico no Fubá, de Alfredo Breda e Walter Pinto, Momo na Fila, de Geysa Bôscoli e Luiz Peixoto, de 1944; Bonde da Laite, de Geysa Bôscoli e Luiz Peixoto, Canta Brasil, de Luiz Peixoto, Geysa Bôscoli e Paulo Orlando, Rabo de Foguete, de Luiz Peixoto, Saint-Clair Senna e Walter Pinto, de 1945; carnaval da Vitória, de Luiz Peixoto, Saint-Clair Senna e Walter Pinto, Não Sou de Briga, de Freire Jr. e Walter Pinto, Nem Te Ligo..., de Freire Jr. e Walter Pinto; Quê que Há com Teu Piru?, de Freire Jr., Saint-Clair Senna, Fernando Costa e Walter Pinto, 1946; Não Chacoalha, de Freire Jr. e Walter Pinto, 1947; Tem Gato na Tuba, de Freire Jr. e Walter Pinto, 1948; Vamos pra Cabeça, de Freire Jr. e Humberto Cunha; Está com Tudo e Não Está Prosa, de Freire Jr. e Walter Pinto, 1949. No elenco, Virginia Lane e Dercy Gonçalves eram as atrizes assíduas. O tema do carnaval, pela óbvia semelhança do descompromisso, da musicalidade e do apelo ao corpo, é recorrente. Técnica e artisticamente, os espetáculos da Companhia Walter Pinto atingem, como se dizia em seu tempo, nível internacional. O cronista Carlos Machado cita o ator francês Paul Nivoix, sobre Trem da Central, de Freire Jr. e Walter Pinto, 1948: "Nunca imaginei que no Brasil houvesse um produtor de tal força para extasiar o público. O que acabo de ver em Trem da Central é digno de ser mostrado em qualquer parte do mundo sem receio de ser superado".1 Na década de 50, o produtor recebe durante quatro anos, três deles seguidos, o prêmio da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, ABCT, de melhor produtor de teatro musicado, categoria criada em conseqüência de seu trabalho e muito provavelmente a ele dedicada. Na mesma coluna, Carlos Machado publica: "O êxito de Walter Pinto é devido, sobretudo, a ele mesmo. Podem figurar nos letreiros luminosos os nomes de Oscarito, Virginia Lane, Grande Otelo ou Mara Rubia, as maiores atrações nacionais. De um momento para outro, esses grandes nomes (...) são obrigados a sair do palco das revistas de Walter Pinto. Saem mas não fazem falta. O êxito é o mesmo... A explicação é óbvia: Walter Pinto apresenta uma revista em conjunto, e é o conjunto que se firma. Sua maior vitória está neste detalhe". Nos anos 60, o produtor passou a assinar também a direção e o texto dos seus espetáculos. POLITICA Em 29 de Outubro deste ano tomava posse como Presidente da Republica o Sr. José Linhares para substituir o Presidente deposto, Getulio Vargas, que tinha ficado no poder desde 10/11/1937. CARNAVAL A Segunda guerra fez com que os jornais pouco falassem de carnaval. Neste ano, a imprensa só falou de uma briga que ocorreu entre desfilantes que terminou com 20 pessoas feridas e um morto. O desfile foi no campo do Vasco da Gama. A Praça Onze não existia mais e a Portela conquistou o pentacampeonato no carnaval carioca CURIOSIDADES EVENTOS Janeiro • 17 de Janeiro - Segunda Guerra Mundial: União Soviética ocupa Varsóvia. Fevereiro • 9 de Fevereiro - Segunda Guerra Mundial: Forças britânicas e canadianas atravessam a linha Siegfried e chegam ao Reno. • 15 de Fevereiro - Segunda Guerra Mundial: O exército soviético dirige-se para Danzing, cercando Breslau. • 16 de Fevereiro - Segunda Guerra Mundial: Tropas norte-americanas desembarcam em Iwo Jima dando ínicio à batalha de Iwo Jima. • 20 de Fevereiro - Segunda Guerra Mundial: Aviões dos EUA bombardeiam Dresden com bombas incendiárias. Estima-se que tenham causado cerca de 135.000 vítimas. • 20 de Fevereiro - Criado o Exército Popular da Coréia. • 27 de Fevereiro - Segunda Guerra Mundial: Os Fuzileiros dos EUA ocupam a segunda pista de aviação na ilha de Iwo Jima. Março • 26 de Março - Segunda Guerra Mundial: Os aliados capturam Iwo Jima pondo um final à batalha de Iwo Jima. Abril • 1 de Abril - Segunda Guerra Mundial: Tropas dos Estados Unidos da América desembarcam em Okinawa, na batalha de Okinawa. • 7 de Abril - Segunda Guerra Mundial: A marinha Imperial Japonesa executa a Operação Ten-Go. • 15 de Abril - Libertação do campo de concentração de Bergen-Belsen por tropas britânicas. • 22 de Abril - Os pilotos do 1º Grupo de Aviação de Caca da Força Aérea Brasileira, o Senta Pua, ao final deste dia tinham realizado 44 missões individuais, tendo recebido elogios das mais altas autoridades da Força Aérea Americana. Desde então, esta data passou a ser comemorada como o Dia da Aviação de Caça no Brasil. • 30 de Abril - O ditador alemão Adolf Hitler aos 56 anos, suicida-se com um tiro de pistola contra o palato. Maio • 7 de Maio - Segunda Guerra Mundial: A Alemanha se rende aos Aliados, encerrando sua participação na guerra. • 8 de Maio - Celebração do Dia da Victória na Europa entre a maior parte dos Aliados. • 9 de Maio - Celebração do Dia da Victória na Europa nos países da ex-URSS. Junho • 21 de Junho - Segunda Guerra Mundial: Fim da batalha de Okinawa. Julho • 6 de Julho – Fundação da Igreja Católica Apostólica Brasileira com a leitura do Manifesto a Nação - Bispo Fundador: D. Carlos Duarte da Costa. • 16 de Julho – Teste da primeira Bomba Atômica. Agosto • 6 de Agosto às 08h16 - Segunda Guerra Mundial: Bomba Atômica é lançada pelos EUA na cidade japonesa de Hiroshima, matando 80.000 pessoas. • 9 de Agosto às 11h02 - Segunda Guerra Mundial: Bomba Atômica é lançada pelos EUA na cidade japonesa de Nagasaki, matando 73.884 e ferindo 74.909 pessoas. • 15 de Agosto - Segunda Guerra Mundial: O Japão se rende aos Aliados, conhecido como Dia V-J. NASCIMENTOS • 18 de Janeiro - Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus. • 21 de Abril - Ana Lúcia Torre, atriz brasileira. • 27 de Maio - José Carlos Rodrigues, deputado constituinte pela Madeira • 28 de Junho - Raul Seixas, cantor e compositor baiano. • 27 de Outubro - Luiz Inácio Lula da Silva, 39º Presidente do Brasil. FALECIMENTOS • 25 de Fevereiro - Mário de Andrade, escritor brasileiro. • 20 de Março - Maria Lacerda de Moura, anarquista e feminista brasileira. • 12 de Abril - Franklin Delano Roosevelt, presidente dos Estados Unidos. • 28 de Abril - Benito Mussolini, ditador italiano, é executado. • 30 de Abril • Adolf Hitler, ditador alemão, comete suicídio em Berlim. • Eva Braun, amante e esposa de Adolf Hitler. • 20 de setembro - Augusto Fragoso, 16º Presidente do Brasil. 1946 LEMBRANÇAS Como o bonde ainda era um meio de transporte de massa lembro-me perfeitamente que quando íamos a cidade, meus pais ao chegar próximo a zona (local onde as prostitutas defendiam seu dia a dia) tinham a preocupação de que olhássemos para o outro lado. Isso tudo e porque as mulheres ficavam se expondo somente de calcinhas e fazendo gestos para atraírem seus clientes. As zonas de baixo meretrício funcionavam nas Ruas Conde Laje, Pinto de Azevedo, Carmo Neto e outras ruas transversais. Dizem (que o Hospital Graffe Guinle, (Hospital Referencia de Doenças Venéreas) foi construído na Rua Mariz e Barros) porque ficava próximo a zona e era de fácil acesso para as prostitutas. Não encontrei nenhuma referencia que confirmasse isso. Esta situação durou anos e chegou a ser preocupação de Prefeitos e Governadores. Carlos Lacerda veio depois projetar a “Nova Cidade” com o intuito de acabar com a zona transferindo para aquele local todo o centro administrativo do estado. Isso só veio acontecer na década de 60. Mesmo assim até hoje ainda existe algumas casas remanescente daquela época. Nesta década também foi construído um edifício (vila vertical) na Av. Presidente Vargas esquina de Rua Santana que deu preocupação para as autoridades. O prédio apresentou uma inclinação de aproximadamente 10 cm e causou pânico para seus moradores. Nada aconteceu Graças a Deus, mais por causa do medo o prédio passou a ser habitado somente por prostitutas e escritórios comerciais. Este prédio até hoje e conhecido como “Edifício Balança Mais Não Cai”. FUTEBOL Neste ano também não foi realizada a Copa do Mundo. CARNAVAL Neste ano todas as escolas enalteceram o fim da guerra que terminou com a derrota dos nazistas. O regulamento proíbe versos improvisados nos sambas e carros alegóricos motorizados ou puxados por animais. No desfile, a escola Prazer da Serrinha troca de samba na hora de entrar. A crise, provocada pela decisão de seu presidente, levaria um ano mais tarde a fundação do Império Serrano. Nasce a Unidos de Vila Isabel. Portela sagra-se hexa-campeã do carnaval carioca POLITICA Em 31 de janeiro de 1946 o General Eurico Gaspar Dutra assume a Presidência da Republica em substituição a José Linhares. O General Eurico Gaspar Dutra foi o presidente que acabou com o jogo no Brasil. Em seu governo foram fechados os cassinos entre eles o Cassino da Urca, Cassino Atlântico e o Cassino de Copacabana. Este ultimo funcionava no Hotel Copacabana Palace. Os cassinos geravam milhares de empregos e seus shows eram conhecidos mundialmente. Dizem que o fechamento dos cassinos foi um pedido de D. Santinha, esposa do Dutra, pois a mesma tinha um parente que suicidara-se por causa de dividas de jogo. Uma das grandes obras do Presidente Dutra, foi a construção da Rodovia que liga S. Paulo ao Rio de Janeiro. Uma coisa interessante e o respeito que dedicam a sua memória. Nenhuns dos presidentes que o sucederam tiveram coragem de reabrir o jogo no Brasil. Alguns chegaram perto desta atitude mais nenhum chegou ao finalmente. CURIOSIDADES EVENTOS • 1 de Janeiro - Alguns meses depois do fim da Segunda Guerra Mundial, 20 soldados japoneses se renderam na ilha de Corregidor, nas Filipinas. Eles viviam escondidos em um túnel e só souberam que a guerra havia acabado quando saíram para procurar água e encontraram um jornal. • 31 de Janeiro - o general Eurico Gaspar Dutra toma posse como presidente do Brasil, substituindo José Linhares. • 18 de Fevereiro - Consistório presidido pelo Papa Pio XII, cria 32 novos cardeais, entre eles os brasileiros Jaime de Barros Câmara e Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, e o português Teodósio Clemente de Gouveia. • 4 de Abril - Carnaval - Fundação da escola de samba GRES Unidos de Vila Isabel. • 18 de Abril de 1946 - dissolve-se a Sociedade das Nações, também conhecida como Liga das Nações. • 26 de Abril de 1946 - Belenense campeão nacional de futebol. • 31 de Agosto - publicação do artigo Hiroshima, de John Hersey, marco de nascimento do Jornalismo literário. • É criada a "província ultramarina" do Estado da Índia Portuguesa • 4 de Novembro - Fundada a UNESCO(Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) • Aldous Huxley publica The Perennia Philosophy. NASCIMENTOS • 17 de Janeiro - José Mauro Volkmer de Castilho, pesquisador brasileiro. • 14 de Fevereiro - Newton da Matta, dublador brasileiro. • 24 de Abril - Esther Góes, atriz brasileira • 6 de Maio - Luiz Mott, antropólogo brasileiro • 20 de Maio - Cher, cantora e atriz americana. • 23 de Maio - Antipapa Gregório XVII, de seu nome Clemente Domínguez y Gómez (em Espanha). • 1 de Julho - Alceu Valença, cantor e compositor pernambucano. • 6 de Julho • George W. Bush, político, presidente dos EUA • 7 de Julho - Sylvester Stallone, ator • 15 de Setembro • Oliver Stone, diretor cinematográfico e roteirista americano • 12 de Dezembro - Emerson Fittipaldi, piloto de automóveis brasileiro (kart, F3, F2, F1, Indy) • 18 de Dezembro - Steven Spielberg, realizador e empresário norte-americano. • 20 de Dezembro - Athayde Patreze, apresentador de tv, empresário e socialite brasileiro. FALECIMENTOS • 17 de Janeiro - José Mauro Volkmer de Castilho, pesquisador brasileiro. 1947 LEMBRANÇAS Neste ano já com o meu curso primário concluído fui estudar no Colégio Castro Alves localizado na Rua Teodoro da Silva de propriedade do Professor Manoel. Ele e sua esposa eram também bastante severos. Seus alunos tinham que estudar bastante, pois eles não admitiam que qualquer aluno fosse reprovado nos exames de admissão para o Ginásio. Isto era como uma norma para o colégio e os alunos, tinham que passar no primeiro exame, senão eram convidados a deixar o colégio e se preparar para o exame em outra escola. Nesta época moramos mesmo por pouco tempo na Rua Mendes Tavares e depois na Rua Teodoro da Silva. Foi um período bem difícil para mim e meus irmãos. Quando morávamos na Rua Mendes Tavares, minha mãe sofreu um acidente de carro e teve sua bacia e pernas fraturas, ficando por mais de meses entrevada na cama. Tanto nesta Rua como na Rua Teodoro da Silva foi um período de bastantes brigas e agressões entre meus pais que acabaram com suas separações. Nesta oportunidade fiquei conhecendo os filhos de Dalva de Oliveira e Herivelto Martins que moravam em um apartamento na Rua Barão de Cotegipe seus nomes era Peri Ribeiro e Ubiratan Ribeiro. Para este casal e seus filhos também foi um período tumultuado. Suas separações foram marcadas pelo duelo musical que travaram no radio com grande sucesso para os dois. “As musicas aconteciam como “Errei Sim”, “Nunca”, “Tudo Acabado entre Nós”, Bandeira Branca” e muitas outras. As brigas de meus pais eram preocupantes e criavam grandes constrangimentos para mim e meus irmão diante da vizinhança. Hoje sei que estes desencontros foi tremendamente prejudicial a formação de meu irmão que acabou casando três vezes. Mesmo assim a Vila continuava a mesma cheia de samba e também de amigos. CARNAVAL Em Janeiro – A aproximação dos sambistas da esquerda fez com que o governo e a direita fundassem uma associação com intuito de esvaziar a União Geral das Escolas de Samba. É fundada a Federação Brasileira de Escola de Samba. Em fevereiro – O desfile marca a guerra fria entre as duas associações. Das 48 inscritas, desfilam 26, pela primeira vez na nova avenida Presidente Vargas. Em março finalmente os dissidentes da escola Prazer da Serrinha resolvem se rebelar de vez e fundam no dia 23 o império Serrano. Carnaval A Portela conquista o hepta-campeonato do desfile das escolas de samba, estabelecendo a maior seqüência de vitórias da história do carnaval carioca. CURIOSIDADES EVENTOS • 25 de Fevereiro - O Governo português determina que cessem as restrições ao consumo de energia elétrica, em vigor desde a Segunda Guerra Mundial. • 1 de Março – O Fundo Monetário Internacional inicia suas operações. • 10 de Maio – Fundação da cidade de Maringá, no norte do Estado brasileiro do Paraná. • 15 de Agosto – A Índia ganha independência do Império Britânico. O Paquistão se separa da Índia. • 6 de Setembro - O Vasco da Gama vence, no Estádio de São Januário, o Canto do Rio FC de Niterói por 14x1, aplicando a maior goleada do futebol profissional do Rio de Janeiro. • 14 de Outubro - Ocorre a primeira quebra da barreira do som, na Califórnia - USA, no avião X1A comandado pelo piloto militar Chuck Yeager. • 20 de Novembro - A Rainha Isabel II do Reino Unido casa com Filipe Mountbatten, Príncipe da Grécia e Dinamarca. • 29 de Novembro – A Assembléia Geral das Nações Unidas vota a divisão da Palestina entre Árabes e Judeus. • Ano de criação do Tio Patinhas. • Ano de criação da câmera Polaroid. • Theodor Adorno e Max Horkheimer finalizam, em solo norte-americano, a obra Dialética do Esclarecimento. • Ano da criação da arma AK-47. • Fundação da escola de samba Império Serrano. NASCIMENTOS • 29 de Abril - Olavo de Carvalho, filósofo, livre-pensador e jornalista brasileiro • 24 de Agosto - Paulo Coelho, escritor brasileiro. • 3 de Setembro - Afonso Celso Garcia Reis (Afonsinho), jogador de futebol brasileiro • 26 de Outubro - Hillary Rodham Clinton, ex-primeira dama americana. • 21 de Novembro - Alcione, cantora brasileira. • 8 de Dezembro - Ângela Leal, atriz brasileira • 21 de Dezembro • Esperidião Amin Helou Filho, político brasileiro FALECIMENTOS • 12 de Janeiro - Afrânio Peixoto, médico e escritor brasileiro • 25 de Janeiro - Al Capone, gangster. • 7 de Abril - Henry Ford, industrial fabricante de automóveis. • 19 de Abril - Belmonte, caricaturista, cartunista e ilustrador brasileiro • 21 de Julho - Padre João Batista Reus, sacerdote jesuíta em processo de beatificação. 1948 LEMBRANÇAS Nesta época conheci uma jovem cujo nome era Wanda com quem fiz uma amizade bastante longa que só terminou quando anos mais tarde me mudei para S. Paulo. Ela e seu pai eram criadores de pássaros e peixes. Eles residiam na Rua Teodoro da Silva e tive uma forte amizade com os mesmos. A Wanda segundo soube nunca se casou e a sua preocupação era com a família, principalmente seus pais. Houve uma época que todos pensavam que eu estava namorando a mesma, pois vivíamos juntos e sempre estávamos passeando a pé ou de bicicleta e também indo ao cinema. Tudo não passava de uma grande amizade. Eu e já estava estudando o Ginásio no Colégio Independência, no Bairro do Engenho Novo e este colégio dois anos depois se transformou em Colégio Pedro II da Zona Norte. Eu e minha irmã que mais tarde também ingressou neste colégio. Deixamos nossos nomes gravados nos anais escolares pelas nossas traquinices durante o recreio. Uma destas artes era que deitávamos no trilho do bonde e colocávamos sobre a cabeça massa de tomate e açúcar e acendíamos velas ao redor do corpo para simularmos que tínhamos sido vitima de atropelamento. O bonde parava, pois a turma do colégio fazia grupos ao redor e se lamentavam. Quando o motorneiro ou cobrador chegava perto, levantávamos e corríamos para dentro da escola ocasionando severos protestos dos passageiros. Uma outra arte era colocarmos óleo e areia no trilho para que o bonde deslizasse e não subisse a rua, já que esta tinha uma certa inclinação. Existia também uma grande rivalidade entre colégios. O Colégio Pedro II era rival dos Colégios Lafayete e Colégio Militar. Os rapazes sempre arranjavam apelidos para os alunos desses colégios. As moças do Instituto de Educação da Rua Mariz e Barros eram cortejadas por alunos dos colégios acima e normalmente quando eram encontradas com alunos do Colégio Militar logo surgiam brigas. Alias as brigas surgiam sempre que elas estivessem acompanhadas de alunos de qualquer colégio rival. CARNAVAL Desfilando muito bem em seu primeiro ano, o Império Serrano vence o carnaval, trazendo todos os componentes fantasiados, o que era difícil na época, e o casal de mestre-sala e porta-bandeira no meio da escola, ao contrario do que mandava a tradição, de traze-los logo no começo. O resultado levanta suspeito de que a Federação das Escolas havia favorecido o império. Mangueira e Portela ao longo do ano se desligaram da Federação, prometendo ressucitar a União das escolas de Samba. Atrito no mundo do samba faz com que as escolas de samba do Rio de Janeiro dividam-se em duas associações. O Império Serrano e a Estação Primeira de Mangueira dividem o título do carnaval carioca. CURIOSIDADES EVENTOS • 25 de Fevereiro - O Partido Comunista checo assume o poder na Checoslováquia. • 7 de Abril - A Organização Mundial de Saúde é criada. • 10 de Dezembro – A Assembléia Geral das Nações Unidas aprova a Declaração Universal dos Direitos Humanos • 14 de Maio - O Estado de Israel se torna independente. • 18 de outubro - Fundação da GCERES Protegidos da Princesa, a mais antiga escola de samba de Florianópolis. NASCIMENTOS • 22 de Janeiro - George Foreman, lutador de boxe. • 27 de Janeiro - Mikhail Baryshnikov, dançarino. • 15 de Março - Sérgio Vieira de Mello, diplomata brasileiro. • 24 de Março - Jerzy Kukuczka, montanhista polonês, segundo homem a escalar todas as montanhas com mais de 8000 metros do mundo. • 31 de Maio - Marília Gabriela, jornalista, atriz e apresentadora de televisão brasileira. • 6 de Julho - Arnaldo Dias Baptista, músico brasileiro, mais conhecido por seu trabalho com Os Mutantes • 20 de agosto - Robert Plant, vocalista de Led Zeppelin. • 1 de setembro - Jacson Damasceno Rodrigues, bispo católico brasileiro • 4 de Novembro - Amadou Toumani Touré, presidente do Mali. • 7 de Novembro - Alex Dias Ribeiro, piloto brasileiro de F1 FALECIMENTOS • 30 de Janeiro - Mohandas Gandhi, líder pacifista da Índia. • 4 de Julho - Monteiro Lobato, escritor brasileiro. • - Humberto Rosa, pintor brasileiro. 1949 LEMBRANÇAS Mesmo com a pouca idade e como freqüentava a Rua Meira de Vasconcelos onde estava morando minha tia Olga, fiquei conhecendo a minha primeira pretensa namorada que se chamava Ana Maria. Esta rua ficava na divisa do Andaraí com Vila Isabel. Nesta mesma rua fiquei conhecendo uma jovem de nome Iara que na verdade foi o meu primeiro amor impossível já que ela nunca voltou sua atenção para minha pessoa apesar de eu fazer diversas insinuações pra mesma. Outra particularidade e que nesta rua também existia vilas e numa delas residia minha tia Olga, seu marido Macedo e sua filha Ligia que na verdade foi minha primeira namorada. Por causa da Ana Maria por diversas vezes tive brigas com os gêmeos Pedro Carlos e Carlos Pedro que estudavam no Colégio Militar e se julgavam donos da rua e não admitiam que outros rapazes la namorassem. Mais tarde esta minha tia também foi residir em uma outra vila na Rua Barão de Cotegipe. Outra lembrança desta época era a boate Nith and Day que funcionava no Hotel Serrador na Cinelandia. La era promovido matines e a freqüência era permitida para maiores de 14 anos. Eu como era bem crescidinho passava perfeitamente por essa idade. Todos os sábados eu e minhas primas de Botafogo (Sonia, Leia, Lecy e uma namoradinha, prima de minhas primas, chamada Ely) freqüentávamos a boate Nith and Day . Lá era apresentado os cantores que faziam sucesso no radio. Tive a oportunidade de assistir shows de Gregório Barrios, Lucho Gatica, Dalva de Oliveira. Samy Davis Jr., Nat King Cole, Cauby Peixoto, Lana Bittencourt, Ângela Maria e muitos outros cantores estrangeiros e nacionais. Um outro divertimento da época era o cinema. Cinelandia, Praça Sans Pena, Largo do Machado e Copacabana possuíam diversas casas de espetáculos. Na Praça Sans Pena que era mais próximo de minha casa em Vila Isabel, possuía os cinemas Metro Tijuca, Carioca, Olinda, América e o Tijuquinha. Todos os domingos era sagrado a nossa freqüência em um desses cinemas. No Engenho Novo também funcionava o Cine Santa Alice que se localizava na Rua Barão de Bom Retiro. No Meyer também possuía bastantes cinemas, mas já era mais difícil, pela distancia a nossa freqüência a eles. Nesta época lembro-me que toda as vezes que minha mãe arranjava um namorado, eu e meus irmãos aprontávamos. Uma certa vez, minha mãe convidou um desses pretendentes para almoçar lá em casa. Acontece que como o almoço era no domingo ela compru o frango no sábado e prendeu o mesmo no banheiro de empregada para que não fugisse. O frango não sei por que cargas d’água caiu dentro do vaso sanitário e morreu afogado. No domingo na hora do almoço ninguém queria comer do frango e o visitante intrigado perguntou se nos estávamos com vergonha de comer na presença dele. Ai foi o pior todos nos respondemos em coro; não vamos comer frango que morreu afogado na bosta. O homem ficou sem graça e depois desse dia ele nunca mais apareceu. CARNAVAL No dia 30 de Janeiro, morre Paulo da Portela. Seu enterro é acompanhado por 15 mil pessoas. Entre 1949 e 1951 houve dois desfiles. Um oficial, que era subvencionado pela Prefeitura, e tinha como principal escola o Império Serrano. Do outro lado, sem verba alguma, desfilavam os dissidentes Portela e Mangueira. Império Serrano e Estação Primeira de Mangueira sagram-se campeãs do carnaval carioca. CURIOSIDADES EVENTOS • 26 de Março – Emancipação da cidade de Ipuã estado de São Paulo. • 4 de Abril – A OTAN é criada. • 18 de Abril - Início da construção do USS United States (CVA-58). • 4 de Maio - Tragédia de Superga • 16 de Julho - Fundação da ABCCMM - Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Mangalarga Marchador. • 29 de Agosto - União Soviética testa sua primeira bomba atômica. • 7 de Setembro – A Republica Federal da Alemanha é oficialmente fundada. • 1 de Outubro – Criada a República Popular da China. • 8 de Dezembro – Os Nacionalistas Chineses encerram sua evacuação para Taiwan. NASCIMENTOS • 22 de Fevereiro - Niki Lauda, piloto de Fórmula 1 austríaco • 1 de Abril - Ana Maria Braga, jornalista e apresentadora de televisão brasileira. • 18 de Abril - Antônio Fagundes, ator brasileiro • 11 de Maio • Bete Mendes, atriz brasileira • 12 de Maio - Tizuka Yamasaki, cineasta brasileira. • 7 de Setembro - Gloria Gaynor, cantora americana • 9 de Outubro - Maria Cláudia, atriz brasileira • 13 de Outubro - Fagner, músico brasileiro • 21 de Novembro - João Ricardo, cantor e compositor português, radicado no Brasil • 25 de Dezembro - Simone, cantora brasileira • ? - Harri Lorenzi, engenheiro agrônomo e ecologista brasileiro FALECIMENTOS 1950 FUTEBOL Após 12 anos de interrupção, provocada pela segunda guerra mundial a IV Copa do Mundo teve como palco o Brasil que foi escolhido para sediar a Copa do Mundo. Os brasileiros ficaram entusiasmados e confiantes no titulo. Com uma ótima equipe, o Brasil chegou à final contra o Uruguai. A final realizada no recém construído Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro) teve a presença de aproximadamente 200 mil espectadores. Um simples empate daria o titulo ao Brasil, porém a celeste olímpica uruguaia conseguiu o que parecia impossível: venceu o Brasil por 2 a 1 e tornou-se campeã. O Maracanã se calou e o choro tomou conta do país do futebol. Estádio do Maracanã • Nome oficial: Estádio Mário Filho • Capacidade: 122.268 torcedores. • Endereço: Rua Prof. Eurico Rabelo, s/n., Maracanã - Rio de Janeiro (RJ) • Inauguração: 16/06/1950 • Primeiro jogo: Seleção Carioca 1 x 3 Seleção Paulista • Primeiro gol: Didi(Seleção carioca) • Recorde de público: 183.341 (Brasil 1 x 0 Paraguai - 1969) • Dimensões do gramado:..110mx75m • Proprietário: Suderj LEMBRANÇAS Nesta época também ficamos marcados com a separação de meus pais. Por motivos de economia e como minha mãe não tinha emprego e a pensão dada pelo meu pai era pouca, fomos convidados a morarmos com minha tia Caçula, irmã de meu pai. Nesta casa que ficava situada na Rua Cardoso Junior/Laranjeiras, dividíamos a mesma com minhas cinco primas, Zezé, Magali, Sonia, Lecy e Lea e mais meu tio Sandoval. A Rua Cardoso Junior e uma rua bem íngreme e tínhamos que subir as ladeiras da mesma diariamente. Foi nesta casa que ocorreu um dos piores momentos de nossas vidas. Meu pai inconformado com a separação tentou matar minha mãe e isto muito nos marcou. O Pior de tudo e que nos eu e minha irmã, como estudávamos no Colégio Pedro II, no Engenho Novo e morávamos em Laranjeira tínhamos que pegar duas conduções. Um bonde que nos levava do Engenho Novo até a Praça Verdum no Andaraí e outro da Praça Verdum para Laranjeiras tudo isso porque as dificuldades financeiras nos obrigavam a andar de bonde. No dia desta tragédia quando passávamos diante do açougue do meu tio Felix, o mesmo nos chamou e disse sem nenhuma reserva: Olha é bom vocês não demorarem a chegar em casa, pois seu pai tentou matar sua mãe e ela foi para o hospital grave. Esta noticia, dada para dois adolescentes sem o mínimo cuidado, vocês devem imaginar como foi o choque. Não sei se foi por maldade ou por ignorância de meu tio esta forma de dar a noticia, só sei que ele não estava falando com minha mãe e por isso penso que foi por maldade. Mas tarde quando eu já estava no exercito muitas vezes ele me ajudou dando carne para eu levar para casa não sei se por remorsos ou por que realmente queria ajudar. Mas não estamos aqui para falarmos de tragédias e de maus momentos e sim de lembranças e curiosidades de como o destino colocou as vilas em minha vida. Nesta rua de Laranjeiras, conheci uma jovem de nome Neide com quem iniciei namoro e conseqüente noivado que so terminou quando fui para S. Paulo e comecei a namorar a Helena. NASCIMENTO DA TELEVISÃO REDE TUPI DE TELEVISÃO A pré-estréia da Televisão no Brasil aconteceu no dia 3 de Abril de 1950. Foi com uma apresentação de Frei José Mojica e as imagens foram assistidas em aparelhos instalados no saguão dos Diários Associados. No dia 10 de setembro foi transmitido um filme onde Getúlio Vargas falava sobre seu retorno à vida política. Finalmente no dia 18 de setembro a TV Tupi de São Paulo, PRF-3 TV, canal 3, foi inaugurada. Era a concretização do sonho de um pioneiro da comunicação no Brasil: Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, que já controlava uma cadeia de jornais e emissoras de rádio chamada Diários Associados. Chateaubriand havia encomendado à RCA equipamento para duas emissoras de televisão. A antena foi instalada no edifício do Banco do Estado de São Paulo. "TV na Taba", apresentado por Homero Silva, foi o primeiro programa transmitido. Teve a participação de Lima Duarte, Hebe Camargo, Mazzaropi, Ciccilo, Lia Aguiar, Vadeco, Ivon Cury, Lolita Rodrigues, Wilma Bentivegna, Aurélio Campos, do jogador Baltazar e da orquestra de George Henri. Logo na estréia a TV Brasileira teve de mostrar seu poder de improviso. Eram apenas duas câmeras e horas antes do começo da transmissão uma pifou. Os técnicos americanos aconselharam que a "festa" fosse adiada, mas lá estava o diretor Cassiano Gabus Mendes, outro pioneiro da TV brasileira, que decidiu ir ao ar mesmo só com uma câmera. A transmissão foi assistida através de 200 aparelhos importados por Chateaubriand e espalhados pela cidade. Logo, com ajuda dos profissionais do rádio, jornal e do teatro, as transmissões aconteceiam das 18 às 23h e foi colocado no ar o primeiro telejornal: "Imagens do Dia". Os primeiro anunciantes da Tv Brasileira foram : Sul América Seguros, Antárctica, Moinho Santista e empresas Pignatari (Prata Wolf). A TV Tupi foi a primeira emissora de televisão da América Latina, fundada em 18 de setembro de 1950 por Assis Chateaubriand. Fazia parte do Grupo Diário Associados. Em 18 de julho de 1980, devido aos vários problemas financeiros, sua concessão foi cassada pelo governo brasileiro, e além dela, mais 6 emissoras pertencentes aos Associados também saíam do ar. Há muitas histórias a respeito desse dia. Uma delas é que, empolgado, Chateaubriand teria quebrado uma garrafa de champanhe numa das duas câmeras RCA, fazendo com que a TV no Brasil entrasse em cena com apenas metade de sua capacidade, isto é: com apenas uma câmera. Outra é que, acabada a inauguração, a equipe se deu conta de que não havia o que colocar no ar no dia seguinte, pois ninguém havia pensado nisso. O então radialista Cassiano Gabus Mendes que, aos 23 anos, assumiu a direção artística da Tupi, não podia ouvir essas histórias, desmentia quantas vezes fosse preciso. "É tudo invenção do Lima Duarte. Como ele é muito engraçado, as pessoas acabam se convencendo." dizia ele pouco antes de morrer, em 1993. "Chateaubriand era um homem esclarecido, não ia danificar equipamento e tínhamos programação para as três semanas seguintes". Programação Acostumados à improvisação e rapidez do rádio, os pioneiros não tiveram problemas em se adaptar ao moderno veículo e aprenderam muito: ator virava sonoplasta, autor dirigia, diretor entrava em cena. A TV Tupi dos primeiros anos era uma verdadeira escola. Dois dias depois da primeira emissão, em 20 de setembro de 1950, estreou o primeiro programa humorístico, chamado Rancho Alegre com Mazzaropi. Aos poucos, outros programas ganharam forma: o primeiro telejornal, a primeira telenovela. O programa TV de Vanguarda revelou a primeira geração de atores, atrizes e diretores. Foram apresentadas peças como Hamlet, de Shakespeare, e Crime e Castigo, de Dostoiévski. Alguns programas dos primeiros tempos da TV Tupi tornaram-se campeões de audiência e permanência no ar: Alô Doçura, Sítio do Picapau Amarelo, O céu é o limite, Clube dos Artistas (que existiu de 1952 a 1980) e o famoso telejornal Repórter Esso (que ficou dezoito anos no ar). A telenovela foi uma invenção da Tupi, que as exibia em capítulos semanais e era capaz de ousadias como mostrar beijo na boca. Foi em 1951, na novela Sua vida me pertence, que Vida Alves deixou-se beijar pelo galã Walter Forster. A longa crise dos Diários Associados já havia começado bem antes da morte de Assis Chateaubriand, em 4 de abril de 1968. Abalada por problemas financeiros, mal administrados, sem investimentos, a TV Tupi perde qualidade e audiência. Em 1972, a Rede Tupi de Televisão começa a ser formada. Houve várias divergências sobre qual canal seria a "cabeça da rede": o canal 4 paulista ou o canal 6 carioca. Houve duas tentativas para que ambas comandassem a Rede Associada. Na primeira, a estação carioca comandaria as emissoras do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, enquanto que a emissora de São Paulo controlaria os canais do Sul e Sudeste. Na segunda, a Tupi paulista ficaria responsável pela produção de telenovelas, e a Tupi do Rio se encarregaria pelos shows e programas de auditório. Mas as duas idéias não vingaram, e as rixas entre as diretorias das duas estações agravaram a situação da Tupi. O único ponto positivo nisso foi que a Tupi foi a primeira rede de TV da América Latina a possuir duas cabeças geradoras de programação. As emissoras concorrentes vão ocupando os espaços vazios deixados pela pioneira. Ano após ano, a crise se aprofunda. E com a Rede Globo impondo seu domínio avassalador, a Tupi se enfraquece. Ainda assim, a emissora pioneira consegue emplacar sucessos na década como Mulheres de Areia (1973), Meu Rico Português (1975) e A Viagem (1975). No fim dos anos 70 a situação piora. Os salários atrasam cada vez mais. Há dívidas astronômicas junto à Previdência Social. Proliferam muitos escândalos financeiros. Em agosto de 1977, Éramos Seis, Cinderela 77 e Um Sol Maior registravam os mais baixos índices de audiência da história do canal. Além da audiência, a publicidade também escapolia para as concorrentes, o caixa se esvaziava, os salários deixavam de ser pagos e a greve era questão de tempo. Em outubro de 1977, com três meses de salários atrasados, os funcionários iniciaram a primeira greve, interrompida com o pagamento parcelado dos débitos. O fim da "Pioneira" Os constantes atrasos dos salários mantinham o clima tenso na emissora pioneira. As perspectivas de pagamento dos atrasados eram cada vez mais remotas e as explicações dadas aos funcionários, cada vez mais inconsistentes. Para piorar ainda mais a situação, em outubro de 1978 um incêndio no prédio da emissora, em São Paulo, tirou a Tupi do ar por alguns minutos e destruiu os novos equipamentos adquiridos pela emissora no mesmo ano, e que nem chegaram a entrar em funcionamento. Ainda em 1978, iniciou a construção de sua nova antena transmissora, que seria a maior torre de TV da América do Sul. No ano seguinte, o elenco de O Espantalho, de Ivani Ribeiro (uma produção da TVS carioca de 1977), processou a Tupi por não pagar os direitos conexos aos atores que trabalharam na trama. Entre 1979 e 1980, nova greve. A crise chegou a Brasília. O então presidente da República, João Figueiredo. se dispôs a receber uma comissão de dirigentes dos sindicatos envolvidos. Muito se discutia, pouco se fazia. A greve persistiu até o início de fevereiro, quando a emissora fechou seu departamento de dramaturgia e dispensou os 250 funcionários que trabalhavam nesse setor. Foram interrompidas as novelas Drácula - Uma História de Amor, que só teve 4 capítulos exibidos, e Como Salvar Meu Casamento, a 20 episódios de seu desfecho. Além disso, outra trama, Maria Nazaré estava em fase de pré-produção e 32 cenas já estavam gravadas na época, mas não chegou a entrar no ar. Em 16 de julho de 1980, pouco antes de completar 30 anos no ar, a Rede Tupi tem 7 de suas 9 concessões cassadas pelo Governo Federal, e a decisão foi publicada no Diário Oficial, no dia seguinte. Minutos antes do meio-dia de 18 de julho de 1980, três engenheiros do Departamento Nacional de Telecomunicações (Dentel) subiram ao décimo andar do edifício-sede da TV Tupi de São Paulo, na avenida Alfonso Bovero, no bairro do Sumaré, e lacraram o transmissor da emissora. Saíam também do ar a TV Tupi do Rio, a TV Itacolomy, de Belo Horizonte, a TV Marajoara de Belém. a TV Piratini de Porto Alegre, a TV Ceará de Fortaleza, e a TV Rádio Clube de Recife. POLITICA Neste ano irrompeu uma crise política. Rompimento com a UDN e com o Brigadeiro Eduardo Gomes pela burrice da segunda candidatura do herói que se tentava impor ao imaginário popular. Recusa de Milton Campos a candidatar-se e a infeliz idéia de indicar Afonso Pena Júnior que se comportou como Juarez Távora quatro anos depois. A burrice de uns, a cegueira de outros e a impenetrável mentalidade dos juristas da UDN transvestidos em políticos. CURIOSIDADES EVENTOS • Realização da IV Copa do Mundo de Futebol, no Brasil. Campeão: Uruguai. • 14 de Fevereiro - China e a URSS assinam em Moscovo o Tratado de Amizade, válido por 30 anos. • 27 de Fevereiro - O general Chiang Kai-shek é eleito Presidente da República da China, nome oficial da China Nacionalista sediada em Taiwan. • 27 de Fevereiro - A Índia apresenta a Oliveira Salazar a primeira proposta de negociação para a reintegração dos territórios de Goa, Damão e Diu na União Indiana. A proposta é recusada. • 25 de Junho – Início da Guerra da Coréia. • 28 de Junho – Forças da Coréia do Norte capturam Seoul. • 18 de Setembro - Inaugurado o primeiro canal de televisão da América Latina, a TV Tupi. • 26 de Novembro – O exército da China entra na Coréia do Norte e ataca as tropas americanas e sul-coreanas. • Giuseppe Farina torna-se o primeiro campeão mundial de Fórmula 1. • Carnaval • Império Serrano e Estação Primeira de Mangueira dividem, pela terceira vez consecutiva, o título de campeãs do carnaval carioca. NASCIMENTOS • 6 de Fevereiro - Natalie Cole, cantora. • 7 de abril - Marisa Letícia Lula da Silva, esposa do político brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. • 2 de Maio - Fausto Silva, jornalista e apresentador de televisão. • 13 de Maio - Stevie Wonder, cantor. • 8 de Junho - Sônia Braga, actriz brasileira. • 23 de Junho - Orani João Tempesta, bispo católico brasileiro. • 29 de Junho - Sérgio Groisman, jornalista e apresentador de televisão brasileiro. • ? - Miguel Paiva, cartunista brasileiro FALECIMENTOS • 25 de Abril - João Irineu Joffily, bispo brasileiro. • 2 de Novembro - George Bernard Shaw, escritor. 1951 POLITICA No dia 31 de janeiro como resultado de eleições diretas, assume outra vez a Presidência da Republica o Sr. Getulio Vargas para substituir o General Eurico Gaspar Dutra. LEMBRANÇAS Foi o ano de minha conclusão do curso Ginasial e ingresso no antigo Cientifico. Neste período já com um pouco mais de idade fui mais recatado e estudioso. Não posso deixar de citar minha Tia Ainda, que sempre nos ajudou, principalmente a mim, pois ela tinha e tem um carinho muito grande desde que eu era muito pequeno. Nesta época, como a população começava a crescer e o bonde já começava a não atender a necessidade de transporte no estado, começou a surgir os primeiros “lotações” que funcionavam em carros de aluguel (táxi) que transportavam até 5 passageiros. Logo depois começou a surgir os primeiros lotações com 12 e até 18 lugares estes já eram os “Micro Ônibus” de hoje. Estes veículos foram proibidos no Rio de Janeiro porque se excediam em velocidade e causavam grandes números de acidentes. Os lotações tinham que fazer maior numero de viagens e por isso abusavam da velocidade. Estávamos residindo na Rua Marechal Jofre no Grajaú em uma vila de apartamentos que ficava ao lado do Corpo de Bombeiros. Constantemente eu ficava no Guartel dos bombeiros e era regular as minhas saídas com as equipes que fiscalizavam os hidrantes. Esta situação me incentivou muito para a vida militar. Outra lembrança que tenho e que gostávamos, eu e meus colegas de escalarmos o Pico do Papagaio uma pedra com mais de 500 metros de altura que ficava localizada no bairro. Numa destas escaladas ficamos perdidos na mata durante horas e foi por sorte encontrarmos com um grupo de escaladores profissionais senão tínhamos criado problemas para os bombeiros. Nesta época eu também me entusiasmei com o teatro e cheguei a fazer três peças entre ela o Maluco nº. 3 de Amaral Gurgel. O elenco desta peça da esquerda para direita: Eu, Carlos Pereira, Julio Torreão, Amaral Gurgel, Lílian Kern, Ricardo Costa, Romeu Gonçalves, José Carlos, Carlota Pereira e Gloria Kern. Deste grupo se tornaram profissionais Romeu Gonçalves, Julio Torreão, Gloria e Lilia Kern. Eu ainda me julgando um galã. Eu costumava sair muito com minha prima Marina (Marininha) e sei que ela tinha um certo entusiasmo e pretendia me namorar, mais eu fingia não entender. Neste ano comemorasse o primeiro aniversário da televisão Brasileira e já podemos notar o grande avanço e realizações. Neste primeiro ano já existem, aproximadamente, 7 mil aparelhos de televisão entre São Paulo e Rio de Janeiro. No dia 20 de Janeiro, dia de São Sebastião, padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, a TV Tupi da "Cidade Maravilhosa" inicia suas operações. Começam também a fabricar no Brasil aparelhos receptores de TV. Os primeiros foram da marca "Invictus", de Bernardo Kocubej. "Sua vida me pertence", a primeira telenovela brasileira, vai ao ar. Escrita por Walter Foster e estrelada pelo próprio Foster, Lia de Aguiar, Vida Alves, José Parisi e Dionísio de Azevedo. Eram dois capítulos por semana transmitidos pela Tupi. CURIOSIDADES EVENTOS • 1 de Janeiro - Uma companhia de Chicago fez a primeira experiência de transmissões de TV por pay-per-view. Os filmes eram enviados para 300 famílias usando a rede telefônica. • 27 de Fevereiro - A 22ª Emenda da Constituição dos EUA é ratificada, limitando o mandato presidencial a dois mandatos de quatro anos. • 5 de julho - É popularizado o transistor de junção inventado por William Shockley e sua equipe. • 26 de outubro - Winston Churchill é reeleito Primeiro Ministro da Grã-Bretanha. • 11 de novembro - Juan Perón é reeleito Presidente da Argentina. • Fundação da cidade de Paranavaí, no Brasil. • Juan Manuel Fangio conquista seu primeiro título mundial na Fórmula 1. • A Líbia, colônia italiana declara independência e proclama Idris I como rei. • Carnaval • Império Serrano e GRES Portela vencem o carnaval carioca. é o 4º título do Império e o 10º da Portela. NASCIMENTOS • 5 de Março - Fernando Vanucci, jornalista esportivo e apresentador de televisão brasileiro • 23 de Maio - Anatoly Karpov, jogador de xadrez. • 8 de Julho - Anjelica Huston, atriz estadunidense • 6 de Agosto - Milton Neves, jornalista e apresentador de televisão brasileiro • 9 de Novembro - Osvaldo Coggiola, historiador argentino, professor da Universidade de São Paulo (USP). FALECIMENTOS • 10 de janeiro - Sinclair Lewis, escritor americano e prémio Nobel da Literatura. • 19 de janeiro - André Gide, escritor francês e prémio Nobel da Literatura. 1952 LEMBRANÇAS Inicio também de minha vida militar que foi bastante agitada pelos momentos tumultuados da política brasileira. Em minha vida militar tive passagens pelo: Forte de Copacabana – Forte S. João – Arsenal da Urca – Forte Laje – 8º GMAC – Diretoria de Fabricação do Exercito e QG do 2º Exercito (SP). Como a minha vida militar se deu na maioria das vezes nas Costa Brasileira, primeiro pela minha escolha da arma de artilharia e depois porque e que eu tinha sido Campeão Brasileiro na categoria Infanto Juvenil de Basquete pelo Grajaú Tênis Clube e os Comt. dessas unidades viviam procurando militares envolvidos com esporte, porque os torneios entre os fortes eram constantes. Para que as pessoas conheçam melhor algumas fortalezas do Rio de Janeiro fiz uma pequena pesquisa na Internet sobre as mesmas. Há mais de cem anos que as fortalezas e fortes da Baía da Guanabara deixam de apontar para um inimigo externo, um invasor - objetivo para o qual elas foram construídas. Na verdade, pouco puderam fazer principalmente durante o século dos Piratas, o século 18, quando a cidade foi saqueada. No entanto seus canhões ameaçaram-se mutuamente de cada lado da Baía, atiraram contra embarcações de sua própria bandeira, suas guarnições rebelaram-se em episódios que sacudiram os alicerces do país. Servindo de espias colocadas estrategicamente ao longo da embocadura da Baía, ornando ou camuflando-se na natureza esplêndida da região, estas fortalezas são os berços da história da cidade e do Brasil, tendo por elas passado figuras ilustres, heróicas até, muitas vezes em condições aterradoras. São testemunhas e protagonistas de episódios ainda pouco relembrados ou mesmo desconhecidos, confundindo-se com o nascimento do país. OBJETIVO Contar a história dos fortes e fortalezas da Baía da Guanabara, investigando qual o seu papel na história brasileira e no mundo contemporâneo. JUSTIFICATIVA Pesquisando a história da colonização e da luta pela posse da Baía da Guanabara, lugar estratégico sob todos os pontos de vista para os que ambicionavam à conquista do território, encontramos sempre os fortes como ponto de partida de praticamente todas as ações e expedições mais importantes. Atacando inimigos variados e alternando os papéis, estes baluartes da ambiciosa empreitada portuguesa já atiraram contra os Tamoios, donos da terra; contra franceses e holandeses, contra piratas e corsários sem lei nem bandeira; contra navios antes amigos e, mais do que se poderia supor, contra outros fortes. Alguns chegaram mesmo a ser fundados por franceses, tendo sido conquistados, perdidos e reconquistados até a soberania portuguesa da região. Muito pouco se sabe destas construções, cuja presença apesar de evocar uma época tornada romântica pelo cinema foi absolutamente conturbada e perigosa. Nestes pequenos castelos medievais vida e morte sempre estiveram presentes, alternando episódios heróicos e marcantes, defendendo o território tão disputado, ou como calabouço das mais diversas ditaduras dos últimos cinco séculos. O Olho do Canhão também aponta para o futuro, perguntando o que será delas, agora que são objeto de forte especulação imobiliária e turística, e o seu papel Brasil contemporâneo. SINOPSE Partindo pelo mar e pela embocadura da Baía da Guanabara, percorremos seus fortes e fortalezas, sempre alternando vistas panorâmicas com imagens de arquivo e depoimentos sobre os acontecimentos mais importantes na história destes baluartes de um Brasil ainda nascente. Começamos pelo Forte de São João, no local onde Estácio de Sá aportou e tentou fundar um povoado. Historiadores e militares contam o turbulento início do Rio de Janeiro. As fortalezas de São Luiz e de Santa Cruz vêm a seguir, com o controvertido retrospecto de defesas históricas, ataques contra outras fortalezas, navios brasileiros e as famigeradas masmorras. No Forte da Laje, a história das tentativas de ocupação francesa da Baía da Guanabara, em contraposição com o contrabando de nossos dias. O Forte do Calabouço (Museu Histórico Nacional) e a Fortaleza da Conceição testemunham as radicais mudanças urbanas do Rio de Janeiro, bem como remete aos amargos tempos da Escravidão. No Forte de Villegaignon, hoje ilha, a história do saque da cidade pelo corsário Duguay-Trouin. Nas Fortalezas da Urca e da Praia Vermelha, a defesa da cidade dos ataques do corsário francês Duclerc (1710) e o ataque de conterrâneos na crise da Intentona Comunista, em 1935. O Forte de Copacabana conta sua controvertida história, ao mesmo tempo desfigurando um marco territorial (a Igrejinha de N. Sa. De Copacabana), posteriormente destacando-se pela modernidade em 1914; palco da revolta dos Dezoito do Forte (1922), sendo bombardeada pela Fortaleza de Santa Cruz e finalmente berço do Golpe Militar de 1964. O Forte de Copacabana caracterizou-se por possuir traços peculiares que marcaram a sua história. A Fortificação foi ocupada, sucessivamente por seis Baterias de Artilharia, até a instalação, em 23 de outubro de 1934, do 3º Grupo de Artilharia da Costa (3º GACos). Seus modernos canhões, dotados de grande potência de fogo e avançada tecnologia fizeram-no, por muito tempo, baluarte de defesa da entrada da Baía. Suas atividades, voltadas para a procura de novas técnicas e para o aprimoramento da instrução militar viabilizaram a execução das primeiras Escolas de Fogo, que foram realizadas a partir de 1935, além de ser o pioneiro, no Brasil, em exercícios noturnos de levantamento de rota com apoio de holofotes, em 1937. As intensas ligações com a comunidade e o brilho alcançado nas competições desportivas tornaram o Forte de Copacabana uma amizade de escola e orgulho dos militares que por ele passaram. A Baía de Guanabara se despede, cerrando o manto da noite sobre seus fortes e fortalezas. Entrevistados (base): Elio Gaspari - Jornalista Milton Teixeira - Historiador Militares: Cmte. Morgado Ten. Soares Nireu Cavalcanti - Historiador Roberto Conduru - Arquiteto Sérgio Corrêa da Costa - Diplomata, Historiador. Neste ano, mais precisamente no dia 28 de Setembro, morria Francisco Alves. Para os mais velhos, lembranças e para os jovens conhecimentos das noticias da época que transcrevo abaixo: FRANCISCO ALVES Ano: 1952 “Num desastre de automóvel ocorrido ontem, às 18,30 horas, na rodovia Presidente Dutra, morreu, em trágicas circunstâncias, o popular cantor Francisco Alves, o “Rei da Voz”“. O acidente verificou-se na localidade denominada Uná, município de Pindamonhangaba. Francisco Alves viajava com destino a esta capital, na "Buick" chapa número 11-65-80 D.F., de sua propriedade, em companhia de um amigo, de nome Haroldo Alves. No local mencionado, a "Buick" colidiu com o caminhão chapa n. 11-58-84, R.G.S., que seguia com destino a São Paulo, dirigido pelo motorista João Valter Sebastiani. O choque dos dois veículos foi violentíssimo, resultando ficarem ambos seriamente avariados e tendo a "Buick", a seguir, se incendiado. Ao que se presume, Francisco Alves pereceu imediatamente, pois as chamas que dominaram o carro carbonizaram-lhe o corpo tornando-o irreconhecível. Seu companheiro foi projetado fora do carro, sendo recolhido, momentos depois, por um auto que passou no local, e conduzido à Santa Casa de Taubaté, onde ficou internado em estado de coma. O motorista do caminhão sofreu ferimentos sem importância. O delegado policial de Pindamonhangaba, retirou o cadáver de Francisco Alves dentre os escombros do carro, providenciando para seu transporte à referida cidade, onde em diligências posteriores foi levantada a sua identidade. O Dia, 28 de setembro de 1952. "A cidade rendeu ao filho que lhe traduzia a extensão da sensibilidade e do lirismo romântico, o culto póstumo que ele merecia. Francisco Alves, sem dúvida, o cantor maior do canto popular nascido nestas plagas, o intérprete da poesia pura que brota das almas simples e se amplia em estrofes de sentido profundo. Da sua garganta privilegiada voaram as melodias mais lindas que se inventaram para exprimir as dores e as alegrias coletivas. E os discos que fixaram as harmonias do trovador magnífico permitiram o milagre dessa consagração comovente. O homem pereceu no tremendo desastre que lhe cortou o fio da vida, mas o seu espírito, a sua alma, ficou na voz maravilhosa gravada pela radiofonia para a duração quase ilimitada. As homenagens que as emissoras prestaram ao cantor prodigioso deram a impressão de que dos frangalhos da sua carcaça se desprendiam os sons esplendidos e vibrantes que encheram os ares da metrópole e do país inteiro, como que afirmando a fragilidade da morte diante dos ímpetos do gênio. E Francisco Alves desceu ao túmulo no mesmo instante em que em todos os quadrantes da pátria se ouvia a sua voz sentimental e bem brasileira... Era impossível ter-se uma idéia exata do número de pessoas que formavam aquela fabulosa onda humana, que provocou colapso no trânsito, acompanhando os funerais de Francisco Alves. Cem, duzentas, mil pessoas? Quem sabe ao certo, se a vista do repórter se perdia ao longo de ruas e avenidas da zona sul? Foi um espetáculo comovente, o coroamento das manifestações de dor popular pela morte trágica do Rei da Voz. Durante as últimas 48 horas, a cidade se transformou de tal modo, ligando-se ao destino de um artista por vinculo do mais profundo sentimentalismo, que até parecia não ter morrido apenas um seresteiro de alta classe, mas um místico de poderosa influência sobre multidão deslumbradas. Era o milagre do talento de um cantor, que soube interpretar, como ninguém, as tristezas e as alegrias, as venturas e os infortúnios da sua gente, dizendo no lirismo da sua voz harmoniosa e tropical o que não se pode expressar em meras palavras. (...) As filas em frente ao edifício da Câmara Municipal, onde, até a manhã de ontem, ficou exposto à visitação pública o corpo do artista, eram engrossadas a toda hora. Pessoas de todos os níveis sociais ficaram, pacientemente, a espera da oportunidade de chegar até a urna mortuária, num tributo à memória do inditoso cantor. Por toda a madrugada de ontem, a romaria não cessou: dos bairros e subúrbios mais longínquos surgiam amigos e admiradores de Chico, que queriam render-lhe a última homenagem. Muitos levaram lágrimas e flores. Outros ficaram, silenciosos, com um nó na garganta da Eça armada no saguão do legislativo da cidade. Lá compareceram desde elementos dos meios artísticos e das camadas mais humildes a figuras representativas da nossa vida pública, numa comunhão de sentimentos que deu a justa medida da repercussão que o trágico acontecimento causou em toda a metrópole. (...)" O Dia, 30 de setembro de 1952. “São Paulo, 27 Asapress Urgente”. Teve trágico fim esta noite, quando viajava em um automóvel "Buick" de sua propriedade, desta capital para o rio, o popular cantor Francisco Alves, uma das figuras mais conhecidas do "broadcasting" nacional desde longos anos. Seu carro, à altura do Município de Uná, foi de encontro a um caminhão do Rio Grande do Sul, dirigido por João Valter Sebastiani, que foi ligeiramente ferido. Tremendo choque causou a morte de Francisco Alves, cujo corpo foi retirado dos destroços quase irreconhecível, totalmente carbonizado. Haroldo Alves, que viajava em sua companhia, gravemente ferido, foi internado no Hospital de Taubaté em estado desesperador. “Ao que apuramos, Francisco Alves seguia de São Paulo, onde obteve grande êxito na Radio Nacional, para tomar parte no programa das 12 horas de amanhã no Rio.” Jornal do Brasil, 28 de setembro de 1952. “O que impressionou mais na morte trágica de Francisco Alves foi o ter sido vitimado no intervalo de duas audições, a que deu em S. Paulo e a que deveria dar no Rio, no espaço de poucas horas”. Esse corte brutal do destino, de quase um mesmo programa de radio transmitido pela mesma emissora, tornou ainda maior a emoção popular, que passou o dia inteiro a ouvir, por todas as estações, pelo milagre dos discos - como se quisesse fazer reparar a tremenda injustiça e a tremenda desgraça - a grande voz para sempre perdida. A Cidade, no seu luto, encheu-se, então, da voz de seu cantor, que nunca lhe pareceu tão bela tão comovedora e tão triste, como se chorasse sobre si mesma o desaparecimento de seu dono, daquele bom e simples Chico Viola, filho dos morros, irmão do samba e amigo das serenatas e do luar. Francisco Alves fora, realmente, um caso raro, como é o de Chevalier na França. Desde os seus dias de estreante e, depois, de ascensão, nunca diminuirá em prestigio. A suas gloria não conhecera intermitências. Tinha chegado ao brilho do sol do meio-dia e parara, sem as ameaças do crepúsculo. Subira como o vôo dos pássaros, sem esforço, sem intrigas, sem proteções e permanecia, nas alturas, com a naturalidade das flores alpinas, que lá se encontram porque lá é o seu lugar, o seu clima e não poderiam viver na planície. Assim, o "rei da voz" não perdeu nunca o seu reinado, porque ele se expandia pela força, que perdura, da alma e do coração populares, tocados pelo timbre, a sonoridade e a beleza de uma voz consagrada ás melodias simples e plangentes da musica sentimental brasileira. O seu tumulo deveria ser um grande violão, o seu "companheiro inseparável", que tanto vibrou com as mesmas canções do grande Chico e que hoje, com as cordas emudecidas, guarda as ressonâncias misteriosas e eternas da voz que foi a mais bonita do Brasil. - “Benjamin Costallat” Jornal do Brasil, 30 de setembro de 1952. “Enorme massa”, em que estavam representados todo o povo, estações de rádio, clubes e outras entidades populares e esportivas, figuras de expressão dos meios artísticos, sociais e políticos, acompanhou, ontem, até o cemitério S. João Batista, os restos mortais de Francisco Alves. Dos milhares de pessoas ali presentes, muitos começaram a chegar à Câmara Municipal, de onde saiu o féretro, desde as primeiras horas da manhã, ou fizeram parte do grande número de outras, que, desde domingo, principiaram a afluir ao salão onde estava armada a câmara mortuária. O cortejo fúnebre, cujo inicio estava marcado para às 11 horas, começou pouco depois desta hora. Grande número de carros conduzindo flores e coroas, seguira a enorme massa que acompanhava o carro do Corpo de Bombeiros, onde foi colocada a urna funerária. Durante todo o trajeto pela Avenida Rio Branco, Flamengo, Botafogo, etc., milhares de pessoas presenciavam a passagem do féretro. No cemitério, cujos portões foram invadidos pela multidão, não obstante as medidas tomadas pelas autoridades policiais, estabeleceram-se grandes confusões, pois toda a imensa massa queria aproximar-se da urna funerária. Em conseqüência, a cerimônia final foi perturbada, ficando os oradores praticamente impedidos de fazer uso da palavra. Cenas indescritíveis de emoção se sucediam homens, mulheres, velhos e crianças, que caiam, eram pisados, enquanto outros, presas de crises nervosas, eram socorridos. Doze pessoas tiveram que ser atendidas pelo serviço médico. Para fazer a urna funerária chegar até o local de sepultamento, foi preciso o trabalho de 12 atletas da Polícia Especial. Cerca de duas horas levou o cortejo fúnebre da Câmara Municipal até o cemitério. O presidente da República fez-se representar nos funerais de Francisco Alves pelo capitão José Henrique Acióli. A sessão de ontem, da Câmara Municipal, durante a qual reassumiu o Sr. Rua Magalhães Júnior, representante do Partido Socialista, que se encontrava de licença viajando pela Europa, foi toda ela dedicada à memória do cantor Francisco Alves, falecido tragicamente na tarde de sábado último, num desastre de automóvel, no Estado de São Paulo. “(...)” Diário de Notícias, 30 de setembro de 1952. “Vítima de um desastre de automóvel, na Rodovia Presidente Dutra, entre Taubaté e Pindamonhangaba, faleceu o cantor Francisco Alves, que viajava, desta capital para o Rio de Janeiro, em um “Buick” no 11-56-80”. O carro em que viajava o artista nacional colidiu com um caminhão, do Rio Grande do Sul. No desastre, saiu gravemente ferido o companheiro de viagem de Francisco Alves, Haroldo de tal. O corpo do "Rei da Voz" foi removido para a necrotério de Pindamonhangaba, de onde deverá sair para o Rio de Janeiro, hoje, domingo. Ao terem notícia do desastre colegas do cantor, das Rádio Nacional do Rio e desta Capital, viajaram para Pindamonhangaba. Francisco Alves nasceu na rua da Prainha no dia 19 de agosto. Começou sua vida trabalhando em uma fábrica de chapéus. Cantou no início de sua carreira radiofônica no Pavilhão do Méier, da empresa João M. de Deus e ingressou posteriormente no elenco teatral do Circo Spinelli. Interrompeu sua carreira com a gripe de 1918, voltando, então, mas para o teatro. Contratado pelo empresário Batista, pai de Amélia de Oliveira, no Politeama de Niterói. Dissolvida a Companhia, Francisco Alves conseguiu um lugar de figurante numa revista que estava em cena no Antigo Teatro São José, da Empresa Pascoal Secreto. Figurava no elenco a formosa chilena, Célia, que, apaixonada por Francisco Alves, a êle se uniu e é até hoje a esposa do grande cantor brasileiro. A consagração real de Francisco Alves começou de fato com o disco, desde "Ora Vejam Só"de Sinhô a "Pé de Anjo"." Diário Carioca, 28 de setembro de 1952. “Contristadora a noticia infausta tomou conta da cidade: morreu Francisco Alves” A fatalidade roubou, assim, em pleno apogeu de sua carreira artística aquele que foi o maior entre os maiores seresteiros do Brasil. Apagou-se a "Voz do Violão" e o país inteiro chora a perda do seu astro maior, do que elevou a música popular brasileira aos píncaros da glória, do que encheu todo o Brasil com a sua voz melodiosa, vibrante e viva. O destino tem dessas surpresas trágicas - Chico Alves morreu carbonizado no volante de seu carro, na estrada Rio- São Paulo, como carbonizado morreu também, num desastre, Carlos Gardel, outra figura do mesmo naipe e da mesma estirpe de cantores do nosso chorado Francisco Alves, o nosso querido Chico Alves das rodas boêmias, o nosso ultra-popularissimo Chico Viola. “(...)" A Manhã, 28 de setembro de 1952. "Chora o povo carioca-o povo de todo o Brasil - a morte imprevista de Francisco Alves, o "Rei da Voz", o cantor popular que sempre fora a alma do violão, o homem de radio que soubera, décadas após décadas, sustentar o ritmo de sua expressão nacional, como o maior seresteiro que o Brasil já produziu, em todos os tempos. Francisco Alves, ou Chico Alves ou ainda "Chico Viola"como chamavam os seus íntimos. Foi arrematado pela morte quando dirigia o seu "Buick", na rodovia "Presidente Dutra", no trecho da estrada que atravessa o município paulista de Pindamonhangaba. O seu carro chocou-se com um caminhão, transformando-se numa fogueira. Ferido de morte, Chico foi envolvido pelas chamas, o seu corpo ficou carbonizado. (...) Francisco Alves pertencia a modesta, mas boa família lusitana. Ele, no entanto, era brasileiro e carioca, havendo nascido na Rua da Prainha. Nasceu a 19 de agosto de 1898. Terminando seus estudos primários, foi empregar-se numa fábrica. Ali, ao cantarolar enquanto trabalhava, foi notada a beleza de sua voz. Animado pelos companheiros, começou a fazer serenatas e cantar em festas íntimas, até que resolveu ingressar profissionalmente na vida artística. Sua estréia no Pavilhão do Méier, e quando atuou no elenco teatral do Circo Spinelli foram índices do triunfo nacional que mais tarde conseguiria. Foi contratado pelo empresário Batista, trabalhando então no Politeama, de Niterói. Quando não havia regime de exclusividade artística nas emissoras cariocas, Francisco Alves cantava em varias estações, já então lançando também as suas composições. Na Radio Cajuti teve ensejo de ser o descobridor de grandes valores radiofônicos, como João Petra de Barros, Linda e Dircinha Batista, Orlando Silva e inúmeros outros que hoje são astros do nosso "broadcasting". Ha dez anos era exclusivo da Nacional, sendo que seus programas dominicais já se haviam tornado tradição. O numero de discos que Francisco Alves nos deixa é imenso. Só na manhã de domingo até ás 12 horas, mais de cem gravações de sucesso foram retiradas da discoteca da emissora da Praça Mauá, nesse programa póstumo e emocionante. Todos eram lançados com o mesmo sucesso, porque a voz de Francisco Alves não envelhecia. Ao contrário, cada dia mais brilhante e firme se tornava, não obstante o trabalho intenso que dava ás suas cordas vocais, quer no Rio, em São Paulo (onde ia semanalmente) e mesmo nas festas particulares, onde Chico Viola, em sua simplicidade e simpatia, jamais se fazia rogar. Uma de suas gravações carnavalescas de maior sucesso foi a dos festejos de Momo, em l951, com a Marchinha "Retrato do Velho". Lembramo-nos que no baile do Municipal, no aludido Carnaval, que contou com o comparecimento do presidente Vargas, recém-eleito, foi entoada em uma só voz, pelos foliões presentes, que se aglomeraram sob o camarote presidencial. E Getulio, sorridente, ouvia a vozearia que, na marchinha lançada por Francisco Alves reclamava musicalmente: "Bota o retrato do velho, outra vez, bota no mesmo lugar". (...) O ultimo disco gravado pelo cantor, cujo desaparecimento veio confirmar ser ele um ídolo popular, foi a canção "Deixai Vir A Mim As Criancinhas", de sua autoria, cujos direitos autorais havia oferecido à criança desamparada. Era um grande “coração, sendo imensamente caritativo...” Diário da Noite, 29 de setembro de 1952. AS MANCHETES Num Desastre de Automóvel Morreu Chico Alves (O Dia) Cenas Comoventes Nos Funerais de Francisco Alves - Uma Multidão Incalculável Nas Últimas Homenagens da Cidade Ao Seu Filho Querido - Desmaios de Emoção Durante O Cortejo Fúnebre, Que Durou Mais De Três Horas - O Esquife Foi Conduzido Ao Som Da Voz Do Inesquecível Cancioneiro (O Dia) Morreu Tragicamente O Cantor Francisco Alves - Seu Automóvel Chocou-se Com Um Caminhão Quando Viajava De São Paulo Para Esta Capital (Jornal do Brasil) Silenciam Os Violões E Chora O Povo A Morte Do Seu Cantor Enorme Massa Popular Acompanhou O Féretro Do Cantor (Diário de Notícias) Morre Num Desastre O Cantor Chico Alves (Diário Carioca) Morte Trágica De Francisco Alves - O Carro Do Popular Cantor, Após Chocar-se Com Um Caminhão, Foi Presa Das Chamas - Ficou Carbonizado - Em Una, Próximo De Taubaté, O Local Do Desastre - Haroldo Alves, A Outra Vítima, Acha-se Em Estado Gravíssimo - Emudeceu A Voz Do Violão (A Manhã) O Povo Chora A Morte De Chico Alves - Carbonizado O "Rei Da Voz" Em Tremendo Choque De Veículos Na Rodovia Presidente Dutra 1 Violão De 2 Mts. ; Cordas De Prata, A Homenagem Do Povo Carioca Câmara Ardente, Lagrimas E Dramas Íntimos (Diário da Noite) CARNAVAL Com o Partido Comunista na ilegalidade, as escolas deixam de ser palco de disputas políticas. O grande evento do carnaval era o tira-teimas entre Portela e Mangueira, de um lado, e Império Serrano de outro. Foi montado um tablado para o desfile e pela primeira vez havia arquibancada e palanque de autoridades. A Portela e a Mangueira empolgaram o publico. Durante o desfile do império caiu uma chuva muito forte que afugentou o júri. Por isso, a pedido dos americanos, os envelopes nem chegaram a ser abertos. E criada a regra do acesso e descenso. As principais desfilaram na Presidente Vargas e as menores no local onde foi a Praça Onze. CURIOSIDADES Dia 14 de Março a TV Paulista, canal 5 de São Paulo, pertencente as Organizações Victor Costa, é inaugurada. Na Tupi já estavam no ar os seguintes programas: "TV de Vanguarda", o primeiro e mais importante teleteatro da TV brasileira, "Clube dos Artistas", único dos programas pioneiros a ficar no ar até 1980 e a primeira adaptação do "Sítio do Pica-Pau Amarelo" de Monteiro Lobato, escrita por Tatiana Belinky e dirigida por Júlio Gouveia. EVENTOS • 6 de Fevereiro - Elizabeth II se torna Rainha do Reino Unido. • 26 de Fevereiro - Winston Churchill anuncia que o Reino Unido possui a bomba atômica. • 27 de Fevereiro - É realizada a primeira reunião da ONU na sua sede permanente em Nova York. • 10 de Março – O General Fulgencio Batista toma o poder em Cuba. • 14 de Maio - Primeira apresentação da Esquadrilha da Fumaça. • 28 de Junho - A finlandesa Armi Kuusela é eleita a primeira Miss Universo. • 19 de Julho a 3 de Agosto - Jogos Olímpicos em Helsinque. • Alberto Ascari torna-se campeão mundial de Fórmula 1. • Carnaval • Devido ao grande número de escolas competindo, o desfile das escolas de samba cariocas passa a ter duas divisões; devido ao temporal que caiu durante os desfiles, 4 dos 5 julgadores abandonaram o evento, que teve resultado anulado. Apenas a recém-criada segunda divisão foi julgada; a campeã foi a Unidos de Indaiá, promovida ao grupo principal em 1953. NASCIMENTOS • 23 de Janeiro - Henrique da Costa Mecking, Mequinho, enxadrista brasileiro. • 3 de Março - Ângela Vieira, atriz brasileira. • 11 de Maio - Sandra Bréa, atriz brasileira. • 18 de Junho - Isabella Rossellini, atriz italiana, filha da atriz sueca Ingrid Bergman e do cineasta italiano do neo-realismo, Roberto Rossellini. • 17 de Agosto - Nelson Piquet, piloto de Fórmula 1 brasileiro • 30 de Agosto - William Waack, jornalista brasileiro. • 25 de Setembro - Christopher Reeve, o mais famoso Super-Homem do cinema. FALECIMENTOS • 6 de Fevereiro – Rei George VI do Reino Unido. • 26 de Julho - Eva Perón, esposa de Juan Perón. 1953 LEMBRANÇAS Ano de minha formatura do Cientifico e meu ingresso para trabalhar na Standard Oil Compani of América que mais tarde transformou-se em Esso Brasileira de Petróleo. Entrei nesta firma exercendo o cargo de Oficce Boy e trabalhava em períodos que me permitisse estudar e cumprir com minha vida militar, uma concessão toda especial de uma americana que se chamava Mrs. Firs, a quem eu devo esta obrigação não só pelos horários especiais que me concedia como também na viabilização de minha carreira. Um sucesso do rádio encanta e faz sucesso na TV: "Repórter Esso". Foi ao ar pela primeira vez no dia 17 de junho. Na TV Paulista vai ao ar o primeiro "circo" na TV: "Circo do Arrelia", que depois foi apresentado pela TV Record; e "A Praça da Alegria", apresentada por Manoel de Nóbrega. A TV Record Estreou no dia 27 de setembro de 1953, às 20 horas, com o objetivo de quebrar o então monopólio da TV no Brasil, comandado até então pelos Diários Associados e sua TV Tupi. A emissora pertencia ao empresário Paulo Machado de Carvalho. Nesse início de operações, a TV exibia programas musicais(dentre os quais, célebres como Nat King Cole e Charles Aznavour), esportes, teatro, humor e informação. Na década de 1960 tornou-se a líder, juntamente com a TV Excelsior. - A partir de 1965 a emissora volta suas atenções à MPB e alcança grandes índices de audiência. Programas como O Fino da Bossa, de Jair Rodrigues e Elis Regina, e Jovem Guarda, de Roberto Carlos tinham como objetivo divulgar a música brasileira. Torna-se muito popular na época os Festivais da Música Brasileira. Em 1967 estréia o seriado A Família Trapo, com Jô Soares e Ronald Golias. O seriado foi o maior sucesso da emissora até então. Os programas musicais já não chamam mais atenção do público (que começa à se voltar para as novelas da TV Tupi e da recente TV Globo) e uma série de incêndios nos estúdios acabam por ser responsáveis pela decadência da emissora a partir de 1968. Mesmo numa época ruim, vale destacar as excelentes novelas exibidas pela emissora no início da década de 1970: As Pupilas do Senhor Reitor e Os Deuses estão Mortos, ambas de Lauro César Muniz. Na década de 1970, 50% de suas ações são vendidas para o comunicador Silvio Santos. A emissora entra na década de 1980 com pouquíssimo público e sendo praticamente uma retransmissora do SBT. Mesmo assim conta com relativos sucessos no jornalismo - com o Jornal da Record comandado inicialmente por Paulo Markun e Sílvia Popovich, em 1984, e Carlos Nascimento em 1989 - e nos esportes, com Silvio Luiz na frente de sua equipe esportiva. De 1989 até 2004 Numa transação muito comentada na época, em 1989 o canal passa a pertencer ao bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus. Forma-se a partir de então a Rede Record, com enfoque no jornalismo e em programas de cunho religioso. A grade de programação é voltada para programas populares, como Cidade Alerta e Ratinho Livre, sendo este o maior sucesso da emissora nesta fase. Ratinho transferiu-se para o SBT e de lá veio Bóris Casoy, para comandar a nova fase do Jornal da Record, que havia passado por graves problemas de censura em 1995 - então com apresentação de Chico Pinheiro. No campo da telenovela produz relativos sucessos de produção barata: Estrela de Fogo e Louca Paixão, por exemplo. A emissora manteve a linha popular até março de 2004, quando decidiu investir em uma grade voltada à qualidade e à ampliação dos índices de audiência. A Nova Record Apostando numa grade de qualidade, a Rede Record inicia uma nova fase a partir de março de 2004. A emissora volta à investir em novelas e em jornalismo de qualidade. Houve sim alguns tropeços - como a novela-fiasco Metamorphoses -, mas a emissora soube contornar os fracassos com uma grade bem estruturada e programas bem-feitos. A tática da Rede Record é alcançar a liderança, e para tanto os grandes executivos da emissora recorrem aos programas da emissora líder, a Rede Globo. Dentre os sucessos dessa nova fase da emissora, destacam-se: as novelas A Escrava Isaura, Prova de Amor e Cidadão Brasileiro, com elenco e produção comparáveis aos melhores produtos da Rede Globo; os programas jornalísticos Jornal da Record - em nova fase, após a demissão de Bóris Casoy - Domingo Espetacular, Fala Brasil, Tudo a ver e Repórter Record; os programas de variedades Hoje em Dia, Tudo é possível e Show do Tom; e o reality-show O Aprendiz. Os principais artistas do casting da emissora são: Paulo Henrique Amorim, Celso Freitas, Adriana Araújo, Marcos Hummel, Eliana, Marcio Garcia, Tom Cavalcante, Ana Hickmann, Edu Guedes, Brito Jr., Luciano Faccioli, Patrícia Maldonado, Roberto Justus, Lucélia Santos, Beatriz Segall, Cleide Yáconis, Gabriel Braga Nunes, Paloma Duarte, Marcelo Serrado e Bianca Rinaldi. Em Breve estréia Bicho do Mato. Uma novela que possui um elenco de primeira, e locações no Pantanal. CARNAVAL Com o júri abrigado em uma coberta para se proteger da chuva o desfile foi realizado. A Portela se apresentou com muita gana e venceu o confronto, obtendo nota 10 em todos os quesitos, fato inédito até então na historia das escolas. Neste ano também houve a fusão das entidades, nascendo daí a Associação das Escolas de Samba do Brasil. No dia 15 de março e nomeada a primeira diretoria da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro, fusão da Azul e Branco e Depois eu Digo. 5 de Março - É fundado o GRES Acadêmicos do Salgueiro a partir da fusão de três escolas de samba do morro do Salgueiro. O surgimento deste grêmio provocaria uma revolução no carnaval carioca. CURIOSIDADES EVENTOS • 7 de Janeiro - Os Estados Unidos anunciam ter desenvolvido a Bomba de Hidrogênio. • 13 de Janeiro - o marechal Josip Broz Tito é escolhido Presidente da Jugoslávia. • 23 de Março - em um pequeno armazém alugado no bairro do Ipiranga, em São Paulo, SP, nasce a Volkswagen do Brasil. • 6 de Março - Georgy Maksimilianovich Malenkov é nomeado Premier e Primeiro Secretário do Partido Comunista da União Soviética. • 25 de Abril - Francis Crick e James Watson publicam o artigo "Molecular structure of nucleic acids: a structure for deoxyribose nucleic acid" que descreve a estrurura do DNA. • 29 de Maio - O apicultor neozelandês Edmund Hillary e o sherpa Tenzing Norgay chegam ao cume do Monte Everest. • 17 de Julho - A francesa Christiane Martel é eleita Miss Universo. • 27 de Julho – Fim da Guerra da Coréia. • 7 de Setembro - Nikita Khrushchev é nomeado chefe do Comitê Central Soviético. • 3 de Outubro - Criação da Petrobras - Petróleo Brasileiro S/A • Alberto Ascari conquista o bicampeonato mundial de Fórmula 1. • David Warren inventa a caixa negra. Carnaval • A Portela vence o carnaval carioca, conquistando seu 11º título. NASCIMENTOS • 21 de Janeiro - Paul Allen um dos fundadores da Microsoft. • 28 de Fevereiro - Ingo Hoffmann, automobilista brasileiro • 6 de Maio - Tony Blair, Primeiro Ministro do Reino Unido. • 7 de Agosto - Vera Holtz, atriz brasileira. • 14 de Dezembro - Pedro Sbalchiero Neto, bispo brasileiro. FALECIMENTOS • 21 de Março - Albino Imparato, delegado de polícia federal brasileiro. • 27 de Maio -Manuel Said Ali Ida, filólogo brasileiro. • 11 de Outubro - Pauline Robinson Robin Bush, filha de G.H.W. Bush. 1954 FUTEBOL Na V Copa do Mundo, realizada na Suíça, o mundo conheceu uma das melhores seleções de todos os tempos, a da Hungria. Prevaleceu porem, a determinação tática da Alemanha, que chegou ao titulo com uma vitória sobre a Hungria no final. O Brasil, treinado por Zezé Moreira, foi eliminado pela Hungria nas quartas-de-final. HISTORIA Eleição de Miss Universos nos Est. Unidos onde Martha Rocha perdeu por causa de suas duas polegadas a mais. Ela até hoje e considerada a miss mais bonita do Brasil. POLITICA Atentado da Rua Toneleros. 5 de agosto de 1954 Morte de Getulio Vargas Atentado na Rua Toneleros Folha de São Paulo São Paulo, terça-feira, 10 de agosto de 1954 Neste texto foi mantida a grafia original NÃO PRETENDE RENUNCIAR O PRESIDENTE DA REPUBLICA A crise política e a situação militar - O Sr. Osvaldo Aranha teria dissuadido o Sr. Getulio Vargas do propósito de afastar-se do governo - Reunião do Catete Os brigadeiros reafirmam sua confiança na identificação e punição dos criminosos RIO, 9 (Pelo telefone) - Longe de declinar, a crise política oriunda da emboscada contra o jornalista Carlos Lacerda, na qual morreu o major Vaz, da Aeronáutica, continua a se agravar. As sucessivas reuniões de autoridades civis e os dirigentes militares de todas as armas, a hesitação do governo nas substituições de algumas personalidades já postas de lado, as noticia que transpiraram de duas reuniões. Uma na residência do almirante Amaral Peixoto, outra no Palácio do Catete, numa das qual o presidente da republica chegou a admitir, como solução da crise, o seu afastamento do governo (o Sr. Osvaldo Aranha o teria dissuadido disso) o calor da reação parlamentar, a intranqüilidade no seio e da população, a onda de rumor e boatos constituem um conjunto de sintomas da gravidade a que atingiu a situação. O ministro da Justiça, em palestra com a reportagem política, esta tarde, repeliu as informações sobre o desejo do presidente da republica de renunciar. Embora falando em termos não formais, o Sr. Tancredo Neves disse-nos que só diz isso quem não conhece o presidente. "Somente em três hipóteses admite ele deixar o Governo: pela morte, por uma revolução ou pelo termino normal do seu mandato". - frisou o ministro. A situação militar Há a considerar que, nas ultimas horas, a situação nas Forças Armadas, sob o impacto da virtual rebeldia dos oficiais da Aeronáutica, se consolidou no sentido de que parece superada a existência de grupos, selando-se novamente a unidade tão decisiva nos idos de 1945. A reunião dos brigadeiros, realizada esta manhã num clima satisfatório, resultou na divulgação de uma nota em que se reafirma o desejo de manter a ordem e se volta a exigir a identificação e prisão dos culpados pelo crime da Rua Toneleiros. E no correr dela ficou assentado que dois nomes serão aceitos pela Aeronáutica se o sr. Getulio Vargas houver por bem nomear um deles para substituir o brigadeiro Nero Moura no Ministério. Esses nomes são os dos brigadeiros Aboim e Epaminondas Feio. A substituição do ministro da Aeronáutica foi na noite de domingo um episodio da maior dramaticidade, pois houve um momento em que se chegou a acreditar numa rápida degringolada do regime. Reunidos no palácio do Catete os srs. Getulio Vargas, Tancredo Neves, Osvaldo Aranha, general Zenobio da Costa, brigadeiro Neto Moura ouviram os presentes, do titular da pasta da Aeronáutica, a narrativa da situação na sua arma que a ele parecia quase incontrolável. "O Sr. perdeu o controle da situação" - disse-lhe o ministro da Guerra. - Ponham-me lá que em poucas horas estará tudo em ordem. - Não há major que se rebele. “Ponho-os todos nos quartéis”. O brigadeiro Nero Moura objetou que os majores eram apoiados pelos brigadeiros. "Prendo-os também" - disse Zenobio enérgico. Esse relato é absolutamente fiel e começou por criar embaraços ao próprio governo, limitando-se o Sr. Getulio Vargas a dizer que a nomeação de Zenobio era uma solução a ser encaminhada. Tal como se previa, entretanto, as demarches para efetivá-la encontraram decisiva resistência da parte dos oficiais superiores da Aeronáutica. Dentro de algumas horas, as estações do governo afirmavam que o general Zenobio da Costa não substituiria o brigadeiro Nero Moura. A atitude do presidente A reunião na residência do almirante Peixoto, na Avenida Rui Barbosa, foi mais uma reunião da família Vargas, com a presença de alguns amigos, como o Sr. Osvaldo Aranha. "A família estava acabrunhada e aflita, disse em certo momento na Câmara o Sr. Augusto do Amaral Peixoto." Nessa oportunidade é que os Sr. Getulio Vargas teria admitido a hipótese da sua renuncia, no que foi dissuadido pelo Sr. Osvaldo Aranha. Foi nessa ocasião que o presidente da Republica decidiu-se a acabar com sua guarda pessoal, que teria deixado de inspirar confiança a ele próprio. Hoje é tarde voltaram a circular rumores sobre a nomeação do general Zenobio para a pasta da Aeronáutica, mas foram logo desmentidos, acrescentando-se que já agora não havia mais motivos de distinção entre os grupos militares, todos unidos em torno do mesmo objetivo. A substituição do chefe de policia pelo coronel Paulo Torres foi tomada, pelo jornalista Carlos Lacerda, como um ato provocador do governo pois a demissão do general Ancora se teria dado precisamente no momento em que ele se decidia a atender a apelos dos seus companheiros de arma para agir contra os criminosos. A Reunião do Alto Comando do Exercito convocada pelo general Zenobio da Costa, realizou-se às ultimas horas da tarde. Uma reunião do Alto Comando do Exercito, com a presença dos generais Canrobert Pereira da Costa, Fiuza de Castro, Mendes de Morais, Odilo Denis e Olimpio Falconieri da Cunha, sendo os trabalhos secretariados pelo general Segadas Viana. Pouco antes da reunião o ministro da Guerra recebeu em conferencia reservada o brigadeiro Eduardo Gomes. Não transpiraram informações da reunião. A reportagem credenciada no Ministério da Guerra foi informada de que a prontidão dos quartéis continua achando-se a postos a respectiva tropa. Declarou o general Zenobio que a prontidão tem em vista manter a tropa vigilante em face do perigo de uma agitação provocada por elementos interessados em perturbar a tranqüilidade política. A propósito da informação corrente de que os coronéis continuam a colher assinaturas para o seu famoso memorial, já agora entre seus colegas da Marinha e da Aeronáutica, o titular da Guerra disse ignorar inteiramente o assunto. Como medida de precaução foi suspenso o exercício de cobertura de fumaça do Bairro do Botafogo marcado para quarta-feira. Solidariedade da Marinha O Clube Naval reunido extraordinariamente hoje pela manhã, sob a presidência do almirante Antonio Maria de Carvalho, manifestou-se solidário com o Clube da Aeronáutica ante o atentado de que foi vitima o major Vaz. Foram aprovadas as seguintes medidas: associar-se às homenagens prestadas ao morto; mandar rezar missa de setimo dia por alma do major aviador; ter-se feito representar no enterro. O governo entregará os guardas. O ministro da Justiça, na sua conversa com a reportagem asseverou que o Sr. Getulio Vargas porá à disposição da policia, para investigação, cada um e todos os membros da sua extinta guarda pessoal. Dado histórico: Os acontecimentos começaram a se precipitar na madrugada de sexta-feira para sábado, quando o brigadeiro Eduardo Gomes foi chamado pelo coronel aviador Adil, que acompanha o inquérito, para ouvir o depoimento do motorista que conduziu os assaltantes. O ministro da Justiça foi também convocado, chegando à Policia Militar, quando de lá já se havia retirado o brigadeiro. Às primeiras horas da manhã de domingo, previamente convocado, cerca de 500 oficiais se reuniram na sede das Rotas Aéreas, onde, em combinação com as autoridades policiais, iniciaram num ambiente dramático as buscas do criminoso. Nota da reunião dos brigadeiros: O gabinete do ministro da Aeronáutica distribuiu a seguinte nota a propósito da reunião realizada na manhã de hoje sob a presidência do titular da pasta da Aeronáutica: "Os oficiais generais da Força Aérea Brasileira, reunidos sob a presidência do ministro da Aeronáutica, identificados com os sentimentos da sua corporação e animados do firme propósito de contribuir para que as diligencias de apuração dos respectivos pelo assassínio do major Rubens F. Vaz atinjam plenamente os seus fins, reafirmam sua confiança em que os poderes públicos usarão de toda sua autoridade e valimento não só para a identificação dos autores morais e materiais do bárbaro atentado mas também para que os culpados não se possam valer de qualquer privilegio para eximi-se à punição da justiça" -CARLOS CASTELO. Em conferencia o brigadeiro RIO, 9 (Sucursal) - Embora sem confirmação oficial sabe-se que estiveram hoje no gabinete do ministro da Fazenda, conferenciando com o Sr. Osvaldo Aranha o brigadeiro Eduardo Gomes, o Sr. Café Filho, vice-presidente da Republica, os ministros Edgar Santos e Tancredo Neves e altas patentes militares. As conversações mantidas com o titular da Fazenda, sobre as quais foi guardado absoluto sigilo, estariam ligadas, ao que consta ao fato de ter sido o Sr. Osvaldo Aranha quem convenceu o Sr. Getulio Vargas a conservar-se no poder quando ele, em face do clima de suspensão criado em torno do governo pelo assassinato do major Rubens Vaz, pretendia renunciar. Excepcional movimento no Catete - A reunião do Alto Comando RIO, 9 (Sucursal) - Excepcional movimentação registrou-se nas primeiras horas da noite no Catete. Logo após a reunião do alto comando do Exercito o general Zenobio da Costa compareceu ao palácio, onde conferenciou com o presidente da Republica. Uma estação de radio divulgada depois que o ministro da Guerra comunicara ao chefe do governo as deliberações tomadas na aludida reunião, durante a qual o Exercito, através da palavra dos seus chefes, manifestadas sua inteira solidariedade com o presidente da republica e sua disposição de manter-se fiel à Constituição e ao regime. Alem do general Zenobio, estiveram no Catete em conferencia com o Sr. Getulio Vargas o Sr. Café Filho, vice-presidente da Republica , os ministros do Trabalho e da Educação e o governador Amaral Peixoto. Também o Sr. João Goulart, que regressou hoje do Recife, seguiu diretamente para o Palácio do Catete para hipotecar solidariedade ao presidente da Republica. Zenobio avista-se com o brigadeiro RIO, 9 (Sucursal) - Segundo se informa, o general Zenobio da Costa manteve esta tarde uma conferencia com o brigadeiro Eduardo Gomes a quem pedira que indicasse o nome de um brigadeiro para suceder ao Sr. Nero Mouro na pasta da Aeronáutica. O brigadeiro Eduardo Gomes ter-se-ia recusado a atender o pedido alegando dois motivos: 1) porque achava que qualquer brigadeiro seria capaz de assumir aquela pasta; 2) porque, adversário do governo, estava por isso impedido de qualquer pronunciamento nesse sentido e mesmo não acreditava que um nome por ele proposto fosse aceito pelo Sr. Getulio Vargas. Inúteis até agora as diligências policiais Não foi preso ainda o investigador Climério – A sensacional confissão do motorista, que apontou o criminoso. RIO, 9 (Sucursal) - Somente devida à argúcia do capitão Ferreira das Neves, professor da Policia Técnica, o motorista Nelson Raimundo de Sousa veio afinal a confessar sua participação no crime da rua dos Toneleiros, denunciando seus cúmplices. Transferido, a seu próprio pedido, para outra dependência policial, onde supunha encontrar maiores garantias, o motorista foi ouvido na policia militar (Batalhão Moto Mecanizado, por aquele oficial, para tanto autorizado pelo delegado Pastor). O capitão Ferreira das Neves conhecera o motorista ao tempo em que ele freqüentou as aulas da policia técnica, circunstancia que lembrou, ao iniciar sua palestra com o preso, que decorreu numa dependência isolada, presente apenas outro oficial um pouco distante. O capitão teria perguntado ao motorista se não desejava mandar algum recado para a família e demonstrou interesse em emprestar-lhe qualquer obsequio nesse sentido, Impondo-se deste modo, à confiança do motorista, passou a capitão a sondá-lo sobre a sua participação no crime. Inopidamente, fez-lhe essa pergunta: Mas o homem que você conduziu era investigador junto ao Catete ou da guarda pessoal? Nelson empalideceu subitamente e daí para a confusão não restou ao oficial senão impor sua confiança, mediante promessas de garantia e demonstrações de solicitude. Diante disso, o motorista resolveu contar o que sabia. Cercado de absoluto sigilo, o depoimento ainda não é conhecido da imprensa senão em detalhes colhidos ao acaso, através de dificuldades compreensíveis em razão da reserva que se vem mantendo sobre o assunto. Sabe-se, porem, que o motorista revelou o nome de um dos assaltantes: Climério Eurides de Almeida, apontado como pertencente à guarda pessoal do Catete. Um seu companheiro, que o motorista declarou desconhecer, é que foi o autor da chacina, depois do que fugiu no carro dirigido por ele, Nelson. Outras fontes asseguram que o motorista, na sua confissão, teria revelado o nome do mandante. Ontem à noite, o coronel Milton Guimarães, chefe do gabinete do chefe de Policia, forneceu pormenores das declarações do motorista. Raimundo revelou que Climério, o contratante do carro, durante o atentado não fez uso de arma. Consumado o crime, ele regressou de lotação à cidade, ao passo que o pistoleiro tomara o seu carro. A Policia localizou ainda a residência de Climério, na rua da Abolição, onde descobriu que ele deixara o Rio, com destino a Cabo Frio. Como se desconfiava desde suas primeiras declarações, o motorista Nelson Raimundo de Souza sabia muito mais do que dizia. Sua participação no atentado a Carlos Lacerda não fora acidental, como fizera crer e com acabou confessando, habilmente interrogado. Aliás ainda na sexta-feira ultima, o diretor da Divisão de Policia Técnica, Sr. Silvio Terra, em conversa com o general Moraes Ancora, chamava a atenção de s. exa. para a necessidade de submeter o motorista a um interrogatório mais minucioso, já que nada fazia admitir que ele estivesse falando a verdade. A confissão sensacional As ponderações do Sr. Silvio Terra impressionaram o general Armando de Morais Ancora. Mas, realmente, o que mais influiu no sentido de se compelir o motorista a falar a verdade foi a Aeronáutica ou, melhor, os elementos da FAB que estão acompanhando mais de perto as diligências. Eles não concebiam a atitude da policia aceitando as primeiras declarações de Nelson Raimundo. O motorista, em hipótese alguma, estaria inocente. Desconhecendo seus passageiros, como iria esperá-los mais de uma hora, e, sobretudo, depois daquele tiroteio? Um detalhe importante a reportagem de O Globo apurou ontem. Nelson Raimundo permanecera na Rua Paula Freitas, aguardando que os sicários executassem sua missão assassina, desde às 22 h 30. Quanto a isso, não há duvida nenhuma. Pelo contrario, existe, a respeito, o depoimento de uma testemunha ocular, altamente elucidativa. A pressão do pessoal da Aeronáutica, no sentido de que a Policia agisse com mais energia junto ao motorista, levou as autoridades do 2º Distrito a admitirem que os oficiais da FAB pretendiam seqüestrar Nelson Raimundo. Daí, sua remoção para o Corpo Moto mecanizado da Policia Militar. Isto mesmo, alias, as autoridades daquele distrito afirmaram ao jornalista Carlos Lacerda, isto é, que haviam resolvido transferir o "chauffeur" por recearem um seqüestro por parte dos elementos da FAB. Mas, a verdade é que Nelson Raimundo pouco permaneceu na Delegacia do 2º Distrito. Esteve sempre em diferentes dependências da Policia, inclusive na Divisão de Policia Política e Social. Em face, como já dissemos, da pressão que se fazia, a Policia resolveu agir com mais determinação. E teve êxito. O motorista cedeu à habilidade e à argúcia dos interrogatórios, confessando, afinal, a verdade. Assistiram ao depoimento - Podemos informar que o depoimento do motorista Nelson Raimundo ainda não está concluído e só o será depois da prisão de um dos criminosos. Até o presente momento, o motorista sofreu um interrogatório de cerca de trinta horas. Foi às primeiras horas da noite de sábado que Nelson Raimundo resolveu confessar toda a verdade. E, já pela madrugada, suas declarações definitivas eram tomadas a termo. O ministro da Justiça, Sr. Tancredo Neves, o chefe de Policia e o brigadeiro Eduardo Gomes e assessores de Carlos Lacerda assistiram ao depoimento do motorista. Investigações no Catete. À sensacional confissão do motorista, seguiram-se instantes dramáticos. Era evidente que as investigações tinham de chegar, de qualquer maneira, ao Palácio do Catete. O problema naquele momento era prender o policial apontado pelo motorista. E a primeira ordem dada pelo delegado Pastor foi no sentido de prendê-lo, custasse o que custasse. Posteriormente, tratou-se da gravação do depoimento de Nelson, já, então, diante do chefe de Policia e do brigadeiro Eduardo Gomes. E tudo isso foi transmitido ao ministro Nero Moura, que, por sua vez, se comunicou com o ministro Tancredo Neves e, este, com o general Caiado de Castro. Àquela altura, todas as altas patentes militares tinham ciência dos fatos. Pensou-se em despertar o próprio Sr. Getulio Vargas, uma vez que s. exa. Se dissera disposto a colaborar em tudo e querer saber de todos os detalhes. E o chefe do Governo só não foi chamado porque o general Caiado de Castro não saira do Palácio e disse que esperaria os policiais para fazerem a diligencia. Foram ter então no Catete o delegado Jorge Pastor, o coronel Adil de Oliveira e o promotor Cordeiro Guerra. Eram 5 horas e, por ordem do chefe da Casa Militar, toda a guarda pessoal do presidente foi colocada à disposição das investigações. O primeiro a ser ouvido foi o tenente Gregório Fortunado. Deu os informes que podia acerca de Climério e da sua fuga. A partir desse momento, começou a caçada sem tréguas ao policial acusado. E os esforços nesse sentido continuam ainda sem esmorecimento principalmente por parte de um Tenente que era conhecido somente como Ten. Rana. Medo terrível Nelson de Souza está tomado de intenso pavor. Fala que este Tenente Rana e perigoso e violento. Seu medo redobrou e, agora, não quer sair de modo nenhum do quartel. Exposição aos oficiais da Aeronáutica. RIO, 9 (Sucursal) - Na reunião de ontem à noite dos oficiais da Aeronáutica, que acompanham a apuração do assassinato do major Vaz, foi exposto o seguinte: 1º - Foi o depoimento do motorista Raimundo, que, tomado por termo, foi gravado na Policia Militar. 2º - Pelo depoimento, ficou-se sabendo que um dos pistoleiros que praticou o assassinato e o atentado já do conhecimento publico, é o investigador 763, de nome Climério, lotado na presidência da Republica – guarda pessoal. Todos os detalhes do depoimento já são do conhecimento do presidente da Republica, ministro da Justiça e ministro da Aeronáutica. A policia já tem pistas seguras para identificar os outros. 3º - Por conseguinte, a partir do presente momento, acha-se a presidência da Republica em condições de entregar à policia um dos pistoleiros que assassinaram o major Vaz e alvejaram o jornalista Carlos Lacerda. A Aeronáutica não se surpreendeu Por volta das 4 horas de ontem sob a máxima cautela o delegado Jorge Pastor relatava a confissão de Nelson ao representante do Ministério Publico, ao coronel Adil de Oliveira e a vários oficiais aviadores e o Tenente Rana, que haviam prestado o compromisso de honra de não revelar a ninguém o que iriam ouvir. A impressão que se teve porem foi de que a oficialidade não se surpreendeu ao ser declinado o nome de Climério Eurides de Almeida. Identificados, adianta-se, mais dois assaltantes. RIO, 9 (Sucursal) - O coronel João Adil de Oliveira designado pela Aeronáutica para acompanhar o inquérito do 2º Distrito estaria de posse da identidade de um segundo participante do crime da rua Toneleiros, cujo nome não foi ainda revelado por conveniência das diligencias que estão sendo levadas a efeito. Sabe-se por outro lado que alem de Climério de Almeida e desse outro cúmplice, as autoridades estariam na pista de um terceiro participante no bárbaro atentado. Ao que se adianta que as investigações da Aeronáutica para a elucidação do caso estão mais adiantadas do que as da própria policia. Diligencias no Itamaraty RIO, 9 (Sucursal) - Oficiais da Aeronáutica realizaram hoje diligencia no Itamaraty a fim de apurar se algum pedido de passaporte fora atendido nos últimos dias pelo Ministério do Exterior por solicitação da presidência da Republica. Segundo informantes, no dia imediato ao crime elementos ligados ao Catete teriam feito gestões nesse sentido junto ao Itamaraty, tendo sido essa versão divulgada pela imprensa e merecido contestação dos meios oficiosos. Entretanto, os oficiais da Aeronáutica, fardados e com o sinal de luto na lapela, estiveram hoje em contacto com os funcionários da seção incumbida do fornecimento de passaportes do Itamaraty, desconhecendo-se o resultado dessa diligencia. Representante dos jornais nas investigações RIO, 9 (Sucursal) - O Sr. Tancredo Neves, ministro da Justiça, recebeu hoje à tarde em seu gabinete os membros do Clube de Diretores e Principais Redatores dos Jornais do Rio de Janeiro. Na reunião, em que foram trocados pontos de vistas a respeito do desenvolvimento do inquérito policial sobre o atentado da madrugada do dia 5, declarou o ministro que o governo aceitava com satisfação o oferecimento daquela entidade, de indicar um de seus membros para acompanhar os trabalhos da autoridade encarregada das apurações. Foi apontado e aceito o nome do Sr. Elmano Cardim, diretor do "Jornal do Comercio". À procura do criminoso Todos os esforços da Policia concentram-se, agora, na localização de Climério Eurides de Almeida, o homem-chave do atentado contra Carlos Lacerda. Somente com sua prisão, poderá a Policia esclarecer as origens do crime, seus verdadeiros responsáveis, em suma, desvendar o "complot" de que resultou a morte do bravo major Rubens Florentino Vaz. Fez-se muita fantasia em torno das diligencias para a localização de Climério Eurides de Almeida. Falou-se em fazenda, citaram-se nomes cometeram-se exageros. A verdade é que, quando a grande caravana chefiada pelo delegado Hermes Machado daqui partiu levava um roteiro certo. Não obstante as informações colhidas na residência de Climério, em Cachambi, como com pessoas de suas relações, as batidas realizadas em zonas fluminenses próximas ao Distrito Federal e mesmo neste território, não foram coroadas de êxito, entretanto. E a caravana regressou domingo à noite, sem o apontado criminoso. O delegado Hermes Machado, seus auxiliares e os oficiais da Aeronáutica repousaram poucas horas. Hoje deixava novamente a Policia Central rumo a outros pontos do interior fluminense indicados como possíveis refúgios do criminoso. É provável mesmo que, a esta hora, Climério já esteja preso. Mas também poderá ter acontecido o que não foge às previsões da Policia: Climério poderia ter chegado a São Paulo, Espírito Santo ou Minas Gerais, de onde atingiria o Brasil Central, colocando-se longe do alcance da Policia, e refugiando-se mesmo num país limítrofe. Novas diligencias. RIO, 9 (Sucursal) - O delegado Hermes Machado à noite regressou no interior fluminense onde percorreu diversas cidades sem obter qualquer resultado. Todas as pistas indicadas não conduziram a qualquer indicio do roteiro seguido pelo criminoso, em cuja busca a policia, conjuntamente com oficiais da Aeronáutica, está desenvolvendo tenaz esforço. A referida autoridade, entretanto ainda não está desanimada e amanhã cedo retomará as diligencias. Quem é o curioso O investigador Climério Eurides de Almeida, apontado pelo motorista Nelson Rodrigues de Souza como um dos participantes do atentado contra Carlos Lacerda, é natural do Rio Grande do Sul, da zona da fronteira. Veio para o Rio em 1940 e sempre serviu, como componente da guarda pessoal do presidente da Republica, no Catete. Foi um dos raptores do jornalista Helio Sodré, em 1944, e incumbiu-se de guardá-lo num dos porões do Palácio Rio Negro, em Petrópolis. Depois desse rapto, esteve refugiado na Argentina. Deposto o Sr. Getulio Vargas, em 1945, Climério conseguiu, por intercessão de pessoa influente, ser admitido como investigador na policia. Foi servir na Delegacia de Vigilância e Capturas. Aliás, sempre disse ser protegido por duas pessoas de muita influencia junto ao sr. Getulio Vargas. Em companhia de uma dessas duas figuras foi mesmo visto varias vezes. Climério Eurides de Almeida é gordo, de estatura mediana - cerca de 1m70; tem olhos castanhos claros, pele clara, parecendo estrangeiro, e acentuadas marcas de varíola no rosto. Costuma trajar blusão. Assíduo freqüentador das corridas do Hipódromo da Gávea, o criminoso possui uma fazenda no interior do Estado do Rio, próximo ao Distrito Federal. Cerca de vinte dias atrás, encontrou-se com um antigo chefe sob cujas ordens servira na seção de Vigilância e Capturas. Mostrava-se então apreensivo a situação política. Apesar disso, deixou surpreso o seu antigo superior quando tirou do bolso algumas laudas de papel e pôs-se a ler versos satíricos... Eleição Miss Universo: No finalzinho do inverno brasileiro, mais precisamente dia 19/09 de 1936, nasce a sétima Maria da família Rocha. A lenda de que o sétimo filho do mesmo sexo estaria destinado a seguir uma trajetória muito diferente da dos outros irmãos, deixou de ser crença para dar início a brilhante vida de Maria Martha Rocha, a sétima filha. Seu pai o engenheiro Álvaro Rocha e sua mãe Hansa Rocha, criaram uma grande família de 11 filhos com uma mistura de descendências portuguesas, francesas, dinamarquesas, húngaras. No meio de tanta beleza se destaca Martha Rocha. Uma brasileira de cabelos dourados e olhos azuis que desde pequena encantava e era admirada por todos. A infância de Martha, não foi tão glamurosa quanto sua época de miss. Do tempo em que morava na Barra e passava suas férias em Mar Grande, na Ilha de Itaparica, Martha gosta de lembrar das vezes em que ficava sonhando com os ídolos do rádio, como Gregório Barrios, dos divertidos passeios com os amigos (ás vezes as escondidas) e sua irmã Laura. Sua vida dentro de casa era um tanto fria e distante. Vale lembrar que naquela época a educação era rígida e a vida em família era 100% patriarcal. Apesar de uma educação cheia de limites, Martha tinha noção do seu poder de sedução nato e gostava disso. Era cortejada por todos os garotos da região. Em uma das famosas festas no clube Cabana da Barra (SSA-BA), conhece a sua primeira paixão: Heitor. Um homem simpático e não muito bonito, mas que conseguiu ter o coração de Martha. Aos 18 anos em uma incrível coincidência, conhece Guilherme Simões, sobrinho do fundador do Jornal A Tarde. Guilherme a convence participar do concurso de Miss Bahia. Martha acha tudo aquilo muito engraçado e apesar de insegura decide participar do concurso. Seu pai deixa claro que não aprova a decisão da filha. Mesmo assim, Martha vai ao desfile e com sua beleza e carisma ganha o concurso de Miss Bahia. Desde então a vida da baiana forte e decidida nas suas posições começa a subir os degraus da fama. De Miss Bahia para Miss Brasil foi um piscar de olhos. Martha viajou para o Rio de Janeiro com sua mãe. No Rio, Martha Rocha podia tudo. Era a cidade dos seus sonhos, achava que lá iria começar a ser livre, e realmente começou. Martha Rocha foi consagrada Miss Brasil por unanimidade. Uma brasileira loira de olhos azuis representava o nosso país. Uma contradição? Talvez, mas até hoje Martha Rocha é o perfil do que há de beleza feminina. Em julho de 1954, ela chega aos EUA. Com 18 anos, no fervilhar da juventude Martha Rocha concorre ao título de Miss Universo. Desta vez, contava com um enxoval oferecido pelas melhores butiques paulistas. Todos queriam vestir a nossa miss. Sua mãe sempre estava presente nas viagens. Apesar de não estar nos eventos sociais com a filha, D. Hansa era o refúgio e a pessoa que a apoiava em qualquer decisão. O povo americano idolatrava Martha Rocha e as pesquisas de opinião pública, já a consagravam Miss Universo. Jornalistas de importantes jornais da época como Folha de São Paulo e O Cruzeiro acompanhavam Martha, não só por interesses profissionais. A brasileira acariciava os olhos e maltratava os corações dos homens. Ficar com o segundo lugar no concurso de Miss Universo nas condições que ela estava não foi nada humilhante. O povo americano festejou a vitória de Martha Rocha com tanta euforia que nem ela mesma acreditava no que via. Fatores sociais, políticos e até as medidas dos corpos das candidatas, foram levantadas como possíveis boicotes do concurso. Mas de que importava? A nossa Miss Brasil, não precisava ser Miss Universo, para estar no coração dos brasileiros e comprovar a sua beleza. Martha Rocha era linda naturalmente e já tinha se tornado um mito. Conheceu estúdios Hollywoodianos, atores, atrizes e chegou a ganhar 30 mil dólares para fazer uma propaganda da Gessy Lever, uma empresa de cosméticos americana. A sua volta para o Brasil foi comemorada de todas as formas. Na Bahia foi recebida pelo governador da época, Régis Pacheco. Seguiu até o Palácio da Aclamação em um carro aberto e uma procissão a acompanhava. Milhares de pessoas queriam receber e dar carinho para a Miss Brasil. Era a pessoa mais requisitada em todos os eventos da cidade. Jantares, inaugurações, festas, em qualquer lugar Martha Rocha marcava presença. Até a penitenciária Frei Caneca, Martha visitou. A Miss ganhou a atenção do povo para Juscelino Kubitschek em uma varanda de hotel. Ela era a pessoa mais importante no cenário brasileiro na década de 50. Na mesma época conheceu Getúlio Vargas (presidente), freqüentava a casa de Kubitschek – era amiga de Sara Kubitschek. Mas foi em 1955 que um banqueiro português Álvaro Piano conquistou o coração de Martha e se tornou o primeiro marido da Miss. Um homem discreto que apoiava a profissão da esposa, mas não gostava de estar exposto à imprensa. Por isso o casamento foi bem discreto, em Buenos Aires, longe do assédio dos fãs. Antes de casar, gravou dois discos com Emilinha Borba e só não seguiu carreira de cantora porque o seu destino era outro. Álvaro era seu maior fã em qualquer circunstância. Martha Rocha sempre estava à frente do seu tempo. Casou cedo, foi morar longe da família e passou a ser dona de casa, na Argentina. Era vizinha da família Perón, portanto, sempre estava rodeada de pessoas importantes. Com Álvaro teve dois filhos: Álvaro Luis e Carlos Alberto. O seu casamento era um verdadeiro sonho. Álvaro era o parceiro ideal e supria até a saudade do Brasil e da família. Toda história tem um episódio de tristeza e nessa não podia ser diferente. O mesmo destino que traçou a brilhante trajetória da Miss Martha, tirou o banqueiro português da sua vida. Em uma viajem de avião de volta pra casa, Álvaro Piano morre. Martha Rocha com 23 anos e viúva, fica inconsolável e apesar de receber grande apoio da família do marido, decide voltar para o Brasil. A Miss volta para sua terra natal e como não se pode fugir do destino, volta também a estar presente no meio social. Um refúgio talvez, para suprir a imensa dor do seu coração. Em 1961, conhece Ronaldo Xavier de Lima que mais tarde viria a se tornar o seu segundo marido. Ronaldo era um homem bonito, charmoso e ao contrário de Álvaro gostava de festas e eventos. O segundo casamento de Martha Rocha foi o frisson do ano. A igreja da Candelária no Rio não podia acomodar tanta gente. Fotógrafos, jornalistas, amigos, curiosos, todos queriam ver a linda Miss Brasil, vestida de noiva. Foi necessário ajuda da polícia para conter os ânimos. - Martha casou feliz e sonhava com um relacionamento duradouro. A lua-de-mel em Paris foi um verdadeiro luxo. Martha participou de campeonatos internacionais de cavalos ao lado da Rainha da Inglaterra, conheceu o príncipe Charles, entre outras celebridades. Apesar de tanto glamour, mais uma vez, terei que contar um episódio triste. Ronaldo se revela uma outra pessoa. Depois de 13 anos tentando manter seu casamento, decidiu – se separar –se. Claudia foi o grande fruto dessa relação. Naquela época a separação entre casais ainda não era uma coisa natural. Os três filhos ( Álvaro, Carlos e Claudia ) foram morar com Ronaldo Xavier. Martha Rocha sofre sua segunda decepção amorosa. Mas como o nome dela já diz, nossa Miss é forte como pedra. Depois disso, Martha que sempre contou com o apoio de Bebeth, Lígia e Roberto ( amigos do Rio), continua a sua vida. Hoje os filhos, Carlos Alberto, Álvaro Luis e Claudia lhe dão alegrias e netos. Portanto, nem tudo foi glamour na vida da nossa miss. Martha Rocha enfrentou desentendimentos familiares e apertos econômicos, que mudaram seu tipo de vida e seus valores. Nem um câncer no seio esquerdo da nossa Miss Brasil, tirou a força dessa mulher. E durante o tratamento da sua doença Martha Rocha desenvolve outro dom além passarelas, desfiles e fotografias. A pintura foi uma verdadeira terapia. Atualmente além de seus eternos compromissos com a moda, Martha pinta e vende seus quadros, que além de distraí-la, é a sua fonte de renda. A eterna Miss Brasil, nunca será esquecida pelos seus admiradores. Martha Rocha é um mito. Faz parte da história do povo brasileiro. MORTE DE VARGAS Ano: 1954 “Sobre a Nação desce a sombra de uma tragédia”. O gesto do Presidente Vargas pondo fim ao seu governo e aos seus dias, estendeu um crepe à consciência dos brasileiros, aos que o assistiram com compreensão, como aos que o combateram até o último momento. É a primeira vez que a história republicana descreve páginas tão trágicas, pois o homem forte e acostumado às lutas políticas não pôde suportar a agressividade da circunstância e sucumbiu ao peso do desalento. Todo o drama que o Presidente viveu nesta derradeira fase do governo quebrou sua tempera e, no silêncio de seu gabinete, recordando a fisionomia cheia de interrogações que ele considerava uma injustiça ao homem como ao chefe que encarnava a soberania nacional, o desespero se apoderou do seu coração. (...) Depois de todas as reuniões realizadas em Palácio, na calada da noite, depois de mirar face a face os seus amigos e auxiliares, vendo neles transparecer o desalento e a desesperança, observando que ja não havia ouvidos que o escutassem, sentiu-se desamparado e sem defesa para afastar o fantasma da suspeita. Sentindo todo o peso da incompreensão, o chefe do governo teve necessidade de ir buscar fora de léxico o argumento capaz de abrir os ouvidos e aclarar as consciências. Selou com o sacrifício de sua própria vida o drama com que vinha lutando nos últimos dias, deixando, conforme acreditava, "o legado de sua morte", para que se pudesse fazer ao morto uma parte da justiça que o povo reclamou. (...) Todos clamavam por justiça, mas o clima propício à justiça cada vez se tornava mais conturbado. Tragédia atrai tragédia e, nesta hora melancólica que soa para o seu destino, o povo, sem forças para opinar, subjugado pela surpresa do último lance, desfila diante do Chefe morto e, sem se recuperar do espanto, curva-se frente à mágoa que o atingiu nos últimos dias e que fez estalar o seu coração no sacrifício supremo... Jornal do Brasil, 25 de agosto de 1954. "De nenhum setor, civil ou militar, pode vir garantia ou segurança para o Governo - afirmou ontem o Vice Presidente Café Filho, dando conta ao Senado da démarche que realizou junto ao Sr. Getúlio Vargas para propor ao Presidente a renúncia de ambos para salvar a unidade nacional e impedir que o país se precipite no caos. O Sr. Café Filho se decidiu a promover a renúncia do Presidente da República e a dele própria depois de uma segura sondagem junto aos líderes civis e militares, notadamente o líder da maioria na Câmara e os Ministros da Marinha e da Guerra." - Diário Carioca, 24 de agosto de 1954. "Com a cabeça voltada para o quadro que representa o juramento da Constituição de 1891 e os pés para o quadro "Pátria", à cuja frente se acha um crucifixo, o corpo do presidente Getúlio Vargas recebe, desde às 17,30 horas de ontem, no salão do Gabinete da Casa Militar da Presidência da República, no Palácio do Catete, as despedidas de milhares de populares que lhe vão fazer a última visita. O embarque do corpo do Sr. Getúlio Vargas para São Borja, onde será enterrado, está marcado para as 9 horas de hoje, por via aérea. Tudo faz crer, entretanto, que será adiado, diante do grande número de populares que desfila ininterruptamente ante o caixão que contém os despojos de S. Exa. Imediatamente após a comunicação do falecimento do presidente, populares acorreram às proximidades do Catete, no afã de saber de saber pormenores da trágica ocorrência. Soldados do Exército e da Polícia Militar, no entanto, isolavam o Palácio, desde a Rua Pedro Américo até a Correia Dutra, permitindo o acesso apenas aos jornalistas e altas autoridades. Antes das 13 horas, só estas podiam entrar no Palácio, ficando os representantes da imprensa defronte à entrada do Catete. Enquanto isso, registravam-se alguns casos de exaltação no meio da multidão, sendo freqüente o encontro de homens e mulheres em lágrimas. Às 13 horas a entrada do Palácio foi franqueada à imprensa e, logo em seguida, ao público, que entrava lentamente e em fila. O suicídio do presidente Getúlio Vargas, precisamente às 8,30 da manhã, foi precedido de momentos em que se mostrava ele absolutamente tranqüilo. Nada fazia crer fosse o Presidente se matar - disseram-nos o general Caiado de Castro e Jango Goulart, com os quais ele conversara minutos antes de se recolher. O Sr. Getúlio Vargas se recolheu ao quarto, sem mais uma palavra. passados uns minutos - o tempo normal para a troca de roupa, ouvia-se um disparo. Acudiu, incontinenti, o Sr. N. Sarmanho, que se encontrava na janela da sala contígua (a do elevador privativo do presidente). Já o Sr. Getúlio Vargas agonizava. Da janela, o Sr. Sarmanho fez um sinal para um oficial, pedindo fosse o general Caiado avisado de que o Sr. Getúlio Vargas se havia matado. Logo em seguida, o general Caiado chegava ao quarto, onde, não resistindo ao impacto da tragédia, foi acometido de forte crise de nervos, sofrendo uma síncope. A seguir, correndo escada acima, o Sr. Benjamin Vargas gritava: Getúlio se matou O palácio ficou em pânico, a família do presidente acorreu, entre gritos e lágrimas. Também o Sr. Osvaldo Aranha logo chegou. Chegou junto à cama e, chorando, exclamou: Abusaram demais da bondade desse homem”Diário Carioca, 25 de agosto de 1954”. “Neste nefasto Dia de São Bartolomeu, precisamente às 8, 35 horas, praticou o suicídio o Presidente Getúlio Vargas, com um tiro de revólver no coração, quando se encontrava em seu quarto particular, no 3o andar do Palácio do Catete”. O general Caiado de Castro, Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República, correu para os aposentos presidenciais, ao ouvir o disparo, e ainda encontrou o Presidente Vargas agonizante. Chamou às pressas a assistência pública, que dentro de cinco minutos já se encontrava no Palácio do Catete. Mas o grande Presidente Vargas já estava morto. Não pode ser descrito o ambiente no Palácio Presidencial. Tudo é consternação. Membros da família do Presidente, serviçais, militares que guarnecem o Palácio choram a morte do insine brasileiro. O povo em massa acorre para o Palácio do Catete, estando repletas as ruas que dão acesso à casa em que se matou, vítima da ignomínia e das campanhas infamantes de adversários rasteiros, o maior estadista que o Brasil teve, neste século. Cenas de profunda dor estão sendo assistidas na rua. Lê-se o pesar no rosto do povo. “O povo brasileiro chora a perda do seu Presidente, por ele escolhido, por ele eleito e que - na crise gerada por seus inimigos - só saiu do Catete morto.” Última Hora, 24 de agosto de 1954. “Com a morte trágica de Getúlio Vargas perde o Brasil, sem dúvida nenhuma, um de seus maiores vultos políticos de todos os tempos”. Nesta hora em que os acontecimentos se sucedem vertiginosamente, quando a situação caminhava para um desfecho constitucional previsto e que teria de afastar do poder o presidente, o seu desaparecimento pela forma por que se verificou enche de tristeza a Nação, suspensa os espíritos diante do irremediável. Cobre-se de luto a alma brasileira diante do esquife que guarda o corpo de alguém que a história não esquecerá, sejam quais forem os ângulos em que se coloque o observador sereno da vida do país em quase meio século, tanto foi o período em que atuou com a sua presença o estadista de múltiplas facetas, empenhado, realmente, em realizar algo de útil e permanente para o bem da sua terra. Inteligência formada na escola que deu ao Rio Grande uma personalidade da estatura de Julio de Castilhos no alvorecer da República, Getúlio Vargas pertence à geração nova que abriu os olhos para as atividades fecundas do regime depois dos primeiros embates que sucederam à queda do Império, e tomou a si as tarefas construtoras do sistema que deu ao Brasil o máximo de seu progresso. Deputado Estadual em mil novecentos e nove, com projeção na Assembléia dos Representantes do Rio Grande durante vários anos, a sua carreira se assinalou brilhantemente até ao movimento de renovação de valores operado no Estado em mil novecentos e vinte e três, época em que o elegeram para a Câmara Federal, cujos Anais guardam páginas vigorosas de seu mandato, na liderança de uma bancada. Nesse posto o encontrou o Governo de Washington Luis a que serviu na pasta da Fazenda, e daí ainda o chamaram os seus coestadoanos para a suprema magistratura estadual de onde ascendeu à Presidência da República em mil novecentos e trinta. A sua projeção no cenário nacional, de então para cá, é tamanha e tão pontilhada de incidentes impressionantes, que não cabe senão em esboço nas linhas de um perfil traçado em momento dramático como o que atravessamos. Mas a consideração que lhe devem os brasileiros impõe, mesmo que se recordem no tumulto dos fatos destes dias, aspectos impagáveis de iniciativas que traziam em si as sementes das suas altas e nobres preocupações do bem público, principalmente no terreno econômico e no campo social, cujos problemas ele sentiu e compreendeu com sinceridade e com sinceridade procurou resolver. A História não recusará a Getúlio Vargas o reconhecimento devido aos seus méritos indiscutíveis, que ele os teve em proporção acima da média dos nossos condutores. Ele encheu com a sua situação enérgica e os seus propósitos de dar-se inteiro a determinadas empresas de finalidade patriótica, uma longa fase da existência do Brasil contemporâneo, e manda a Justiça, que adversários lhe devem, se não esconda de um registro rápido como este, em que a emoção produzida pelo epílogo de um drama, não é obstáculo a que a verdade ilumine a nossa imensa tristeza. Esse que encerrou de forma inesperada o seu trânsito pelo mundo, era um autêntico estadista, dotado de espírito público invulgar, com a cultura política necessária ao exercício da sua missão. A seu modo, e enfrentando embaraços que as circunstâncias opõem constantemente aos que nos países novos tentam forjar uma obra original que conduza os seus compatriotas a um destino menos atribulado e os liberte de preconceitos, Getúlio Vargas fez o máximo que as contingências permitiriam a um homem do seu temperamento e da sua formação. Desaparecido subitamente, nem por isso, e nem por ter preferido a morte a uma luta funesta, o seu nome será esquecido. O futuro dirá melhor da sua obra. O presente lastima a sua perda. “Reverenciemos o seu túmulo.” O Dia, 25 de agosto de 1954. "Quando o rádio anunciou o suicídio do Sr. Getúlio Vargas, populares começaram a acorrer às imediações do Catete. Forças do Exército, em rigoroso policiamento, mantinham-se em cordão de isolamento, em torno da sede da Presidência da República, procurando conter o povo. Muitas pessoas pretendiam penetrar no palácio, no que eram impedidos. Os grupos foram-se avolumando, com a chegada de gente de todos os lados. Às primeiras horas da manhã, em diversos pontos do centro da cidade, formaram-se grupos de populares. Muitos empunhavam retratos de Vargas e realizavam manifestações de protesto contra os adversários políticos do presidente. A carta deixada por Vargas e redigida momentos antes de varar o coração com uma bala, denunciava, em termos bem claros, os responsáveis pelo golpe, os imperialistas norte-americanos e seus seguidores do entreguismo. Pela manhã, grupos de populares atacaram bancas de jornais e destruíram exemplares de jornais propagandistas do golpe. As sedes do O Globo e da Rádio Globo foram atacadas. Dois caminhões dessa empresa foram incendiados. Das 11 ao meio-dia foram feitas várias investidas populares contra a Tribuna da Imprensa, contidas por elementos da Polícia Especial, guardas-civis e investigadores. “Vários jornais cúmplices da propaganda golpista foram mantidos sob guarda de policiais.” Imprensa Popular, 25 de agosto de 1954. “(...) Às oito horas e quarenta minutos, o rádio anunciou o inesperado, o chocante, o brutal: o Sr. Getúlio Vargas suicidara-se com um tiro no coração. Não se descreve o abalo causado por esse acontecimento. A cidade inteira vivera no curso de uma noite uma tragédia Shakesperiana. Uma tragédia que transcorria com toda a intensidade do real, do pungente, sacudindo os nervos, minuto a minuto, em que mentalmente os espectadores viam os quadros, os personagens, o desenrolar dos diálogos e o explodir das crises, e que, finalmente, terminava exatamente como nas cenas últimas do dramaturgo inglês, com a morte da personalidade em torno da qual se entreteciam os acontecimentos e as palavras. (...) O corpo do Sr. Getúlio Vargas foi transportado por via aérea para sua terra natal, São Borja. Seguiram-no quatro aviões, com pessoas de sua família e amigos mais íntimos. A família do Presidente dispensou as honras militares. (...) A preocupação do Sr. Café Filho é restaurar a ordem nacional e realizar um Governo de concentração, solicitando o apoio de todos os Partidos nesta hora gravíssima do País." - A Marcha, 27 de agosto de 1954. “Pouco antes das 9 horas a reportagem de A Noite junto ao Palácio do Catete transmitia-nos uma informação extremamente dramática: o Sr. Getúlio Vargas acabava de suicidar-se”. Com um tiro no coração, executara a decisão extrema. Foi chamada com urgência uma ambulância. Getúlio Vargas exalara já o último suspiro. A primeira pessoa a informar sobre o suicídio de Getúlio Vargas foi o seu sobrinho, capitão Dorneles. Ouvira um tiro. Acorrera aos aposentos presidenciais. E de lá saía logo com a notícia impressionante: matara-se Getúlio Vargas. A ambulância do Pronto Socorro que foi ao Palácio era chefiada pelo Dr. Rodolfo Perricê. Esse médico informou, ao regressar, que já encontrara o presidente morto, na cama, em seus aposentos particulares, cercado de membros da família. Vestia pijama e apresentava uma perfuração no coração. Estava com as vestes empapadas de sangue. (...) Durante toda a noite se desenrolaram os episódios que viriam a culminar com o suicídio de Getúlio Vargas. Às três horas o Palácio do Catete era cenário de uma reunião que marcará um dos episódios mais dramáticos da história do Brasil atual. Convidado a renunciar, Getúlio Vargas recusou-se a atender ao apelo. A crise se prolongou. e se acentuava. Veio finalmente a sugestão que foi redigida sem demora e com a qual parecia ter se conformado o ex-presidente: a licença, ao invés da renúncia. Mas a verdade é que Getúlio Vargas ia cumprir a promessa que fizera de só morto deixar o Catete. (...) Após os primeiros instantes de estupefação, dentro do Palácio do Catete, o general Caiado de Castro conseguiu entrar no aposento em que se encontrava o Presidente Getúlio Vargas caído com uma marca de sangue à altura do coração. No mesmo momento, dona Darcy Vargas que seguia atrás do general Caiado atirava-se para frente e segurando as pernas do extinto, puxava-as exclamando: - Getúlio, por que fizeste isso? Logo depois entrava no quarto o Sr. Lutero Vargas e sentava-se ao lado do corpo, em prantos. Às 9 horas surgia a notícia emocionante. Estavam terminados os dias do ex-chefe da Nação." A Noite, 24 de agosto de 1954. “A nação inteira foi abalada na manhã de ontem com a notícia da morte do Sr. Getúlio Vargas, ocorrida em circunstâncias patéticas”. Cerca de três horas após a histórica reunião da madrugada de ontem, encerrada com a decisão de licença, o presidente da República se suicida, com um tiro no coração. Pouco depois das oito horas, o Sr. Getúlio Vargas encontrava-se no seu quarto de dormir, no terceiro andar do Palácio. De pijama, fisionomia tranqüila, ali foi surpreendido pelo seu velho camareiro Barbosa, que entrava no aposento presidencial, conforme fazia todas as manhãs, para o serviço de arrumação. Disse-lhe, então, o Sr. Getúlio Vargas, em voz serene: Sai Barbosa, eu quero descansar ainda um pouco. Foram estas as suas últimas palavras. Instantes depois, deitando-se no leito, o Sr. Getúlio Vargas comprimia, com a mão direita uma pistola contra o peito, exatamente sobre o coração, e com a outra acionava o gatilho. Desferido o tiro, não teve mais que uns poucos minutos de vida. A cidade viveu ontem horas de profunda tensão nervosa, em conseqüência do suicídio do presidente Getúlio Vargas. As 8,45 quando maior era o movimento de automóveis nos bairros para o centro da cidade foi a informação do falecimento divulgado pelo rádio. Na praia do Flamengo carros particulares, táxis e coletivos paravam em plena Avenida e seus passageiros estupefatos dirigiam-se aos passageiros dos outros carros, procurando pormenores informações como se não quisessem dar crédito ao que ouviram nas rádios dos automóveis. (...) Uma verdadeira multidão acorreu ao Palácio do Catete, onde permaneceu de pé à espera do momento que lhe permitissem ver o corpo do Sr. Getúlio Vargas. “E muitos choravam.” Correio da Manhã, 24 de agosto de 1954. AS MANCHETES Vargas Ao Marechal Mascarenha De Moraes: Não Renunciarei Fui Eleito Pelo Povo, Por Cinco Anos, E Cumprirei Meu Mandato Até O Fim. Não Me Deixarei Desmoralizar (A Noite) Desfecho Tremendamente Dramático: Matou-se Vargas Um Tiro No Coração A Resolução Extrema Executado Pelo Presidente Que Caia (A Noite) O Inesperado Desfecho Da Crise Militar (A Marcha) Protesta O Povo Nas Ruas Contra O Golpe E Pelas Liberdades União de Todos Os Brasileiros Para A Defesa Da Constituição Apoiado Pelos Ianques Café Sucede Vargas (Imprensa Popular) Pus e Lama escorrem sobre A Nação Estarrecida Gregório Explorava A Contravenção, Arrancando Dinheiro Dos "Bicheiros" (O Dia) Afasta-se Vargas do Governo - Às 4 Horas E 55 Minutos O Momento Decisivo - O Sr. Vargas Ainda Tentou Resistir, Recusando-se A Aceitar as Razões Apresentadas Pelos Seus Ministros - A Reunião Ministerial Durou Cerca De Quatro Horas (O Dia) Lamenta O País A Morte do Presidente Vargas - Enorme Massa Popular, Numa Fila Interminável, Na Visitação Do Corpo Do Presidente Da República, Exposto, Em Câmara Ardente, No Palácio Do Catete (O Dia) A Multidão Desfilou A Chorar Ante Vargas - O Presidente Morreu Impressionantes Os Aspectos do Velório No Catete (Diário Carioca) Dramático Desfecho (Jornal do Brasil) Vargas Não Cederá Nem À Violência, Nem Às Provocações, Nem Ao Golpe "Só Morto Sairei do Catete" (Última Hora) Última Hora Havia adiantado, Ontem, O Trágico Propósito - Matou-se Vargas. O Presidente Cumpriu A Palavra "Só Morto Sairei Do Catete" (Última Hora) A morte de Getulio Vargas tomou o Pais de surpresa. Ninguém esperava que o Presidente fosse capaz daquele gesto. Milhares de pessoas formaram filas imensas pelas ruas do Catete para ver o corpo do presidente. Era inacreditável o gesto e todos ficavam perplexos diante de seu corpo no interior do Palácio do Catete. Para substituir o Presidente Getulio Vargas, foi indicado o Sr. Carlos Luz que ficou governando o Pais até 11 de Novembro do ano seguinte. LEMBRANÇAS O primeiro seriado produzido no Brasil para televisão vai ao ar. Era estrelado por Ayres Campos e Idalina de Oliveira, foi exibido na TV Record. Era o "Capitão 7". CURIOSIDADES EVENTOS • 23 de Fevereiro - O imunologista norte-americano, Jonas E. Salk, apresenta a vacina para a Poliomielite. • 13 de Março a 7 de Maio – Batalha de Dien Bien Phu no Vietnam, que termina com a derrota da França. • 20 de Maio - Chiang Kai-shek é reeleito Presidente da República da China (Taiwan). • 5 de julho - Começo da carreira profissional de Elvis Presley. • 21 de Julho - A Conferência de Genebra formaliza a divisão do Vietnam em Vietnam do Norte e Vietnam do Sul. • 24 de Julho - A norte-americana Miriam Stevenson é eleita Miss Universo. • 5 de agosto – atentado contra o jornalista e político brasileiro Carlos Lacerda, episódio que ficou conhecido como Crime da Rua Toneleros. • 7 de agosto - preso o autor do atentado da rua Toneleros, um membro da guarda pessoal do presidente do Brasil, Getúlio Vargas. • 8 de agosto - Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal do presidente do Brasil, Getúlio Vargas, confessa ter sido o mandante do atentado da Rua Toneleros. • 23 de agosto - militares dão ultimato a Getúlio Vargas para que renuncie à presidência do Brasil, em função da crise política desencadeada pelo Crime da Rua Toneleros. • 24 de Agosto – Getúlio Vargas, presidente do Brasil, suicida-se com um tiro no coração. O vice-presidente Café Filho assume o governo. • 25 de novembro – Juscelino Kubitschek é indicado candidato a presidência do Brasil. • 26 de novembro – A Frente Nacional de Libertação da Argélia inicia uma revolta contra o domínio da França. • É criado o avião Boeing 707. • Juan Manuel Fangio conquista seu segundo título mundial na Fórmula 1. • Realização da V Copa do Mundo de Futebol, na Suíça. Campeão: Alemanha. • Carnaval • A Estação Primeira de Mangueira vence o carnaval carioca com o enredo "Rio através dos séculos, passado e presente". NASCIMENTOS • 28 de Junho - Daniel Dantas, ator brasileiro • 11 de Dezembro - Elizângela, atriz brasileira FALECIMENTOS • 15 de Março - Francisco Agenor de Noronha Santos, historiador brasileiro. • 19 de Maio - Catarina Eufémia, trabalhadora alentejana, numa manifestação contra o Estado Novo. • 24 de Agosto - Getúlio Vargas, Presidente do Brasil. • 18 de Outubro - Edgard Roquete Pinto, médico, antropólogo, poeta e professor brasileiro, considerado o pai da radiodifusão no Brasil. • 22 de Outubro - Oswald de Andrade, escritor modernista brasileiro. 1955 LEMBRANÇAS Um fato marcante no casamento de minha irmã que ocorreria no próximo ano e que minha mãe não permitiu que meu pai entrasse na igreja com ela. Esta reação e por causa dos acontecimentos anteriores e que ela guardava uma grande magoa. Lembro-me até hoje as minhas aventuras nas praias das Virtudes e Calabouço. Estas praias ficavam localizadas próximo ao Aeroporto Santos Dumont no Rio de Janeiro. Eram praias consideradas muito perigosas em conseqüência do aterro que ali tinha sido jogado. Logo a seguir indo em direção ao Flamengo passávamos também pela praia do Russel. Esta também acabou por causa do aterro do Flamengo. A praia das Virtudes ficava mais precisamente defronte ao prédio da Esso. Outras praias que também freqüentávamos era a praia de Ramos e a do Caju. Estas praias na época eram preferidas pelos moradores da Zona Norte pela suas localizações e que eram de fácil acesso. Neste ano também saiu do ar o programa criado por Lamartine Babo “Trem da Alegria” que muitas diversões trouxe para década de 40. Comandavam este programa o próprio Lamartine, Iara Sales e Héber de Bóscoli e este trio era também conhecido como “Trio de Osso” por ser seus componentes extremamente magros.. O programa foi ao ar pela primeira vez em 1942 e depois passou pela Mayrink Veiga Globo, Tupi, Mundial e novamente pela Mayrink Veiga. O motivo foi a morte de seu apresentador Héber de Bóscoli. Uma outra forte lembrança deste ano foi a decretação em 25 de Novembro do Estado de Sitio. Este ato gerou uma profunda intranqüilidade a população que temia outra vês a volta da Ditadura ao Pais. Em 18 de Setembro de 1955 acontece outro marco importante para a TV Brasileira. esta é a data da primeira transmissão externa direta com a transmissão do jogo Santos X Palmeiras, na Vila Belmiro, pela TV Record.. Na Tupi faz sucesso "O Céu é o Limite", de J. Silvestre, precursor de todos os programas de perguntas e respostas da TV brasileira. Para a criançada tinha na TV Record a "Grande Gincana Kibon", iniciado em 17 de Abril daquele ano, ficando no ar por 16 anos. A Tv no Brasil crescia a passos largos. No dia 15 de julho foi inaugurada mais uma emissora: a TV Rio, de João Batista do Amaral e Paulo Machado. Em 8 de setembro é inalgurada a TV Itacolomy de Belo Horizonte. POLITICA Em 11 de Novembro deste ano assume como Presidente do Pais, em substituição a Carlos Luz o Sr. Nereu O. Ramos Outro relato importante e que Carlos Lacerda refugiou-se com a equipe do Presidente da República em exercício no navio Tamandaré quando do golpe do Exercito que derrubou o Governo e impediu em 21.11.55 que o Vice-Presidente eleito Café Filho reassumisse o Poder. Exilou-se em seguida na Embaixada de Cuba, estando o País sob o Estado de Sítio decretado em 25.11.55. CURIOSIDADES EVENTOS • 8 de Fevereiro - Nikolai Bulganin se torna Primeiro Ministro da União Soviética. • 5 de Abril - Winston Churchill renuncia ao cargo de Primeiro Ministro do Reino Unido. • 5 de Maio - Alemanha Ocidental se torna uma nação soberana. • 14 de Maio - A União Soviética e mais sete países comunistas assinam o tratado de defesa mútua conhecido como Pacto de Varsóvia. • 22 de Julho - A sueca Hillevi Rombin é eleita Miss Universo. • 16 de Setembro – Golpe militar na Argentina depõe o Presidente Juan Perón. • 3 de outubro - Juscelino Kubitschek vence as eleições, mas a direita não aceita sua vitória, sobretudo por causa do vice João Goulart (eleito nas eleições em separado para vice), considerado "subversivo" para os direitistas. Dias depois, surgem rumores de um golpe envolvendo o então presidente da República, Carlos Luz, com o apoio do jornalista Carlos Lacerda. • 10 de novembro - Carnaval - Fundação da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel. • 25 de novembro - O general Henrique Teixeira Lott, ex-ministro da Guerra do governo Café Filho, realiza um golpe preventivo para destituir o substituto de Café, o presidente da Câmara dos Deputados Carlos Luz, que era contra a vitória de Juscelino Kubitschek, eleito presidente. Juscelino teve sua posse garantida para janeiro do ano seguinte. • 1 de dezembro - No Alabama, Rosa Parks recusa-se a ceder seu lugar num ônibus a um branco. Este gesto deu início à luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos • É criado o avião Caravelle. • Juan Manuel Fangio conquista seu terceiro título mundial na Fórmula 1. • Carnaval - O Império Serrano vence o carnaval carioca com o enredo "Exaltação a Caxias". É o 5º título da escola NASCIMENTOS • 18 de Janeiro - Kevin Costner, cineasta norte-americano. • 24 de Fevereiro: • Alain Prost, piloto de Fórmula Um. • Steve Jobs, um dos fundadores da Apple. • 16 de Março - Bruno Barreto, realizador brasileiro. • 21 de Março - Angelina Muniz, atriz brasileira. • 8 de Junho - Tim Berners-Lee, inventor do World Wide Web. • 23 de Julho - Vital Lima, músico e compositor brasileiro. • 25 de Setembro - Amyr Klink, navegador e aventureiro brasileiro. • 28 de Outubro - Bill Gates, um dos fundadores da Microsoft. • ? - Afonso Brazza, ator e cineasta brasileiro. • ? - Pasquale Cipro Neto, professor e apresentador de televisão brasileiro. FALECIMENTOS • 11 de Março - Sir Alexander Fleming, descobridor da penicilina. • 23 de Março - Arthur da Silva Bernardes, presidente do Brasil. • 18 de Abril - Albert Einstein, cientista. • 5 de Agosto - Carmen Miranda, cantora e atriz • 30 de Setembro - James Dean, ator norte-americano. • 22 de Novembro - Samuel Horwitz, humorista estadunidense famoso por interpretar Shemp Howard em Os Três Patetas. RELATOS DE SÃO PAULO PERIODO DE OUTUBRO DE 1956 A DEZEMBRO DE 1958 1956 POLITICA No dia 31 de Janeiro substituindo o Sr. Nereu Ramos assume a Presidência da Republica por eleições diretas o Sr. Dr. Juscelino Kubitschek de Oliveira Da Carta de Carlos Lacerda. datada de Norwalk em 30.01.56 ao jornalista Carlos Alberto Aulicino publicada no "Estado de São Paulo" de 07.08.84, paginas 2: " Respondo sua carta de 19 de janeiro (1956) ... quis esperar as passagens dos dias para responder com inteira segurança sobre o que realmente penso e sinto. No entanto, ainda não creio chegado o momento de lhe dizer tudo, por motivos óbvios. Basta que lhe diga, por enquanto, que não pretendo voltar ao Brasil, como você sugere, logo que termine o sítio. Os motivos são vários e complexos e você me desculpará por não pormenorizá-los agora. Mas, sobretudo, considero a minha ausência mais útil ao Brasil do que a minha obstinada e afinal inútil presença. Servi de bode expiatório e de armazém de pancada durante dois anos, ou quase, na esperança de que os que com isto eram poupados pudessem ou quisessem ou soubessem agir. Agora, voltar seria reiniciar o ciclo infernal das nossas tribulações, de uma amargura que absolutamente não pretendo nem desejo cultivar para dar aos maiores responsáveis alento e pretexto para não agirem. Não. Agora eles têm de agir ou desonrar-se, ou desaparecerem como líderes que verdadeiramente não têm sido. Algum dia voltarei, e peço a Deus que não tarde demais para que possa dar ao Brasil alguma substância do meu sonho. No dia 13 de Julho Carlos Lacerda chegou de Portugal de navio. ("Assisti à sua recepção na sede da UDN do Rio e surpreendeu-me ele interromper seu agradecimento, contido pela emoção e pelas lágrimas"). LEMBRANÇAS Em maio minha irmã casou-se com o Velson. Foi por isso que minha mãe sofreu muito, pois além da saída de casa de Marilda pelo casamento logo a seguir sairia eu para morar em S. Paulo. As fotos do dia do casamento de Marilda e Velson Em 30 de outubro deste ano fui transferido para trabalhar na Esso de São Paulo, onde exerci vários cargos até a minha demissão. Trabalhei no Departamento de Serviços Gerais e por ultimo no Departamento de Compras. Quando desta transferência eu era noivo de uma jovem chamada Neide que morava na Rua Cardoso Junior em Laranjeiras/Rio de Janeiro. Não foi uma experiência das melhores, pois a mulher de meu pai Laura Jorge me fazia cobranças mil sobre minha conduta e meu salário, que exigia que lhe fosse entregue integralmente. Como não tinha outro recurso aceitei esta imposição e todas as vezes que tinha que sair ficava na dependência dela me dar ou não dinheiro para minha diversão. Nesta época residíamos na Rua Oscar Freira, 1149 (Jardim América) esquina de Rua Bela Cintra. Na parte de baixo da casa era o salão de cabeleireiro de meu pai e em cima nossa residência. Foi neste período que tive novos conhecimentos e experiência. A Esso promovia todas as sextas feiras em seu clube, noite dançante. A turma da Esso era uma turma muito participativa e animada. Constantemente fazíamos viagens para as cidades mais próximas. Nas fotos abaixo foi um passeio que fizemos a Santos. Foi numa destas noites que conheci a jovem Helena Barea Cano que trabalhava na Johnson & Johnson com quem comecei a me relacionar e até mesmo quase assumirmos compromissos maiores. Foi uma das maiores provas amorosa, pois mantinha pela mesma uma grande admiração e amor, para mim foi um choque quando ela resolveu terminar com o nosso relacionamento. Outra vez vem a coincidência das Vilas em minha vida a jovem Helena também residia em uma que ficava situada a Rua Odorico Mendes (Mooca/SP). Quando fui para S.Paulo eu era noivo da Neide que morava na Rua Cardoso Junior em Laranjeiras. Com o inicio de meu relacionamento com a Helena tive de terminar este noivado o que também foi bastante difícil para a Neide. Foto da inauguração do Salão Magestic de propriedade de meu pai. Eu estou atrás do vaso de flores e a meu lado a Helena. Depois da esquerda para a direita Seu Augusto (Cabeleireiro), Carminha (Manicura), Dolores (irmã de Helena), Laura (Minha Madrasta), Murilo (Cabeleireiro), Soares (Meu Pai) e logo a seguir outros convidados. Como não tive coragem de ir ao Rio quem terminou o noivado com a Neide para mim, foi minha mãe e meu irmão. Como se pode notar o castigo para mim veio a jato, pois da mesma forma que eu terminei com a Neide a Helena terminou comigo. Eu era um sonhador e não entendia de forma nenhuma porque a Helena tinha terminado comigo. O sucesso da Tv é tanto que o mercado publicitário investiu pesado. Já em 1956 as três emissoras de TV de São Paulo arrecadavam mais que as treze emissoras de rádio. A essa altura a TV atingia a cerca de um milhão e meio de telespectadores em todo o Brasil. Mais nove estações da Rede dos Diários Associados (Assis Chateaubriand) são inauguradas: Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Campina Grande, Fortaleza, São Luís, Belém e Goiânia. "Poliana", a primeira telenovela infantil vai ao ar pela Tupi, com adaptação de Tatiana Belinky e direção de Júlio Gouveia. Também a Tupi realiza neste ano a primeira transmissão interestadual. Foi o jogo Brasil x Itália, direto do Maracanã no Rio de Janeiro para São Paulo. Para realizar a transmissão o técnico da Tupi, Reinaldo Paim, construiu três antenas, utilizando tela de galinheiro. EVENTOS • 23 de Fevereiro - Nikita Khrushchev ataca a veneração de Josef Stalin como sendo “culto de personalidade” . • 2 de Março – Marrocos declara independência da França. • 20 de Março - Tunísia ganha independência da França. • 23 de Março – o Paquistão se torna uma República Islâmica. • 18 de Abril - Juscelino encaminha ao Congresso a Mensagem de Anápolis, propondo, entre outras medidas, a criação da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (a futura NOVACAP) e o nome de Brasília para a nova capital. • 20 de Julho - A norte-americana Carol Morris é eleita Miss Universo. • 5 de Setembro - Início da indústria automobilística no Brasil, com a fabricação do primeiro automóvel nacional, denominado Romi-Isetta. • 19/09/56 O Congresso aprova por unanimidade o projeto, que se converte na Lei nº. 2.874. Lançado o edital do Concurso do Plano Piloto. O edital foi publicado no Diário Oficial de 30/09/56. • 7 de Outubro - Beatificação do Papa Inocêncio XI • 22 de Outubro - Iniciam-se as obras de construção da residência presidencial provisória, o futuro Catetinho, que será concluído em 31/10/56. • 23 de Outubro – Levante na Hungria contra o governo comunista. • 26 de Outubro – Tropas do Pacto de Varsóvia invadem a Hungria. • 29 de Outubro – Crise de Suez: Israel invade a Península de Sinai e força as tropas do Egito para o outro lado do Canal de Suez. • 2 de Dezembro - Fidel Castro e seus seguidores desembarcam em Cuba. • Juan Manuel Fangio conquista seu quarto título mundial na Fórmula 1. • Começo do sucesso mundial de Elvis Presley com a música Heartbreak Hotel. • Carnaval • 6 de março - Fundação da escola de samba Imperatriz Leopoldinense. • O Império Serrano conquista o bi-campeonato no carnaval carioca com o enredo "O caçador de esmeraldas". É o 6º título da escola. • Surge o bloco Bafo da Onça. NASCIMENTOS • 3 de Janeiro - Mel Gibson, ator norte-americano • 10 de Fevereiro - Roderick MacKinnon, químico norte-americano, premiado com o Nobel de Química em 2003. • 23 de Fevereiro - Aldo Rebelo, político brasileiro • 19 de Março • Alita Diana Küchler, jornalista e poeta brasileira • 12 de Abril, Walter Salles, cineasta brasileiro. • 15 de Maio - Adílio de Oliveira Gonçalves, jogador de futebol brasileiro • 5 de Julho - Monique Evans, modelo, atriz e apresentadora de televisão brasileira • 9 de Julho - Tom Hanks, ator norte-americano • 29 de Julho - Gilberto Pastana de Oliveira, bispo brasileiro. • 10 de Agosto - Fafá de Belém, cantora brasileira. FALECIMENTOS • 22 de Fevereiro - Mário Augusto Teixeira de Freitas, estatístico e advogado brasileiro. 1957 HISTORIA Outra vez o Brasil ficava em 2º Lugar no concurso Miss Universo com Terezinha Morango representante do Estado do Amazonas. 15/03/57 O projeto de Lúcio Costa foi escolhido vencedor para construção de Brasília. Observe-se que, nesta data, construções como a do primeiro aeroporto e a do Palácio da Alvorada já haviam sido iniciadas. Ou seja, a construção de Brasília se inicia em 56; a construção do Plano Piloto, já seguindo o projeto de Lúcio Costa, é que se inicia em 57. LEMBRANÇAS Em 11 de dezembro, começam as transmissões de televisão para o interior de São Paulo. POLITICA No seu retorno do exílio e em conversa com amigos, Carlos Lacerda Declara: "Liquidei quase tudo que possuía naquela altura e contraí dividas. Recebi de amigos que tenho a honra de possuir, apoio e auxilio para completar o necessário à vida em país de câmbio difícil para nós, brasileiros. Vendi aqui, então uma automóvel" No dia 07 de março deste ano, Lacerda leu na tribuna da Câmara um telegrama secreto que provocou o processo mal sucedido da cassação do seu mandato de deputado Federal, No dia 25 de novembro no Congresso em que denuncia a censura ao radio e televisão declarando ilegal, inconstitucional, imoral, degenerescência dos princípios republicanos, e chega a dizer que é “um governo da fraude ou na fraude, pela fraude e para a fraude”. CARNAVAL O desfile e transferido para a Avenida Rio Branco, onde desfilavam os ranchos, em virtude do excesso de publico que se interessava pela apresentação, àquela altura o principal evento do carnaval carioca. Abandonou-se a idéia do tablado. A imprensa estimou que o publico presente ao desfile chegava a 700 mil pessoal. A Portela vence o carnaval carioca e conquista seu 12º título. Surge, no Rio de Janeiro, o bloco Cacique de Ramos. CURIOSIDADES EVENTOS • 22 de Janeiro - Israel se retira da Península de Sinai. • 20 de Fevereiro - O Rei Saud da Arábia Saudita visita os EUA, cujos governantes lhe prometem ajuda militar. • 7 de Março - Primeira transmissão em direto e início das emissões regulares da RTP. • 25 de Março – Tratado de Roma estabelece a Comunidade Econômica Européia. • 19 de Julho - A peruana Gladys Zender é eleita Miss Universo. • 4 de agosto – o piloto argentino Juan Manuel Fangio vence o GP da Alemanha, em Nurburgring, e conquista seu quinto título mundial na Fórmula 1. • 31 de Agosto – A Malásia ganham independência do Reino Unido. • 8 de Outubro – Lançamento do Sputnik I, o primeiro satélite artificial a orbitar a Terra. • Ano em que a filial brasileira da Volkswagen começou a funcionar, a produção diária era de oito veículos. Carnaval • Primeiro campeonato da escola de samba Protegidos da Princesa, de Florianópolis NASCIMENTOS • 10 de Março - Osama bin Laden, fundamentalista islâmico. • 19 de Maio - José Luiz Datena, jornalista e apresentador de televisão brasileiro • 27 de Agosto - João B Silveira Júnior, Repórter Criminalista, Diário Popular, locutor de rádio a SRVB, Diretor do Site de São Caetano do Sul Site www.saocaetanosp.com.br brasileiro, separado muçulmano. • 12 de Outubro - Sérgio Malandro, ator e apresentador de televisão brasileiro. • 30 de Dezembro - Larri Passos, tenista brasileiro, ex-ténico de Gustavo Kuerten FALECIMENTOS • 14 de Janeiro - Humphrey Bogart, ator estadunidense. • 15 de Março - Leopoldo Antônio Feijó Bittencourt, educador, jurista brasileiro. • 15 de Junho - Artur de Souza Nascimento (Tute), músico brasileiro. • 30 de Junho - José Rodrigues Leite e Oiticica, anarquista, professor e filólogo brasileiro. • 4 de Agosto - Washington Luiz, presidente do Brasil. • 7 de Agosto - Oliver Hardy, ator norte-americano. • 26 de Outubro - Gerty Theresa Cori, bioquímico e Prémio Nobel da Medicina norte-americano. 1958 FUTEBOL Garrincha, Didi e Pelé foram os grandes nomes da seleção brasileira de 1958, que ganhou na Suécia a VI Copa do Mundo, conquistando seu primeiro titulo mundial com uma campanha memorável: seis jogos, cinco vitórias e um empate, com 16 gols a favor e quatro contra. No final, a equipe treinada por Vicente Feola superou a Suécia por 5 X 2 e foi a primeira seleção a conquistar a Copa fora de seu continente. HISTORIA Neste ano Adalgisa Colombo natural do Rio de Janeiro, ficava também em 2º lugar no concurso de Miss Universo. LEMBRANÇAS Permaneci trabalhando na Esso até o dia 08 de Outubro de 1958, data de minha demissão. Uma das causas foi a minha falta de maturidade e por ter me recusado trabalhar na portaria do escritório no 4º andar da Rua Presidente Wilson em S. Paulo para substituir o porteiro que tinha faltado por motivo de doença. Diante de minha saída da Esso em Outubro de 1958 consegui arranjar emprego na Cia. Brasileira de Gás em 5/11/1958 onde fiquei por pouco tempo. Como não tinha uma boa convivência com minha madrasta e tendo terminado o meu relacionamento com a Helena resolvi retornar para o Rio de Janeiro para a casa de minha mãe, pedindo então demissão do cargo de Chefe de Pessoal que exercia na firma Cia. Brasileira de Gás em 04/12 do mesmo ano. Pela primeira vez no Brasil é usado o videoteipe. Foi no "TV de Vanguarda", da TV Tupi de São Paulo, com a apresentação de "O Duelo", de Guimarães Rosa. Ainda não havia a possibilidade de montagem/edição do VT. HISTORIA 05/06/58 Foi fundada Taguatinga (atualmente a mais importante cidade-satélite do DF). Obs.: embora Taguatinga tenho sido criada como "a 1ª cidade-satélite", já existia na época a "Cidade Livre", atual Núcleo Bandeirante. 05/08/58 Iniciado o primeiro asfaltamento em Brasília. RECORDAÇÕES EVENTOS • 27 de Março - Nikita Khrushchev se torna Premier da União Soviética. • 26 de Julho - A colombiana Luz Marina Zuluaga é eleita Miss Universo. • 3 de Agosto – O submarino nuclear USS Nautilus é o primeiro submarino a atravessar o Pólo Norte sob a água. • 9 de Outubro - Morte do Papa Pio XII • 18 de Outubro - A vila moçambicana de Pemba (então Porto Amélia) é elevada à categoria de cidade • 28 de Outubro - Ângelo Giuseppe Roncalli se torna o Papa João XXIII. • 28 de Novembro - Chade, a República do Congo e o Gabão se tornam repúblicas autônomas da França. • 1 de Dezembro – República Centro-Africana se torna independente da França. • 31 de Dezembro - Emancipação de Baía Formosa, Rio Grande do Norte (Brasil). • Ano de criação da Barbie. • Ano de criação do Bambolê. • Ano da fundação da cidade-satélite de Taguatinga no Distrito Federal. • Mike Hawthorn torna-se o primeiro britânico a vencer o Campeonato Mundial de Fórmula 1. • Realização da VI Copa do Mundo de Futebol, na Suécia. Campeão: Brasil. Carnaval • A Portela conquista o bi-campeonato no carnaval carioca. • É publicado o livro História do carnaval carioca, de Eneida de Moraes. NASCIMENTOS • 1 de janeiro - Eduardo Dusek , cantor e compositor brasileiro • 10 de Fevereiro - Cláudia Magno, atriz brasileira. • 20 de Março - Edson Celulari, ator brasileiro • 29 de Março - Pedro Bial, jornalista e apresentador de televisão brasileiro • 4 de abril - Cazuza, cantor e compositor brasileiro. • 26 de Abril - Thaís de Andrade, atriz brasileira. • 11 de Julho - Lúcia Veríssimo, atriz brasileira • 16 de Agosto - Madonna, cantora americana • 29 de Agosto - Michael Jackson, cantor americano • 8 de Novembro - Pedrinho Cavalléro, músico brasileiro. • 3 de Dezembro - Gilberto Barros, apresentador de televisão brasileiro. FALECIMENTOS • 14 de Agosto - Frédéric Joliot, cientista françês. • 9 de Outubro – Papa Pio XII, 261º papa. RELATOS DO RIO DE JANEIRO PERIODO DE JANEIRO DE 1959 A FEVEREIRO DE 1959 RELATOS DE SETE LAGOAS DE 1959 ATÉ MARÇO DE 1961 1959 POLITICA Prefeito de Sete Lagoas: Sr. Wilson Tanure Vice Prefeito: Sr. Avelar Pereira de Alencar LEMBRANÇA No inicio de meu retorno para o Rio foi bem tumultuado. Em Janeiro de 1959 como já estava envolvido com desquitada Gilda, tia da noiva de meu irmão e seu pai, querendo que eu fosse viver com a mesma e como ele era Diretor da Empresa Brasileira de Engenharia arranjou em 01/02/1959 para eu fosse trabalhar em Matozinhos/MG na construção da Cia. Mineira de Cimento Portland onde fiquei trabalhando para a EBE até o dia 30/09/1959 termino da construção da fábrica. Esta fabrica era de propriedade do General Orlando Moreira Torres. Como não quis residir em Matozinhos, pois a cidade era bem pequena e a luz apagava as 22 horas. O cinema local avisava para toda a população que ia começar a sessão tocando uma sirene que era ouvida por toda a cidade. Como não me adaptei na cidade, procurei uma cidade próxima e fui residir em Sete Lagoas onde então iria começar uma nova etapa de minha vida. Nesta cidade fui morar no hotel Vitória onde fiz algumas amizades como, por exemplo, o Otelito (funcionário do então IAPI), Cleres (veterinário da Acar), Simões (Professor), Gonçalves (Sargento do Tiro de Guerra) que eram meus companheiros de farra enquanto lá residi. Como cheguei à cidade a noite não pude observar detalhes sobre a mesma e isso só veio acontecer no dia seguinte. Acordei um pouco mais cedo, antes de ir para o ponto do ônibus resolvi dar uma volta por perto do hotel. Fiquei deslumbrado com o que via. A Lagoa me recordava a Lagoa Rodrigo de Freitas no Rio mais era muito mais bela pela sua naturalidade. Ao fundo deste espelho mágico deslumbra-se a Serra de Santa Helena como se fosse um gigante em repouso. A noite voltei ao local e fiquei mas maravilhado ao ver o colar de perolas que formava as pequenas luminárias ao redor da lagoa. Foi neste momento que senti que Sete Lagoas seria o lugar ideal para complementar meu destino e resolvi adota-la como minha segunda cidade natal. Uma coisa que gostávamos de fazer eu e o Cleres, era pedir o jepp do Sr. Amaltino emprestado para irmos até a Fazenda da Bocaina de propriedade de José Cirilo Leão (Sr. Dondi). O nosso interesse e por que José Eloi de Deus, havia nos contado sobre uma gruta existente naquela fazenda e que continha em seu interior pedras que mais pareciam brilhantes. Eu, Cleres e José Eloi ficávamos horas no local que hoje é conhecido como Grutinha verificando as formações existentes em seu interior e também pela beleza da mata do entrono. José Eloi de Deus foi merecidamente homenageado como o primeiro homem a entrar nestas cavernas. Muitas foram as vezes que adentramos na caverna maior passando pela grutinha e chegando até onde hoje e conhecido como salão dos blocos desabados. Daí para frente com o medo que nos dominava e não tínhamos coragem de prosseguirmos. Mais vamos nos para o outro lado dessa historia. Num certo anoitecer, mais precisamente na semana do carnaval, estando eu na esquina do hotel em companhia dos amigos, assistindo o footing que era realizado na Av. Emilio de Vasconcelos, observei três jovens que participavam deste evento e chamou-me a atenção principalmente uma jovem que andava em passos elegantes e atraentes. Falei com meus amigos: Vou me casar com aquela bitelona o que fui alvo de gozações e desafios. Diante deste desafio, resolvi abordá-las e fazer minha apresentação. Uma delas durante a apresentação me deu o nome Yhascara (por coincidência, a irmã de Elaine, Hortência), outra me disse chamar-se Gilda e a ultima, aquela a quem eu tinha dito para os amigos que seria com quem me casaria, muito timidamente disse chamar-se Elaine. Fiquei tremendamente impressionado com sua beleza e postura. Por coincidência, como o ponto de ônibus ficava na Praça Francisco Salles em frente ao hotel e eu normalmente todas as manhãs eu ficava neste local aguardando a partida do mesmo para ser conduzido a Matozinhos, local de meu trabalho. Nesta época existiam na cidade três cinemas; o Trianon, Meridiano e o Rivelo que era o mais novo da cidade. Além do grande numero de participantes do Footing na Avenida ainda existia uma sorveteria de propriedade do Sebastião que se chama Sorveteria Cinelandia e era o Point da época e que por lá, ficavam os jovens paquerando as moçoilas da cidade. O comercio da avenida possuía além das Lojas Barateiras a Casa das Meias, Casa Dois Irmão, Casa Jorge, Ótica Santinho e outras pequenas lojas e também o Banco Mercantil. Na Rua Lassance Cunha a loja maior era a Loja Para Todos dos irmãos Maciel. Na manhã seguinte ao acontecimento acima relatado e estando eu aguardando o ônibus nesta praça, vi pra minha alegria, que a jovem Elaine se aproximava e não resistindo a ansiedade, abordei a mesma para conversarmos. Durante a conversa ela me disse que trabalhava nas Lojas Barateiras que ficava naquela rua, e que ela estava indo para o trabalho. Isto foi o inicio de tudo e daí para frente, passei a observar seus horários e ficar aguardando para que ela passasse e eu pudesse fazer minhas investidas para conquistá-la. Numa destas investidas resolvi acompanhar a mesma ate a sua casa e fui surpreendido por seu pai que se encontrava no portão que educadamente convidou-me para entrar. Abaixo fotos do Sr. João Diniz Pontes (pai de Elaine), homem que apesar de sua aparência humilde era um gigante em honestidade e cortesias para com o próximo. Por ele foram prestados relevantes serviços no Centro Regional de Saúde. Seu nome foi dado a uma Rua da cidade para ser lembrado e homenageado por sua família e seus conterrâneos. O gesto do Sr. João, me convidando para entrar em sua casa logo no primeiro dia sem ao menos me conhecer, me assustou, já que esperava do mesmo outro tipo de reação. Daí para frente senti que as minhas investidas não tinham sido em vão e logo já me encontrava de namoro com a Elaine. Foi um namoro bem curto, somente três meses e ficamos noivos somente durante nove meses até a data de nosso casamento. Durante nosso período de namora e também de noivado, muitos foram os finais de semana que escalávamos a Serra de Santa Helena. Naquela época além de ser um local excelente para pic-nic também era um local aprazível para se passar algumas horas junto a natureza. Nestas escaladas participavam também minhas cunhadas, Hortência, Diná e meus cunhados Petrônio e Evandro, logicamente porque seus pais não nos deixavam sozinhos. Eu era um perigo, carioca, desconhecido para todos na cidade e com poucas referencias pessoais. Daí o cuidado deles. Para irmos assistir uma sessão de cinema nunca conseguimos ir sozinho, geralmente quando chegávamos na esquina do grupo Arthur Bernardes, logo vinha correndo uma das minhas cunhados Graça ou Sãozinha, dizendo que sua mãe havia determinado que elas nos acompanhasse. O interessante e que nunca vinham com dinheiro para o ingresso e por diversas vezes passei aperto, pois não tendo dinheiro suficiente para pagar para todos, sugeria que era melhor irmos para a sorveteria Cinelandia. Com o começo deste namoro, surgiu um problema para mim. Como me afastar de Gilda e falar com a mesma que estava me preparando para casar com uma jovem Mineira. Fui muito ajudado por minha mãe que, mais uma vez ficou pronta a colaborar com o termino deste romance. Sem que eu soubesse minha mãe, já tinha procurado a família de Gilda para dizer que jamais permitiria o casamento de um seu filho com uma mulher desquitada (grande preconceito da época). Abaixo diversas fotos do meu período de namoro com Elaine. Algumas fotos foram tiradas em passeios na Serra de Santa Helena e outras próximas da antiga Praça de Esportes. Em 30 de Setembro deste ano por causa do termino das obras da fabrica de cimento e como havia uma grande pressão do Sr. Gumercindo, para que eu saísse da Empresa Brasileira de Engenharia ,me desliguei da mesma e fui trabalhar na Cia. Mineira de Cimento (Cominci) e meu pedido de demissão se deu no dia 01 de Outubro deste ano. Não posso deixar de citar que neste período de Sete Lagoas, fiquei conhecendo diversas figuras folclóricas da cidade, como por exemplo: Isabel Trovão, Wilson Doido, Seu Aprígio, Milito Pato, Chiquinha e outros que eram a alegria e temor das crianças da época. Alegria por que adoravam mexer com eles para ouvir e ver as reações, e temor porque duvido, que algum tivesse coragem para se aproximar de algum deles. Todos eram inocentes e não agressivos. Wilson fazendo suas poesias para as moças, Isabel xingando quando falavam que ia chover, Aprígio com a venda de seus queijos e Milito com as historias de suas onças no mato onde vivia (Gruta Rei do Mato). O Verdadeiro Rei do Mato era o Milito, pois ele residia na grutinha com autorização de Sr. Donde (José Cirilo Leão) que era proprietário da Fazenda da Bocaina. É inaugurada em S. Paulo a TV Excelsior. "Paulistas e Cariocas", da TV Tupi, foi o primeiro programa exibido simultaneamente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Naquele ano, em 21 de setembro, Assis Chateaubriand assina uma escritura doando 49% de suas ações e cotas das empresas Associadas a 22 funcionários de sua total confiança. Assinada em Outubro, pelo então Ministro da Justiça, Armando Falcão, a primeira legislação regulamentando a censura de TV no Brasil. CARNAVAL O Salgueiro contrata uma dupla de artistas plásticos para fazer o carnaval, Dirceu Néri e Marie Louise. Ambos resolvem abandonar os desengonçados carros alegóricos e criam os adereços de mãos, causando grande impacto visual. Em abril deste ano o Salgueiro faz uma apresentação em cuba, pouco depois da vitória de Fidel Castro. Era a primeira vez que uma escola de samba ia ao exterior. A Portela conquista o tri-campeonato no carnaval carioca com o enredo "Brasil, panteon de glórias". CURIOSIDADES EVENTOS • 15 de Fevereiro - Conferência de Zurique, que determina a independência de Chipre. • Começa a Revolução Cubana. • O Alasca torna-se num estado dos Estados Unidos da América. • 21 de Junho - Batalha de Solferino, um combate decisivo da Segunda Guerra de Independência Italiana. • 24 de Julho - A japonesa Akiko Kojima é eleita Miss Universo. • 29 de Dezembro - Inaugurado o Metro de Lisboa. • Jack Brabham vence seu primeiro título mundial de Fórmula 1 Carnaval NASCIMENTOS • 11 de Fevereiro - Roberto Pupo Moreno, piloto brasileiro de F1 e Indy • 8 de Maio - Maria Padilha, atriz brasileira • 21 de Junho - Otávio Mesquita, apresentador de televisão brasileiro • 12 de Setembro - Roberto Luiz Warken, sociólogo, educador e ativista GLBT brasileiro • 23 de Setembro - Hortência Marcari, jogadora brasileira de basquetebol FALECIMENTOS • 21 de Janeiro - Cecil B. DeMille, realizador de cinema norte-americano. • 22 de janeiro - Mike Hawthorn, inglês, campeão mundial de Fórmula 1 de 1958. • 3 de Fevereiro • os intérpretes de rock and roll Buddy Holly, Richie Valens e The Big Bopper, num acidente de viação em Clear Lake (Iowa). • 15 de Fevereiro - Owen Willans Richardson, físico britânico, Nobel de Física em 1928. • 3 de Março - Lou Costello, actor, humorista • 15 de Julho - Billie Holiday, cantora de jazz e blues norte-americana. • 14 de Outubro - Errol Flynn, actor estadunidense. • 4 de Novembro - José Antônio Flores da Cunha, político brasileiro. • 17 de Novembro - Heitor Villa-Lobos, compositor brasileiro. • 22 de Dezembro - Octávio Tarquínio de Sousa, advogado, jornalista e escritor brasileiro. 1960 LEMBRANÇAS As fotos abaixo foram tiradas durante a vinda de minha mãe e meu padastro para meu noivado. Meu casamento foi realizado no dia 28 de Maio e a cerimônia religiosa foi na Matriz de Santo Antonio. O casamento Civil foi na casa de Elaine. Estiveram presentes minha mãe, meu padrasto e minha irmã Vera. Quase todos os familiares de Elaine estiveram presentes e foi uma festa bastante agradável. Abaixo o Convite: Abaixo minha certidão de casamento: As Fotos Fatos hilários ocorreram na festa de casamento e depois na minha Lua de Mel. O primeiro e que minha irmã Vera e minha cunhada Maria das Graças (Gracinha) começaram a vender cerveja para um convidado grego recém chegado e que nada falava de português. As duas, ainda crianças, começaram a fazer gestos e oferecer cerveja para o mesmo que as remunerava pelo favor e elas se aproveitando disso ficaram a festa toda a oferecer bebida para o mesmo. O outro fato foi que no dia seguinte ao nosso casamento, como não viajamos, o pai preocupado com a filha foi nos levar comida o que nos deixou bastante sem graça já que estávamos em plena lua de mel e no primeiro dia de casados. O pior e que com ele estava diversos familiares de Elaine. Inicialmente fomos morar em um barracão na Rua Professor Abeylard, que até hoje lá permanece. Foi neste barracão que recebi a noticia com muita alegria que Elaine estava a espera de nosso primeiro filho. Seu João, pai de Elaine, pessoa muito participativa na vida política da cidade e com grandes conhecimentos, conseguiu com um visinho, Sr. Pedro de Freitas que na época era gente do IAPI, uma apartamento no conjunto desta autarquia que estava preste a ser concluído. Fomos os primeiros moradores deste conjunto que ficava localizado na Boa Vista e foi lá que nosso filho Frank nasceu. Neste ano já existiam no Brasil 200 mil aparelhos receptores de televisão. Em maio acontece o primeiro incêndio na Tv Record. O videoteipe passa a ser utilizado com mais regularidade no programa "Chico Anísio Show", dirigido por Carlos Manga. As propagandas que eram apresentadas ao vivo passam a ser gravadas. Com a inauguração de Brasília, transmitida para todo o Brasil, o governo começa a investir nas transmissões à distância para atingir um maior número de telespectadores. As imagens chegam a São Paulo, Rio e Belo Horizonte e a TV Tupi foi a primeira emissora a ocupar um link e transmitir em cadeia no Brasil, através de 1.200 km, com 7 torres de transmissão. O primeiro teleteatro a usar o VT foi "Hamlet", de William Shakespeare, adaptado e dirigido por Dionísio de Azevedo, da TV Tupi. A TV Cultura junto com a Secretaria de Educação de São Paulo colocam no ar o primeiro Telecurso, preparando candidatos para o exame de admissão ao ginásio. POLITICA Neste ano durante a campanha para presidência da republica, Jânio Quadros esteve em Sete Lagoas a convite dos membros da UDN. Quando discursava na Praça Francisco Sales o então Vereador Homero Marques começou a atirar ovos no Jânio. Logo a situação foi contornada e Jânio prosseguiu com seu discurso. O candidato da oposição para a Assembléia era o Sr. Wilson Tanure que já tinha sido prefeito da cidade. AS EMISSORAS DE TELEVISÃO TV Cultura História A TV Cultura já existia desde 1960, então como uma das emissoras dos Diários Associados, que também controlavam a TV Tupi, apresentando uma programação semelhante à da Tupi, com novelas e programas de auditório, só que sempre com audiência bem menor que a da emissora principal. Pela Cultura "associada" passaram apresentadores como Jacinto Figueira Júnior, o "homem do sapato branco". A TV Cultura atual parece fazer questão de ignorar este passado pouco "educativo". Em 1968 o canal foi doado à Fundação Padre Anchieta, que reinaugurou a emissora em 1969, pelas mãos de Rafael Noschese e Cláudio Petraglia. Após 4 meses de transmissões experimentais que iniciaram no dia 4 de abril, foi inaugurada a TV Cultura às 19h30 de 15 de junho, com a apresentação dos discursos do então governador Roberto de Abreu Sobré e do presidente da Fundação Padre Anchieta, José Bonifácio Coutinho Nogueira. Em seguida, foi exibido um clipe mostrando o surgimento da emissora, os planos para o futuro e uma descrição dos programas que passariam a ser apresentados a partir do dia seguinte. O primeiro programa exibido foi o documentário Planeta Terra no dia 16 de junho às 19h30, que trazia como tema terremotos, vulcões e fenômenos que ocorrem nas profundezas do planeta. Em seguida, às 19h55, foi levado ao ar um boletim meteorológico chamado A moça do tempo, apresentado por Albina Mosqueteiro. Às 20h00 iniciava uma série chamada de Curso de Madureza Ginasial, sendo um dos seus maiores desafios o de provar que uma aula transmitida por televisão poderia ser, ao mesmo tempo, eficiente e agradável. Emissoras da Rede Pública Nome Canal Cidade Estado TV Cultura São Paulo 02 São Paulo SP TV Cultura Adamantina 44 Adamantina SP Paraná Educativa 09 Curitiba PR Rede Minas 09 Belo Horizonte MG TV Nacional 02 Brasília DF TVE-BA 02 Salvador BA TVE-RS 07 Porto Alegre RS TVE-RJ 02 Rio de Janeiro RJ TV Universitária 11 Recife PE TV Universitária [1] 05 Natal RN TV Ceará 05 Fortaleza CE TV Palmas 13 Palmas TO Programação Infantil Para o público infanto-juvenil, a TV Cultura e a TV Globo uniram-se ao Sesame Workshop para produzir uma versão brasileira do norte-americano Sesame Street chamada Vila Sésamo (1973 a 1977). Logo, a TV Cultura passou a ser especialista em programas infantis educativos, como Rá-Tim-Bum, que ganhou o Prêmio APCA de Melhor Infantil; e o Catavento, que ganhou o Prêmio Japão NHK. Castelo Rá-Tim-Bum, programa infantil de maior sucesso da TV Cultura, teve maior audiência, e rendeu shows de suas personagens, revistas, jogos e um longa-metragem: Castelo Rá-Tim-Bum, o Filme. Cocoricó, programa infantil que usa bonecos como personagens, também foi um dos maiores sucessos da emissora. Ganhou seu novo formato em 2003, e também o Prix Jeunesse. A TV Cultura mantém o setor de confecção e manipulação de bonecos, para programas infantis. Fernando Gomes, Jesus Seda e Sílvio Galvão foram os responsáveis pelos movimentos dos personagens dos infantis da emissora. Rede Excelsior A Excelsior foi uma rede de TV brasileira cuja primeira emissora, a TV Excelsior de São Paulo, entrou no ar em 9 de julho de 1960. Fechou as portas em definitivo em 30 de setembro de 1970. Concessão Em 1959, as Organizações Victor Costa, proprietárias da TV Paulista, canal 5 de São Paulo (mais tarde adquirido pela Rede Globo), receberam concessão para um segundo canal na cidade, o canal 9. A posse de mais de um canal de TV por um mesmo grupo não era proibida pelas leis da época. As Organizações Victor Costa também eram donas da ’’Rádio Excelsior’’ e por isso já na concessão esse foi definido como o nome da futura emissora ’’TV Excelsior’’. Porém antes que planejassem o que fariam com o canal, um grupo de empresários liderados pela família Simonsen, dona, entre outras 41 empresas, da Panair do Brasil, a maior empresa de aviação do país, compraram a emissora ainda no papel. O grupo ainda contava com empresários como José Luís Moura, da exportação de café em Santos; o deputado federal Ortiz Monteiro, fundador da TV Paulista e João de Escantimburgo, proprietário do Correio Paulistano. A concessão foi adquirida por 80 milhões de cruzeiros, valor extremamente elevado para época. Além da concessão, foram adquiridos um pequeno lote de equipamentos entre os quais figurava algumas câmeras, uma torre e um transmissor. O sistema de transmissão foi instalado na esquina da rua da Consolação com a avenida Paulista, os estúdios na avenida Adolfo Pinheiro e a área comercial e administrativa na região do centro da cidade. Um delegado da Polícia Federal e mais quatro agentes davam proteção aos engenheiros. Era o fim da TV Tupi. A emissora saía do ar exatamente 29 anos e dez meses depois de sua inauguração. O governo militar preferiu a cassação a entregar o canal a uma cooperativa de funcionários. Permanece, entretanto, um acervo de duzentos mil rolos de filmes, 6.100 fitas de videotape e textos de telejornais que contam 30 anos de muitas histórias do Brasil e do mundo. Das 7 concessões cassadas, a última que saiu do ar foi a Tupi do Rio. No dia 17 de julho, os funcionários da estação iniciaram uma vigília de 18 horas, comandada pelo apresentador Jorge Perlingeiro, com o objetivo de impedir que o canal 6 carioca fosse fechado. Várias personalidades, como o cantor Agnaldo Timóteo e o humorista Costinha deram apoio aos funcionários. Mas nada adiantou. Às 12h36min de 18 de julho, o sinal da TV Tupi do Rio de Janeiro era definitivamente cortado. Os Diários e Emissoras Associados ganharam na Justiça em 1998 a ação contra o Governo Federal e foram indenizados pela cassação da concessão das 5 Emissoras Associadas que não enfrentavam dificuldades financeiras. Somente a Tupi paulista e a Tupi do Rio estavam com salários atrasados. Referências bibliográficas GILDER, George. A Vida após a televisão: tudo sobre os últimos progressos em torno da televisão interativa. Trad. Ivo Korytowski. R. Janeiro: Ediouro, s.d. HOINEFF, Nelson. A Nova televisão, desmassificação e o impasse das grandes redes. Rio de Janeiro: Relume Dumára, s.d. MORAIS, Fernando. Chatô: Rei do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. RAMOS, José Mário Otiz. Televisão, publicidade e cultura de massa. São Paulo: Vozes, 1995. A TV Continental Foi uma emissora de TV do Rio de Janeiro, ocupada pelo canal 9 entre 1959 e 1972. Hoje o canal 9 é ocupado pela TV Corcovado, que retransmite a CNT para o Rio. CARNAVAL Fernando Pamplona, cenógrafo do teatro Municipal, é convidado para fazer o carnaval do Salgueiro. Mantém os artistas que fizeram o carnaval anterior e ainda convida seu colega de trabalho Arlindo Rodrigues. Eles montam um enredo sobre Zumbi dos Palmares. Era a primeira vez que uma escola ia homenagear um personagem da historia não-oficial. Foi difícil convencer a escola que precisava haver alas vestida de escravos. Os favoritos para vencer o desfile deste ano eram Portela e Salgueiro. Na apuração deu Portela em primeiro, Mangueira em Segundo e Salgueiro em terceiro. Naquele ano foi introduzido o quesito cronometragem para as escolas que ultrapassassem. As duas primeiras foram penalizadas em 15 pontos. O titulo ficaria com o Salgueiro. Os dirigentes de outras escolas se revoltaram com a mudança do resultado. O tumulto foi aumentado com a ação da policia que partiu para cima dos sambistas batendo com cassetetes. No dia seguinte houve uma reunião para decidir o impasse. Ficou decidido que as cinco primeiras colocadas (Portela, Mangueira, Salgueiro, Império e Unidos da Capela) seriam declaradas campeãs. No domingo seguinte foi realizado em Madureira, bairro da Portela, um desfile com todas as campeãs. Mal sabiam elas que estavam participando da comemoração pelo tetracampeonato dos portelenses. HISTORIA 21/04/60 Brasília é inaugurada. As festividades da inauguração já haviam se iniciado às 16h do dia 20 de abril. Às 9:30h do dia 21/04, os Três Poderes da República se instalaram simultaneamente em Brasília. Aqueles que fizeram Brasília Juscelino Kubitschek de Oliveira Nascido em Diamantina - MG em 12/09/1902, Juscelino Kubitschek mudou-se em 1921 para Belo Horizonte, onde diplomou-se como médico em 1927. Em 1931, casou-se com D. Sarah Luiza Gomes de Lemos. Sua carreira política iniciou-se em 1934 quando foi escolhido como chefe do gabinete do recém-nomeado interventor federal em Minas Gerais, Benedito Valadares. No mesmo ano foi eleito deputado federal. Porém, perdeu o mandato em 1937, com o advento do Estado Novo, voltando então a clinicar. Nomeado prefeito de Belo Horizonte em 1940, também por Benedito Valadares, convocou Oscar Niemeyer, então arquiteto em início de carreira, para realizar várias de suas obras, inclusive a urbanização da Pampulha. Ingressando no PSD, em 1945 foi novamente eleito deputado federal, exercendo o mandato de 1946 a 1950, ano em que foi eleito Governador de Minas Gerais. Iniciou o mandato em 31/01/51, norteando sua administração pelo binômio "Energia e Transporte". Em 1955 foi eleito para a Presidência da República, cargo que exerceu de 31/01/56 a 31/01/61. Seu governo teve como base um ambicioso Plano de Metas (com o famoso slogan "50 anos em 5"), que incluía construção da nova capital. Juscelino ambicionava disputar as eleições presidenciais de 1965, mas em junho de 64 teve seu mandato (havia sido eleito senador por Goiás) e seus direitos políticos cassados pelo regime militar. A partir de então, JK percorreu por algum tempo cidades americanas e européias, em exílio voluntário. Voltou ao Brasil estabelecendo-se como empresário. Em 22/08/76 faleceu, vítima de um acidente automobilístico. Estado da Guanabara De acordo com a Lei Santiago Dantas os vereadores da Câmara do Distrito Federal, eleitos em 3 de outubro de 1958, tornavam-se deputados constituindo o Poder Legislativo até que fosse promulgada a Constituição do novo estado. Desta forma, a Câmara de Vereadores do Distrito Federal funcionou como Assembléia Legislativa até a promulgação da Constituição estadual em 27 de março de 1961. O presidente da República nomeou, também em 21 de abril de 1960, o primeiro governador da Guanabara, o então chefe da Casa Civil, embaixador José Rodrigues Sete Câmara, que governou até 5 de dezembro de 1960, quando tomou posse Carlos Lacerda, da União Democrática Nacional (UDN), o primeiro governador eleito por voto direto. HISTORIA A eleição de 3 de outubro de 1960, que levou Carlos Lacerda ao poder na Guanabara, definiu também os trinta parlamentares que formaram a Assembléia Constituinte encarregada de elaborar a Constituição do Estado. Os constituintes, em um expediente político, incluíram na Carta estadual uma cláusula que impedia a permanência dos vereadores do extinto Distrito Federal na Assembléia Legislativa em desacordo ao estabelecido na Lei Santiago Dantas. Assim, a ALEG em sua primeira legislatura foi formada apenas pelos trinta deputados constituintes. Somente na segunda legislatura (1963-1967) teria 55 parlamentares, de acordo com a proporcionalidade de um representante para cada 20 mil eleitores do estado Carlos Lacerda foi eleito Governador da Guanabara por escassa maioria de votos. Seu adversário e filho do Agamenon. Tomou posse como Primeiro Governador do Estado da Guanabara no dia 5 de Dezembro CURIOSIDADES EVENTOS • 1 de Janeiro – Independência dos Camarões • 22 de maio - Grande Terremoto do Chile • 26 de Junho – Independência de Madagáscar • 7 de Agosto – Independência da Costa do Marfim • de Agosto – Independência do Congo • 17 de agosto – Independência do Gabão • 22 de Setembro – Independência do Mali • 28 de Novembro – Independência da Mauritânia • 21 de Abril – Brasília substitui o Rio de Janeiro como capital do Brasil. • 9 de Julho - A norte-americana Linda Bement é eleita Miss Universo. • Jack Brabham é bicampeão mundial de Fórmula 1 • A IBM lança o primeiro computador eletrônico IBM: o RAMAC 305. NASCIMENTOS • 21 de Março - Ayrton Senna, piloto brasileiro de Fórmula 1. (m. 1994) • 27 de Março - Renato Russo, líder e vocalista do Legião Urbana (m. 1996) • 23 de Abril - Léo Jaime, cantor, compositor e ator brasileiro • 1 de Agosto - Felipe Camargo, ator brasileiro • 12 de Agosto - Gilberto Kassab, político brasileiro. • 14 de Outubro - Carla Camurati, atriz e cineasta brasileira. FALECIMENTOS • 1 de Junho - Paula Hitler, irmã mais nova de Adolf Hitler. • ? Setembro - Archimedes Memória, arquiteto brasileiro. • 29 de novembro - Octávio Mangabeira, engenheiro, professor e político brasileiro, Imortal da ABL. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDAS NO ANO • Sr. Olyntho Satyro Alvim – Ferroviário Nasceu no dia 12 de Janeiro de 1903 em Três Rios/RJ Faleceu no dia 16 de Agosto em Sete Lagoas • Sr. José Jorge Tanure – Comerciante Nasceu no dia 31 de Maio de 1911 em Sete Lagoas Faleceu no dia 6 de Março em Sete Lagoas. RELATOS DE SETE LAGOAS PERIODO DE 1961 ATÉ 1962 RELATOS DO RIO DE JANEIRO DE 1962 ATÉ AGOSTO DE 1973 1961 HISTORIA Outra vez o segundo lugar no Miss Universo desta vez com a representante de Minas Gerais Stael Abelha. CARNAVAL Pela primeira vez se cobrou ingressos. POLITICA Como resultado das eleições realizadas em outubro passado tomava posse no dia 31 de Janeiro como Presidente do Pais o Sr. Jânio Quadros substituindo o Sr. Juscelino Kubitschek de Oliveira. Carlos Lacerda fez um discurso no dia 24 de Agosto que derrubou Jânio no dia seguinte. O discurso foi feito de Improviso pela Televisão e foi o pretexto para a renúncia. No dia 25 de Agosto deste ano renuncia a Presidência da Republica o Sr. Jânio Quadros alegando em sua carta que as “forças ocultas” não o permitiam governar a nação. Na realidade o que ele queria e que chegando ao aeroporto de Cumbica em S. Paulo procedendo de Brasília as Forças Armadas não aceitassem o seu pedido de renuncia e o reconduzisse ao poder como Ditador. O tiro saiu pela culatra. O Congresso aceitou sua renuncia e marcou a posse do Vice Presidente. Mesmo diante de bastantes protestos e tentativa de impedimento o Sr. João Goulart que era o Vice Presidente da Republica, retornou de sua viagem do exterior e no dia 8 de Setembro assumia a Presidência Durante os Governos de Jânio Quadros e de João Goulart, a construção da cidade de Brasília e a transferência de órgãos da antiga capital (Rio de Janeiro) fica quase estagnada. A partir de 1964, Castelo Branco e os demais presidentes militares que o sucederam consolidam Brasília como a capital de fato do País. LEMBRANÇAS No dia 03 de Março deste ano nascia nosso primogênito Frank Diniz Pontes Ranauro Soares. O parto de Frank foi marcado por passagens difíceis. Primeiro que o medico que acompanhava a gravidez de Elaine, Dr. Marcio Paulino tinha falecido no dia 13 de Janeiro o que nos deixou com uma só opção, do parto ser feito por quem estivesse de plantão na Maternidade Odete Valadares. Durante a gravidez em certa noite, Elaine foi atacada por uma tremenda dor de dente e como isto ocorreu de madrugada e não existia dentista aberto àquela hora fomos procurar o SAMDU que ficava em uma casa na Rua Dr. Pedro Luiz. Quando lá chegamos fomos atendidos por um estagiário que receitou um determinado medicamento. Como não sabíamos os efeitos colaterais do remédio fomos a farmácia para adquiri-lo, mais o farmacêutico viu a receita e se recusou a fornece-lo. Observando ele o estado de gravidez de Elaine nos alertou que ela não poderia fazer uso daquele medicamento, pois ele era abortivo. Não comprei o remédio e fiquei revoltado com a displicência do medico que nos atendeu no SAMDU e passei dias a procura do mesmo para chamar sua atenção pela falta de responsabilidade mais o mesmo nunca mais veio a cidade. O parto também foi bastante cruel para Elaine. Por minha ignorância e também por falta de medico na maternidade ela sofreu durante dois dias. A única pessoa que assistiu o nascimento do menino foi a Irmã Arnalda que somente recomendava que Elaine ficasse deitada dentro de uma banheira cheia de água morna e Lisoform para provocar dilatação. Este sofrimento foi grande para Elaine alem de colocar em risco sua vida e também do Frank. Finalmente Deus nos protegeu e ele veio ao mundo neste dia 02 de março. Seus padrinhos foram minha mãe e seu Otavio. Em seu batizado estiveram presente alem de meus pais minha prima Ligia e seu filho Sergio. Foi uma festa bonita. Frank quando criança chamava atenção de todos e nossos vizinhos. D. Maria e filhas eram doidas com ele e a todo instante lá estavam elas pegando o menino para levá-lo para sua casa e com isso a Elaine podia fazer suas obrigações. Ele, Frank alem de ser muito bonito era um garoto enorme. Abaixo foto das Pessoas que vieram para o batizado do Frank destacando-se Sr João, meu sogro e meu padastro Sr. Octavio. Nesta oportunidade ainda estava trabalhando na Cia. Mineira de Cimento e como eu era responsável pelo Almoxarifado comecei a desconfiar de certas atitudes tomadas pelos Franceses que eram gestores da obra. Acredito que minha demissão em 03 de Abril deste ano foi causada pelas minhas denuncias que fiz sobre os Franceses que estavam sonegando impostos e prejudicando o general Orlando Moreira Torres ao fazerem entrada de material uma única vez e em duplicata as notas, com a finalidade de aumentarem o custo da obra. Mais uma vez estava desempregado e desta vez era pior, pois tinha mulher e filho para sustentar e a cidade tinha carência de empregos. Com as dificuldades crescendo resolvi conversar com minha mãe e ela nos aconselhou que mudássemos para o Rio e fossemos morar com ela até que eu arranjasse emprego e foi o que aconteceu. Abaixo foto do Frank na janela do apartamento da minha mãe no Rio de Janeiro. Nas fotos acima Frank estava com 8 meses. Nesta ultima foto no fundo aparece o Pico do Papagaio, o morro que falo no inicio desta historia e que gostávamos de escalar. Foi um período muito difícil para Elaine, pois conviver com minha mãe que era muito possessiva e difícil de relacionamento por causa de seu sofrimento com meu pai seu ex marido, ela ficou muito marcada emocionalmente. Depois de alguns dias de procura, consegui arranjar um emprego no dia 09 de Junho de 1961 para trabalhar na Fabrica de Produtos Lavex como Chefe do Departamento Pessoal. Na foto abaixo eu e o Diretor da Lavex Sr. Nelson Silva distribuindo presentes na festa de Natal para os funcionários. A diretoria, tanto da Lavex como da Magnus muito lamentaram de minha saída do Deptº Pessoal. Outra lembrança trágica e do incêndio no Gran Circo Americano que estava montado em Niterói/RJ. No dia 17 de Dezembro deste ano o radio anuncia o incêndio onde perderam as vidas mais de 500 pessoas, sendo a maioria crianças e teve também centenas de feridos. Esta tragédia deixou tanto o Est. da Guanabara como Niterói em luto. A foto que segue e de uma visita que fizemos ao Sitio de meu Tio Mario em Petrópolis. Na foto minha tia Ana, minha prima Marininha e Elaine Através de decreto federal, o intervalo comercial de televisão é fixado em três minutos e é proibida a participação de menores de 18 anos em programação de debates. CURIOSIDADES EVENTOS • 20 de janeiro - Posse do Presidente John Kennedy nos Estados Unidos. • 31 de janeiro - Posse do Presidente Jânio Quadros no Brasil. • 4 de Fevereiro - Assalto à cadeia de Luanda e a uma esquadra da polícia por parte de militantes do MPLA, causando alguns mortos, e que marcou o início da luta armada pela independência daquela antiga colônia portuguesa, e o ínicio da Guerra Colonial Portuguesa, já que pouco tempo depois o conflito alastrou-se às restantes colônias africanas. O atual Aeroporto Internacional de Luanda tem o nome de "4 de Fevereiro" para assinalar essa data histórica. • 11 de Fevereiro - Patrice Lumumba, Primeiro-Ministro da República do Congo é assassinado. Mais tarde o governo belga admitiu ter tido “uma irrefutável porção de responsabilidade nos acontecimentos que conduziram à morte de Lumumba”; em Julho de 2002, documentos publicados pelo governo americano revelaram que a CIA jogou um papel no assassínio de Lumumba, ajudando os seus adversários com dinheiro e apoio político e, no caso de Mobutu, com armas e treino militar. • 15 de Fevereiro - Criadas as Forças Armadas de Libertação do Vietname do Sul. • 23 de Fevereiro - O Conselho de Segurança da ONU emite a primeira resolução condenatória da política colonialista de António de Oliveira Salazar. • 25 de Fevereiro - É assinado o contrato para a construção da Ponte sobre o Tejo, em Lisboa, com a United States Steel Export Company. • 12 de abril - Yuri Gagarin, primeiro homem no espaço. • 17 de abril - Invasão à Baía dos Porcos, por exilados cubanos com auxílio da CIA, termina em desastre a 19 de abril. • 5 de maio - Alan B.Shepard, primeiro americano no espaço. • 15 de julho - A alemã Marlene Schmidt é eleita Miss Universo. • 13 de agosto - Construção do Muro de Berlim. • 25 de agosto - Renúncia de Jânio Quadros. Crise política no Brasil. • 7 de setembro - Regime parlamentarista no Brasil. Posse de João Goulart • 25 de Novembro - O Papa João XXIII cria a Prelazia de Abaeté do Tocantins, no Pará. • Phil Hill vence o Campeonato Mundial de Fórmula 1. Carnaval • Proibida, por decreto do Presidente Jânio Quadros, a utilização do lança-perfume. Outras proibições do presidente que adorava governar por meio de bilhetinhos, foi as rinhas de briga de galo. • A Estação Primeira de Mangueira vence o carnaval carioca, conquistando seu 9º título NASCIMENTOS • 20 de Janeiro - Jorge Kajuru, jornalista esportivo e apresentador de televisão brasileiro. • 30 de Março - Felipe de Nóbrega Ribeiro (Bi Ribeiro), músico brasileiro, baixista do grupo Os Paralamas do Sucesso • 3 de Abril - Eddie Murphy, ator norte-americano. • 4 de Maio - Herbert Vianna, músico brasileiro. • 27 de Maio - Renato Rocha, músico brasileiro. • 1 de Julho - Diana, Princesa de Gales ou Diana Frances Mountbatten-Windsor. • ? Leoni, cantor e compositor brasileiro. FALECIMENTOS • 17 de Janeiro - Patrice Lumumba, líder da independência do Zaire. • 26 de Março - Dom Carlos Duarte da Costa, fundador da Igreja Católica Apostólica Brasileira. • 25 de Abril - Borges de Medeiros, político brasileiro. • 2 de Julho - Ernest Hemingway, escritor norte-americano. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDAS NO ANO • Sr. Antonio Gerken – Ferroviário e Professor Nasceu no dia 14 de Agosto de 1903 em Ewbank da Câmara/MG Faleceu no Rio de Janeiro no dia 12 de Novembro • Sr. Crispim Carneiro Leão – Comerciante Nasceu no dia 25 de Outubro de 1891 em Sete Lagoas Faleceu em 18 de Maio em Sete Lagoas • Joaquim Alves Pereira (Joaquim de Horácio) Nasceu no dia 12 de Março de 1900 em Sete Lagoas Faleceu no dia 26 de Maio • Dr. Márcio Prates Ferreira Paulino – Médico Nasceu no dia 26 de Maio de 1905 em Teófilo Otoni/MG Faleceu no dia 13 de Janeiro em Sete Lagoas • Sr. José Pinto – (Mestre José Pinto) Nasceu no dia 8 de Junho de 1904 em Conselheiro Lafaiete/MG Faleceu no dia 30 de Janeiro em Belo Horizonte 1962 POLITICA Foi neste ano que tive a honra de trabalhar ao lado de Carlos Werneck de Lacerda, governador do Rio de Janeiro. Tudo começou com um convite do Dr. Antonio Vicente, amigo de infância, que era Superintendente do Serviço Penitenciário do Estado da Guanabara, para que eu fosse com ele ao Presídio da Frei Caneca e desse algumas sugestões a respeito do Serviço de Pessoal lá existente. Neste dia de minha visita coincidiu com a visita também do governador que durante a visita me argüiu de diversos assuntos. No dia seguinte, minha mãe falou-me que tinha recebido uma telefonema do Palácio Guanabara pedindo que eu lá me apresentasse, pois o governador gostaria de conversar comigo. Estranhei, mas lá estava eu no dia e hora marcada. O Governador Carlos Lacerda foi curto em suas palavras e logo lá estava eu prestando serviços ao Estado na qualidade de Assessor de Imprensa e mais tarde acumulando o cargo de Responsável pela Segurança no Sistema Presidional do Estado. Neste cargo passei um tremendo susto: Em uma visita no final de ano ao presídio a pedido do governador, os presos fizeram a mim e outros visitantes como reféns. Minha mulher ao saber da noticia pelo radio ficou apavorada. As 23:50 horas finalmente, com a interferência do Arcebispo do Rio de Janeiro, D. Helder Câmara, fomos colocados em liberdade. Nesta função trabalhei muito pouco tempo, pois logo o Superintentende Dr. Antonio Vicente, passou também a acumular este cargo e eu fiquei somente como Assessor de Imprensa no palácio. No dia 30 de março Carlos Lacerda se pronunciou a respeito da encampação da Telefônica Brasileira controlada pelos canadenses, declarando "Assim o esquerdista Goulart, através de Tancredo Neves, defenderia uma empresa capitalista das atitudes confiscatórias de um direitista”. Esta frase de Lacerda foi bastante polemica mais veio evitar a desapropriação de diversas empresas estrangeiras instaladas no Pais. Neste ano assume a Prefeitura de Sete Lagoas o Vice Prefeito Sr. Avelar Pereira de Alencar. Carnaval A Portela vence o carnaval carioca pela 16ª vez com o enredo "Viagem pitoresca através do Brasil". LEMBRANÇAS Trabalhei como Chefe de Pessoal da Lavex até o dia 11/06/1962 e no dia 12 deste mesmo mês fui transferido para a Magnus S/A que pertencia ao mesmo grupo para exercer as mesmas funções com melhor salário. Os donos destas Empresas era Jorge Torok Fischer e Nelson Silva. Ao Dr. Jorge eu devo meus conhecimentos em venda e também na área de produção, em fabricação de sabão e detergentes. Durante algum tempo tive a oportunidade, depois que sai da firma, de ser seu vendedor exclusivo no Rio de Janeiro. Todos os anos passávamos o Natal com minha mãe e o Ano Novo em Sete Lagoas com D. Tina e este ano não foi diferente. Na foto acima na Ceia de Natal na casa de minha mãe, meu tio Maneco e sua filha Ligia. Na foto do meio D. Vera (mãe de meu cunhado Velson), tia Ana e Vera minha irmã. Na primeira foto Elaine, Marilda, D. Vera, minha tia Olga e meu tio Maneco cujo nome verdadeiro era Manoel Soriano de Macedo. Assis Chateaubriand, o fundador da Tv no Brasil, em uma cadeira de rodas devido a uma dupla trombose cerebral, faz a doação dos 51% de ações e cotas restantes das empresas Associadas para os mesmos colaboradores, com exceção de seu filho Gilberto que é substituído por Paulo Cabral de Araújo. O VT é utilizado regularmente, melhorando o acabamento dos programas, e possibilitando a exibição dos mesmos programas em diferentes lugares sem a necessidade de links e transmissores, que custavam muito caros. As imagens gravadas seguiam de carro ou avião e os capítulos das telenovelas podiam finalmente serem gravados com antecedência, diminuindo os erros de texto, barateando o custo de montagem de cenário e possibilitando a exibição de capítulos diários. É instituído o "Código Brasileiro de Telecomunicações" e criado o Conselho Nacional de Telecomunicações (CONTEL), autorizando o governo federal a constituir uma empresa pública, Empresa Brasileira de Telecomunicações. É criada a ABERT, Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão. Seu primeiro presidente foi o deputado João Calmon. A primeira conquista foi a mudança no prazo de concessão, que era de 3 anos e passa a ser de 15 anos. Jânio Quadros obriga , por decreto, a dublagem de todos os filmes transmitidos pela TV. Também por decreto era obrigatória a transmissão diária de 25 minutos de filmes brasileiros. É inaugurada a TV Gaúcha, em Porto Alegre. Na TV Paulista, Sílvio Santos faz sua estréia com o programa dominical "Vamos Brincar de Forca ?", com duas horas de duração. Na TV Rio fazem sucesso os seguintes programas: "O Riso é o Limite", humorístico, líder de audiência; "Teatro Moinho de Ouro", produção de Vitor Berbara; "Praça da Alegria" da TV Paulista com Manuel da Nóbrega; "Preto no Branco" com a voz de Sargentelli; "Moacyr Franco Show"; e "Chacrinha". A TV Excelsior inicia sua grande arrancada rumo à especialização em dramaturgia, adquirindo modernos equipamentos, contratando os melhores profissionais, como Carlos Manga, e construindo um grande estúdio no bairro da Vila Guilherme, em São Paulo. FUTEBOL A VII Copa do Mundo, no Chile, em 1962, serviu para reafirmar a superioridade brasileira, cuja seleção, quatro anos mais velha, ainda teve fôlego e técnica para conquistar o bicampeonato. Com a contusão de Pelé na segunda partida da competição, Garrincha sagrou-se o melhor jogador do torneio, e a seleção brasileira conseguiu uma campanha idêntica à de quatro anos antes: seis jogos, cinco vitórias e um empate. Treinada por Aimoré Moreira, a seleção derrotou a Tchecoslováquia na final por 3 X 1. CURIOSIDADES EVENTOS • Acre torna-se um estado federativo do Brasil ao invés de território. • 4 de fevereiro - a Lua, o Sol e 5 planetas (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, e Saturno) estavam em conjunção. • 8 de Fevereiro - O navio escola Sagres é incorporado na Marinha de Guerra Portuguesa. • 8 de maio - emancipação do município de Antônio Martins (Brasil). • 14 de julho - A argentina Norma Nolan é eleita Miss Universo. • 31 de julho - Argélia proclama independência da França. • 14 de outubro - Início da Crise dos Mísseis, em Cuba. Temor mundial por conflito nuclear. • 20 de novembro - Fim da Crise dos Mísseis, Kennedy levanta a quarentena em Cuba. • The Beatles lançam seu primeiro disco, Please, Please Me. • Graham Hill vence o Campeonato Mundial de Fórmula 1. • Realização da VII Copa do Mundo de Futebol, no Chile. Campeão: Brasil. NASCIMENTOS • 11 de Março - Maria Paula Gonçalves da Silva (Magic Paula), jogadora de basquetebol brasileira • 22 de Julho - Márcia Goldschmidt, apresentadora de televisão brasileira. • 24 de Julho - Edson Bueno de Camargo, poeta e escritor brasileiro. • 25 de Junho - Cláudio Besserman Vianna, o Bussunda, humorista brasileiro. • 23 de Setembro - Paulo Ricardo Oliveira Nery de Medeiros, músico brasileiro • 6 de Dezembro - Antonio Calloni, ator brasileiro. FALECIMENTOS • 30 de janeiro - Manuel Dias de Abreu, médico brasileiro. • 6 de Fevereiro - Candido Portinari, pintor brasileiro. • 10 de Abril - Stuart Sutcliffe, baixista e membro dos Beatles. • 25 de Junho - Alberto da Veiga Guignard, famosos pintor brasileiro. • 5 de Agosto - Marilyn Monroe, atriz estado-unidense. Marilyn foi encontrada morta em sua casa sob suspeita de suicídio. Muita gente comenta que ela foi vitima do sistema de segurança do Presidente Kennedy por ela estar envolvida amorosamente com o Presidente. • 3 de Setembro - Aldo Locatelli, pintor ítalo-brasileiro. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDAS NO ANO • Sr.Urcine Campelo – Industrial e Inventor Nasceu no dia 31 de Agosto de 1899 em Santana do Pirapama/MG Faleceu no dia 6 de Janeiro em Belo Horizonte 1963 LEMBRANÇAS No dia 23 de Fevereiro recebemos a noticia que avo de Elaine, D. Conceição tinha falecido. Saímos do Rio ainda pela manhã, pois queríamos participar do enterro. No dia 30 de Novembro foi à vez do Sr. José Diniz tio de Elaine que tinha nos deixado. Nas fotos Elaine com Gelma comigo na Cascatinha no Alto da Boas Vista. Elaine já estava grávida de Ciomara. Com as modificações implantadas em 1962, a TV Excelsior de São Paulo coloca no ar a primeira telenovela diária: "2-5499 Ocupado", direção de Tito de Miglio, com Glória Menezes e Tarcísio Meira. Decreto regulamenta a programação ao vivo da TV. HISTORIA Até que conseguimos. A nossa Ieda Maria Vargas do Rio Grande do Sul foi eleita a mais bela do mundo ao vencer o concurso de Miss. Universo. POLITICA Prefeito de Sete Lagoas: Dr. José Antonio de Vasconcelos Costa No dia 24 de Janeiro assume realmente como Presidente o Sr. João Goulart que conduziu o Pais, sem pulso e sem autoridade, deixando a grande massa sindicalista levar o Pais um quase Caus. Era comum a falta de alimentos para serem vendidos ao povo. As filas para aquisição de leite, arroz, feijão, pão e óleo comestível eram freqüentes e o povo vivia humilhado de tanta falta de comando. Além de tudo ainda acontecia as invasões e saques a armazéns e super-mercados. No final de Setembro, o Governador Carlos Lacerda concedeu uma entrevista ao jornal americano Los Angeles Times prevendo a queda iminente de João Goulart, devido a uma reação militar. Em 4 de Outubro pediu o pedido de estado de sítio foi feito. Goulart retirou o pedido 4 dias depois". No dia 4 de Outubro João Goulart enviou uma mensagem pedindo a decretação do Estado de Sitio. No dia 7 de outubro foi apresentado ao Congresso requerimento do deputado padre Godinho e de mais 140 deputados pedindo a abertura de inquérito para apurar tentativa de seqüestro de Lacerda. Numa outra entrevista em 7 de Dezembro concedida a Murilo Mello Filho da Manchete, Lacerda declarou o seguintes: "Sou, deliberadamente, um idealista pragmático. Um democrata cristão que confia no processo de ascensão social dos trabalhadores pelo aperfeiçoamento do processo democrático de preparação dos cidadãos para o exercício responsável da democracia" . CARNAVAL • A turma de Fernando Pamplona comanda uma vitória arrasadora do Salgueiro com o enredo “Chica da Silva”, considerado um dos mais importantes da historia das escolas. Uma das alas passou dançando um minueto, dança do tempo da personagem homenageada. A polemica em torno das inovações foi grande. CURIOSIDADES EVENTOS • Janeiro - Início dos confrontos do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde com Portugal, marcando o começo da Guerra da Libertação da Guiné-Bissau, abrindo mais uma frente na Guerra Colonial Portuguesa. • 8 de Fevereiro - História do Iraque: Abdul Karim Kassem é deposto por um grupo de oficiais, muitos deles pertencentes ao Partido Baath. É executado no dia seguinte. • 8 de Fevereiro - A administração norte-americana de John F. Kennedy considera ilegal qualquer viagem, negócio ou transação comercial de cidadãos norte-americanos para Cuba. • 9 de Fevereiro - Primeiro vôo do Boeing 727. • 21 de Março - Criada a personagem Mônica por Mauricio de Sousa. • 21 de Junho - Eleição de Paulo VI como papa, pelo colégio dos cardeais. • 20 de Julho - A brasileira Ieda Maria Vargas é eleita Miss Universo. • 22 de Julho - Estréia no Brasil, pela extinta TV Excelsior de São Paulo, a novela 2-5499 Ocupado, primeira a ser exibida diariamente no país, estrelada pelo casal Glória Menezes e Tarcísio Meira. • 19 de Outubro - Cai o gabinete de Harold MacMillan no Reino Unido. Sucedido por Alec Douglas-Home. • 1 de Novembro - Golpe Militar no Vietname do Sul derruba Ngo Dinh Diem, que é morto no dia seguinte. • Jim Clark vence seu primeiro título mundial na Fórmula 1. NASCIMENTOS • 12 de Janeiro - Nando Reis, músico brasileiro, ex-integrante da banda Titãs • 27 de Março • Xuxa Meneghel, apresentadora/cantora/atriz brasileira. • 30 de Março - Eli-Eri Moura, compositor, regente e teórico brasileiro. • 20 de Abril - Maurício Gugelmin, piloto brasileiro de F1. • 23 de Agosto - Glória Pires, atriz brasileira. • 29 de Outubro - Flávio Lemos, baixista da banda de rock brasileira Capital Inicial. • 16 de Dezembro - Cristiana Oliveira, atriz brasileira. • 24 de Dezembro - Humberto Gessinger, músico brasileiro. FALECIMENTOS • 3 de Junho - Papa João XXIII. • 22 de Novembro • John Kennedy, presidente estadunidense, assassinado. • 24 de Novembro - Lee Harvey Oswald, indiciado como assassino do Presidente Kennedy. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDAS NO ANO. • Mons. Messias de Sena Batista Nasceu em 10 de Junho de 1888 na cidade de Piranga/MG Faleceu no dia 6 de Outubro em Belo Horizonte. • Sr. Nagibe Tanure – Comerciante Nasceu no dia 8 de Agosto de 1907 em Sete Lagoas Faleceu no dia 19 de Agosto em Sete Lagoas 1964 LEMBRANÇAS Em fevereiro, mas precisamente no dia 24 de Fevereiro, faleceu o pai de Elaine, Sr João Pontes Diniz. Foi uma grande perda não só para a família como também para a cidade. Seu João trabalhava no Centro de Saúde e acudia a muitas pessoas necessitadas, aplicando injeções e até mesmo fornecendo remédios que ele mesmo custeava. Eu muito o estimava e o admirava. Tivemos que sair do Rio de avião para que desse tempo de assistirmos aos funerais. Chegamos quase em cima da hora do enterro, mas deu para darmos as nossas despedidas a um ente tão querido. Foram três os falecimentos de pessoas ligadas a família em pouco mais de 10 meses. Nesta época residia em nossa casa no Rio de Janeiro o irmão da Elaine o Petrônio que tinha ido para o Rio em busca de emprego e nos causou bastantes problemas por causa do seu vicio com a bebida. Era completamente diferente do Io-Io no que diz respeito a seriedade de seus compromissos. 30 de Setembro nascia minha filha Ciomara. Esta gravidez de Elaine foi mais tranqüila apesar da época turbulenta, tanto com os falecimentos na família como com os problemas profissionais e políticos. O parto foi de cesariana e Ciomara teve que ficar de observação 24 horas por causa do problema de sangue entre eu e Elaine. Somente agora e que fomos descobrir nosso tipo de sangue. Eu sou O IV positivo e ela O IV Negativo. Por isso o medico recomendou a cesariana e ligação das trompas. Naquela época ainda não existia vacina para este problema de sangue. Residíamos em uma Vila Vertical na Rua Visconde de Santa Isabel e lá contamos com a amizade de uma vizinha, D. Maria, que muito colaborou com a Elaine olhando o Frank e mesmo a Ciomara para que Elaine cuidasse da casa. Não posso deixar de falar de uma pessoa que sempre esteve presente nas festas de final do ano na casa de D. Tina esta pessoa era uma tia de Elaine, conhecida como Tia Sianinha (Ana Diniz). Sianinha foi casada com o tio José já falecido. Era uma pessoa extremamente alegre. Nada a tirava da alegria e todos gostavam de prosear com ela. Das crianças aos adultos lamentavam-se quando ela deixava de vir para as festas de Natal. Durante muitos anos seu presente de Natal para mim era o LP de Roberto Carlos. Ela sempre recomendava que eu não comprasse o LP, pois ela fazia questão de me dar. Depois que Sianinha faleceu os finais de Ano parece que perderam um pouco de alegria. "O Direito de Nascer", telenovela dirigida por J.B. de Oliveira, o Boni, baseada num script de rádio, vai ao ar na TV Rio. Com a Ditadura de 64 vieram a censura e os seriados americanos: "Batmasterson", "Bonanza", "A Feiticeira", "Perdidos no Espaço", "Papai sabe tudo" etc. A TV Excelsior do Rio é inaugurada, criando a linha de shows. CARNAVAL As escolas de samba começaram a crescer, invadidas pelos foliões de classe media. Portela e Mangueira, que tinham cerca de 90 componentes nos anos 30 se apresentaram com 1.200. A Portela sagra-se campeã do carnaval carioca pela 17ª vez com o enredo "O segundo casamento de D. Pedro I". POLITICA No dia 13 março houve um comício defronte a Central do Brasil onde os manifestante chegaram ao maximo do desrespeito. Mesmo com a participação do Presidente Jango no comício eles queimaram o Pavilhão Nacional e símbolos da republica isto bem próximo ao então Ministério da Guerra, estava ai formada as condições ideais para afastamento do Jango do Poder. Segue abaixo o panfleto deste comício: Na passagem do dia 31 de Março para o dia 1 de abril, dia em que realmente eclodiu a revolução, o Gov. Carlos Lacerda durante toda a madrugada falou para o povo da Guanabara por intermédio da Radio Mayrink Veiga clamando frases como esta: “Povo da Guanabara, estamos sendo atacados pelos rebeldes da Marinha. Saiam as ruas, venham defender a Democracia. (Nestes intervalos pedia que tocássemos as matracas de carnaval para parecer que estávamos sendo atacados a tiros)”. O povo atendeu seus gritos de socorro e aderiram e apoiaram a revolução. HISTORIA A seguir transcrevo o que acho ser uma descrição fiel da montagem da Revolução: REVOLUÇÃO DE 1964 Movimento político-militar deflagrado em 31 de março de 1964 com o objetivo de depor o governo do presidente João Goulart. Sua vitória acarretou profundas modificações na organização política do país, bem como na vida econômica e social. Todos os cinco presidentes militares que se sucederam desde então se declararam herdeiros e continuadores da Revolução de 1964. Revolução ou golpe? As interpretações simplificadas sobre a natureza do movimento de 31 de março de 1964, que derrubou o governo constitucional do presidente João Goulart dificultou o entendimento do processo que deu origem ao mais longo colapso democrático sofrido pela República brasileira. O movimento que culminou com a deposição de Goulart, manipulado semanticamente, tem sido exaltado como revolução ou condenado como golpe de Estado. Mas, a exemplo de todas as caracterizações ou definições resumidas, estas são também de pouca utilidade quando se pretende analisar e compreender as causas e as conseqüências do episódio. Somente o entendimento além das conceituações simplistas possibilitará esclarecimentos adicionais e mais satisfatórios do que os obtidos tanto pelos que consideram a queda de Goulart como resultado de uma ruptura política nos moldes revolucionários, quanto pelos que a reduzem ao simples resultado de um golpe de força militar. Revolução ou golpe de Estado? Ambos são movimentos com características distintas e inadequadas - por ampliação no primeiro caso e por simplificação no segundo - para explicar os acontecimentos anteriores e posteriores à derrubada de Jango em 1964. O conceito de revolução com os contornos modernos e mais precisos que recebeu a partir da teoria marxista, supõe a ação revolucionária como um instrumento de transformação nas relações políticas, sociais e culturais, no ordenamento jurídico-institucional e na estrutura econômica. Historicamente, no plano da ação política, as revoluções têm-se dado com o emprego da violência e alteração de domínio de classe no aparelho de Estado. O golpe de Estado, sem as motivações ideológicas de uma revolução, limita-se a um movimento das elites políticas e visa a substituição de autoridades, para restabelecer a hegemonia de alianças políticas mais fortes entre a própria classe dominante. Como regra, não altera os marcos constitucionais e nem opera mudanças substanciais nos mecanismos jurídicos, políticos, econômicos ou sociais. No golpe de Estado é escassa ou inexistente a participação popular, é breve a duração da luta política e, normalmente, é reduzido o nível de violência. O processo ocorrido no Brasil em 1964, diverso destes dois modelos, trouxe características próprias, como, por exemplo, a alteração no papel de "poder moderador" exercido até então pelos militares na política brasileira. Seus elementos básicos de julgamento - a face política e o modelo econômico-social - o definem como um regime militar autoritário, centralizador e burocratizaste, mas de conseqüências econômicas modernizadoras, que, a expensas de forte compressão salarial e grande concentração de renda e capital, promoveram um tipo de desenvolvimento intimamente vinculado aos investimentos estrangeiros. Analisado pela superfície da crise político-institucional, 1964 identificou-se como um movimento político-militar conservador, em oposição às "reformas de base" nacional-populistas e à participação política de setores populares, tradicionalmente excluídos do pacto de poder. Enquanto expressão de interesses de classes - com expressiva mobilização dos grupos dirigentes e respaldo das classes médias caracterizou-se pela rearticulação política do empresariado nacional, ligado ao capitalismo internacional, correspondendo internamente ao extrato moderno da burguesia industrial. De importância maior que um simples acidente no processo político brasileiro, o movimento de 31 de março de 1964 ficou, pela sua natureza, tão distante de uma revolução quanto de um golpe de Estado. "Modernizadores" e "tradicionalistas" na disputa do poder As raízes estruturais da crise institucional que culminou com a deposição de João Goulart estão plantadas solidamente no fenômeno já identificado como "auge do processo de substituição de importações". Tratava-se, como analisou com precisão o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, de recompor "os mecanismos de acumulação e de recolocar esta última num patamar mais alto capaz de atender ao avanço verificado no desenvolvimento das forças produtivas". Portanto, subjacente aos embates políticos — condicionando-os sem determiná-los — estava a rearticulação de grupos sociais nacionais (intérpretes do capitalismo internacional, aos quais se vinculavam direta ou indiretamente), em busca de uma nova base de alianças capaz de interromper e alterar sensivelmente o modelo de desenvolvimento econômico-social sustentado por Goulart. Para isto foi preciso forçar a ruptura constitucional e, posteriormente, estruturar um Executivo forte e repressivo capaz de desmontar as organizações sociais, culturais e políticas que traduziam a demanda dos sindicatos, grupos de esquerda e setores nacionalistas civis e militares. Desmobilizados estes agentes, implementaram-se as políticas de "arrocho salarial "e de concentração de renda e capital. No jogo político formal, estas forças sociais cujos interesses prevaleceram após março de 1964 estavam representadas pelos industriais e setores financeiros, agindo através de entidades como o Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (IPÊS) e o Instituto de Ação Democrática (IBAD), ou de organizações classistas como o Conselho Superior das Classes Produtoras (Conclap), todas entidades e organizações criadas praticamente - não por mero acaso - entre o final da década de 1950 e o inicio da década de 1960. A estes setores, que representavam a face "modernizadora" das camadas dirigentes, juntaram-se os militares do núcleo doutrinário, orientados pelo binômio "segurança e desenvolvimento", conceito ideológico básico da Escola Superior de Guerra (ESG), chamada no próprio vocabulário da caserna de "Sorbonne" brasileira. Os "esguianos" integrados a esta vertente modernizante das classes conservadoras - entre os quais se destacavam os generais Golberi do Couto e Silva, Ernesto Geisel, Antônio Carlos Murici e Osvaldo Cordeiro de Farias -perceberam, em 1961, que o fracasso de suas ações explicava-se, fundamentalmente, pelo isolamento social. Mas as contradições também dividiam o movimento de oposição a João Goulart. Não houve, como pode parecer numa análise superficial, um movimento homogêneo. O propósito consensual de deposição do presidente encobria o conflito básico que o desunia. Setores das classes produtoras, não integrados às necessidades de acumulação, refletiam a ponta "atrasada" da indústria e os interesses latifundiários. Esses setores movimentaram-se pragmaticamente inspirados por razões imediatistas, como, por exemplo, o fantasma da "comunização", ou então para conter mudanças que pudessem afetar diretamente a base das alianças políticas que articulavam como a revisão da estrutura agrária concentradora de terras e da renda agrícola. Atuando neste conjunto de forças "tradicionalistas", no interior do processo conspiratório, estavam os grupos partidários — o Partido Social Democrático (PSD), a União Democrática Nacional (UDN), entre outros — e, destacadamente, governadores estaduais influentes como José de Magalhães Pinto, de Minas Gerais, Carlos Lacerda, da Guanabara, e Ademar de Barros, de São Paulo. Esta aliança se completava com o apoio de generais como Olímpio Mourão Filho, Justino Alves Bastos, Amauri Kruel e Artur da Costa e Silva, que controlavam ou influenciavam as principais unidades militares. Estes oficiais da "Linha dura" paradoxalmente rompiam a normalidade constitucional ainda no pressuposto da mediação dos conflitos políticos. É importante notar a identidade dos comunicados expedidos no dia 31 de março pelo governador Magalhães, Pinto e pelos generais Mourão Filho e Amauri Kruel. Em todos eles a justificativa para a sublevação se resumia a dois princípios - a luta "contra o comunismo" e a defesa das "garantias constitucionais": "Nossa atitude, neste momento histórico, não representa senão... a restauração da ordem constitucional comprometida nesta hora" (manifesto do governador Magalhães, Pinto); Jango deveria "ser afastado do poder de que abusava para que, de acordo com a lei, se opere a sua sucessão" (proclamação do general Mourão Filho à nação e às forças armadas); "O II Exército. . . manter-se-á fiel à Constituição e tudo fará no sentido da manutenção dos poderes constituídos, da ordem e da tranqüilidade. Sua luta será contra os comunistas e o seu objetivo será o de romper o cerco do comunismo, que ora compromete e dissolve a autoridade do governo da República" (declaração do general Amauri Kruel, comandante do II Exército). Os fatos posteriores à deposição de Jango indicam que estas manifestações não eram resultado de simples retórica. Os civis, Magalhães Pinto, Carlos Lacerda e Ademar de Barros, romperam com seus, "aliados" de conspiração tão logo o general "modernizador" Humberto Castelo Branco assumiu o governo. Magalhães voltaria a se recompor com o "poder revolucionário" no governo do general " tradicionalista" Costa e Silva. Carlos Lacerda e Ademar de Barros, punidos, tiveram seus direitos políticos suspensos. Os militares, Mourão Filho e Amauri Kruel, também se incompatibilizaram com o "primeiro governo da revolução" Mourão Filho recebeu funções subalternas e aposentou-se como ministro do Superior Tribunal Militar, enquanto Kruel tornou-se militante do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição. Embora a força das armas dos conspiradores estivesse sob controle dos "tradicionalistas", eles não tinham a representatividade de classe dos "modernizadores", integrados com os setores que detinham a hegemonia dos meios de produção. Por isto, os "tradicionalistas" deram o golpe mas os "modernizadores" ficaram com o poder. Duas propostas para o Brasil: reformas de base ou modernização conservadora Por trás destas crises políticas da década de 1950, que se repetiram no início da década de 1960 com a renúncia de Jânio Quadros e a posse de Goulart, revelava-se o esgotamento do modelo econômico e o processo de transformação e desenvolvimento do capitalismo brasileiro, que, como economia periférica, refletia as transformações do capitalismo internacional. Em agosto de 1961, quando Jango assumiu o governo, os sintomas visíveis desta crise formavam uma moldura inquietante para a sua administração e criavam um clima propício para a insatisfação social. O Brasil já não conseguia as grandes taxas de desenvolvimento e a inflação crônica entrava em elevação aguda com tendência a atingir e superar a marca dos 100% anuais. Havia déficit do tesouro e desequilíbrio no balanço de pagamentos. A dívida externa aproximava-se dos três bilhões de dólares. Neste quadro conjuntural negativo, tanto Goulart quanto seus adversários perceberam a necessidade de mudanças, detectando a falência do modelo econômico. Sob a égide do parlamentarismo, que interrompia 70 anos de funcionamento do regime presidencialista, João Goulart tomou posse no dia 7 de setembro de 1961, data representativa da independência política do Brasil. Poucas semanas depois da posse, falando perante o II Congresso de Assembléias Legislativas, o presidente apontava o caminho que adotaria para superar a crise econômico-financeira: "Mobilizar todas as forças (do país) no sentido de acelerar as reformas." Reformas também estavam no plano dos setores mais modernos do empresariado brasileiro. Antônio Carlos do Amaral Osório, um dos mais ativos representantes do patronato de oposição a Goulart, membro da American Chamber of Commerce, escreveria para O processo revolucionário brasileiro (publicado em 1969 pela Assessoria Especial de Relações Públicas da Presidência da República) que, na década de 1960, "somente uma revolução poderia enfrentar a tarefa múltipla de modernizar o Estado brasileiro... modificando aspectos das estruturas econômicas e sociais" Também nas escolas de formulação da doutrina militar, a necessidade de transformações era admitida como inevitável. Segundo o general Antônio Carlos Murici, na ESG chegou-se à conclusão de que "para o bem-estar do povo brasileiro, era necessário modificar a estrutura sócio-econômica do Brasil". Para nenhum grupo social havia mais dúvidas sobre as origens da crise que o país atravessava. Tratava-se, portanto, de um confronto entre dois projetos. Isto significava que, se o governo e seus aliados não conseguissem fazer as "reformas de base", as classes conservadoras as fariam. Só que a seu modo. As duas propostas radicalizaram o conflito entre governo e oposição, provocando, quiçá pela primeira vez no Brasil, um momento de estratificação ideológica do debate político. Para resolver os impasses estruturais da crise, o governo apresentou o programa de "reformas de base" de caráter inteiramente reformistas. Medidas como a mobilização sindical, a redistribuição da renda, a reforma agrária, a Lei de Remessa de Lucros e o congelamento de aluguéis criaram uma grande "frente" de oposição, deixando o governo com o apoio frágil (porque desorganizado) dos sindicatos de trabalhadores e de grupos minoritários nas forças armadas e outros setores profissionais. A execução das inovações pretendidas, como a reforma agrária, implicaria alterações na Constituição. Elaborada após o período ditatorial do Estado Novo, a Constituição de 1946 tinha um caráter anti-Executivo. Por isso primava pelas garantias das liberdades públicas formais. Mas o seu conceito de democracia se esgotava na definição política, já que as medidas de alcance social inexistiam ou, quando estavam presentes, eram direitos sem efetividade prática, conquistas meramente figurativa. Nas relações internacionais, o país, com Goulart, trilharia caminhos sugeridos, ainda que timidamente, nos sete meses da administração de Jânio Quadros. O Brasil assumiu posição em favor da "autodeterminação dos povos e contra a intervenção nos assuntos internos de cada país", libertando as ações do Itamarati da influência direta dos Estados Unidos. De um modo geral, contra estas iniciativas políticas internas e externas reuniram-se os adversários do governo: o empresariado, os militares conservadores, setores da Igreja católica (já em meio ao cisma teológico que dividiu os religiosos em “progressistas” e “tradicionalistas”, as classes médias urbanas e o patronato rural). O cenário que estes grupos montavam para o Brasil era totalmente distinto do pretendido pelo governo de Goulart. No pós-1964, para desmobilizar os sindicatos e grupos de pressão de esquerda, iria se criar um forte aparelho coercitivo, dirigido por um Executivo centralizador que se sobrepôs ao Legislativo e ao Judiciário, excluindo suas decisões da fiscalização da sociedade. A política externa retomaria, por seu lado, ao leito do alinhamento automático com os Estados Unidos. Reação conservadora: da oposição ostensiva à conspiração subterrânea. O desdobramento do processo político desempenhou um papel ativo no resultado do conflito entre o governo de João Goulart e a oposição.O primeiro gabinete parlamentarista, moderado e pluripartidário, levava em conta a hegemonia do PSD na aliança com o PTB, que dava sustentação parlamentar ao governo. O primeiro ministro Tancredo Neves, do PSD, tinha em seu gabinete apenas um representante do PTR, Francisco de San Tiago Dantas, ministro das Relações Exteriores, um Partido Democrata Cristão (PDC), Franco Montoro, ministro do Trabalho, além de integrantes da UDN. O ministro da Fazenda, Válter Moreira Sales, era insuspeito aos olhos dos empresários brasileiros e da comunidade financeira internacional. Mas esta composição moderada descontentou o "esquerdismo" na base de apoio do governo e não trouxe a confiança dos setores de direita mais radicais. Nas forças armadas, os oficiais "tradicionalistas", identificados com a "linha dura", não interromperam seus projetos de conspiração. Para o ex-ministro da Guerra Odílio Denis, já então na reserva e elevado ao posto de marechal, João Goulart estava definitivamente "incompatibilizado com o regime instituído na Constituição de 1946" porque se "aliara aos comunistas". Principal articulador do veto militar à posse de Goulart, o marechal Denis tentava arrancar do próprio regime parlamentarista o argumento para um novo veto, sustentando que a Emenda Constitucional nº. 4 "implicava a extinção do mandato de João Goulart, eleito vice-presidente pelo regime presidencial que não mais vigorava". Espremido entre o radicalismo de "esquerda" e de "direita" e com o seu raio de ação limitado pelo regime parlamentarista, o governo tinha como única perspectiva de longevidade manter inalterada sua base política, firmada no acordo PSD-PTB. Mas a natureza da crise e os métodos pretendidos pelo governo para combatê-la exigiam medidas que romperiam esta aliança. Incluía-se aí, como exemplo mais expressivo e controvertido, a reorganização do sistema fundiário, cujos interesses estavam guarnecidos pelo PSD. Entre os aliados do governo foi natural, também, que as Ligas Camponesas — organizando os trabalhadores do campo — vissem com desconfiança a ação oficial no setor em virtude do acordo com o PSD dos "coronéis" latifundiários. O vaivém dos acontecimentos políticos provocou a divisão da "esquerda" e uma férrea união da "direita". Mas a trajetória do comportamento da oposição a Goulart mostra que houve, pelos menos, três fases distintas e sucessivas em seu governo. A primeira fase, que se estende da posse de Goulart ao fim do gabinete Tancredo Neves, caracteriza-se como de oposição ostensiva, porém legalista. Não obstante a existência de facções radicais (movidas por interesses pessoais ou pela rudimentar propaganda anticomunista), a oposição politicamente mais conseqüente — a vanguarda empresarial, política e militar aglutinada pelo IPÊS — procurava conter o governo no Congresso ou pela disputa eleitoral. Nesta fase parlamentarista a presença do premier Tancredo Neves garantia, aos olhos da oposição, que o governo se conteria nos limites da Constituição, muito embora seus adversários reagissem fortemente a todas as decisões que contrariavam interesses estabelecidos. Mesmo "amarrado" pela aliança do PTB com o PSD, o governo estabeleceu parâmetros mais amplos para as suas ações. Entre outras medidas, reatou relações diplomáticas com a União Soviética, rompidas desde 1947, decretou a caducidade da concessão de exploração de jazidas minerais em poder da Hanna Minning Corporation e incentivou a criação do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), indiferente às decisões restritivas da justiça trabalhista. No âmbito das relações exteriores, o Brasil rompeu os elos da política de "alinhamento automático" na Conferência de Punta Del Este ao se abster de votar a proposta norte-americana de expulsão de Cuba da Organização dos Estados Americanos (OEA) proposta pelos Estados Unidos, que acabou vencedora com 14 votos favoráveis ao afastamento cubano da organização. REVOLUÇÃO DE 1964 O gabinete Tancredo Neves se dissolveu em junho de 1962, pouco depois de Goulart anunciar, pela primeira vez, que pretendia alterar a Constituição para fazer a reforma agrária. O governo justificava a necessidade da alteração constitucional em virtude de o artigo 141 determinar que as desapropriações, mesmo tendo caráter social, exigiam indenização "prévia e em dinheiro". Sem esta modificação, considerou Goulart, o projeto de reforma agrária se transformaria, antes de tudo, num grande negócio para os especuladores de terras rurais. Defensor da estrutura da propriedade fundiária, o PSD rompeu a aliança com o PTB. No Congresso houve um reordenamento de forças e a multiplicidade partidária reduziu-se, nas votações mais importantes, a dois grandes blocos: a Frente Parlamentar Nacionalista (FPN), de apoio às reformas, e a Ação Democrática Parlamentar (ADP), de oposição a elas. Para os adversários do governo, a dissolução do gabinete Tancredo Neves marcou uma segunda fase de ação que só terminaria com a realização do plebiscito. Neste momento as oposições se mobilizaram para as eleições de outubro de 1962 e para a campanha em defesa do regime parlamentarista que ia a julgamento popular em janeiro de 1963,motivadas ainda mais por outras decisões do governo, como o estabelecimento do monopólio da importação do petróleo e seus derivados e a criação da Superintendência da Política Agrária (Supra). Os interesses empresariais se aglutinaram de maneira mais transparente em virtude do trabalho de articulação e propaganda do IPÊS. Um esforço monumental foi feito para derrotar o governo eleitoralmente. O empresariado nacional e internacional com interesses no Brasil injetou através do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) uma grande soma de dinheiro na campanha eleitoral. Este apoio financeiro a candidatos indicados pelo IBAD, somente em dólares, segundo cálculos do então embaixador americano Lincoln Gordon, "pode ter chegado a cinco milhões". O resultado não foi plenamente satisfatório. A UDN obteve o terceiro lugar em número de votos e o PTB conseguiu o segundo, com um aumento sensível da bancada ideológica de "esquerda", enquanto o PSD permanecia como partido majoritário no Congresso. A composição de forças, de qualquer forma, prendia o presidente Goulart e suas decisões a um novo acordo com o PSD. Não era difícil de se prever que o bloco do PSD numericamente mais expressivo se aliaria contra as reformas. Para continuar neutralizando as ações, do governo no Congresso restava à oposição manter o regime parlamentarista. As contradições políticas da oposição facilitariam porém a vitória de Goulart, empenhado em restabelecer o presidencialismo e seus plenos poderes como presidente. As eleições presidenciais, previstas para 1965, seriam um fator favorável ao governo na medida em que as ambições dos "presidenciáveis" da UDN e do PSD os deixariam indiferentes à sorte do parlamentarismo (como aconteceu com Carlos Lacerda) ou, então, francamente a favor da restauração do presidencialismo, a exemplo de Magalhães Pinto e do ex-presidente Juscelino Kubitschek. O resultado do plebiscito (9.457.448 votos pelo presidencialismo e apenas 2.073.582 a favor do parlamentarismo) se, por um lado, devolveu a Goulart os poderes que lhe foram tirados para assumir o governo, por outro, determinou uma opção decisiva para seus adversários: a conspiração. Uniram-se os setores radicais "tradicionalistas" que já vinham conspirando há longo tempo e os "modernizadores", que deram um novo rumo à campanha político-ideológica contra o governo. A partir deste momento, buscou-se a aprovação da opinião pública nacional - a classe média, notadamente - e da opinião internacional, para a tomada do poder com um golpe de força. O desenvolvimento progressivo deste processo, na oposição, foi observado por Jorge Oscar de Melo Flores, ligado profissionalmente ao Chase Manhattan Bank, à época, diretor do IPÊS, e presidente do Sindicato dos Bancos: "Os líderes empresariais, normalmente divididos por interesses contraditórios. . . uniram-se ante o perigo comum e tomaram uma posição que... com a evolução dos acontecimentos, passou por fases sucessivas cada vez mais radicalizadas, até atingir o estágio revolucionário." O "estágio revolucionário" envolveu a decisão militar. Os marechais Odílio Denis e Cordeiro de Farias, em correntes diferentes da conspiração, fixaram no restabelecimento do presidencialismo o momento decisivo da trama golpista: "Com a queda do parlamentarismo... era preciso agir pela força para derrubar o governo" (Odílio Denis); "Creio que podemos situar o início da conspiração, como atividade política relativamente organizada, no momento em que Jango recuperou todos os poderes, após o plebiscito que restaurou o presidencialismo" (Cordeiro de Farias). Mas os militares não deixaram os quartéis - sob o risco de repetir o fiasco de 1961 - se não houvesse um sentimento social de oposição a Jango, para o qual contribuiu a alta taxa de inflação, capitalizada pelos seus adversários. Entre o plebiscito de janeiro de 1963 - que ratificou o apoio a Goulart - e o golpe de 31 de março de 1964 operou-se uma transformação radical na opinião pública graças a um bem-sucedido plano de agitação e propaganda. O Congresso transformou-se na caixa de ressonância de todo o plano cujo objetivo principal era atrair a simpatia do maior número possível dos grupos sociais. O deputado Olavo Bilac Pinto, da UDN, numa série de importantes discursos, denunciava a suposta "guerra revolucionária" no Brasil. Apoiado em estudos militares, o parlamentar afirmava que a "guerra revolucionária" no Brasil estava em sua terceira e última fase: a tomada do poder pelas armas. O clero conservador (tendo à frente o cardeal dom Jaime de Barros Câmara, do Rio) apoiava a campanha contra o governo afirmando combater "a ameaça comunista". Grupos femininos, como a Campanha da Mulher pela Democracia (Camde), promoviam manifestações antigovernistas incentivadas por organismos classistas patronais. “Os quartéis eram ‘bombardeados” com prospectos denunciando a mobilização de militares subalternos (sargentos e marinheiros) como parte do esquema de Goulart para transformar as forças armadas em "milícias comunistas". Os empresários faziam freqüentes ameaças de lockout e havia denúncias sucessivas de que o governo pretendia fechar o Congresso e implantar uma ditadura "anarco-comunista" ou uma "república sindicalista". A ação do governo promovendo intensa mobilização dos setores subalternos, que ameaçava alterar as relações sociais no campo (com a mobilização das Ligas Camponesas pela reforma agrária) e as relações hierárquicas nas forças armadas (a exemplo dos movimentos dos sargentos e marinheiros) e que vinha disciplinar o capital estrangeiro (com a Lei da Remessa de Lucros) tomou-se o arsenal onde os conspiradores buscavam sua munição. Frente a tamanha campanha e à grande articulação de forças contrárias, o governo sucumbiu. João Goulart não teve êxito na difícil e perigosa tarefa de introduzir inovações que alterariam o equilíbrio político, social e econômico, de predominância conservadora. Ele teve contra si não só aquelas forças bem alojadas no contexto do pacto social que vigorava, como também o fato de não ter construído as novas bases de sustentação do governo entre as forças que talvez viessem se beneficiar com as transformações com que acenava. O IPÊS Criado em 1961, ainda no governo de Jânio Quadros, por um grupo de empresários representantes da extração moderna da classe dirigente brasileira, o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPÊS) tornou-se o laboratório de formulação de um programa político e econômico com o objetivo de rearticular os mecanismos de acumulação, em bases modernas, capaz de promover a ascensão do capitalismo brasileiro a um estágio mais ajustado às suas próprias necessidades de desenvolvimento. Modelou-se ali um programa de reformas, conservador, mas suficientemente ousado para sugerir, inclusive, a adoção de uma reforma agrária. Estas propostas, embora avançadas e contrárias aos interesses imediatos de grupos "tradicionalistas" (como, por exemplo, a oligarquia latifundiária), consolidou a aliança "modernizadora" firmada entre setores empresariais, políticos e militares, responsável pela preparação e, em boa parte, pelo sucesso do levante de 31 de março de 1964. O avanço de forças sociais - sindicatos, grupos de esquerda e setores nacionalistas das forças armadas - , com um programa distinto e cujos interesses refletiam-se nas reformas de base do governo de Goulart, ampliou e transformou a proposta inicial do IPÊS. Por trás das atividades técnicas e aparentemente neutras de uma entidade voltada para objetivos essencialmente "educacionais e cívicos", passou a prevalecer a luta política e a propaganda contra as reformas estruturais incentivadas por Jango, de cunho nacionalista e de tendência social mais avançada. Em sua fase "defensiva", a campanha do IPÊS promovia "os valores" da livre iniciativa e dava suporte financeiro a candidatos comprometidos politicamente com os seus propósitos. Mas o fracasso nas eleições de outubro de 1962 e o desdobramento do processo político forçaram uma ação "ofensiva". A campanha foi enraizada num segmento social já abalado pela crise econômica. A classe média, agitada pelo "fantasma" do comunismo associado aos objetivos reformistas do governo, sintonizou-se com a propaganda ideológica do IPÊS. Em fins de 1963, o IPÊS já contava com mais de quinhentos membros, havia-se expandido por outros estados além do Rio e São Paulo, e organizado o recrutamento de novos filiados. Cada integrante de um núcleo original de 50 membros foi encarregado de trazer outros cinco, e, assim, sucessivamente. As atividades ideológicas e de organização do IPÊS cresceram muito além do meio empresarial no qual teve origem. Seus dirigentes e associados trabalharam incessantemente no Congresso, nas forças armadas, nos sindicatos de trabalhadores, no movimento estudantil, na Igreja e no movimento camponês. Registrado como "agremiação apartidária", o IPÊS atuava nestes múltiplos setores associado a siglas como a IBAD, a Camde, o Grupo de Ação Patriótica (GAP), a União Cívica Feminina (UCF) e o Movimento Sindical Democrático (MSD). No Congresso patrocinou a formação da Ação Democrática Parlamentar (ADP), bloco interpartidário que congregou os políticos antijanguistas. Este intenso trabalho de propaganda, aliciamento e persuasão da opinião pública consolidou uma ampla frente contra o governo. A deflagração do golpe encontrou o "terreno" da sociedade preparado para apoiá-lo. O IPÊS tomou-se, na constatação de René Armand Dreyfuss, autor de minucioso trabalho sobre a organização, funcionamento e ação desta entidade, "o verdadeiro partido da burguesia". Ou ainda, na fase da conspiração, "o seu estado-maior para a ação ideológica, política e militar". Quais eram os mecanismos que faziam funcionar esta poderosa organização? A estruturação interna do IPÊS estava assentada na ação de cinco grupos, cada um deles encarregado de retransmitir as determinações de um conselho orientador, um comitê diretor e um comitê executivo. O mais importante destes "braços executivos" do IPÊS era o "grupo de levantamento de conjuntura" (GLC) chefiado pelo general Golberi do Couto e Silva. A função principal do GLC era a de registrar os acontecimentos políticos em todas as áreas e setores, fazendo avaliações e previsões de seus reflexos. Cabia também ao GLC indicar os rumos da ação do IPÊS sugerindo mudanças, alternativas e ações que pudessem influenciar o, processo político. O general Golberi e seus comandados eram encarregados da ligação dos empresários com os militares e da montagem de um "banco de informações". Foi a partir do armazenamento destes dados que, após 1964, montou-se o arquivo do Serviço Nacional de Informações (SNI), que Golberi criou e dirigiu. O "grupo de assessoria parlamentar"(GAP) chamado no jargão ipesiano de "escritório de Brasília" era o canal por onde corriam os meios de influência do IPÊS no Congresso Nacional. O chefe do GAP era o banqueiro Jorge Oscar de Melo Flores, que, através da estruturação do bloco político de oposição, a Ação Democrática Parlamentar, estabeleceu um controle de enorme influência nas decisões da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. A estratégia do GAP consistia em bloquear as propostas governamentais no Legislativo para forçar João Goulart e seus aliados a hostilizar o Congresso e, com isto, perder o apoio que ainda mantinham dos setores mais liberais da sociedade e das forças armadas. O "grupo de opinião pública" (GOP) era incumbido de disseminar os objetivos e as atividades do instituto, organizando palestras, seminários e, fundamentalmente, municiando de informações a imprensa escrita, falada e televisionada. O "grupo de publicações/editorial" (GPE) tinha por tarefa a distribuição do material impresso e visual com a mensagem certa e adaptada aos grupos sociais e às diversas regiões do país. Somente em 1963, ano da mais intensa atividade dos grupos de oposição a Goulart, o GPE editou 280.000 exemplares de livros e 2.500.000 panfletos. Finalmente, o quinteto de ação e doutrinação do IPÊS se completava com o "grupo de estudo e doutrina" (GED), que funcionava corno um centro de pesquisa, suprindo o GLC e o GPE com material para seu trabalho. Foi preciso, obviamente, muito dinheiro para movimentar uma máquina de propaganda tão dispendiosa. Os recursos internos vinham muitas vezes através de mecanismos simples, como a criação de agências de propaganda que emitiam faturas para as empresas colaboradoras em nome de serviços que não eram prestados. O apoio externo, segundo dados compilados dos arquivos do IPÊS, veio de quase trezentas empresas norte-americanas e de mais de uma centena de empresas de origens diversas. O duplo papel dos EUA: padre Peyton e "Brother Sam" Toda a política norte-americana para a América Latina, no início da década de 1960, foi sublinhada pelos acontecimentos em Cuba. Fidel Castro declarou o caráter revolucionário do seu governo e estreitou laços políticos com a União Soviética. A partir daí, no julgamento do Departamento de Estado, pairou a ameaça de cubanização da América Latina. Outros episódios políticos ocorridos no continente, em nada porém semelhantes ao processo cubano, fizeram os Estados Unidos aquecerem a "guerra fria" com a União Soviética no tabuleiro da diplomacia latino-americana. Basicamente em função disto, e como pólo para atração de aliados, foi lançado o programa Aliança para o Progresso, uma proposta assistencialista justificada pela "degradação social" na América Latina. Na ótica do presidente John Kennedy, deveriam ser incentivadas as políticas de reformas como antídoto ao "veneno" das revoluções. O "fantasma" de Sierra Maestra foi, também, uma advertência ao Congresso norte-americano - dominado por republicanos - que ameaçava cortar parte substancial das verbas de assistência financeira no orçamento elaborado pelo governo democrata de Kennedy. Mas além da pressão dos congressistas, Kennedy enfrentava a reação empresarial, cujos interesses estavam ameaçados ou eram afetados pelas nacionalizações de empresas norte-americanas no exterior, a exemplo do que ocorreu no Rio Grande do Sul em fevereiro de 1962, quando o governador Leonel Brizola encampou uma subsidiária da International Telephone and Telegraph. No dia seguinte a esta decisão, o presidente da ITT enviou telegrama urgente e confidencial à Casa Branca, solicitando providências pessoais de Kennedy e traçando paralelos entre o que ele chamou de "tomada irresponsável" das propriedades estrangeiras no Brasil e o processo revolucionário cubano. Neste quadro, não houve novidade no fato de os Estados Unidos tentarem - e conseguirem - influenciar o que acontecia no Brasil. A participação norte-americana no movimento contra o governo Goulart ocorreu não só através da desestabilização, (o estrangulamento econômico com o respaldo da propaganda, visando enfraquecer politicamente o governo) como na deposição do presidente. Os exemplos mais notórios foram a campanha religiosa anticomunista do padre Patrick Peyton e a operação naval "Brother Sam", que daria sustentação militar aos revoltosos em caso de necessidade. Mas a ação diplomática, a influência econômica, o suporte financeiro para os adversários de Goulart e, por fim, as tarefas destinadas aos navios da operação "Brother Sam" só teriam sua extensão e profundidade inteiramente conhecidas após a liberação de documentos oficiais do governo de Washington, ainda mantidos em sigilo. A pesquisadora norte-americana Phyllis R. Parker, que em 1976 decifrou documentos importantes sobre as atividades dos Estados Unidos durante o governo de Goulart, registrou que algumas das partes mais, delicadas da correspondência entre o governo dos EUA e sua embaixada no Brasil ainda se encontravam inacessíveis. Mesmo assim, pelo que se conhece da documentação e pelos depoimentos dos mais importantes atores políticos daquele processo, já é possível remontar as atividades norte-americanas contra Jango. A posse de João Goulart foi recebida em Washington com extrema frieza. O Departamento de Estado, por exemplo, deu ao novo presidente brasileiro apenas o "benefício da dúvida" conforme a avaliação de um memorando encaminhado ao presidente Kennedy. O teor deste documento indica o grau de dificuldade que Goulart encontrou para obter recursos externos, fundamentais não só para desenvolver o seu programa de governo como também para saldar compromissos com a dívida externa, superior a dois bilhões de dólares na ocasião. Era um sinal patente de que, malgrado a simpatia recíproca entre Goulart e Kennedy, as relações com o Brasil oscilariam entre a política liberalizante do presidente e os interesses dos grupos internos de pressão nos EUA. A economia brasileira, extremamente integrada e dependente da norte-americana, favoreceu um controle parcial das ações mais substanciais do governo. Só isto explica o fato de Goulart ter postergado, por mais de um ano, a assinatura da Lei de Remessa de Lucros, aprovada pelo Congresso brasileiro. O poder e o interesse dos grupos empresariais norte-americanos no Brasil estão coligidos num relatório do Bureau of Inteligence and Research, do Departamento de Estado, elaborado em 1963. Das 55 principais empresas que operavam no Brasil, 31 eram multinacionais e 24 nacionais. Destas, mais da metade era associada a interesses estrangeiros. Dos 3,5 bilhões de dólares investidos no Brasil naquele período, cerca de 1/3 era americano. A administração de Kennedy, ao que tudo indica, preferiu acreditar no sucesso da ação diplomática, na eficácia da propaganda e no poderio dos dólares. Para executar estas tarefas, Washington destacou um novo embaixador. A escolha recaiu sobre o scholar Lincoln Gordon, um professor de Harvard que trabalhou na elaboração da Aliança para o Progresso. Gordon, indicado semanas antes da renúncia de Jânio (quando o presidente já esboçava o perfil de uma política externa mais independente), só assumiu o posto após a crise da posse. O novo embaixador fez pressão contínua contra o desenvolvimento da "política externa independente" concretizada por Goulart. Durante suas audiências no palácio do Planalto, Gordon insistia contra a presença de elementos "esquerdistas" e "comunistas" em postos-chave da administração brasileira e sempre ouvia como resposta as sérias restrições de Goulart à participação dos EUA na desestabilização de governos latino-americanos. Um ano depois da chegada de Gordon, outro personagem importante se incorporaria à embaixada: o adido militar, coronel Vernon Walters. A presença de Walters, lingüista brilhante, intérprete do comando norte-americano junto aos oficiais brasileiros na Segunda Guerra Mundial, estimulou a hipótese levantada por setores da esquerda brasileira, da ingerência direta de Washington no golpe contra Goulart. Um diálogo entre o embaixador e o seu novo adido militar, revelado por Walters, desvenda parte da atuação destes dois homens, que depois, se tornaram dirigentes da Central Intelligence Agency (CIA). "Quero saber o que está acontecendo; quero poder influenciar as atividades do país e não quero surpresas", instruiu o embaixador. Posteriormente, Walters recordaria: "Ele nunca teve surpresas". Os laços em torno das restrições econômico-financeiras também não foram afrouxados. Mesmo os empréstimos negociados e aprovados antes da posse de Goulart só foram liberados parcialmente. Assim ocorreu com uma ajuda de 338 milhões de dólares, aprovada em maio de 1961 e da qual só 40 milhões de dólares chegaram ao Brasil. A hostilidade da comunidade empresarial aumentou sensivelmente em setembro de 1962, quando o Congresso brasileiro aprovou a Lei de Remessa de Lucros, que Goulart sancionaria somente em janeiro de 1964. Entre outras medidas disciplinadoras do capital estrangeiro, a nova lei restringia a remessa de lucros das empresas multinacionais no país a 10 % do capital registrado. Por duas vezes encontraram-se os presidentes Goulart e Kennedy, para discutir uma pauta carregada de desencontros políticos. A sintonia dos entendimentos conseguidos nas negociações perdia-se no conflito de interesses dos dois países. O insucesso de Kennedy em conter os avanços de Goulart acirrava a pressão do Congresso norte-americano sobre o seu governo. Numa reação ostensiva contra o prolongamento das negociações sobre o valor a ser pago pelo Brasil com a nacionalização da ITT, os congressistas aprovaram a Emenda Hickenlooper. A partir de então, o governo norte-americano estava obrigado a suspender pianos de ajuda a qualquer governo que expropriasse empresas de capital norte-americano sem indenização integral do valor da propriedade num prazo máximo de seis meses. A aproximação das eleições brasileiras, em outubro de 1962, levou a participação norte-americana nos assuntos internos do Brasil a alcançar um outro patamar. Kennedy alertou seu staff para a importância "crucial" das eleições no desdobramento do processo político brasileiro. Kennedy percebeu, a exemplo dos adversários internos de Jango, que era preciso estancar o crescimento das esquerdas no Congresso. Para influenciar no resultado eleitoral abriu-se, através do IBAD, um conduto para milhões de dólares despejados na campanha dos candidatos conservadores. Segundo o ex-agente da CIA, Philip Agee, os fundos provenientes de fontes estrangeiras foram utilizados na campanha de oito candidatos aos governos dos 11 estados onde houve eleições, em apoio a 15 candidatos ao Senado, a 250 candidatos à Câmara e a mais de quinhentos candidatos às Assembléias Legislativas. O resultado eleitoral não compensou o esforço financeiro. A bancada "da esquerda" aumentou sua presença e influência no Legislativo. Além disto, a "enxurrada de dólares" originou a criação de uma comissão parlamentar de inquérito. Apuradas as atividades do IBAD, descobriu-se que o dinheiro para a campanha dos adversários de Goulart entrava no país pelo Royal Bank of Canadá, Bank of. Boston e First National City Bank. Nos Estados Unidos, os grupos mais conservadores e atuantes aumentavam a pressão sobre o governo. Duas semanas após as eleições brasileiras, os assessores de Kennedy foram alvejados por um artigo de grande repercussão, publicado no jornal Maryland Monitor. Sem meias palavras, o jornal insinuava uma intervenção direta no Brasil, argumentando que logo chegará o momento em que teremos de perguntar a nós mesmos se é do nosso próprio interesse que Goulart continue a cambalear até o fim de seu mandato, em 1965... ou se nossos interesses seriam mais bem servidos se Goulart fosse aposentado do governo antes da data marcada". A morte de Kennedy ajudaria a definir o rumo a tomar. Antes disto, porém, o Departamento de Estado insistiu num processo mais sofisticado. Foi enviado ao Brasil o padre Peyton, pároco de Hollywood. Para fazer a intensa mobilização dos católicos, ele lançou a Cruzada do Rosário em Família, semente da campanha contra o governo organizada posteriormente por senhoras da classe média. As pregações do padre Peyton frutificaram, por exemplo, na ação das mulheres mineiras que, de rosário nas mãos, impediram um comício de Leonel Brizola em Belo Horizonte. Ou então na resposta dada, em São Paulo, ao Comício da Central promovido pelo governo, no Rio. Uma multidão calculada em quinhentas mil pessoas saiu em passeata pelas principais ruas da capital paulista, na manifestação chamada Marcha da Família com Deus pela Liberdade, de grande impacto entre as camadas médias da sociedade. Enquanto o coronel Vernon Walters contatava diretamente os círculos da conspiração militar, mantendo a Casa Branca inteiramente informada dos preparativos para a derrubada de Goulart, o embaixador Lincoln Gordon desenvolvia uma diplomacia paralela, estabelecendo "linha direta" entre as agências financeiras e o governo dos Estados Unidos, de um lado, e os governos estaduais de oposição, de outro. Gordon considerava a atuação de governadores como Carlos Lacerda e Ademar de Barros "ilhas de sanidade administrativa" no Brasil. Com este by pass, os recursos financeiros negados a Goulart chegavam aos cofres de seus adversários. O assassinato de John Kennedy e a ascensão do vice-presidente Lyndon Johnson aceleraram a diplomacia norte-americana para um velho desvio político, seguido pelos Estados Unidos na América Latina. Era, enfim, a opção ao dilema reformas ou revolução" antevisto por Kennedy. A política traçada pelo novo secretário assistente de Estado para Negócios Interamericanos, Thomas Mann, batizada de "doutrina Mann", foi explicada num artigo do New York Times do início de março de 1964: "Os Estados Unidos não mais procurariam punir as juntas militares por derrubarem regimes democráticos". Como um "castelo de cartas", os governos eleitos democraticamente foram caindo e dando lugar a ditaduras militares direitistas. Se alguma dúvida restava quanto à simpatia dos EUA pelos adversários de Goulart, ela foi desfeita quando os historiadores, em 1976, tiveram acesso a uma parte da correspondência trocada entre a embaixada norte-americana e os gabinetes mais importantes de Washington. Cifrado sob o código "Brother Sam", um grande número de telex explicava uma operação naval que, oficialmente, tinha duas finalidades: uma demonstração "simbólica" de poderio bélico e, em segundo lugar, a garantia da retirada dos cidadãos norte-americanos do país, caso suas vidas fossem ameaçadas pelo conflito. Esta força-tarefa deslocada para a costa brasileira, capitaneada pelo porta aviões Forres tal, estava preparada, também, para executar quaisquer outras tarefas ,que lhe fossem designadas". Contando com o apoio de destróires equipados com mísseis teleguiados, petroleiros, navios de munições e de mantimentos, não se pode excluir a possibilidade de uma intervenção armada dos fuzileiros navais se houvesse conflito militar entre as forças fiéis ao governo e as tropas rebeladas. Esta operação naval "preventiva" estimula a hipótese de desembarque dos "marines" no Brasil. A oportunidade não surgiu porém, porque o governo de João Goulart não reagiu militarmente contra seus adversários inte As forças armadas - a nova doutrina e a conjuntura militar Até a eclosão do movimento de março de 1964, o papel exercido pelos militares brasileiros era hoje "poder moderador", uma alternativa republicana à função similar desempenhada pelo imperador ao tempo da monarquia. Admitidas como árbitros dos conflitos político-partidários, as forças armadas intervinham no processo e retomavam em seguida às suas funções profissionais, deixando para os grupos civis o restabelecimento da normalidade constitucional que se havia rompido. Enquanto instituído profissional, os militares estavam imbuídos de um espírito de guardiãs da Constituição, a favor da qual supunham agir - respaldados num consentimento social implícito - ante qualquer ameaça que julgassem danosa à sociedade e à ordem legal. Em um estudo encomendado pelo Departamento de Estado norte-americano, na década de 1970, sobre os militares brasileiros, o historiador Alfred Stepan, da Universidade de Yale, elaborou um esboço dos princípios que pareciam nortear este comportamento de tutoria dos militares. Analisando o fenômeno a partir do ponto de vista interno da instituição, ele concluiu que duas atitudes reforçavam o conceito clássico do papel exercido pelas forças armadas: a confiança na habilidade dos civis para governar e, paralelamente, a pouca confiança na sua própria aptidão política. O que os teria levado, em 1964, a superar estes limites de ação política para exercer o controle efetivo do aparelho de Estado? Fundamentalmente esta resposta pode ser encontrada na "doutrina política nacional de segurança e desenvolvimento" elaborada na Escola Superior de Guerra, em trabalho conjunto com as elites políticas e econômicas. Criada em 1948 por um grupo de militares que freqüentou os war colleges nos Estados Unidos, a ESG adaptou o modelo norte-americano a um novo figurino. O regulamento da ESG, em 1963, explicava que seu programa de estudos propunham a "preparar civis e militares para desempenhar funções executivas ou de assessoria, especialmente nos órgãos de segurança nacional" A elasticidade do conceito de "segurança nacional" franqueava o acesso a todos os escalões da administração, e os novos quadros militares, confiantes na sua capacidade de decisão e desempenho de funções executivas, introduziram uma "moderna" concepção para racionalizar a ação política do Estado". O traço peculiar desta doutrina "esguiana" era a Prisão do desenvolvimento ao conceito de segurança "ao ponto de ser impossível tratá-los, a nível político, como fenômenos independentes". A teoria, reduzida na prática aos dois termos "segurança e desenvolvimento", corporificou-se na Constituição federal e ramificou-se nas leis e decretos-leis e outras decisões legais, em vigor a partir de 31 de março de 1964. Se este conceito foi básico na alteração do papel das forças armadas, restava aos militares superar, na prática, a tradição democrática que reservava aos civis o exercício do poder. Esta grande mudança se deu num espaço de tempo relativamente curto. Mais precisamente, entre a decisão legalista da maioria de acatar a posse de Goulart em 1961 e a reação, também majoritária, visando sua deposição em 1964. A situação conjuntural favoreceu a formação de um sentimento oposicionista nos meios militares. Embora os oficiais "tradicionalistas" radicais tivessem continuado o proselitismo contra Goulart mesmo depois do fiasco do golpe de agosto de 1961, quatro episódios tiveram conseqüência direta para atiçar o ânimo insurrecional nos quartéis: o atrito entre o deputado Leonel Brizola e o general Antônio Carlos Murici, a Revolta dos Sargentos, a Rebelião dos Marinheiros e a reunião no Automóvel Clube. Os efeitos destes acontecimentos na área militar eram duplos. De um lado aguçavam as contradições entre a oficialidade nacionalista e os subalternos (os dois setores governistas no meio militar) em torno da questão disciplinar. De outro, facilitavam o proselitismo dos conspiradores junto à indecisa massa de oficiais, oscilantes entre a fidelidade constitucional ao presidente e o respeito aos princípios do regulamento disciplinar colocado em xeque por estes episódios. A renitente pregação dos conspiradores passou a ter conseqüências a partir da formação destas "crises militares" que abalavam as estruturas mais caras ao funcionamento da corporação. Este esprit de corps manifestou-se claramente por ocasião do entrevero Brizola-Murici, em maio de 1963. Num discurso de extrema violência, feito no Rio Grande do Norte, Brizola acusou o general Murici (comandante da Infantaria Divisionária da 7ª. Divisão de Infantaria de Natal) de "golpista" e "gorila". A reação militar caiu como uma luva nos planos da conspiração. Oficiais de todo o país telegrafaram ao Ministério da Guerra hipotecando solidariedade a Murici. As manifestações de desagravo indicavam os nomes, comandos e postos de potenciais aliados contra o governo. A cadeia de acontecimentos que minou o apoio militar ao governo teria seqüência em setembro daquele mesmo ano com a Revolta dos Sargentos, ocorrida em Brasília. Cerca de quinhentos sargentos sublevaram-se e ocuparam os principais centros administrativos da capital, em protesto contra a decisão do Supremo Tribunal Federal de negar o direito à diplomação aos sargentos eleitos para a Câmara dos Deputados em outubro de 1962. Em poucas horas o movimento estava dominado, mas seus reflexos foram danosos para Goulart. O próprio comandante do II Exército, general Peri Bevilacqua (oficial constitucionalista que apoiou decisivamente a posse de Goulart e a realização do plebiscito) atribuiu ao Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), ao Pacto de Unidade e Ação (PUA) e ao Fórum Sindical de Debates a responsabilidade pela insurreição dos sargentos. O general Bevilacqua tachou a cúpula do movimento sindical de "aglomerados de malfeitores sindicais". A Rebelião dos Marinheiros e o comparecimento de Goulart à reunião no Automóvel Clube, no Rio, onde se comemorava o aniversário de criação da Associação de Subtenentes e Sargentos da Polícia, deram os retoques finais da crise. Reunidos no dia 25 de março de 1964 no Sindicato dos Metalúrgicos cariocas, os marinheiros exigiam a suspensão das penas disciplinares impostas aos diretores da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil, entidade que funcionava à revelia do regulamento da Marinha. O ministro Sílvio Mota, que ordenara a prisão dos dirigentes da associação, foi demitido e substituído pelo almirante Paulo Mário da Cunha Rodrigues. A resposta do almirantado foi francamente hostil ao governo. Reunido no Clube Naval, um grupo de almirantes hasteou a bandeira nacional a meio pau. O Clube Militar se solidarizou. A decisão do novo ministro - anistiando os marinheiros - provocou a coesão militar contra João Goulart. Mais de duzentos oficiais da Marinha - entre os quais 20 almirantes - lançaram um manifesto responsabilizando o governo pelo que consideravam um golpe profundo na disciplina militar, e buscando a solidariedade das outras armas: "O grave acontecimento que ora envolve a Marinha, ferindo-a na sua estrutura, abalando a disciplina, não pode ser situado apenas no setor naval. E um acontecimento de repercussão nas forças armadas e a ele o Exército e a Aeronáutica não podem ficar indiferente". Mas o último estopim ia ser aceso pela cerimônia no Automóvel Clube, quando os subtenentes e sargentos da PM convidaram Goulart para presidir a solenidade de aniversário da associação que integravam. Desaconselhado por uns, aconselhado por outros, Goulart decidiu, à última hora, comparecer à solenidade realizada na noite do dia 30 de março de 1964. Os oficiais esperavam ouvir do presidente palavras de repreensão aos subalternos. Jango, no entanto, solidarizou-se com as reivindicações e o movimento dos policiais. O discurso presidencial rompeu o fio da legalidade que continha a reação da maioria da oficialidade. É bem verdade, no entanto, que o sentimento de legalidade dos militares, mesmo antes destes acontecimentos, estava solapado por dois importantes documentos que circulavam pelos quartéis. Um deles, o "Leex" (Lealdade ao Exército) era apócrifo. O outro, era a Circular Reservada, enviada a 20 de março a todos os generais e oficiais do Estado-Maior do Exército, assinada pelo general Humberto de Alencar Castelo Branco, chefe do órgão. O "Leex" procurava coordenar os anseios e esforços" de vastas áreas das forças armadas para evitar "ações e manifestações parciais e isoladas". O documento jogava habilmente sobre a indecisão dos oficiais o fantasma do "regime cubano" e, com isto, tentava restringir o conceito de legalidade e obediência constitucional ao presidente da República, chefe supremo das forças armadas, "dentro dos limites da lei". Na segunda parte, um questionário procurava recolher informações sobre "o ambiente militar" e as possibilidades de apoio em cada unidade, com perguntas incitadoras como esta: "Estão convencidos de que certos setores do governo alimentam o propósito de subverter as instituições sociais e políticas para implantar no Brasil um regime de feição comunista? Caso positivo, estariam dispostos a reagir ? Em que circunstâncias, sob que condições?" A circular do general Castelo Branco, resguardada pela aparência profissional e imparcial do chefe do Estado-Maior do Exército, analisava o cenário político e as questões em pauta, como a convocação de uma constituinte e as reformas de base, à luz da conduta militar. A exemplo do "Leex", estabelecia como parâmetros do profissionalismo das forças armadas os "limites da lei": "Os quadros das forças armadas têm tido um comportamento, além de legal, de elevada compreensão face a dificuldades e desvios próprios do estágio atual da evolução do Brasil. E mantido, como é de seu dever, fiel à vida profissional, a sua destinação, e com continuado respeito a seus chefes e à autoridade do presidente da República. . . É preciso aí perseverar, sempre dentro dos limites da lei." Escrita após o comício do dia 13 de março da Central do Brasil, a Circular Reservada de Castelo Branco foi conjugada a uma intensa campanha pública de que o governo preparava um golpe e que Jango pretendia continuar na presidência. O documento mostra a cautela com que agiam os militares "modernizadores" e a forma lenta, porém continuada, com que exploravam, contra Jango, o espírito legalista, conservador, hierarquizado e disciplinar dos militares, abalado, naquele momento, por uma inusitada "divisão vertical" (os choques provocados pela organização de sargentos e marinheiros) em oposição à "divisão horizontal" (conflitos no quadro de oficiais) que tradicionalmente ocorria. Supremacia militar dos rebeldes. O incontrastável domínio da situação política exercido pelos adversários de Goulart desvinculou o destino do governo federal do resultado de uma batalha militar. Mesmo assim, na hipótese de um confronto entre as tropas rebeldes e o dispositivo militar legalista, a balança penderia contra o governo. O presidente João Goulart, além de contar com o apoio de um número reduzido de governadores, não controlava mais a cadeia do comando das forças armadas. Um panorama sucinto desta correlação de forças mostra as razões do sucesso da operação militar golpista - que permitiu o controle da situação em pouco mais de 24 horas - e, por outro lado, explica a decisão do presidente de impedir qualquer reação ao movimento desfechado contra ele. Guanabara - O governo dispunha de uma situação excepcionalmente favorável, que destoava do resto do país. A maioria dos comandantes de tropa, no I Exército, era fiel a Goulart, A Vila Militar, por exemplo, unidade de maior poder de fogo do pais, estava controlada por oficiais legalistas. O dispositivo militar do governo contava com a poderosa Base Aérea de Santa Cruz e, ainda, com o Corpo de Fuzileiros Navais. Sobre a Guanabara, portanto, os rebeldes concentraram as atenções. A estratégia golpista era a de fazer o movimento eclodir em outro estado e marchar contra a ex-capital do país, onde, supunha-se, haveria forte resistência das tropas fiéis a Goulart. Os golpistas somavam, por outro lado, a influência política do governador Carlos Lacerda e a importância militar de dois "estados-maiores revolucionários", que distinguiam com bastante nitidez os grupos "modernizadores" (o estado-maior de Castelo Branco, integrado por oficiais como Golberi do Couto e Silva, Ademar de Queirós e Ernesto Geisel) e "tradicionalistas" (o estado-maior chefiado por Costa e Silva, onde colaboravam os generais Siseno Sarmento e Muniz de Aragão, entre outros). Minas Gerais - O ponto mais provável da rebelião contra Goulart era este estado, onde havia uma sólida aliança entre os políticos, liderados pelo governador Magalhães Pinto, e os militares, comandados pelo general Mourão Filho, chefe da 4ª Região Militar. Para Minas, às vésperas do movimento, deslocou-se o marechal Odílio Denis, um oficial também "tradicionalista", cujo papel no aliciamento de oficiais indecisos foi um trunfo importante para os golpistas. O governador Magalhães Pinto tinha adotado previamente duas medidas importantes, na expectativa de um conflito prolongado. Formou um secretariado em "nível ministerial", com projeção internacional, que faria, se necessário, os contatos diplomáticos para o reconhecimento do "estado de beligerância" no Brasil. Belo Horizonte seria a capital do país rebelado contra o poder central. Paralelamente, o governador ampliou o efetivo da Polícia Militar, que chegou a ter dez mil homens bem armados e eficientemente adestrados por Dan Mitrione, um expert da CIA, posteriormente executado no Uruguai pelo movimento guerrilheiro dos Tupamaros. São Paulo - A maioria dos oficiais do II Exército estava unida à conspiração e aos líderes civis de oposição a Jango, liderados pelo governador Ademar de Barros. Em São Paulo o general Cordeiro de Farias encarregou-se de fazer a ligação entre civis e militares. Mas o resultado de todo o trabalho de conspiração dependia da definição do Comandante do II Exército, general Amauri Kruel. Kruel definiu-se somente no dia 31 (depois de um dramático telefonema ao presidente Goulart, quando exigiu, sem sucesso, a demissão de alguns ministros e o fechamento do CGT em troca de sua fidelidade ao governo), tornando incontestável a supremacia militar dos rebeldes. Rio Grande do Sul - O III Exército estava dividido e os cálculos militares indicavam possibilidades de luta intensa, devido principalmente à influência do ex-governador do estado Leonel Brizola. O então governador Ildo Meneghetti era inteiramente contrário a Goulart e uma de suas primeiras providências, ao estourar o movimento, foi deixar Porto Alegre e transferir a sede do governo para o interior do estado. A ação militar "golpista" teve como chefes principais os generais Poppe de Figueiredo, da 3ª. Divisão de Infantaria, em Santa Maria; o general Adalberto Pereira dos Santos, que assumiu o comando militar em Cruz Alta; o general Joaquim Camarinha, comandante da 2ª. Divisão de Cavalaria, em Uruguaiana, e o general Hugo Garrastazu, comandante da 3ª. Divisão de Cavalaria, em Bagé. A capital do estado, Porto Alegre seria o último ponto de parada do presidente Goulart antes de deixar o Brasil. Norte/Nordeste - Havia uma nítida divisão entre as forças civis, lideradas pelo governador Miguel Arrais, e as forças militares do IV Exército, sob o comando do general Justino Alves Bastos, oficial de inteira confiança dos conspiradores. Esperava-se forte resistência civil em virtude da ação das Ligas Camponesas, criadas e orientadas pelo deputado Francisco Julião, aliado do governo. Na previsão dos adversários do governo, qualquer reação legalista seria esmagada no máximo em três semanas. A partir dai, as tropas do IV Exército poderiam descer em direção à Guanabara para apoiar a frente mineira do general Mourão Filho. Brasília/Centro-Oeste - O Comando Militar do Planalto estava a cargo do general Nicolau Fico, um oficial leal ao presidente. Sua base de comando, no entanto, foi minada pela ação de um "comando paralelo" chefiado pelo general Rafael de Sousa Aguiar. Fora da capital, a situação em toda a região Centro-Oeste estava sob controle de oficiais rebeldes, aliados aos governos estaduais. As operações militares foram desfechadas pelo coronel Carlos de Meira Matos, do 16º. Batalhão de Caçadores, em Cuiabá. A ação militar O sucesso da reação militar desencadeada a 31 de março de 1964, por decisão individual do general Olímpio Mourão Filho, consumou-se 48 horas depois, coroado pelo êxito de um "golpe" de interpretação aplicado pelo presidente do Congresso Nacional, senador Auro de Moura Andrade. No dia 1º. de abril o presidente Goulart deixou o Rio de Janeiro e retomou a Brasília. Na noite deste mesmo dia, saiu da capital e voou para Porto Alegre, deixando para o chefe do Gabinete Civil, Darci Ribeiro, a tarefa de comunicar oficialmente ao Congresso que permanecia em território brasileiro. A comunicação oficial, lida em sessão tumultuada, foi ignorada pelo senador Moura Andrade, que declarou a vacância da presidência da República, investindo no cargo, no mesmo ato, o presidente da Câmara, deputado Pascoal Ranieri Mazzilli. Esta medida facilitou a decisão dos Estados Unidos de reconhecer a existência de um novo governo no Brasil. Estas duas decisões caíram como uma "ducha fria" sobre o ímpeto de resistência do governo. Uma avaliação da importância deste momento foi feita posteriormente por Leonel Brizola, que, reunido com o presidente e alguns generais, no dia 2 de abril, em Porto Alegre, planejava esboçar resistência: "A certa altura (da reunião) chegou na sala um auxiliar do presidente, com uma comunicação que havia captado pelo rádio, segundo a qual o governo dos Estados Unidos havia reconhecido o governo que se estabelecera em Brasília.. . o presidente não queria assumir a responsabilidade de desencadear uma guerra civil... àquela altura o presidente João Goulart agiu corretamente". A arrancada militar do general Mourão Filho, dois dias antes desta reunião, foi definida como uma "manobra intempestiva" pelos comandantes militares da conspiração, no Rio de Janeiro. Conforme registro do general Antônio Carlos Murici, a ação organizada contra o governo federal deveria ser desfechada alguns dias depois, mais precisamente entre 2 e 8 de abril. Curiosamente, uma superstição do general Carlos Luís Guedes, comandante da 4ª. Divisão de Infantaria, em Belo Horizonte, tornou-se o fator "sobrenatural" do sucesso da operação militar, considerando-se que a surpresa da decisão facilitou o deslocamento de tropas para pontos estratégicos, sem enfrentar nenhuma resistência. Segundo o general Guedes, a ação deveria ser desfechada antes do dia 2 ou depois do dia 8, porque "tudo o que começa em quarto - minguante não dá certo". O general Mourão Filho definiu o dia, mas por razões diferentes. Depois de uma noite em claro, ele reuniu seu "estado-maior revolucionário" às três horas da madruga do dia 31 e determinou o início das operações para as seis horas da manhã. O voluntarismo do general Mourão, que pode parecer, a princípio, decisão tomada por um oficial da mais alta patente militar que nada mais tinha a perder (deixaria o serviço ativo do Exército 30 dias depois do movimento) está enquadrado no "conflito" entre oficiais "tradicionalistas" e "modernizadores". Embora o "tradicionalista" Mourão Filho conspirasse ostensivamente contra João Goulart desde 1962, era visto com resmas pelos "modernizadores", temerosos de que uma ação precipitada pusesse a perder os planos de conspiração que desenvolvia e dos quais o general Mourão Filho estava alheio. Em seu diário, o general Mourão Filho registrou um elucidativo diálogo travado com o deputado cearense Armando Falcão, pouco depois de ordenar a reação contra o governo: "O senhor está articulado com alguém?", perguntou Falcão. "Com a minha consciência. Quem quiser que me siga", respondeu o general. Os planos do general Mourão eram simples e foram desenvolvidos em três etapas: a) operação silêncio (que implicava o controle dos serviços de comunicação, das emissoras de rádio e televisão, para dissimular as etapas seguintes), b) operação gaiola (prisão dos principais líderes políticos e sindicais que pudessem provocar uma reação dentro do estado de Minas) e c) operação Popeye (deslocamento de tropas em direção ao Rio de Janeiro e Brasília). Na vanguarda das tropas mineiras o general Mourão Filho jogou o Destacamento Tiradentes, com aproximadamente três mil homens comandados pelo general Murici, marchando sobre o Rio. Rumo a Brasília partiu o coronel Dióscoro Vale, com o 12º. Regimento de Infantaria e o apoio de três batalhões da Polícia Militar. No aspecto defensivo as tropas de Mourão Filho tinham uma missão: barrar a progressão de qualquer força militar legalista (vinda do Rio ou São Paulo) contra Minas ou Espírito Santo. O porto de Vitória, capital capixaba, funcionaria como um "pulmão" para o reabastecimento de suprimentos e gasolina para as tropas rebeladas. No front, às cinco horas da tarde do dia 31, quando o Destacamento Tiradentes assegurou o controle do tráfego pela ponte do rio Paraibuna, na divisa de Minas com o estado do Rio, o general Mourão Filho divulgou uma proclamação contra o governo e anunciou a rebelião militar. Ainda naquela noite foi criada a expectativa de um primeiro combate. Uma companhia do 1º. Batalhão de Caçadores, de Petrópolis, fiel ao governo federal, deslocou-se para Paraibuna. Antes do combate, no entanto, surgiram as conversões. Prevaleceu o proselitismo do general Murici e a companhia aderiu à conspiração. Mais tarde, com um simples telefonema, o marechal Denis conseguiu a adesão de um combat team do lº. Regimento de Infantaria, sob o comando do coronel Raimundo Ferreira. Em todo o país oficiais e soldados debandaram para a conspiração, minando irremediavelmente a sustentação militar do governo. Em São Paulo, nas últimas horas do dia 31, o governador Ademar de Barros anunciou a sua incorporação ao movimento contra Goulart. Em seguida o general Amauri Kruel comandante do II Exército, divulgou nota oficial aderindo ao golpe. A 2ª. Divisão de Infantaria, comandada pelo general Aluísio Miranda Mendes, deslocou-se pela BR-2 rumo à Guanabara. Mas surgiram problemas no II Exército. O general Euriale de Jesus Zerbini, comandante em Capuava, ameaçava barrar a marcha das tropas de Kruel. Mas não teve sucesso. As grandes unidades submeteram-se ao comando de Kruel. Em oposição estratégica no teatro de operações militares, a Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, ficou com os golpistas. Sob a comando do general Emílio Garrastazu Médici, oficiais e cadetes cavaram trincheiras ao longo da rodovia Rio - São Paulo e asseguraram o controle da região. Em Brasília e em toda a região Centro-Oeste oficiais e praças confraternizam-se com a conspiração e não encontraram resistência do governo. Na capital, bastou a formalização da troca de comando entre o general Fico, legalista, e o general Sousa Aguiar, rebelde. O deslocamento de tropas motorizadas de Cuiabá com destino a Brasília se deu sem qualquer obstáculo. Na manhã do dia 2 de abril a cidade já estava ocupada pelas guarnições do coronel Meira Matos. No Norte e Nordeste do país, os golpistas cumpriram uma única missão ofensiva: a prisão dos governadores e políticos ligados ao governo federal. Assim aconteceu com os governadores Miguel Arrais, de Pernambuco, e João de Seixas Dória, de Sergipe. As previsões de luta devido à intensa mobilização camponesa não se confirmaram. O general Justino Alves Bastos, comandante do IV Exército e senhor da situação, fez apenas algumas poucas substituições de oficiais em comando de tropa e determinou de imediato, que as guarnições da 6º. Região Militar (Bahia) marchassem em direção ao sul do estado para reforçar e dar cobertura ao avanço dos soldados da 4ª. Região Militar (Minas) e do II Exército (São Paulo). Na arca do II Exército, Rio Grande do Sul, os conspiradores esperavam encontrar grandes dificuldades. Temiam, sobretudo, a repetição do "fenômeno de 1961", quando o então governador Leonel Brizola comandou a "campanha da legalidade" que assegurou a posse de João Goulart. O general Ladário Pereira Teles, comandante do III Exército, determinou que suas tropas entrassem em "prontidão rigorosa". Tudo parecia indicar que um núcleo de oficiais legalistas comandaria a reação contra os rebeldes. O governador Ildo Meneghetti, afinado com a conspiração, refugiou-se em Passo Fundo. Aos poucos, porém, o esquema militar favorável ao governo federal foi se esfacelando. O general Poppe de Figueiredo, da 3ª. Divisão de Infantaria, sediada em Santa Maria, aderiu aos golpistas, seguido pelos comandantes das guarnições de Uruguaiana e Bagé. Surgiram algumas escaramuças militares sem maior importância. No dia 3, guarnecido por forte escolta militar, o governador Meneghetti reassumiu suas funções em Porto Alegre. O presidente Goulart, o ex-governador Brizola e alguns oficiais fiéis ao governo federal já tinham deixado a capital do estado. Jango refugiou-se no interior e, em seguida, partiu para o exílio no Uruguai. O momento de maior tensão com probabilidade de luta aconteceu na "frente mineira". Do Rio, o general Cunha Melo marchou em direção a Paraibuna com um grupamento tático superior em forças ao Destacamento Tiradentes, do general Murici. Os grupos de vanguarda das tropas legalistas do general Cunha Melo, entretanto, aderiram aos revoltosos. Disposto mesmo assim a enfrentar os inimigos, o general Cunha Melo preparou seus soldados. Antes do choque armado, porém, a situação seria mais uma vez definida na mesa de negociações. O general Armando de Morais Âncora que assumira o Ministério da Guerra em substituição ao general Jair Dantas Ribeiro (hospitalizado dias antes em virtude de uma crise renal), encontrou-se em Resende com o general Amauri Kruel. Na reunião, o general Âncora, definiu o fim da resistência. As forças do governo já não tinham condições de evitar o golpe. A deposição do presidente João Goulart estava consumada. No dia 01 de abril deste ano estava destituído do poder o Sr. João Goulart. No dia 02 de abril assumia a Presidência da republica o Sr. Paschoal R. Mazzille que ficou no poder até o dia 15 de abril para transmitir o cargo ao General Castelo Branco. O PRESIDENTE ESTADISTA GOVERNO DE CASTELO BRANCO Uma vez vitorioso o movimento militar de 1964, com a retirada do presidente João Goulart para Porto Alegre e, depois, para o Uruguai, foi empossado em seu lugar o presidente da Câmara Federal, Ranieri Mazzili que, ao contrário da rainha da Inglaterra, nem reinava, nem governava, cabendo-lhe apenas dar uma aparência de legalidade à transição. Enquanto Mazzili aproveitava o ar condicionado do Palácio do Planalto, as decisões iam sendo tomadas no ambiente quente do edifício do Ministério da Guerra, no Rio de Janeiro, onde o general Artur da Costa e Silva, autonomeado ministro da Guerra, comandava uma Junta Militar Revolucionária formada por ele, pelo novo ministro da Marinha, almirante Augusto Rademaker e pelo novo ministro da Aeronáutica, Correia de Melo. A mais importante de todas as medidas foi a assinatura do Ato Institucional (até então sem número, pois deveria ser o único) que concedia poderes revolucionários à Junta, sobrepondo-os aos da própria Constituição em vigor. Esse ato, publicado em 9 de abril de 1964, deu margem a que, no dia 10, fossem cassados os mandatos de 40 parlamentares que faziam oposição à nova ordem. Aberto assim o caminho, no dia 11, o Congresso Nacional elegeu o general Humberto de Alencar Castelo Branco presidente da República, com o político mineiro José Maria Alkmin como Vice-presidente. Ambos tomaram posse no dia 15, no recinto do Congresso, iniciando-se uma nova fase da vida nacional. Castelo Branco era o presidente certo, no momento certo. Apresentava-se como rígido militar, mas, mesmo sem nunca ter participado da vida pública, demonstrava ter profunda vivência política. Era, pois, a um só tempo, militar e estadista. Tinha ideais democráticos e sua presença no governo surgia como uma suposta garantia à realização de eleições livres e diretas em 3 de outubro de 1965, conforme calendário, restabelecendo com elas (se tivessem acontecido) a normalidade constitucional no país. Sua vocação liberal foi, entretanto, freada, por ser ele um mandatário do Sistema, representante que era de um movimento militar bem sucedido e que assumiu o poder conjuntamente, tanto que a Junta Revolucionária fora, toda ela, transplantada em seu ministério. A primeira decepção do novo Presidente foi ter de engolir, meses depois, a prorrogação de seu mandato até 1967. Sua maior contrariedade, todavia, foi ter de assinar o Ato Institucional nº. 2. Num primeiro momento, recusou-se a fazê-lo, o que provocou um desabafo do jurista Francisco Campos ao seu conterrâneo, o Vice-presidente José Maria Alkmin: "Ai, minha Nossa Senhora, ele pensa que é civil e foi eleito" Entre a espada e a Constituição Em verdade, esse tornou-se o grande drama de Castelo Branco: não era, como o presidente Dutra, um general exercendo o poder civil. Estava ali como militar, representando as Forças Armadas, que ganharam uma revolução. Não fora eleito legitimamente, em pleito aberto, mas chegara ao cargo por eleição indireta, sob a garantia de um Ato Institucional que valia por uma dúzia de constituições. E tinha, atrás de si, a presença nada invisível do poder político-militar que assumira de fato o governo e nele permaneceria nos próximos 21 anos, adaptando a legislação, casuisticamente, com uma série de Atos Institucionais, seguidos, cada um deles, por uma enxurrada de Atos Complementares que cuidavam de dar "sintonia fina" às medidas de exceção. Como conseqüência, poucos se lembram das reformas de base realizadas em seu governo e que colocaram o país, novamente, no caminho do desenvolvimento. E, primeiro que tudo, cuidou ele de restabelecer o respeito devido à instituição da Presidência da República, desmoralizada no governo Goulart. No mais, entre outras obras, cuidou de restaurar a situação econômico-financeira que vinha se deteriorando desde o governo Vargas, garantindo com isso a credibilidade do Brasil no exterior e permitindo novos aportes de capitais, necessários para o crescimento do país. Em seu ramo específico, cuidou da reforma das Forças Armadas, refazendo a arcaica estrutura administrativa das três forças e eliminando querelas e ciúmes entre elas. Aliás, pessoalmente, Castelo defendia a criação de um Ministério da Defesa, englobando Exército, Marinha e Aeronáutica, o que não pôde ser ao menos cogitado em seu mandato, pela excepcionalidade primeiro governo; os que lhe sucederam, não se interessaram no assunto, preocupados que estavam em estratificar o poder do Estado sobre a Nação. Na reforma fiscal e tributária, Castelo eliminou os velhos impostos que emperravam a máquina, a maioria deles em cascata, substituindo-os por um sistema moderno e eficiente de arrecadação. Foi dessa época, também, a criação do CGC e do CPF para a identificação e controle do contribuinte. No campo, promoveu uma reforma agrícola (não agrária), garantindo a estabilidade da produção, permitindo o aumento das exportações, e acabando com as sucessivas crises de abastecimento do mercado interno. Tudo isso, é preciso que se diga, se fez em meio a intenso diálogo dentro do ministério e junto às classes produtoras; um diálogo ao qual não faltou a imprensa que, durante o período de Castelo Branco, não sofreu qualquer censura, manifestando-se de forma ampla e irrestrita, até mesmo acintosamente. Os mesmos jornais que haviam participado do movimento revolucionário, como a Tribuna de Imprensa, o Correio da Manhã e "O Estado de São Paulo" abriam suas baterias contra o poder central, atingindo violentamente o presidente da República. A História, cujos contornos o tempo vai clareando, um dia lhe fará justiça, expurgando de sua biografia os atos revolucionários e trazendo à luz os atos efetivos de governo. Ah, mais uma coisa: a cidade do Rio de Janeiro continuava a ser a capital virtual do Brasil. O Palácio do Planalto, em Brasília, dava para o gasto do dia-a-dia, mas os grandes assuntos e as grandes resoluções aconteciam mesmo no Palácio das Laranjeiras, na Guanabara, obrigando o presidente a viajar, continuamente, de um ponto a outro. Quem era Castelo Branco Humberto de Alencar Castelo Branco nasceu em Fortaleza-CE, em 20 de setembro de 1897, filho do general Cândido Borges Castelo Branco, e de dona Antonieta Alencar Castelo Branco. Por parte da mãe, era, pois, descendente do romancista José de Alencar. Por parte do pai, vinha de uma linhagem a que pertencia, por exemplo, a escritora Raquel de Queirós. Passou a primeira infância no interior de seu Estado e, aos 8 anos, foi enviado a estudar em Recife. Como não conseguisse acompanhar a classe (seu professor o considerava um retardado), sua mãe trouxe-o de volta ao Ceará, ficando, então, aos cuidados das irmãs Vicentinas, que lhe proporcionaram os primeiros conhecimentos. Aos 14 anos seguiu para Porto Alegre, longe da família, matriculando-se na Escola Militar. Era filho de general, mas era pobre, e sua idade no registro foi adulterada para 12 anos, a fim de garantir a gratuidade do ensino. Lá teve como companheiros Juarez Távora, Riograndino Kruel, Amauri Kruel, Ademar de Queirós, Artur da Costa e Silva e outros que o acompanhariam na carreira até os postos mais altos do Exército. Formou-se oficial na Escola Militar do Realengo (Rio de Janeiro), cursando em seguida a Escola de Comando do Estado Maior do Exército, a Escola Superior de Guerra da França (o treinamento militar brasileiro estava conveniado com os franceses) e, finalmente, a Escola de Comando e Estado-Maior dos Estados Unidos. Em 6 de fevereiro de 1922 casou-se com dona Argentina Viana, irmã do historiador Hélio Viana, com quem teve dois filhos: Antonieta (o mesmo nome da avó, que falecera dois meses antes) e Paulo. O casamento trouxe à mostra o lado profundamente sentimental de Castelo. Dona Argentina foi o grande elo de sua vida: acompanhava-o, quando possível, a operações de campanha; na Segunda Guerra Mundial, separados pelo grande oceano, tornou-se a inspiradora de uma série de cartas nas quais o então tenente-coronel, livre da censura, derramava seus comentários a respeito da guerra e dos que se achavam à sua volta. Argentina Viana Castelo Branco morreu em 1963, quando o general era comandante do 4º Exército, em Recife. Tornou-se, então, a imagem que lhe seguiria os passos inspirando-o nas decisões. Enquanto Presidente, sua filha fez-lhe as vezes de primeira-dama, mas a presença espiritual da esposa serviu para humanizar o velho militar, tornando menos duros os atos punitivos e incentivando-o no objetivo, afinal frustrado, de restabelecer a democracia até o término de seu governo. Ao assumir a Presidência, o general Castelo Branco passou para a reserva, recebendo em conseqüência o título de marechal, o que, na época, acontecia automaticamente. Ele mesmo eliminou essa prática, que chamava ironicamente de "título de pensão", já que a finalidade maior era a de aumentar o soldo do militar. Mas, antes de eliminar a regalia, garantiu essa promoção ao general Costa e Silva, que estava vencendo seu tempo para cair na compulsória. O Ministério Empossado o Presidente em 15 de abril de 1964, a Junta Militar foi incorporada ao governo, surgindo então os três primeiros nomes do ministério: Guerra, Artur da Costa e Silva; Marinha, Augusto Hamann Rademaker Grünewald; Aeronáutica, Francisco de Assis Correia de Melo. Este último, em 1931, fora o primeiro brasileiro a cruzar o Atlântico num avião militar. Embora alguns outros militares viessem a ocupar cargos civis, no conjunto, o ministério era essencialmente técnico, embora considerado por alguns (e até por Carlos Lacerda) um pouco conservador. Os outros postos foram assim distribuídos: Relações Exteriores, Vasco Tristão Leitão da Cunha, substituído, seguidas vezes, por Antônio Borges Castelo Branco Filho; Fazenda, Otávio Gouveia de Bulhões, substituído na interinidade por Roberto de Oliveira Campos; Agricultura, Oscar Thompson Filho, substituído mais tarde por Hugo de Almeida Leme, Ney Amintas de Barros Braga e Severo Fagundes Gomes; Viação e Obras Públicas, Juarez do Nascimento Fernandes Távora; Planejamento e Coordenação, Roberto de Oliveira Campos; Educação e Cultura, Flávio Suplicy de Lacerda, depois, Raimundo de Castro Moniz de Aragão (interino), Pedro Aleixo e Guilherme Augusto Canedo de Magalhães (interino); Saúde, Vasco Tristão Leitão da Cunha, que logo entregou o cargo a Raimundo de Moura Brito; Indústria e Comércio, Daniel Agostinho Faraco, substituido mais tarde por Paulo Egídio Martins; Minas e Energia, Mauro Thibau; Trabalho, Arnaldo Lopes Sussekind, depois, Moacir Veloso Cardoso de Oliveira (interino), Walter Perachi Barcelos, Paulo Egídio Martins (interino) e Luiz Gonzaga do Nascimento e Silva; Justiça, Milton Soares Campos, depois, Luís Viana Filho (interino), Juracy Montenegro Magalhães, Mem de Sá, e Carlos Medeiros da Silva. Assumiu a Casa Civil Luís Viana Filho que, na prática, tornou-se secretário particular do Presidente, reunindo anotações que mais tarde lhe permitiram fazer a biografia de Castelo Branco. Na Casa Militar, ficou o general Ernesto Geisel. Criou-se, também, o Ministério Extraordinário da Coordenação dos Organismos Regionais (Mecor) que mais tarde ganharia importância fundamental, transformando-se no Ministério do Interior. Sua chefia foi entregue ao marechal Cordeiro de Farias que, já ao final de governo, renunciou, sendo substituído por João Gonçalves. A intensa troca de nomes nos vários ministérios dá idéia da turbulência nos três anos de governo. Também houve mudanças nos ministérios militares, assunto que será tratado no momento oportuno. Varre, vassourinha O Ato Institucional em vigor desde 9 de abril de 1964 abriu uma temporada de 60 dias para a cassação de mandatos e suspensão de direitos políticos, estes últimos pelo prazo de 10 anos. Logo no dia seguinte, experimentando a ferramenta, a Junta Militar suspendeu os direitos políticos de Jânio Quadros, João Goulart e Luís Carlos Prestes; em seguida, foram-se mais 40 parlamentares da oposição, abrindo caminho para a eleição do Presidente. Até o último dia do prazo, cerca de 400 nomes foram atingidos pelo Ato. Ao contrário do que se pode pensar, foi uma pechincha. Poderiam ter sido 4.000 ou 40.000, tamanha a quantidade de "listões" que chegavam de todos os lados, sugerindo nomes para a degola. O exame detalhado dessas listas evitou uma enormidade de injustiças, mas não todas elas. Para se ter uma idéia do frenesi existente nos meios revolucionários, basta lembrar que, entre os nomes sugeridos para cassação, figuravam os de Afonso Arinos, um dos principais líderes da UDN, partido do governo; do jurista Santiago Dantas, com inequívocos serviços prestados ao país; de Hermes Lima, o último chefe de Gabinete do Parlamentarismo; do jurista Evandro Lins e Silva; do jornalista Carlos Heitor Cony, que ousava criticar o governo; e até do industrial José Ermírio de Morais, evidente defensor do capitalismo e de cuja dedicação à empresa privada ninguém poderia duvidar... Todos foram poupados. Pior do que fazer uma revolução é controlar, depois, o ímpeto dos revolucionários em garantir a própria sobrevivência, afastando de sua volta aqueles que possam lhes fazer sombra. Com raras exceções, esse controle foi exercido. Ah, "Minas Gerais" Uma das pendências que, desde o princípio, tumultuou o governo foi o caso da aviação embarcada, que tomou vulto após a compra, por Juscelino Kubitschek, do porta-aviões Minas Gerais. O frágil "14-Bis" de Santos Dumont, que foi ao ar em 1904, e o "Demoiselle", que subiu pouco tempo depois, tiveram seguidos aperfeiçoamentos e, em 1910, já era possível contar-se com aviões de guerra, incipientes ainda, mas que já representavam uma promessa como arma de ataque. O Brasil comprou alguns aparelhos, anexou-os ao Exército e, na Guerra do Contestado (1912-1916), pôde testar sua eficiência, abrindo espaço no campo inimigo para o avanço, por terra, das tropas legalistas. A Marinha também comprou alguns aparelhos, que ficaram subordinados a ela. Não eram uma força independente, mas simples acessórios às duas Armas. Após a Segunda Guerra, com o advento do helicóptero, a Marinha passou a adquirir esse tipo de aparelhos, mais adequados a manobras conjuntas com navios de guerra. Só que, a essa época, já existia uma arma específica para cuidar do espaço aéreo, a FAB, subordinada ao Ministério da Aeronáutica, criado no governo Getúlio Vargas (1930-1945). Passaram a registrar-se, então, conflitos esporádicos entre as armas da Marinha e da Aeronáutica, ainda que sem maiores conseqüências. Foi no governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) que surgiu o grande ponto de atrito, com a aquisição do porta-aviões Minas Gerais, tendo como objetivo aproximar Aeronáutica e Marinha em operações conjuntas. O efeito foi o oposto, gerando graves discussões sobre o comando de tais operações, já que não se tratava de aviação comum, mas de aviação embarcada. O problema foi sendo empurrado com a barriga por JK, Jânio e Jango, vindo a perturbar a paz do presidente Castelo Branco, que decidiu colocar um ponto final na disputa, chamando para si a responsabilidade pela solução do conflito. Precisava fazê-lo, e sem demora, pois um grave incidente acabava de ocorrer em Tramandaí (Rio Grande do Sul), onde a base da FAB abateu um helicóptero da Marinha em pleno vôo, criando um estado de guerra entre as duas armas. Em agosto de 1964, aproximando-se a data de início da Operação Unitas (treinamento conjunto de militares de paises pan-americanos), Castelo Branco decide que o comando de operações embarcadas ficará a cargo da Marinha, mas somente com aeronaves da FAB. O ministro da Aeronáutica, brigadeiro Nelson Lavanére-Wanderley, sucessor de Correia de Melo, demite-se, sendo substituído pelo brigadeiro Márcio de Sousa Melo. No início das operações de treinamento, a FAB constatou a presença de helicópteros da Marinha no porta-aviões Minas Gerais e, como o comandante se recusasse a retirá-los, o fato originou outra crise entre as duas armas, provocando a renúncia do novo ministro da Aeronáutica, brigadeiro Souza Melo. Em consideração ao presidente da República, já que ninguém mais queria substituir o demissionário, assumiu o Ministério o próprio brigadeiro Eduardo Gomes, nome legendário nas Forças Armadas, contra quem ninguém ousaria fazer oposição. Orientado por Eduardo Gomes, o presidente retoma a idéia de um comando misto nas operações conjuntas de Marinha e Aeronáutica. Desta vez, quem se demite é o ministro da Marinha, nesta altura o almirante Melo Batista. Em 14 de janeiro de 1965 assume o posto o almirante Paulo Bozísio. Finalmente, chega-se a um consenso nos dois ministérios. O comando do porta-aviões Minas Gerais, em sua totalidade, incluindo os helicópteros da Marinha, fica sob a responsabilidade desta. Os aviões, operados pela FAB ficam sob o comando da Aeronáutica, em sintonia com o comando da Marinha. E foi assim que o Brasil pode participar, em harmonia, da operação UNITAS. E todos viveram felizes para sempre. Soa o sinal de alarme Contrariando o pensamento do presidente Castelo Branco, já em julho de 1964 o mandato presidencial foi prorrogado até 1967, jogando por terra as promessas, feitas a líderes civis da Revolução, de que em 1965 um novo presidente seria escolhido, dentro do calendário e por eleições diretas. Para compensar, o Sistema que controlava o poder permitiu que se realizassem, na forma da Constituição, as eleições marcadas para 3 de outubro de 1965, renovando o governo de 11 dos 21 Estados: Alagoas, Goiás Guanabara, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Norte e Santa Catarina. Tacitamente, confirmava-se também o calendário para 3 de outubro de 1966, quando, além da renovação do parlamento, seriam eleitos também os governadores dos demais Estados: Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe. Vão-se os anéis, ficam os dedos. Nem tudo estava perdido e, afinal, alguns dos candidatos à Presidência, como Magalhães Pinto, estavam acordes em que o ambiente não era propício para eleições presidenciais já em 1965. Excluída a disputa presidencial, no mais, o pleito se realizou a seu tempo, livremente, tudo fazendo crer que o Brasil caminhava para o restabelecimento das liberdades democráticas. Os resultados, se não foram desanimadores para o Sistema, ainda assim fizeram soar o sinal de alarme. O governo venceu no Pará, onde o governador Jarbas Passarinho conseguiu fazer seu sucessor Alacid Nunes (mais tarde os dois se tornariam adversários); na Paraíba, a UDN elegeu Agripino Maia; no Maranhão, saiu vitorioso José Sarney; em Alagoas, não havendo maioria absoluta, o governo federal nomeou como interventor o general João Batista Tubino. Até mesmo em Mato Grosso e em Santa Catarina, onde o PSD conseguiu a vitória, respectivamente, com Pedro Pedrossian e Ivo Silveira, não havia maiores preocupações. Onde rebentou a corda foi em Minas Gerais e Guanabara que, junto com São Paulo, formavam os três centros políticos mais importantes do país. Em Minas Gerais, elegeu-se Israel Pinheiro, um dos construtores de Brasília e braço forte de JK; na Guanabara, ganhou Negrão de Lima, uma sombra de Getúlio Vargas, o mesmo Negrão que, em 1937, a pedido de Getúlio, percorreu o país, buscando adesão dos governadores ao golpe do Estado Novo que seria dado ao final daquele ano. Em São Paulo, as eleições se dariam em 1966 e uma derrota não improvável naquele Estado seria fatal para a revolução. A simples possibilidade de retorno do getulismo reacendeu a ação da "linha dura" nas Forças Armadas, não só na Vila Militar, como em vários pontos do país. A alta oficialidade, composta, sobretudo por coronéis da ativa, exigia um endurecimento do regime para que o movimento militar, havendo atravessado um oceano de dificuldades, não viesse a morrer na praia. O Ato Institucional nº2 As eleições ocorreram a 3 de outubro. Poucos dias depois, recrudescem os boatos de um novo golpe militar. Carlos Lacerda, de sua Tribuna de Imprensa, exigia intervenção em Minas Gerais e Guanabara. Ao Palácio das Laranjeiras, onde se achavam Castelo e seu "staff", chegavam notícias de movimentação nos quartéis. O primeiro passo, foi acalmar os militares, baixando a tensão da caserna. O segundo, preparar medidas que mantivessem a temperatura baixa, permitindo ao Presidente cuidar de assuntos do governo, ao invés de envolver-se numa crise militar mais prolongada. Por fim, cuidava-se de preparar o governo para o pior. Vários projetos e emendas à Constituição tramitavam no Congresso, objetivando aumentar os poderes do presidente da República, inclusive dando-lhe o direito de decretar estado de sítio sem precisar de autorização do Congresso. Não estava o governo seguro de ter esses instrumentos à mão no devido tempo; não era sequer lícito supor que fossem aprovados pelo legislativo. No Ministério, outra crise: o ministro da Justiça, Milton Campos, prevendo um fechamento do regime, de cujo ato não pretendia tornar-se cúmplice, demitiu-se; e após uma interinidade de Luís Viana Filho, foi nomeado para o cargo o ex-governador da Bahia, Juraci Magalhães. Premido pela gravidade da crise, e procurando evitar o pior, em 27 de outubro de 1965, o presidente Castelo Branco assina o Ato Institucional nº2, iniciando o processo de radicalização do regime que, de Ato em Ato, levou o país ao absolutismo nos dois governos seguintes. De Sebastião Nery Tribuna da Imprensa - RJ 9 de agosto de 2003 O Mauro Braga, na TRIBUNA DA IMPRENSA, diz que "em sua biografia, distribuída pela Globo, há um engano: o então chanceler Juracy Magalhães foi citado como autor do pedido aos donos de jornais para que demitissem os comunistas. Na verdade, foi o ministro da Justiça, Gama e Silva, que o fez". Errado. Foi Juracy mesmo. Era embaixador em Washington, Milton Campos, ministro da Justiça, negou-se a fazer o AI-2 e Castelo nomeou Juracy para fazer todo o papel sujo: fechou os partidos, reabriu as "punições extralegais" e cassações, "disposto a punir jornais e jornalistas que continuavam infringindo o AI-2" (DHBB-FGV). E fez a lista dos 61 "comunistas" e cassados de jornais, revistas e televisões para demitir. Juracy só foi chanceler em 66. Gama e Silva foi ministro da Justiça em 67, de Costa e Silva. O erro da Globo é que não foi só Roberto Marinho que reagiu. Niomar Muniz Sodré, diretora do "Correio da Manhã", também. O que foi alterado São estas as principais alterações proporcionadas pelo AI-2: - As eleições presidenciais passam a ser indiretas; - Ficam extintos todos os partidos políticos; - Fica o Presidente com a prerrogativa de decretar estado de sítio por 120 dias, ad-referendum do Congresso, e prorrogá-lo, se necessário, por um prazo máximo de 180 dias; - Os atos praticados pelo governo federal ou pelo Sistema (Comando Supremo da Revolução) ficam excluídos de apreciação judicial; - O Presidente passa a ter o direito de pôr em recesso o Congresso Nacional, as Assembléias Legislativas e as Câmaras Municipais, mesmo que o país não esteja sob estado de sítio. Coagido pelo Sistema, o presidente Castelo Branco, até o fim de seu mandato, ainda viria assinar mais dois Atos Institucionais: o AI-3, de 5 de fevereiro de 1966, criava a figura do governador "biônico" e suspendia as eleições de prefeitos nas capitais e cidades consideradas de segurança nacional; o AI-4, de 12 de dezembro, condicionava o Congresso para a votação da nova Constituição. Numa luta desigual, a Nação sofreu vários golpes rudes. O nocaute viria no governo seguinte com a edição, pelo sucessor de Castelo, do Ato Institucional nº5, o mais cruel e perverso, sufocando o que ainda restava das liberdades individuais e fazendo morrer as esperanças de retorno, a médio ou longo prazo, à prática democrática. Esse é assunto para o próximo capítulo. O embaixador americano é consultado Por solicitação do Presidente do Brasil, o embaixador dos Estados Unidos, Lincoln Gordon reune-se com Castelo Branco e ambos analisam o impacto que o AI-2 causaria nas relações internacionais, conforme relata o próprio diplomata, a pedido de Luís Viana Filho: "Castelo Branco estava inteiramente ciente da reação tempestuosa da imprensa estrangeira ao 1º e 2º Atos e preocupado com o impacto negativo nas relações exteriores, generalizadamente, e, em particular, nas relações com os Estados Unidos. Por isso, ele me pediu que o visitasse, numa manhã calma do feriado de 2 de novembro [Finados]. "Nossa conversa durou duas horas – a mais longa das nossas entrevistas. Castelo fez um resumo dos acontecimentos-chave das quatro semanas anteriores, incluindo a recusa do Congresso em aceitar a reforma proposta das relações do governo federal com os demais Estados. "Ele pediu meu comentário sincero, e eu o fiz em toda extensão. Entre outros pontos, salientei minha preocupação de que a situação pudesse se transformar inteiramente em ditadura militar. O presidente sentiu que eu estava pessimista demais, que o Brasil evitaria qualquer tipo de ditadura, a tradicional Latino-Americana ou tipo Nasser [Egito], e que a nova base política podia e seria construída para apoiar as metas da revolução. "Três semanas mais tarde, quando o secretário [de Estado] Dean Rusk visitou o Rio, o Presidente saiu de seus hábitos para referir-se ao meu temor de ditadura militar e para reassegurar sua confiança na restauração da normalidade constitucional em 1966. "Não obstante, estava claro que a crise de outubro tinha sido um choque para ele, que o general Costa e Silva estava, em todo sentido prático, seguro da sucessão, e que Castelo Branco não tinha mais o controle da situação." A CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos), em seu relatório interno nº3101/65, registra as mesmas preocupações, prevendo um fechamento gradual do regime até o total controle do país pelo Sistema. Aponta o ministro da Guerra, general Costa e Silva como o catalisador das pressões da "linha dura", irritado que estava pela falta de apoio governamental à sua pretensão para suceder Castelo Branco. São mencionadas pela CIA, também, as pressões empresariais, principalmente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (que é citada nominalmente) para o endurecimento do regime, incentivando a ação de conhecidos radicais, como o almirante Silvio Heck. Essas pressões estariam anulando a ação dos moderados ligados ao presidente Castelo Branco, entre eles o chefe do SNI (Serviço de Inteligência do Brasil), general Golbery do Couto e Silva, e o chefe da Casa Militar, general Ernesto Geisel. Em resumo, Castelo perdera, a esta altura, o controle da sucessão presidencial. Quase que o Brasil ganha um "Partidão" "Partidão" era o nome que se dava ao PC soviético que, por ser o único partido político legal, dominava todo o sistema político da União Soviética, transformando-se num governo paralelo. Pois o Brasil por pouco não ganha seu partidão, tal a rigorosidade do Ato Complementar nº4, que regulava a organização de novos partidos políticos, em substituição àqueles que foram extintos. Surgiram, de início, três opções partidárias: a ARENA (Aliança Renovadora Nacional), reunindo os governistas, o MODEBRA (Movimento Democrático Brasileiro), que pretendia concentrar a oposição e o PAREDE (Partido de Renovação Democrática), de tendências indefinidas. Este último não resistiu os primeiros embates, ficando apenas nas preliminares de sua organização. A Arena rapidamente conquistou o espaço, pois todo político, por razões de sobrevivência, prefere estar com o governo, garantindo verbas para obras públicas (e votos) em seus redutos eleitorais. Já o Modebra, que em boa hora mudou sua sigla para MDB, não conseguia atender as regras do AC-4, que exigia um mínimo de 120 deputados federais e 20 senadores filiados, para garantir o registro. Isso representava quase um terço do Congresso Nacional. Quanto a deputados, o MDB até que os conseguiu, mas, na busca de senadores, apenas 19 se dispuseram a fazer oposição ao governo. Faltava um e, se o quorum não fosse atingido, o Brasil passaria a ter um sistema político de partido único. Isso de maneira alguma interessava ao Sistema, pela repercussão negativa no exterior. Assim, o governo passou a ser o maior interessado na formação de um partido de oposição a ele. Vieram, então, os governistas, auxiliar a oposição, doando um de seus senadores para que o número fosse completado. A sorte caiu sobre o senador Aarão Steinbruck que assinou a ficha partidária do MDB, trazendo paz ao arraial. Já nos contatos preliminares, o governo sentiu a artificialidade do bipartidarismo no Brasil, não tanto por ideologia, mas por diferenças regionais e de comportamento. Líderes da UDN, que combateram ferozmente o PSD, tinham que viver em harmonia com seus adversários de ontem. Em São Paulo, opositores do governador Ademar de Barros, que colocavam em dúvidas sua honestidade, tiveram de aceitá-lo como indigesta companhia. No Nordeste, onde líderes que se digladiavam, literalmente, até a morte, repentinamente, precisaram se compor. Se isso vinha causando disputas irreconciliáveis na organização partidária, imaginem só quando chegassem as eleições Com uma boa caneta e um pouco de tinta, não há problema que não se resolva. E os dois partidos políticos passaram a ter, dentro deles, 3 sub-legendas, as quais poderiam, nas eleições diretas, apresentar candidatos em separado. O Brasil tornou-se, pois, o único país do mundo em que o sistema bipartidário era composto de seis partidos... Com quantos atos se faz um governo O governo Castelo Branco editou três Atos Institucionais. Nem necessitava de mais outros, pois tamanha foi a quantidade de Atos Complementares que estes subverteram totalmente o processo. Eles regularam o funcionamento das CGIs (Comissões de Inquérito), cuidaram de dispensas, remoções e aposentadorias, atingiram o Judiciário, alteraram a composição do Supremo Tribunal Federal, fizeram tudo o que se possa imaginar, dentro do maior casuísmo, assinados sempre que surgisse um obstáculo a ser removido. Nesse processo, com a edição do AI-3 e respectivos complementos, criou-se a figura do governador "biônico", o qual passou a ser escolhido pelo Presidente dentro da Arena (o partido do governo), a partir de uma lista tríplice, confirmado depois pelas respectivas assembléias legislativas. A oposição podia apresentar seu candidato, mas não para ganhar. Foi criada a fidelidade partidária, impedindo os parlamentares de votar em outro candidato que não o de seu próprio partido. Como o MDB (oposição) ameaçou com renúncia coletiva, o AC-16 proibiu também a renúncia. Dizia o AC-16 que o parlamentar que renunciasse ao mandato teria seus direitos políticos cassados (por dez anos). Nesse clima de paz absoluta (a paz dos cemitérios), desenvolveu-se, pois, o calendário eleitoral de 1966: em 3 de setembro, elegeram-se os governadores "biônicos" de 12 Estados; em 3 de outubro, Costa e Silva fez-se Presidente, tendo como vice o civil Pedro Aleixo; e em 15 de novembro, realizaram-se as eleições parlamentares, renovando as Assembléias Legislativas, a Câmara Federal e um terço do Senado. Na eleição para Presidente, só dois pequenos incidentes: O deputado João Herculino subiu à tribuna vestindo luto pela "morte da democracia" e o senador João Abraão mencionou o nome de Juscelino como o preferido do povo. Um e outro foram sem seguida cassados. Nas eleições para governador, o Presidente cassou o mandato de todos os deputados que se mostraram descontentes com o nome do candidato único apresentado para seu Estado. Era mais seguro do que ser surpreendido com alguma traição. Em São Paulo, elegeu-se, pois, Roberto de Abreu Sodré, udenista histórico e cunhado de Carlos Lacerda; no Rio Grande do Sul, Peracchi Barcelos; no Estado do Rio, Geremias Fontes; na Bahia, Luís Viana Filho, chefe da Casa Civil da Presidência; em Pernambuco, Nilo Coelho; no Ceará, Plácido Castelo; em Sergipe, Lourival Batista; no Acre, Jorge Kalume; no Amazonas, Daniel Aerosa; em Alagoas, Antônio Lamenha Filho; no Piauí, Helvídio Nunes de Barros; e no Espírito Santo, Cristiano Dias Lopes. Planos para uma nova Constituição Ao final de 1966, resolvidos os problemas emergenciais e criados os mecanismos que permitiriam desenvolver as reformas preconizadas, o governo achou-se em condições de providenciar uma mudança radical na Carta Magna, criando uma Constituição moderna, capaz de colocar o país no caminho do desenvolvimento. Sem pensar na convocação de uma Assembléia Constituinte (que Deus o livre de tamanho pecado) Castelo preferiu criar uma comissão de notáveis, formada por Orozimbo Nonato, Levi Carneiro e Temístocles Cavalcanti, entregando a ela a missão de redigir o novo texto, na forma de anteprojeto, o qual ficou pronto em 19 de agosto de 1966. O trabalho não agradou nem ao Presidente, nem ao seu ministro da Justiça, Carlos Medeiros. O primeiro desejava uma Carta mais liberal, embora resguardando a autoridade presidencial para combater situações de perigo à vida ou ao regime; o segundo, ao contrário, preferia uma concentração maior de poderes, que desse ao Presidente instrumentos para enfrentar crises políticas e sociais, dando ao país condições de governabilidade. O anteprojeto foi, então, discutido com o Conselho de Segurança Nacional e, em seguida, reformulado pelo próprio ministro Carlos Medeiros. O governo poderia até outorgar a nova Carta, dispensando o Congresso, tais os poderes já concentrados em suas mãos com os dois Atos Institucionais, todavia essa medida seria mal recebida na comunidade internacional. Era preciso correr o risco, entregando-a ao Congresso Nacional, para discussão, após o que o próprio Congresso iria promulgá-la. Melhor seria que se fizesse com o atual legislativo, já em fim de mandato, já que ele era mais previsível em suas reações. O próximo ainda não tinha sido eleito e ninguém sabia qual a sua composição. Foram tomadas todas as providências para evitar um prolongamento indesejável. O anteprojeto seguiria ao Congresso em regime de urgência e, se a Constituição não fosse promulgada no prazo estabelecido, o Presidente chamaria a si a responsabilidade de outorgá-la. Seria também uma medida extrema, porém, mais fácil de se explicar, jogando sobre o Congresso a responsabilidade pelo eventual retardamento. Foi aí que surgiu o incidente mais grave entre Executivo e Legislativo, colocando em perigo o cronograma traçado. O Congresso é posto em recesso Dentro da rotina do governo revolucionário, em 12 de outubro de 1966, chegaram às mãos do Presidente mais seis processos de investigação, já concluídos, envolvendo deputados federais. O Presidente decidiu pela cassação de todos eles, assinou o ato e encaminhou-o à Câmara Federal, cujo presidente era Adauto Lúcio Cardoso, parlamentar fiel ao Sistema, já que fora eleito com a ajuda de Castelo Branco. Para surpresa geral, Adauto se opôs a essas cassações, recusando-se a consultar os demais parlamentares e declarando que cabia ao presidente da República consultá-lo primeiro. Tudo isso era inútil, pois os atos revolucionários não estavam sujeitos a consultas ao legislativo ou a quem quer que fosse. O assunto ferveu no plenário da Câmara, já que alguns arenistas eram contra essas cassações e, por seu lado, a oposição aproveitou o ensejo para fazer suas manifestações de repúdio ao autoritarismo, causando tremendo desgaste ao governo junto à opinião pública. Naquele 19 de outubro, o dia e a noite foram agitados no Palácio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, local das grandes decisões. O ministro da Justiça tem pronto o decreto que põe em recesso o parlamento. Outra medida, bem pior seria a sua dissolução, encerrando as atividades parlamentares três meses antes do término do mandato. Bem comparadas as duas medidas, a do recesso se mostrava mais leve, dando tempo suficiente para esfriar as cabeças e tornar à realidade possível naquela conjuntura. Achava-se, entre outras coisas, que a atitude do presidente da Câmara tinha por fim embaraçar as eleições legislativas que se realizariam no mês seguinte, o que não ficou provado. No dia 20, o Presidente assina o recesso parlamentar, por tempo indeterminado, ficando incumbido de executar o ato o coronel Meira Matos, comandante da Polícia do Exército em Brasília. Conta Luís Viana Filho: "Meira Matos executou o decreto. O Presidente recomendara-lhe a maior prudência e, nessa mesma noite, isolado o Congresso, os seus membros foram retirados tranqüilamente. Não houve incidente de monta, e as anunciadas ameaças de resistência ruíram silenciosamente. Apenas breve e áspero diálogo entre Adauto e Meira Matos inquietou o episódio." (Leia, em detalhes, no testemunho do jornalista Carlos Chagas). Os acontecimentos, então, se desenrolam dentro desta seqüência: 12.10.66 – Cassados os mandatos de 6 deputados federais. 20.10.66 – O Congresso Nacional (Câmara e Senado) é posto em recesso. 15.11.66 – Realizam-se eleições diretas para a renovação da Câmara Federal, de um terço do Senado e das Assembléias Legislativas. 21.11.66 – É suspenso o recesso e o Congresso volta às atividades. 13.12.66 – O anteprojeto da nova Constituição é entregue ao presidente do Congresso, senador Auro Soares de Moura Andrade. 24.01.67 – A nova Constituição é promulgada pelo Congresso Nacional. Estava superada a crise. O Brasil ganha uma nova Constituição que, se dizia, deveria durar várias décadas. Não foi bem o que aconteceu. Os acontecimentos caminharam mais rápido que as boas intenções e, dois anos depois, o texto constitucional foi quase que totalmente alterado por uma Junta Militar que assumiu o poder. Esse também é um assunto a ser tratado em momento oportuno. A reforma financeira O primeiro dos problemas a ser enfrentado pelo Presidente foi o do descontrole financeiro do país. O Brasil havia saído do governo Dutra (1946-1951) com uma situação confortável nas finanças públicas, e com uma dívida externa administrável. Os governos posteriores reverteram esse estado de coisas, gastando mais do que arrecadavam e levando o país a um estado quase que pré-falimentar. Getúlio Vargas e Café Filho viveram enleados em sérios problemas políticos que lhes tomaram a maior parte do tempo. Juscelino Kubitschek construiu Brasília e levou seu plano de governar 50 anos em 5, emitindo moeda descontroladamente para cobrir os gastos e comprometendo os próximos governos com um aumento sensível da dívida externa. Jânio Quadros fez um diagnóstico do doente, mas não ministrou-lhe os remédios, tanto mais que não parou 7 meses no poder. Por fim, João Goulart largou o governo à corda solta, como se o problema não fosse com ele. Agora, o paciente necessitava de um tratamento de choque, uma política séria de contenção de despesas, que levou o país, em 1965, a processo recessivo, danoso à produção e aos trabalhadores, causando o desemprego e uma semi-paralisação do comércio e das atividades produtivas. O amargo remédio era a infalível receita do Fundo Monetário Nacional, engolido a duras penas, e que só pôde ser aplicado sem maiores contestações porque o Brasil vivia em regime excepcional, suprimindo, se preciso à força, qualquer manifestação de descontentamento. Respeitadas todas indicações do receituário, por fim, o FMI colocou à disposição do Brasil um crédito "stand-by" (para ser requisitado quando preciso) de 125 milhões de dólares. Era uma insignificância, mas, por outro lado, representava um sinal verde aos investidores internacionais de que o Brasil deixava de ser um risco iminente ao capital estrangeiro. O PAEG-Plano de Ação Econômica do Governo, sob a responsabilidade do Ministro do Planejamento, Roberto Campos e do ministro da Fazenda Otávio Gouveia de Bulhões, estabeleceu uma nova ordem econômica no país. "O PAEG – escreve Luís Viana Filho – traçava os pontos principais da nova estratégia política econômica, apontava os instrumentos de combate à inflação no campo monetário, fiscal e salarial; os mecanismos de incentivos às exportações e de correção no desequilíbrio no balanço de pagamentos; os instrumentos de estímulo à poupança no mercado de capitais, com o princípio da correção monetária; e as concepções para o problema da habitação popular e, conseqüentemente, o aumento da construção civil. Também se incluía um elenco de investimentos públicos e programas setoriais de crescimento." Era uma intervenção pesada do poder público sobre a iniciativa privada, gerando protestos das classes liberais, com discursos violentos do deputado Herbert Levi e de outros parlamentares que haviam apoiado o movimento militar. Não foram menores as reações nos meios estudantis, sindicais e intelectuais, registrando-se a prisão, entre outros, do professor Florestan Fernandes. A repressão econômica, mais do que a repressão política, é que tornou odiado o governo de Castelo Branco. Os resultados desse saneamento foram colhidos pelos governos seguintes, quando a liberação da economia, com a geração de empregos e melhoria das condições de vida, acabou escondendo a repressão, que atingiu seu apogeu com o presidente Médici, considerado injustamente como o grande realizador. No governo Castelo Branco foram criados o BNH-Banco Nacional da Habitação, a primeira tentativa realmente séria de fazer uma política habitacional permanente e contínua; as ORTN-Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional que, a um só tempo, instituíam a correção monetária e representavam títulos de captação interna. O FGTS-Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, transferindo o passivo trabalhista das empresas, dali por diante, para o controle estatal, foi outra fonte de arrecadação que permitiu a aplicação de capitais em serviços básicos, como o de saneamento. O Banco Central do Brasil, recém criado, chamou a si o controle da moeda e das atividades financeiras, antes atribuído ao Banco do Brasil. A reforma fiscal e tributária Antes de se aventurar na modificação do sistema de arrecadação de impostos e taxas, o governo teve de identificar o contribuinte, pois, tal era a desordem, pela falta de um cadastro centralizado, que a sonegação tornou-se prática comum em todo o país. Para organizar e agilizar o recolhimento de tributos foram criados o CGC-Cadastro Geral de Contribuintes e o CPF-Cadastro de Pessoa Física. Os velhos impostos, em cascata, foram substituídos por novos, nos quais o setor produtivo podia creditar-se dos impostos pagos sobre matérias primas, reaplicando-os por ocasião da venda dos produtos acabados. Assim, a tributação real incidia apenas sobre o consumidor final. O IC (Imposto de Consumo) deu lugar ao IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). O IVC (Imposto de Vendas e Consignações) foi substituído pelo ICM (Imposto de Circulação de Mercadorias). O Imposto do Selo, que vinha dos tempos do Império, foi eliminado e, em seu lugar, surgiu o IOF-Imposto sobre Operações Financeiras. Acabaram-se para sempre os quiosques que vendiam estampilhas aos quatro cantos do país, as quais eram pregadas sobre todo papel que ousasse insinuar uma operação financeira. Como se pode imaginar, com melhor controle, a arrecadação aumentou prodigiosamente e, em contrapartida, concentrou uma boa parte do dinheiro circulante nas mãos do governo, o qual, através das obras públicas, passou a controlar com mais eficiência o fluxo da moeda e, por conseqüência, o nível de inflação aceitável. A reforma agrícola O espaço é insuficiente para comentar todas as modificações ocorridas no período de governo de Castelo Branco, mexendo no âmago dos problemas, e preparando a estrutura necessária para um desenvolvimento integrado do país. Era preciso revolver o solo onde se consolidou a estrutura agrícola do Brasil, apoiada principalmente na política do café e descuidando de planejamento global. Para isso Castelo foi buscar um novo ministro da Agricultura onde melhor se conhece o assunto, a Escola Superior de Agricultura Luís de Queirós, em Piracicaba-SP. Era ele o professor Hugo de Almeida Leme, homem que dedicou toda sua vida aos problemas da terra, um dos poucos que se poderia considerar capaz de desemperrar a máquina e colocá-la em movimento. Contrariando a política geral de contenção de despesas, o governo liberou verbas para o setor, de forma a permitir a implantação de uma política de preços mínimos. Com esse incentivo dado à iniciativa privada, o resultado não se fez esperar: as próximas safras acusaram um aumento expressivo na colheita de grãos, que o governo adquiriu e armazenou. Procurando diversificar a cultura, passou a incentivar derrubada de plantações de café com baixa produção, substituindo-as por lavouras mecanizadas e de maior rendimento. Foi a partir de então que o norte do Paraná começou a conhecer o valor econômico da soja, mais adequada em regiões sujeitas a fortes geadas. Não foi adiante, todavia, o propósito de realizar também uma reforma agrária, reduzindo o poder dos latifúndios. O Estatuto da Terra, sancionado em 30 de novembro de 1966 e as medidas tomadas em fins de governo, punindo com maiores impostos as terras improdutivas não foram suficientes para impedir a concentração de terras. Os governos que se seguiram, pelas características do próprio Sistema a que estavam atrelados, não se interessaram em promover no país uma verdadeira reforma agrária, com participação real do homem do campo. Esta foi a grande oportunidade perdida, que empurrou para o ano 2000 um problema sério, agravado em décadas pelo processo de mecanização rural, que resultou no êxodo da mão-de-obra excedente para as cidades. A figura do colono foi substituída pela do bóia-fria e, nos grandes centros urbanos, a concentração de trabalhadores não qualificados resultou no desemprego e no sub-emprego, gerando a favelização e a miséria. Conclusão Castelo Branco saiu em 15 de março de 1967 sem cumprir a promessa de que fora fiador, qual seja, a de entregar o governo a um civil, escolhido por eleições diretas. Foi, pelo menos em parte, refém do Sistema, invisível, mas real, o qual lhe ditava os passos e condicionava-lhe os movimentos. Teve de aceitar a prorrogação de seu próprio mandato, a edição de mais três atos institucionais, o fechamento do regime e, por fim, precisou passar as rédeas do poder ao marechal Costa e Silva, o mais legítimo representante da "linha" dura nas Forças Armadas. Morreu em colisão aérea no Ceará, em 18 de julho de 1967, quatro meses depois de deixar o governo. Uma estranha colisão, dessas de acontecem uma em um milhão. O choque aconteceu com um avião militar, fora da rota, longe do tráfego aéreo e nenhuma das aeronaves arremeteu para evitar o acidente. O "Painel" da Folha de São Paulo, em 16 de julho de 1988, publica uma nota intrigante. Diz ela: "João Wamberto, que foi secretário de Castelo Branco revela: no dia de sua morte (18-7-67), em desastre aéreo, o ex-presidente havia comunicado a ele, pelo telefone, que decidira romper o silêncio e comentar a grave crise política que o país atravessava, então sob o governo Costa e Silva. O avião de Castelo caiu em conseqüência de choque com um jato da FAB." Acidente ou não, o desaparecimento de Castelo Branco se insere entre outras mortes, igualmente estranhas, que ocorreram durante o período militar, entre elas a de Juscelino Kubitschek e a do próprio marechal Costa e Silva. Mas História não se escreve em cima de suposições, colocadas aleatoriamente no processo. O único fato concreto, neste caso, é que Castelo Branco morreu no choque entre duas aeronaves, numa das quais ele viajava. E ponto final. Responsável: Paulo Victorino pitoresco@pitoresco.com.br www.pitoresco.com.br EM TEMPO: Muito se fala dos que foram torturados no período da Revolução de 1964 inclusive chamando este movimento de golpe. Trata-se de um grande equivoco e de uma falta de reconhecimento aos relevantes serviços prestados por nossas Forças Armadas. Quem conviveu como eu, com aquele período poderão entender melhor a situação. Assaltos a bancos, saques em supermercados, falta de alimentos e desrespeito total as instituições estava virando normalidade. Lembro-me que o processo começou em Minas Gerais e se estendeu pelo Rio de Janeiro e S. Paulo com as passeatas do Movimento das Famílias pela Paz. Quanto aos mortos, simplesmente só foram agraciados com benefícios de indenizações aqueles que provocavam badernas e desassossegos. Foram muitos os militares e policiais sacrificados e torturados pelos rebeldes em emboscadas e atitudes traiçoeiras. Muitos foram os políticos que se beneficiaram de suas mentirosas colocações da historia da revolução para conseguirem ser eleitos e enganarem o povo Brasileiro e hoje estão envolvidos descaradamente com corrupção e trafego de drogas. Hoje se convivemos com este estado de intranqüilidade e nos sentimos totalmente desamparados e por culpa destes que exercem hoje cargos políticos e somente pensam em garantirem seus direitos largando de lado os direitos do povo. Deus queira que ainda restem dentro de nossas Forças Armadas homens com vontade de acabar novamente com este estado de abandono que os brasileiros estão passando. Agora o começo do fim da revolução democrática. Em julho houve a reforma da Constituição para prorrogar o mandato de Castelo Branco por 14 meses. Eram necessários 205 votos em 475 congressistas. 205 a 96 votos. Os equivocados congressista conseguiram 205 votos, tendo um deputado (Francelino Pereira) sido "forçado" a mudar voto já proferido. Lacerda estava em Belém e assim que teve notícia e chorou pelo fim da democracia, aquela tenra florzinha lembrada por Otávio Mangabeira. Eleição direta nunca mais, declarou. Sei que o Magalhaes Pinto, o meu amigo e minha admiração humana, mas não política, foi personagem importante na mudança de um voto e no arrastamento do voto do deputado goiano Luiz Bronzeado que estava fora do plenário e não vieram votar contra a prorrogação porque eu não quis aliciar votos. LEMBRANÇAS Ainda trabalhando na Magnus fui convidado para trabalhar como Chefe de Pessoal da Fabrica da Geigy do Brasil que ficava localizada no bairro Colégio no Rio de Janeiro. Esta mudança de serviço ocorreu no dia 02 de Maio deste ano. Nesta fabrica travei conhecimento mais profundo com o serviço de Recursos Humanos e fiquei conhecendo uma pessoa que se tornou um grande amigo, Antonio Ribas Castelo Branco sobrinho do futuro presidente Castelo Branco. Em Agosto de 1964 tendo saído da Geigy do Brasil montei um Laboratório de Cosméticos em Bonsucesso no Rio de Janeiro. A este Laboratório demos o nome de Elma Cosméticos e fabricávamos o Halitol um desodorante bucal, uma linha de produtos femininos denominados Maria Luiza e produtos masculinos denominados Napoleon. Estes produtos eram desodorantes vaginais, desodorante para os pés, creme de barbear em aerossol, desodorantes normais e colônias. A convite do Dr. Jorge Torok Fischer, com quem eu tinha trabalhado na Magnus e na Lavex participei da Convenção que mostro na foto abaixo: Para minha localização eu estou na fila do único fumante da foto. Ao lado dele a esposa do Dr. Torok, ele e a seguir eu. Pelo menos o cigarro sirviu para alguma coisa. A firma teve um ótimo crescimento só que como levei para sócios meu irmão e meu cunhado os dois começaram a trabalhar desonestamente, desviando os recursos da firma. Não vou aqui transferir para eles todas as responsabilidades de insucessos. Eu também tive culpa, pois como sempre, envolvido com mulheres, deixei o leme do barco e por isso eles fizeram o que queriam. Não sei se por carma, sem-vergonhice ou herança de meu pai, tanto eu como meu irmão por diversas vezes não tivemos lealdade com nossas esposas e sempre estivemos envolvidos com problemas extraconjugais. Durante anos procurei ser um bom pai e marido, mas quando comecei a trabalhar na Geygi do Brasil, em Iraja, comecei a sair um pouco dos trilhos, e uma das vezes que cheguei tarde em casa e encontrei minha sogra no portão que me recebeu dizendo: “Olha meu filho, eu vim de tão longe para visitá-lo e você faz isso comigo”. Isto me tocou muito, mas não foi o bastante para endireitar-me. CURIOSIDADES EVENTOS • Início da Guerra do Vietnã. • 24 de Fevereiro - Início das campanhas da FRELIMO para a luta armada de independência moçambicana de Portugal, abrindo mais uma frente na Guerra Colonial Portuguesa. • 31 de Março ou 1 de abril - Golpe militar de 1964 no Brasil derruba o presidente João Goulart. • 1 de Agosto - A grega Corinna Tsopei é eleita Miss Universo. • 12 de Outubro - Leonid Brejnev substituí Nikita Khrushchev como secretário geral do Partido Comunista da União Soviética. • John Surtees vence o Campeonato Mundial de Fórmula 1, tornando-se o primeiro campeão mundial em motos e monopostos. NASCIMENTOS • 11 de Janeiro - Patrícia Pillar, atriz brasileira • 13 de Março - João Gordo, vocalista brasileiro da banda Ratos de Porão • 21 de Junho - Lorena Calábria, jornalista e apresentadora de televisão brasileira • 22 de Junho - Dan Brown, escritor estado-unidense autor de O Código Da Vinci • 14 de Outubro - Alexandre Frota, actor e modelo brasileiro. • 3 de Novembro - Gregório Paixão, bispo católico. • 23 de Dezembro - Eddie Vedder, vocalista do Pearl Jam FALECIMENTOS • janeiro - Loureiro da Silva - prefeito de Porto Alegre em 1937-1943 e 1960-1963. • 1 de abril - Alberto Bordalo, prosador e poeta paraense • 5 de Abril - Douglas MacAthur, General norte-americano • 10 de Agosto - Afonso Eduardo Reidy, arquiteto brasileiro • 6 de Novembro - Anita Malfatti, pintora brasileira PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDAS NO ANO • Professor Rousset Jean Baptiste Marius Nasceu no dia 27 de Novembro de 1896 na cidade de Saint-Alban na França. Faleceu no dia 23 de Fevereiro em Sete Lagoas 1965 POLITICA Prefeito de Sete Lagoas: Vice-Prefeito Sr. Alípio Maciel de Oliveira LEMBRANÇAS A Elma funcionou até o mês de julho deste ano. Já em 18 de Agosto eu estava trabalhando na Petrominas como Chefe de Pessoal e fiquei na mesma até Dezembro. Começa na TV Excelsior "Redenção", a mais longa das telenovelas brasileiras, autoria de Raimundo Lopes, direção de Waldemar Moraes e estrelada por Regina Duarte, Lélia Abramo e Márcia Real. "Redenção" teve 594 capítulos. A TV Excelsior também apresentou o "1º Festival da Música Popular Brasileira". A música vencedora foi "Arrastão", de Edu lobo, interpretada por Elis Regina. Investimentos do Estado, com o dinheiro arrecadado pelo Fundo Nacional de Telecomunicações e gerenciado pela recém-criada EMBRATEL, possibilitaram a construção de um sistema de microondas, crédito para a compra de receptores; infra-estrutura para a sua expansão. Inaugurada a TV Globo do Rio de Janeiro, canal 4 e às 11h do dia 26 de abril de 1965, a Rede Globo de Televisão entra no ar também em São Paulo, através do Canal 5 (antiga TV Paulista, adquirida do grupo Victor Costa). Na Record vai ao ar o musical "O Fino da Bossa", com Elis Regina e Jair Rodrigues, marcando o sucesso dos musicais. Em Agosto, mais precisamente no dia 22, também a Record põe no ar o programa "Jovem Guarda", com Roberto Carlos. REDE GLOBO Rede Globo é homenageada pelos seus quarenta anos no Senado. Da esquerda para a direita: João Roberto Marinho, Dona Lili Marinho e o então Presidente da Câmara dos Deputados Severino Cavalcanti.A Rede Globo é uma emissora de televisão brasileira, que iniciou suas atividades no dia 26 de abril de 1965 no Rio de Janeiro. Foi fundada e dirigida pelo empresário Roberto Marinho até sua morte, em 2003. A empresa faz parte do grupo empresarial Organizações Globo. História Em julho de 1957 o Presidente da República, Juscelino Kubitschek, aprovou a concessão de TV para a Rádio Globo e, em 30 de dezembro do mesmo ano, o Conselho Nacional de Telecomunicações publicou decreto concedendo o canal 4 do Rio de Janeiro à TV Globo Ltda. Em 26 de Abril de 1965, emitindo a canção Moon River de Henry Mancini, o locutor Rubens Amaral apresentou a nova emissora aos telespectadores da cidade do Rio de Janeiro e do Estado da Guanabara. Às 11:00 foi exibido o programa Uni-Duni-Tê, com Tia Fernanda e ao meio-dia, os desenhos animados Gato Félix e Hércules. Em janeiro de 1966, o Rio sofreu uma das suas piores enchentes. Mais de cem pessoas morreram e vinte mil ficaram desabrigadas. A TV Globo fez a cobertura das conseqüências da enchente e veiculou informações para a população, participando, pela primeira vez, de campanha comunitária, centralizando a coleta de donativos em um dos seus estúdios; na época o sistema de transmissão era preto e branco. Em 1966 a TV Globo chegou a São Paulo pelo canal 5 que, desde 1952, funcionava como a TV Paulista. Em 5 de fevereiro de 1968 foi inaugurada a terceira emissora, em Belo Horizonte, e as retransmissoras de Juiz de Fora e de Conselheiro Lafaiete, além de um link de microondas que ligou o RJ a São Paulo. Em 1969 entrou no ar o Jornal Nacional, primeiro telejornal em rede nacional, ainda hoje transmitido pela emissora e líder de audiência nacional. O primeiro programa foi apresentado por Hilton Gomes e Cid Moreira. Em 21 de abril de 1971 entrou no ar a TV Globo Brasília (canal 10), apresentando a partida Vasco contra Flamengo - ao vivo direto do Rio de Janeiro - e o programa Som Livre Exportação. A emissora atinge também Goiânia, Anápolis, Cristalina, Luziânia e outros municípios de Goiás. Em 1971 também entrou no ar o Jornal Hoje. Em 1972 foi inaugurada a TV Globo Recife e foi feita a 1ª transmissão nacional em cores, via Embratel, para todo o país[Necessita de fonte]. A televisão mostrou a abertura da Festa da Uva, em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul. Em 31 de março de 1972, (dia da primeira transmissão em cores no Brasil), a TV Globo exibiu o especial Meu Primeiro Baile, o primeiro programa da televisão brasileira inteiramente gravado em cores. Ainda em 1972 estreou o Globo Repórter, ainda hoje transmitido pela emissora. Em 1973 entrou no ar o programa Fantástico, também líder de audiência ainda hoje transmitido aos domingos. A partir de 28 de abril de 1974 passou a ser transmitido em cores. Em 1977 toda a programação da emissora passa a ser a cores. Em 1982 a emissora implantou a transmissão via satélite. As telenovelas A Rede Globo especializou-se em fazer telenovelas, que são vendidas atualmente para mais de trinta países e constituem atualmente a maior "vitrine" da sociedade brasileira no exterior [Necessita de fonte]. Atualmente a emissora está no Guiness Records por ter mais de 260 telenovelas já gravadas e outras quatro ainda em andamento. A telenovela-série "Malhação" está no ar de segunda a sexta-feira desde 28 de abril de 1995. A Globo produz também programas de variedades, séries, jornalismo e esporte. Críticos apontam as telenovelas como uma das causas da derrocada do cinema brasileiro[Necessita de fonte]. Nos últimos anos, no entanto, a Globo vem investindo também em filmes para o cinema, aproveitando-se de sua ampla infra-estrutura e grande número de atores, e, com isso, revigorando parcialmente a indústria cinematográfica brasileira. Jornal Nacional O Jornal Nacional foi o primeiro telejornal brasileiro a ser transmitido em rede nacional, em 1969. Os episódios narrados a seguir são comentados por seus protagonistas no livro 35 Anos de Jornal Nacional, lançado em 2004. Em 1989, criou-se uma polêmica por conta da edição do debate presidencial apresentado pelo telejornal dias antes das eleições. A emissora foi acusada de ter favorecido o candidato Fernando Collor de Mello, que disputava o segundo turno do pleito eleitoral com Luiz Inácio Lula da Silva. A TV Globo teria privilegiado os melhores momentos de Collor e os piores de Lula na edição do debate. Desde então, a emissora adota como norma apresentar os debates na íntegra, sem editá-los [Necessita de fonte]. Isso impede que as escolhas que necessariamente fazem parte do trabalho de edição sejam interpretadas - às vésperas do debate com os ânimos dos envolvidos na campanha exaltados - como manipulação dos fatos. O Jornal Nacional foi acusado de omitir informações sobre a campanha das Diretas Já, em 1984, porque deu a notícia do grande comício na Praça da Sé em São Paulo, no dia 25 de janeiro na mesma matéria em que noticiou as comemorações do aniversário da cidade. Na verdade, o telejornal não fazia referência ao comício na escalada da edição daquele dia, citando apenas o aniversário da cidade. “A cidade de São Paulo festeja os 430 anos de fundação”. Na chamada, o apresentador Marcos Hummel referia-se ao comício como um dos eventos comemorativos do aniversário da capital. Mas havia realmente relação entre a manifestação e o aniversário da cidade, uma vez que o comício havia sido marcado naquela data para facilitar a participação popular. Depois da chamada: “Festa em São Paulo. A cidade comemorou seus 430 anos com mais de 500 solenidades. A maior foi um comício na praça da Sé”, foi ao ar uma reportagem de Ernesto Paglia que informava claramente o conteúdo político do evento. O texto informa que milhões de pessoas foram ao Centro de São Paulo para, na praça da Sé, se reunir num comício em que pediam eleições diretas para presidente e que o evento não era apenas uma manifestação política. Cita a abertura, a música e a presença de vários artistas. A matéria mostra imagens da praça lotada e do radialista Osmar Santos apresentando os oradores. O governador de São Paulo, Franco Montoro, fez o discurso de encerramento: "Um dos passos na luta da democracia. Houve a anistia, houve a censura, o fim da tortura; mas é preciso conquistar o fundo do poder que é a Presidência da República". Em 2006, o Jornal Nacional perdeu o primeiro lugar em audiência, por alguns instantes, para a novela "Prova de Amor", da REDE RECORD Muito Além do Cidadão Kane Ver artigo principal: Muito além do Cidadão Kane. Em 1993, o Channel Four (contrariando a crença geral de que seria a BBC), uma rede de TV britânica, produziu um filme que conta a história da Rede Globo de Televisão. O documentário foi proibido no Brasil desde 1994 graças a uma ação judicial movida por Roberto Marinho. Atualmente existem poucas cópias em circulação no Brasil. O filme conta com a participação de alguns artistas, políticos, e especialistas como Luiz Inácio Lula da Silva, Chico Buarque, Leonel Brizola e Washington Olivetto. O documentário jamais esteve no circuito de cinemas brasileiros e a exibição que ocorreria no Museu de Arte Moderna — MAM, do Rio de Janeiro, foi proibida pelo então presidente da República, Itamar Franco. O título original é Beyond Citizen Kane. Ele teve origem no personagem de Orson Welles, Cidadão Kane ou Charles Foster Kane , criado no final da década de 1940, como protótipo do magnata dono de um império de comunicação. O personagem Cidadão Kane foi criado por Wells para o filme sobre William Randolph Hearst, magnata da comunicação nos EUA. Esportes Futebol Desde o final da década de 1990, ela detém os direitos sobre as transmissões das principais competições de futebol. Fórmula 1 O direito de transmissão do campeonato de Fórmula 1 é comprado todos os anos pela Rede Globo, desde a década de 1980. A emissora detém a exclusividade sobre os direitos de transmissão das provas. Festival 15 Anos Em 1980, a Rede Globo promoveu de janeiro a abril, o Festival 15 Anos, um programa exibido nas noites de segunda a sexta, no horário nobre, e que apresentou reprises de programas que haviam marcado a história da emissora desde sua estréia em 1965. Foram atrações do festival programas dos mais variados gêneros, entre os quais musicais, jornalismo e, principalmente, teledramaturgia, a "prata da casa". Novelas de grande sucesso como Selva de Pedra (1972), O Bem-Amado (1973), Escalada (1975) e O Astro (1978), tiveram exibidos na ocasião compactos de cerca de noventa minutos cada, que resumiam a trama básica da novela. Todas as noites o programa mudava de apresentador, que sempre alguém que tivesse alguma relação com a atração do dia. Por exemplo, o ator Francisco Cuoco apresentou o especial sobre Selva de Pedra, enquanto a novelista Janete Clair deu a introdução ao compacto de Pecado Capital, de sua autoria. Eleições de 1989 A emissora é acusada de ter ajudado a eleger o candidato Fernando Collor de Mello nas eleições de 1989. Há quem veja indícios de "manipulação" nas tramas de telenovelas. Uma delas é Que Rei Sou Eu? - que parodiava a situação política e econômica do Brasil em um país imaginário da Europa, em 1786. Outra, seria Salvador da Pátria - em que um matuto é usado por políticos inescrupulosos e se torna prefeito de uma pequena cidade do interior. A acusação seria a de que o personagem fora criado para ser identificado com o candidato do PT, Luís Inácio Lula da Silva. Mas houve, durante a exibição da novela quem visse na trama o contrário: uma propaganda indireta e subliminar ao mesmo candidato. DIRETAS JÁ A Rede Globo acompanhou os primeiros comícios pelas eleições diretas apenas nos telejornais locais. Naquele primeiro momento, as manifestações não entraram nos noticiários de rede. Quando a adesão popular ao movimento cresceu, de fato, o Jornal Nacional passou a noticiar todas as manifestações de rua. No dia 25 de janeiro, foi ao ar, pela primeira vez em rede, aquele que é considerado o primeiro grande comício das diretas, realizado na praça da Sé, em São Paulo, no dia 25 de janeiro. Naquele dia, o telejornal exibiu reportagem de dois minutos e 17 segundos sobre o tema. No entanto, a matéria criou polêmica, porque teria informado que o comício era apenas uma festa em comemoração aos 430 anos da cidade de São Paulo. A reportagem, entretanto, não omitiu o objetivo político do evento: "(...) milhões de pessoas vieram ao Centro de São Paulo para, na praça da Sé, se reunir num comício em que pediam eleições diretas para presidente." Bibliografia BRITO, Valério Cruz e BOLANO, César Ricardo - Rede Globo - Quarenta 40 anos de poder e hegemonia. LOPES, Genésio - O Super Poder - O Raios-X da Rede Globo. MACHADO, Romero Costa – A Fundação Roberto Marinho. HERZ, Daniel - A História Secreta da Rede Globo. CABRAL, Luís Carlos - O Nacional. Rede de intrigas CHANNEL FOUR (1993). Muito Além do Cidadão Kane HISTORIA Neste ano o Rio de Janeiro completa 400 anos. Em 12 de Outubro o Governador Carlos Lacerda inaugurava no Rio de Janeiro o Parque do Flamengo. Abaixo faço uma transcrição de como este parque foi idealizado. Aterro do Flamengo O Parque Brigadeiro Eduardo Gomes, conhecido como Aterro do Flamengo, possui 1.200.000m² de área verde à beira-mar,com arbustos floridos, uma profusão de árvores, compondo uma das mais visitadas e belas áreas de lazer da cidade. A idealização do parque foi de Lota Macedo Soares, de família da elite carioca. Não fez universidade, mas foi aluna de Cândido Portinari e tornou-se uma esteta com conhecimento de arquitetura e urbanismo. Lota era também conhecida por sua curiosidade e conhecimento de plantas. Para aterrar a área, o morro de Santo Antonio foi desmanchado à jatos dágua. A mesma draga que abriu o Canal do Panamá, retirou areia do mar para criar a Praia de Botafogo. Lota teve a idéia de iluminar o aterro à noite para permitir passeios noturnos no parque. As quadras de esporte foram idéias sua que são alugadas todos os dias do ano, inclusive de madrugada, quando ficam tomadas por times de várias associações. Com o aval do governador, Carlos Lacerda, reuniu um grupo de amigos notáveis: o paisagista Roberto Burle Marx, o botânico Luiz Emygdio de Mello Filho e os arquitetos Affonso Eduardo Reidy, Sérgio Bernardes e Jorge Moreira. Era um grupo de trabalho que se reunia sob a liderança de Lota. O tapete verde que cobre essa imensa área provocou muitas desavenças entre os membros do grupo e também com o pessoal da urbanização, da época. Lota queria apenas 2 pistas para carros (e conseguiu)enquanto o pessoal do urbanismo exigia 4 pistas. Do entulho surgiram 11.600 árvores de 190 espécies, nativas e exóticas.Entre as 4.400 palmeiras de 50 espécies estão preciosidades como a talipot (Corypha umbraculifera) que floresce apenas um vez e morre (como testemunhamos por volta de 2003/2004). Além do fato de ser um parque urbano, ele tem características muito especiais, como grupos de plantas da mesma espécie, o uso de plantas brasileiras que não eram comumentemente usadas em paisagismo - como o abricó-macaco e o pau-mulato -(essa informação nos dá o arquiteto Haruyoshi Ono, que participou do projeto como estagiário e é hoje diretor do escritório Burle Marx (O Globo 5.11.2005)). O parque foi informalmente inaugurado em 12 de Outubro de 1965, Dia da Criança, com uma grande festa popular idealizada por Lota. Nascia então uma das principais áreas de lazer da cidade, com quadras polivalentes, campos de futebol, playground, anfiteatro, pistas de skate e aeromodelismo. Há ainda um restaurante e quiosques, a Marina da Glória e o Museu de Arte Moderna - MAM. O Aterro foi incorporado à paisagem da cidade, e se tornou um marco como o Pão de Açúcar e o Corcovado, como era o sonho de Lota. Do Aeroporto Santos Dumont a Enseada de Botafogo, o parque oferece as mais diversas atrações. Um roteiro interessante, por exemplo, pode ser iniciado no Museu de Arte Moderna, passando-se para o Monumento aos Pracinhas, a Marina da Glória, o Museu Carmem Miranda, até o Monumento a Estácio de Sá - fundador da cidade. Um espetáculo interessante é a troca da guarda promovida pelas três Forças Armadas, sempre no primeiro domingo de cada mês, no Monumento dos Pracinhas. Também aos domingos e feriados o Aterro e suas pistas de rolamento ficam inteiramente liberados ao público, que aproveita para se dedicar às mais variadas formas de lazer. CARNAVAL Para comemorar os 400 anos da fundação do Rio de Janeiro, todas as escolas prepararam enredos sobre o tema. A Portela trouxe uma ala inteira de artista da TV Excelsior, a mais importante emissora na época. O Império trouxe pela primeira vez um samba feito em parceria por uma mulher, dona Ivone Lara em “Os cinco bailes da Historia do Rio”. A maior gafe do desfile, vencido pelo Salgueiro, foi cometido por um jurado de mestre-sala e porta-bandeira, que atribuiu notas mais altas (6 e 8) ao casal da Imperatriz Leopoldinense que a da famosa Neide da Mangueira. Poderia ser apenas uma questão de gosto não fosse pelo fato que o casal de outra escola não desfilou porque a fantasia não chegara a tempo. Carnaval.O Salgueiro vence o carnaval carioca com o enredo "História do carnaval carioca", de Arlindo Rodrigues, e Fernando Pamplona. CURIOSIDADE EVENTOS • 9 de Fevereiro - Guerra do Vietnam: As primeiras forças de combate dos EUA são enviadas para o Vietnam do Sul. • 16 de Fevereiro - A sonda espacial Venera chega ao planeta Vênus. • 26 de Abril - A Rede Globo é inaugurada. • 24 de Julho - A tailandesa Apasra Hongsakula é eleita Miss Universo. • 9 de Setembro é o Dia Nacional do Administrador, por ser a data de assinatura da Lei nº 4769, que criou a profissão de Administrador. • Em 27 de Outubro, os partidos políticos brasileiros são cassados pelo artigo 18 do Ato Institucional número 2. • Lançado o primeiro filme dos Trapalhões, Na Onda do Iê-Iê-Iê. • Jim Clark torna-se bicampeão mundial de Fórmula 1. • Fundada a Banda de Ipanema, no Rio de Janeiro. NASCIMENTOS • 28 de Janeiro - Marcello Antony, ator brasileiro. • 28 de Fevereiro - Jackson de Figueiredo, jornalista brasileiro. • 16 de Abril - Martin Lawrence, ator brasileiro. • 3 de Maio - Betty Gofman, atriz brasileira. • 15 de Maio - Raí Souza Vieira de Oliveira, futebolista brasileiro. • 29 de Julho - Paulo Magalhães, criador da intranet. • 3 de Setembro - Carlos Eugênio Simon, árbitro de futebol brasileiro. • 3 de Outubro - Adriana Calcanhotto, cantora atriz de teatro e cantora brasileira. FALECIMENTOS • 15 de fevereiro - Nat King Cole, cantor norte-americano. • 5 de maio - Ascenso Ferreira, poeta brasileiro. PERSONALIDADE DE SETELAGOAS FALECIDAS NO ANO • Dr. Joaquim Chassim Drumonnd - Medico Nasceu no dia 30 de Maio de 1914 em Sete Lagoas Faleceu no dia 24 de Maio em Sete Lagoas • Sr. José Ferrari - (Pepino) Nasceu no dia 10 de Março de 1911 em San Constantino de Rivello/Itália. Faleceu no dia 13 de Julho em Sete Lagoas 1966 LEMBRANÇAS Em Janeiro deste ano, como já vinha prestando serviços para a Confecção Tila, com assessoramento do Departamento Pessoal fui convidado pelo seu proprietário Sr. Isaac a assumir toda a Direção da Fabrica, mas a mesma já se encontrava em uma situação financeira difícil e so teve fôlego para ficar aberta até o dia 22 de Setembro. Como sai da Confecção Tila, fui convidado para trabalhar no Laboratório Lutécia na Rua Viúva Claudia no Jacarezinho de propriedade do Sr. Marcell Layole, como Chefe do Departamento Pessoal. O Departamento Federal de Segurança Pública decreta novas normas de censura à TV. Hebe Camargo estréia, em 10 de abril, seu programa dominical na TV Record e é líder de audiência. Mais um incêndio, em 29 de Julho, atinge os estúdios da TV Record de São Paulo. Mesmo assim é realizado o "2º Festival de Música Popular Brasileira". Venceram: Chico Buarque com "A Banda" e Geraldo Vandré com "Disparada". A Rede Globo passa a ser dirigida por Walter Clark, vindo da Tv Rio, que implementou um padrão de qualidade à emissora: o até hoje chamado "Padrão Globo". Sílvio Santos apresenta na TV Globo o programa "Música e Alegria", com 4 horas de duração aos domingos. Instalada uma CPI para investigar a associação da Rede Globo com o grupo americano Time Life, o que era proíbido pela legislação brasileira. As denúncias partiram do senador João Calmon, ligado às Emissoras Associadas (TV Tupi). A Globo entra firme nas novelas e Gloria Magadan, autora cubana, escreveu para a emissora "Eu compro esta mulher" e "O Sheik de Agadir". Incêndio na TV Excelsior. Crise financeira na emissora, que chega a atrasar em dois meses o pagamento dos funcionários. FUTEBOL A Inglaterra, anfitriã da VIII Copa do Mundo, conquistou em 1966 a mais defensiva de todas as copas. Na competição, surgiu o conceito da equipe sem especialistas, com cada jogador atuando ao mesmo tempo na defesa e no ataque. A seleção brasileira, novamente sob o comando de Vicente Feola, não conseguiu passar das oitavas-de-final, derrotada por Hungria e Portugal por 3 X 1. Na final, a equipe Inglesa venceu a Alemanha Ocidental por 4 a 2, na prorrogação e sagrou-se campeã. CARNAVAL Choveu muito no Rio e a sede e o barracão do Império da Tijuca foi completamente destruído. A escola passou na avenida apenas com um grupo de sambistas, sem dançar ou tocar musica. Neste amo, a Portela foi novamente campeã com o único samba-enredo que Paulinho da Viola compôs para a escola. A Portela sagrou-se campeã do carnaval carioca com o antológico samba-enredo "Memórias de um sargento de milícias", composto pelo sambista Paulinho da Viola. É o 18º título da escola. CURIOSIDADES EVENTOS • Um Boeing 707 indiano despenha-se no Monte Branco originando 117 mortos • 24 de março- Entra no ar, em São Paulo, no canal 05, a TV Globo • 16 de julho - A sueca Margareta Arvidsson é eleita Miss Universo. • 28 de julho- golpe de estado que instaurou a ditadura argentina. • 25 de julho- Atentado contra o marechal Costa e Silva,candidato a presidente do Brasil, no aeroporto de Guararapes • Lançamento do filme Adorável Trapalhão de Os Trapalhões • Os Beatles dão o seu último concerto, em São Francisco (29 de Agosto) • Jack Brabham vence o Campeonato Mundial de Fórmula 1 com uma equipe própria. • Realização da VIII Copa do Mundo de Futebol, na Inglaterra. Campeão: Inglaterra. • 5 de outubro-Inauguração oficial da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). • 12 de outubro - O presidente do Brasil, marechal Castelo Branco, fecha o Congresso Nacional • 7 de dezembro - A jovem equipe do Cruzeiro vence o considerado melhor time de futebol da época, o Santos por 3 a 2 no Pacaembu e sagra-se campeão da Taça Brasil, o campeonato nacional brasileiro. • Início da Grande Revolução Cultural Proletária na China. NASCIMENTOS • 20 de Fevereiro - Cindy Crawford, atriz norte-americana. • 23 de Fevereiro - Alexandre Borges, ator brasileiro. • 15 de Setembro - Fernanda Torres, atriz brasileira. • 23 de Novembro - Cláudia Raia, atriz brasileira. • 28 de Dezembro - Giulia Gam, atriz brasileira FALECIMENTOS • 15 de Maio - Venceslau Brás, presidente do Brasil. • Dezembro - A.J.Renner, empresário brasileiro. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDAS NO ANO • Dr. Renato Teixeira Guimarães – Dr. René (Advogado) Nasceu no dia 23 de Maio de 1904 em Santa Luzia/MG Faleceu no dia 28 de Junho em Sete Lagoas 1967 ECONOMIA A desvalorização do cruzeiro levou a criação do cruzeiro novo, com valor de mil vezes maior. POLITICA No dia 15 de Março deixa o poder o General Castelo Branco que cede a Presidência para o General Costa e Silva. Mal. Arthur da Costa e Silva 1967-1968 O Marechal Arthur da Costa e Silva assumiu em 15 de março de 1967 e governou até 31 de agosto de 1969, quando foi afastado por motivos de saúde. Destaca-se no governo Costa e Silva a criação do Fundo Nacional do Índio (Funai) e do Movimento de Brasileiro de Alfabetização (Mobral). Convém, também, observar que, no início de seu governo, passou a vigorar o Cruzeiro Novo, que consistia no corte de 3 zeros do antigo. Repressão - Logo nos primeiros meses de governo, enfrentou uma onda de protestos que se espalharam por todo o país. O autoritarismo e a repressão recrudesceram-se na mesma proporção em que a oposição se radicalizou. Cresceram as manifestações de rua nas principais cidades do país, em geral, organizadas por estudantes. Em 17 de abril de 1968, 68 municípios, inclusive todas as capitais, são transformadas em áreas de segurança nacional e seus prefeitos passaram a ser nomeados pelo presidente da República. 1968 - Talvez o ano mais conturbado do século em todo o mundo, 1968 também foi um ano agitadíssimo no Brasil. A radicalização política era dia a dia maior; greves em Osasco e Contagem (MG) abalaram a economia nacional; a formação da Frente Ampla (aliança entre Jango, Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda contra o regime), o caso Édson Luís, a Passeata dos Cem Mil e o AI-5 são alguns dos exemplos da agitação no âmbito nacional. Caso Édson Luís - Ainda em 1968, o estudante secundarista Édson Luís morreu no Rio de Janeiro em decorrência de um desentendimento no Restaurante dos Estudantes no Calabouço . Sua morte, contudo, foi imputada ao regime de repressão, originando confrontos entre policiais e estudantes. Em resposta a seu assassínio, o movimento estudantil, setores da Igreja e da sociedade civil promoveram, no Rio, a Passeata dos Cem Mil, a maior mobilização pública em repúdio ao regime militar. AI-5 - Em discurso na Câmara Federal, o deputado Márcio Moreira Alves, do MDB, exortou o povo a não comparecer às festividades do dia da Independência. Os militares, sentindo-se ofendidos, exigiram sua punição. A Câmara, contudo, não aceitou a exigência. Foi a gota dágua. Em represália, a 13 de dezembro de 1968, o ministro da Justiça, Gama e Silva, apresentou ao Conselho de Segurança Nacional o Ato Institucional No. 5, que entregou o país às forças mais retrógradas e violentas de nossa História recente. O Ato abrangia inúmeras medidas, algumas das quais merecem destaque: pena de morte para crimes políticos, prisão perpétua, fim das imunidades parlamentares, transferência de inúmeros poderes do Legislativo para o Executivo, etc. Mais abrangente e autoritário de todos os outros atos institucionais, o AI-5 na prática revogou os dispositivos constitucionais de 67. Reforçou os poderes discricionários do regime e concedeu ao Exército o direito de determinar medidas repressivas específicas, como decretar o recesso do Congresso, das assembléias legislativas estaduais e das Câmaras municipais. O Governo poderia censurar os meios de comunicação, eliminar as garantias de estabilidade do Poder Judiciário e suspender a aplicação do habeas-corpus em casos de crimes políticos. O Ato ainda cassou mandatos, suspendeu direitos políticos e anulou direitos individuais. Derrame - Em 1969, surpreendentemente Costa e Silva sofreu um derrame cerebral. Seu Vice, Pedro Aleixo foi impedido de assumir, pois os militares da linha dura alegavam que ele era contra os "princípios revolucionários". Na verdade, Aleixo havia-se posicionado contrariamente ao AI-5. Uma Junta Militar assumiu o poder, fechou o Congresso e impôs a Emenda No. 1 de 1969, cujo conteúdo acarretou a revogação da Constituição de 1967, passando a Emenda a ser a nova Constituição do país. No dia 22 de Setembro Carlos Lacerda assina manifesto com Jango, sem a assinatura de Juscelino, confirmando a tríplice aliança da Frente Ampla, tendo deixado com sua filha uma carta para que fosse usada caso lhe acontecesse alguma coisa que o impedisse de falar Em Sete Lagoas: Prefeito: Dr. Afrânio de Avelar Marques Ferreira Vice: Dr. Everaldo José Alves LEMBRANÇAS No dia 14 de fevereiro falecia em Sete Lagoas o Dr. Alonso Marques Ferreira pai do amigo Dr. Geraldo Teófilo Marques, advogado e Procurador Regional da Junta Comercial de Minas Gerais. O Dr. Alonso quando Deputado Estadual, conseguiu do Governador Melo Viana a construção do prédio da E.E. Dr. Arthur Bernardes, considerado o mais belo estabelecimento de ensino do interior do Estado. Na foto abaixo Frank em sua formatura de Jardim. Nesta outra foto que se segue o meu padrasto Sr. Octavio junto de seus netos Ciomara e Velsinho. É criado o Ministério das Comunicações. Inaugurada a TV Bandeirantes de São Paulo. Na TV Record fazem sucesso: os humorísticos "Família Trapo" e "Praça da Alegria", de Manoel da Nóbrega, que antes era exibido pela TV Paulista. "Os Miseráveis", a primeira novela da Bandeirantes, vai ao ar. É uma adaptação de Walter Negrão e Chico de Assis. Os capítulos tinham 45 minutos de duração. A Globo populariza a programação, apresentando programas de auditório (Sílvio Santos, Chacrinha e Dercy Gonçalves). A CPI da Câmara dos Deputados que investigou o caso Globo/Time-Life apresenta o parecer de seu relator Djalma Marinho, considerando que o acordo da Globo com o grupo americano infringia o artigo 160 da Constituição da República, no entanto em março deste mesmo ano, o presidente Castelo Branco e o procurador-geral da República consideraram a operação legal, fechando o inquérito e declarando infundadas as acusações. CARNAVAL A Portela obtém a colocação mais baixa de sua historia até então, sexto lugar. A Estação Primeira de Mangueira vence o carnaval carioca, com o enredo inesquecível "O mundo encantado de Monteiro Lobato", conquistando seu décimo título. CURIOSIDADES EVENTOS • 19 de abril - O antigo chanceler alemão federal Konrad Adenauer morre aos 91 anos em Rhöndorf, Alemanha. • 21 de Abril - Golpe de estado e implantação na Grécia duma ditadura militar chefiada por George Papadopoulos, sendo o Rei Constantino II obrigado a fugir. A ditadura terminou em 1974. • 13 de maio - É inaugurada na cidade de São Paulo a TV Bandeirantes, canal 13, embrião da Rede Bandeirantes de Televisão. • 1 de Junho - Os Beatles lançam Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, um dos mais aclamados álbuns da história do rock. • 5 de Junho - Inicio da Guerra dos Seis Dias. Israel ataca Egito, Síria e Jordânia. • 25 de Junho - Uma apresentação da música All You Need is Love, do grupo The Beatles é considerada como sendo a primeira transmissão mundial de TV via satélite. • 15 de Julho - A norte-americana Sylvia Hitchcock é eleita Miss Universo. • 5 de agosto - Os Pink Floyd editam o álbum The piper at the gates of dawn • 8 de Outubro - O chefe de guerrilha Ernesto Rafael Guevara de la Serra (Che Guevara) (nasc. 14 Junho 1928 em Rosário, Argentina) e os seus companheiros são capturados nas proximidades de La Higuera, Bolívia. No dia seguinte Ché, na altura com 39 anos de idade, é assassinado em Vallegrande, Bolívia, pelo exército boliviano por tentativa de incitamento à revolução. • Denny Hulme torna-se o primeiro neozelandês a conquistar o título mundial da Fórmula 1. • 3 de Dezembro - Primeira transplantação de coração: No Hospital Groote Schuur da Cidade do Cabo, África do Sul, é implantado pela primeira vez a um ser humano um coração proveniente douta pessoa, uma mulher de 25 anos Denise Darvall que tinha morrido num acidente de viação. Apesar da operação ter corrido bem, o paciente Lewis Washkansky, de 53 anos, morre 18 dias mais tarde em conseqüência duma pneumonia causada pelos medicamentos imuno-supressivos que lhe tinham sido ministrados. A operação foi acompanhada por uma equipa de 30 especialistas, durou 9 horas e foi chefiada e realizada pelo Prof. Dr. Christian Barnard (* 8.11.1922 Beaufort West, África do Sul, † 2.9.2001 Paphos, Chipre). O 2º paciente Philip Blaiberg foi operado em 2 de Janeiro de 1968 e sobreviveu 19 meses com o coração transplantado. • 5 de Dezembro - Criação da FUNAI. NASCIMENTOS • 10 de Fevereiro - Marcelo Serrado, ator brasileiro • 15 de Abril - Alt, cartunista brasileiro. • 20 de Maio - Marcelo Rossi, padre brasileiro. • 11 de Novembro - Gil de Ferran, ex-piloto automobilístico brasileiro. • 20 de Fevereiro - Kurt Cobain, vocalista da banda Nirvana. FALECIMENTOS • 24 de Abril - Vladimir Komarov, cosmonauta. • 10 de Maio - Lorenzo Bandini, piloto de Fórmula 1. • 18 de Julho - Castelo Branco, 29º Presidente do Brasil. • 27 de Agosto - Brian Samuel Epstein, o primeiro manager dos Beatles. • 9 de Outubro - Ernesto Rafael Guevara de la Serra (Che Guevara). • 19 de Novembro - João Guimarães Rosa, escritor brasileiro. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDAS NO NA • Dr. Alonso Marques Ferreira – Farmacêutico e Ex Deputado Estadual. Nasceu em 13 de Dezembro de 1886 em Paraopeba/MG Faleceu em 14 de Fevereiro em Sete Lagoas • José Antonio da Silveira Filho (Jornalistas) Nasceu no dia 15 de Março de 1903 na cidade de Vespasiano/MG Faleceu neste ano • Dr. Orlando de Calazans Ribeiro Nasceu no dia 12 de Novembro de 1901 na cidade de Estância em Sergipe Faleceu no dia 5 de Junho em Sete Lagoas • Afrânio de Vasconcelos Padrão – Comerciante Nasceu no dia 25 de Agosto de 1913 em Sete Lagoas Faleceu no dia 29 de Janeiro • Prof. Aristides da Costa Camargo – Professor Camargo Nasceu no dia 15 de Abril de 1901 Faleceu no dia 20 de Junho em Belo Horizonte 1968 HISTORIA Epa Somos Bi em Beleza. Marta Vasconcelos natural da Bahia, consegue outra vez o titulo de Miss. Universo. LEMBRANÇAS Nesta época já tinha mudado para outra Vila Vertical na Rua Barão de Cotegipe ao lado da vila onde tinha nascido. Neste local pude conviver com situações que comprovaram a Mãe Leoa que existe dentro da Elaine. Certo dia, como faltava muita água no prédio, nossa empregada acompanhada das crianças foi apanhar água na cisterna do prédio e uma outra empregada, porque o Frank tinha colocado a mão dentro do balde que ela utilizava, o agrediu com uma vassourada. A Elaine quando viu seu filhote agredido foi atrás da empregada, dentro do apartamento a onde ela prestava serviço e deu um tapa na cara da mesma dizendo; isso para você nunca mais bater no filho de ninguém. O Governador Carlos Lacerda durante seu governo criou os 10 Policiais de Ouro com o objetivo de combater o crime no Rio de Janeiro mas alguns destes policiais saíram do lado da lei e foram para o lado do bandidismo. Entre eles estava Mariel Mariscot: As gerações mais novas certamente nunca ouviram falar de Mariel Mariscot, policial da década de 70 que integrou o Esquadrão da Morte, transitou na fronteira entre a lei e a criminalidade e acabou morto em 1981. Não chegou a ser um Lúcio Flávio, outro agente que andou pelos mesmos caminhos, cujos olhos verdes arrancaram suspiros de muitas moças casadoiras e até de apresentadoras famosas da TV, mas também tinha lá o seu charme. Alto, bem afeiçoado, barbudo, intrépido (fosse a serviço da polícia, fosse do crime organizado), Mariscot deixou inúmeros admiradores Brasil afora. No final dos anos 70, seu rosto de "procurado vivo ou morto" esteve presente em postes, muros e logradouros públicos, principalmente de São Paulo e Rio de Janeiro. Feliz ou infelizmente, nunca o vi ao vivo e em cores - até poderia, pois, por essa época, visitava vez ou outra algumas delegacias cariocas -, mas de qualquer forma acabei entrando na história, através de portas transversas. Antes de mais nada, deixe-me explicar as visitas: é que, naquele tempo, jornalista iniciante, sem nenhum pistolão, tinha que fazer estágio na reportagem policial pra largar mão de ser besta E eu fui A altura e a barba cerrada, preta ainda e nem sempre bem aparada, me deram entre os colegas da revisão do Grupo Folhas o apelido de "Mariel Mariscot" ou só "Mariel". Após o trabalho, que se estendia até de madrugada, costumávamos de vez em quando organizar umas festinhas - um queijo e vinho, um churrasquinho regado a caipirinha; essas coisas inocentes. Numa bela noite de sábado, fiquei até mais tarde no trabalho e quando cheguei ao evento não havia mais nem sinal de comida; só cachaça, limão e açúcar. Agradeci à vida, que me dera muito mais que um limão, e fiz uma, duas, três, quatro, sei lá quantas caipirinhas. Imagine tudo isso com o estômago vazio... Só sei que acordei no dia seguinte (ou teria sido no mesmo?) numa cama do Hospital do Servidor Público, com a glicose correndo gloriosa pelas minhas veias. "Você é o Mariel?", diz a enfermeira com voz, naturalmente, glicosada. Mesmo semidopado, me assustei o suficiente para buscar na minha carteira a identidade e me fazer reconhecer corretamente. Descobri então que fora internado por brincadeira de colegas como Mariel Mariscot, pois era assim que as duas pessoas da festa, que me socorreram, e com quem tinha pouco contato, me conheciam. Uma delas, aliás, médico do local e namorado de uma de nossas amigas, foi quem conseguiu minha internação num hospital dedicado aos servidores públicos. Ainda bem que os funcionários do plantão, por desconhecimento sobre quem era o procurado Mariscot, ou por piedade de meu estado, não me entregaram à polícia daqueles duros tempos de ditadura militar. Se o fizessem, talvez eu não estivesse aqui para escrever esta historinha. As ações dos insatisfeitos com a Revolução eram muitas. Os estudantes muitas vezes induzidos a atos de vandalismo eram observados por isso de perto pela policia. Num destes confrontos um jovem perdeu a vida. Abaixo vou relatar a ação que culminou com a morte do jovem Edson: Ano: 1968 "A preparação de uma passeata de protesto, que se realizaria hoje, contra o mau funcionamento do restaurante do Calabouço, cujas obras ainda não terminaram, foi a causa da invasão daquele estabelecimento, por choques da Polícia Militar, e que resultou no massacre de alunos e na morte do estudante Edson Luís Lima Souto, assassinado com um tiro de pistola calibre 45, pelo tenente Alcindo Costa, que comandava o Batalhão Motorizado da PM do local. Os estudantes foram surpreendidos com a invasão policial, tendo os soldados disparado rajadas de metralhadoras enquanto o tenente que comandava o choque gritava pelo megafone "parem de atirar, eu não dei ordem para ninguém atirar". Logo depois, o mesmo oficial sacou sua arma e fez os disparos, um dos quais atingiu Edson Luís Lima Souto. O corpo de Edson ainda foi levado para a Santa Casa da Misericórdia na Rua Santa Luzia. Ali, o médico Luís Carlos Sá Fortes Pinheiro anunciou que o aluno já estava morto. Seus colegas, em seguida, levaram-no para o saguão da Assembléia Legislativa, onde se formou uma fila de populares para velar o corpo, em meio a violentos discursos de vários líderes políticos. O massacre policial continuou após a morte de Edson Luís Lima Souto e outros estudantes e curiosos foram feridos por estilhaços de granadas e bombas de gás lacrimogêneo indistintamente. (...)" "Estudantes reuniram-se, ontem, no Calabouço, para protestar contra as precárias condições de higiene do seu restaurante. Protesto justo e correto. O Correio da Manhã, nesta mesma página, já condenou a inércia em que o Estado vem-se mantendo diante das reiteradas reivindicações estudantis. Apesar da legitimidade do protesto estudantil, a Polícia Militar decidiu intervir. E o fez à bala. Há um estudante (18 anos) morto, um outro (20 anos) em estado gravíssimo. Um porteiro do INPS, que passava perto do Calabouço, também tombou morto. Um cidadão que, na Rua General Justo, assistia, da janela de seus escritório, ao selvagem atentado, recebeu um tiro na boca. Este o saldo da noite de ontem. Não agiu a Polícia Militar como força pública. Agiu como bando de assassinos. Diante desta evidência cessa toda discussão sobre se os estudantes tinham ou não razão - e tinham. E cessam os debates porque fomos colocados ante uma cena de selvageria que só pela sua própria brutalidade se explica. Atirando contra jovens desarmados, atirando a esmo, ensandecida pelo desejo de oferecer à cidade apenas mais um festival de sangue e morte, a Polícia Militar conseguiu coroar, com esse assassinato coletivo, a sua ação, inspirada na violência e só na violência. Barbárie e covardia foram a tônica bestial de sua ação, ontem. O ato de depredação do restaurante pelos policiais, após a fuzilaria e a chacina, é o atestado que a Polícia Militar passou a si própria, de que sua intervenção não obedeceu a outro propósito senão o de implantar o terror na Guanabara. Diante de tudo isto, depois de tudo isto, é possível ainda discutir alguma coisa? Não, e não. (...)" Correio da Manhã, 29 de março de 1968. "A morte do estudante Édson Luís de Lima Souto, de 16 anos - baleado no peito, às 18h30m de ontem, durante um coflito da PM com estudantes no Restaurante do Calabouço - provocou a greve geral de várias Faculdades do Rio e o movimento deverá estender-se pelo País. O corpo da vítima, que está sendo velado na Assembléia Legislativa, sairá às 16 horas de hoje para o Cemitério São João Batista. Os acontecimentos agitaram a sessão noturna da Câmara dos Deputados onde o Sr. Lurtz Sabiá pediu que o Congresso fique em sessão permanente, e o Deputado Brochado da Rocha sugeriu que as duas Casas do Congresso se transformassem em Comissão Geral para investigar os fatos ocorridos no restaurante dos estudantes. O Congresso Nacional e a Assembléia Legislativa da Guanabara decretaram luto. O Ministro da Justiça, Sr. Gama e Silva, saiu de Brasília e voltou ontem à noite ao Rio. O Governador Negrão de Lima, numa reunião de mais de duas horas com o Secretário de Segurança, General Dario Coelho, e outras autoridades, no Palácio Guanabara, decidiu afastar o General Osvaldo Niemeyer da Superintendência da Polícia Executiva, para que os acontecimentos sejam apurados com toda a isenção. Ficou também decidida a instauração imediata de inquérito policial a ser orientado por um membro do Ministério Público. Todos os estabelecimentos de ensino do Estado não funcionarão hoje em sinal de pesar pela morte de Édson Luís, por determinação do Sr. Negrão de Lima. Alguns teatros do Centro e da Zona Sul, que estavam funcionando quando se verificou o atrito entre a PM e os estudantes, suspenderam os espetáculos em sinal de solidariedade - e o público, ao ser inteirado do motivo, aplaudiu de pé. O Sr. Carlos Lacerda não se alterou ao receber, em São Paulo, a notícia da morte do estudante. Êle falava no Painel de Debates da Assembléia Legislativa de São Paulo, promovido pelo MDB, quando recebeu um bilhete sôbre os acontecimentos do Rio. Fêz uma pausa no discurso, leu o comunicado e declarou: "Não acredito que o Sr. Negrão de Lima seja o responsável". Em seguida, prosseguiu no seu pronunciamento. Na Câmara Federal, as galerias ficaram lotadas de estudantes, que aplaudiram sucessivos pronunciamentos dos deputados da Oposição. O presidente do Congresso, Sr. Pedro Aleixo, ameaçou várias vêzes de mandar retirar os manifestantes. Em defesa do Govêrno - sempre atacado pela Oposição - falou apenas o Sr. Último de Carvalho. Leu um texto oficioso, afirmando que já estava prevista, há algum tempo, a passeata dos estudantes, "empunhando as bandeiras do Brasil e do Vietcong". Há, por enquanto, duas versões para o atrito de ontem à noite no restaurante dos estudantes: 1) estes jantavam, pacificamente, enquanto outros assistiam a uma aula, quando um choque da PM, chefiado por um tenente de nome Alcindo ou Costa, invadiu o restaurante e iniciou o espancamento, ao qual os estudantes reagiram com pedradas que, por sua vez, provocaram tiros; 2) os estudantes teriam sido colhidos pela PM, em plena manifestação contra o atraso na conclusão das obras do restaurante. Além do estudante morto, do outro ferido a tiro e de vários espancados pela PM, houve mais uma vítima: o comerciário Telmo Matos Henriques, ferido na bôca por uma bala quando estava à sua mesa de trabalho, numa firma próxima. O choque da PM retirou-se do restaurante desfechando tiros para o ar - e na passagem por uma galeria deixou nas paredes marcas de balas que, segundo testemunhas, seriam de metralhadoras. O estudante Édson Luís foi conduzido pelos companheiros, à Santa Casa de Misericórdia, onde, constatada a sua morte, iniciou-se o cortêjo rumo à Assembléia Legislativa. O corpo foi erguido nos braços da multidão que entoava o brado "polícia assassina" ao dar entrada na Assembléia. Ali houve, durante a noite, vários comícios estudantis, de protesto violento contra o Govêrno - e uma multidão postou-se, até à madrugada, na expectativa dos acontecimentos. Em visita à Assembléia, o General Niemeyer defendeu os policiais. Indagado por que a polícia atirara, respondeu: - A polícia estava inferiorizada em potência de fogo. - Potência de fogo? É arma? - É tudo aquilo que nos agride. Era pedra." Jornal do Brasil, 29 de março de 1968. "A ordem era "quebrar tudo" e foi cumprida. A PM cercou o Calabouço; depois, houve a invasão e o massacre. A princípio, foram os cassetetes; a seguir, os revólveres. O ataque só foi suspenso quando havia um morto no chão: Nelson Luís Lima, uma bala no coração. Outro estudante - Benedito Frasão Dutra, 20 anos - escapou com vida, fingindo-se de morto. Seriamente ferido, foi conduzido pelos companheiros juntamente com o corpo do estudante-mártir, até o saguão da Assembléia Legislativa. As violências não terminaram: a ordem era prender. Mais tarde vieram as bombas de gás lacrimogêneo e o número de feridos multiplicou-se. O massacre virou crise. O Sr. Negrão de Lima reuniu-se com todos os auxiliares. SNI presente. Aulas de hoje estão suspensas. Luto é geral: escolas, diretórios, a própria Assembléia. O general Osvaldo Niemeyer foi afastado; determinou-se abertura de inquérito. Parlamentares pediram a queda de tôda a cúpula da PM. A camisa do jovem morto foi erguida como estandarte por seus colegas: o protesto continua. Os diretórios acadêmicos de tôdas as faculdades decretaram greve geral e marcaram assembléia para hoje. Os teatros da Guanabara fecharam e os artistas hipotecaram solidariedade aos estudantes, ficando em luto oficial durante três dias. Pedido o afastamento de Dario Coelho. O governador mandou prender o tenente assassino. O sepultamento será às 16 horas, no Cemitério de São João Batista, por conta do Estado." "Vão lá e quebram tudo": a ordem do comandante do choque foi cumprida e, minutos depois, no Calabouço, usando revólveres e cassetetes, a Polícia Militar iniciou o massacre dos estudantes, só parando de bater quando já havia um morto - Nélson Luís de Lima Souto, 16 anos - e vários feridos, a bala, a socos e a coronhadas. Os jovens estavam reunidos no restaurante, quando foi ordenado o cêrco - seis carros da PM fechando tôdas as saídas - e, logo que os policiais abandonaram suas posições, os moços saíram em direção à Assembléia, levando nos braços um companheiro morto e outro agonizante, para a manifestação de protesto, até a madrugada. Às 18 horas de ontem, cêrca de 600 estudantes reuniam-se no Calabouço, esquematizando a passeata em que reivindicariam a conclusão das obras do restaurante e do Instituto Cooperativo de Ensino. De repente, surgiram os carros da PM e o cêrco foi feito: dois na frente do prédio, quatro atrás. Às 18h30m, os policiais avançaram, em direção à entrada do restaurante. Quando ocorreu a invasão, os estudantes procuraram defender-se, usando pedras e sacos de areia. Começaram os disparos: os soldados da PM atiravam para o alto, de início, mas logo passaram a acionar suas armas em tôdas as direções, tanto que chegaram a atingir um comerciário que assistia a tudo, da janela de uma firma comercial. Nélson Luís de Lima Souto foi o primeiro a cair: uma bala no coração derrubou-o na hora. Logo depois, outro estudante recebia dois tiros: no braço e na cabeça. Só então veio a ordem do comandante do choque: iniciar a retirada. (...)" Diário de Notícias, 29 de março de 1968. "O fuzilamento de estudantes no Calabouço, que provocou a morte do menor Nelson Luiz Lima Souto, levou o governador Negrão de Lima a demitir o general Oswaldo Niemeier Lisboa do cargo de Superintendente da Polícia Executiva, como primeiro passo visando a que o inquérito que vai apurar os responsáveis pelo massacre "não fique sòmente no âmbito policial". Vários outros feridos, entre populares que assistiam às manifestações, estudantes e jornalistas foram medicados no Pronto Socorro, uns atingidos pelos cassetetes dos Pms, outros pelos estilhaços das bombas e balas. Às 22 horas, o general José Horácio da Cunha Garcia, comandante do I Exército, decretava a prontidão em tôdas as guarnições da Guanabara. Os estudantes contrataram o advogado Sobral Pinto como seu patrono no processo de punição do autor ou autores da morte de Nelson Luiz. Enquanto isso o governador Negrão de Lima lamentava a violência policial e decretava luto oficial, hoje, em tôdas as Escolas Públicas, com suspensão das aulas. O governador acentuou também que os estudantes terão "toda a liberdade" para fazer o entêrro de seu colega morto e, por sua ordem direta, foram soltos os 14 estudantes presos nos incidentes. O secretário de Imprensa da Presidência da República, jornalista Heráclio Sales, decretou, em Brasília, que o presidente Costa e Silva estava plenamente informado, através do Ministério da Justiça, de tôdas as ocorrências na Guanabara e que o Govêrno estava "adotando as providências necessárias para a manutenção da ordem". Ontem, à noite, veio de Brasília para o Rio, com instruções do titular da Justiça, o coronel Florismar Campelo, diretor-geral do Departamento Federal de Polícia, e hoje deverá chegar ao Rio o ministro Gama e Silva. Os estudantes não concordaram em que o corpo de Nelson Luiz saísse da Assembléia Legislativa e a uma e meia da madrugada foi feita a autópsia no local onde o estudante está sendo velado. Em Belo Horizonte, universitários reunidos no Centro Acadêmico Afonso Pena fizeram uma série de protestos, com comícios no recinto da Faculdade de Direito. Também os universitários da Faculdade de Direito do Estado da Guanabara decretaram luto oficial por três dias e propuseram às demais Faculdades o não comparecimento às aulas, hoje, em sinal de protesto. Os acontecimentos também tiveram pronta repercussão no Congresso, que, reunido à noite, suspendeu o início da discussão do chamado projeto dos ociosos, para que diversos oradores abordassem a situação na Guanabara. O Sr. Raul Brunini foi o primeiro orador, fazendo um relato das ocorrências e condenando "o vandalismo e a covardia da Polícia". O Sr. Mariano Beck falou em seguida, para expressar a solidariedade gaúcha ao povo carioca, o mesmo fazendo o Sr. Pereira Pinto, em nome da bancada do Estado do Rio. Diversos outros oradores sucederam-se na tribuna, inclusive o lider do MDB, deputado Mário Covas, que responsabilizou diretamente o governador Negrão de Lima pelos acontecimentos. A sessão se prolongou até às duas horas da madrugada. " O Jornal, 29 de março de 1968. "O estudante Nelson Luis Lima Souto, de 17 anos tombou com um tiro no coração quando a polícia militar invadiu o Calabouço, na tarde de ontem, iniciando um massacre que resultou em grande número de feridos e provocou um clima de tensão em todo o centro da cidade. O comandante do choque da PM, Tenente Alcindo, é acusado pelos estudantes de ter assassinado Nélson a sangue-frio, encostando a arma em seu peito. Grande área do aterro foi transformada em campo de batalha, com os soldados da Polícia Militar disparando armas de fogo contra os estudantes, que denunciaram a participação de tropas da Aeronáutica, utilizando metralhadoras." "Três choques da PM e a guarnição de duas viaturas de patrulha chegaram ao Calabouço no momento em que os estudantes organizavam a passeata de protesto contra o aumento de preços das refeições e a demora na conclusão do restaurante. Auxiliados por uma tropa da Aeronáutica, entraram no restaurante disparando suas armas e dois estudantes caíram feridos: Benedito Frazão Dutra e Nélson Lima Souto. Este morreu pouco depois, nos braços dos companheiros. Outro tiro feriu o comerciante Talmo Henrique, em seu escritório." Última Hora, 29 de março de 1968. "Milhares de pessoas desfilaram, das 6 às 15 horas de ontem, diante do corpo do estudante Nélson Luís Lima Souto, que foi velado na saguão da Assembléia Legislativa depois da autópsia feita pelo legista Nilo Ramos. O corpo estava envolto na Bandeira Nacional e se achavam sôbre o peito dois terços, cravos e um caderno de Geometria, que pertencia ao extinto. Um representante da Casa do Pará colocou sôbre o corpo uma Bandeira do Pará, terra natal do estudante. Mais de trinta coroas foram enviadas à Assembléia por estudantes sindicais e estudantis. Cêrca de vinte pessoas, das quais apenas um homem, sofreram crises emocionais. Uma senhora idosa caiu em prantos. Um aluno do Pedro II disse à reportagem: "Antes havia greves e não matavam estudantes". A jovem Carmem Santos Corrêa, que estava nos jardins da Cinelândia, teve mal súbito, sendo medicada no Hospital Sousa Aguiar. Cinco mil pessoas, aproximadamente, se aglomeravam em frente à Assembléia, não se notando, nas proximidades, policiais fardados, mas apenas agentes do DOPS e do SNI. O trafégo foi desviado para a Avenida Rio Branco e Rua Evaristo da Veiga. Até às 15 horas, os estudantes haviam recebido, de donativos, três mil cruzeiros novos, que se destinarão à construção de uma estátua, em homenagem ao morto, em frente ao Restaurante Central dos Estudantes. o restante, segundo ficou deliberado, seria enviado à família do estudante, em Belém do Pará e custearia os funerais, pois foi recusado o oferecimento do Govêrno estadual. A Srta. Cléia Martins, prima, em segundo grau, de Nélson Luís e também comensal do Restaurante Central, disse que teve conhecimento da morte através do rádio. Com a presença de milhares de pessoas, na grande maioria estudantes, realizou-se, às 19h30m de ontem, no Cemitério de São João Batista, o sepultamento do jovem Nélson Luís de Lima Souto, abatido a tiro durante um conflito ocorrido no Calabouço, quando membros da Cooperativa de Ensino estavam reunidos para acertar detalhes visando à realização de uma passeata de protesto. O féretro deixou o recinto da Assembléia Legislativa, onde o corpo foi velado, às 16h20m e seguiu por várias artérias da cidade, onde ocorreram alguns incidentes sem gravidade. O enorme número de acompanhantes atrasou sensivelmente o entêrro, já que o caixão teve de permanecer por mais de uma hora à porta do Cemitério, aguardando que a massa humana fôsse retirada da frente. Com colegas do morto revesando-se na condução da urna mortuária, o cortejo fúnebre tomou a Avenida Beira-Mar, seguindo, após, pela Praia do Flamengo, onde em frente ao prédio da extinta UNE, um grupo de estudantes queimou uma bandeira americana, usando da palavra na oportunidade, os representantes da FUEG Flademir Palmeira e Luís Brito. Na Praia de Botafogo, utilizando-se de pedras, os participantes do féretro foram quebrando tôdas as lâmpadas dos postes. Na Rua da Passagem pediram a dois guardas que tirassem o quepi à passagem do corpo. Os policiais se recusaram e os estudantes jogaram seus quepis longe, o que quase originou novo conflito. Cêrca de 18,20 horas, o cortejo aproximou-se do Cemitério São João Batista, onde já se encontravam duas tias da vítima, senhoras Virgília Souto e Enedina Souto Pauferro, esta última espôsa do 1o Sargento da Aeronáutica Manuel Pauferro. Dezenas de coroas, a maioria ofertadas por Diretórios Estudantis, foram depositadas na quadra 14, em frente à gaveta 602, última morada do jovem Nélson Luís. Os gritos de "vingança" e de "assassinos" se sucediam, ao mesmo tempo em que faixas eram desfraldadas. Entre elas registramos uma dirigida às mulheres: "Senhoras, Nélson poderia ser seu filho". Às 19,10 horas o caixão alcançou a entrada da quadra 14, um corredor com menos de dois metros de largura. Não pôde porém aproximar-se da gaveta 602, situada ao fundo, pois a massa humana invadiu o corredor, ansiosa por ocupar um lugar privilegiado, onde pudesse acompanhar as últimas homenagens que seriam prestadas ao estudante assassinado. (...) Dez minutos mais tarde, a urna com o cadáver de Nélson Luís foi depositado na gaveta. Grupos de estudantes continuavam a clamar pr vingança, enquanto rasgavam outra bandeira americana, com o fogo quase chegando à multidão. (...)" O mês de março de 1968 também teve seu lado positivo como por exemplo a inauguração da Rede Nacional de Microondas sistema de transmissão por satélites. Telstar. O programa dominical de Silvio Santos passa a ter seis horas de duração. Incêndio na TV Record. A TV Record coloca no ar o programa "Quem Tem Medo da Verdade", sob o comando de Carlos Manga. No programa artistas eram julgados por problemas pessoais. Na Globo fazem sucesso: "Dercy de Verdade", no Rio; "Casamento na TV" e "SOS Amor", ambos apresentados por Raul Longras e "O Homem de Sapato Branco", em São Paulo. Em setembro, sob pressão do senador João Calmon e Carlos Lacerda, o presidente Costa e Silva considera ilegal o acordo entre a Globo e a Time-Life. A emissora é obrigada a se nacionalizar. O lançamento da nave espacial Apollo IX é transmitido, via satélite pela TV Globo. Na Tupi os destaques eram: "Domingo de Verdade", comandado por J. Silvestre e "Os Sete Samurais", onde todos os profissionais, incluindo os técnicos, se vestiam de samurais. CARNAVAL A Estação Primeira da Mangueira conquista o bi-campeonato no carnaval carioca com o enredo "Samba, festa de um povo". É o 11º título da escola. CURIOSIDADES EVENTOS • 16 de Março - Guerra do Vietnam: Soldados americanos cometem um massacre aos habitantes da aldeia sul-vietnamita de My Lai. 507 pessoas, a maior parte delas crianças e idosos, perdem a vida. A aldeia My Lai torna-se o símbolo duma guerra, na qual a maioria das vítimas é civil. O oficial responsável é condenado em 1971 a prisão perpétua. • 28 de Março - O estudante Edson Luís de Lima Souto é morto em confronto com a polícia no restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro, Brasil. • 2 de Maio - Inicio do maio de Paris. Estudantes se manifestam contra o "status quo". Barricadas são levantadas nas ruas e ocorrem confrontos com a polícia. • 3 de Maio A Universidade de Sorbone é fechada pelas autoridades. A UNEF (Union nationale des étudiants de France) organiza passeatas que são dissolvidas com violência cada vez maior pela polícia. • 10 de Maio A “noite das barricadas”. Os estudantes ganham as simpatias de bancários, comerciários, funcionários públicos, jornaleiros, professores e sindicalistas que aderem a causa estudantil. Do protesto estudantil contra o autoritarismo e anacronismo das academias rapidamente o movimento, com a adesão dos operários, transforma-se numa contestação política ao regime gaulista. • 26 de Maio - O médico Eurícledes de Jesus Zerbini realiza em João Boiadeiro o primeiro transplante cardíaco do Brasil. • 13 de Julho - A brasileira Martha Vasconcellos é eleita Miss Universo. • 20-21 de Agosto - Fim da Primavera de Praga: Tropas soviéticas e outros países do pacto de Varsóvia (excepto a Romênia) invadem a cidade de Praga, na Tchecoslováquia, reprimindo a população local que apoiava as reformas levadas a cabo pelo governo local. • 2 de outubro - Chacina de Tlatelolco: mais de 500 vítimas, mortos, estudantes e população civil. Manifestações de protesto preparadas por organizações estudantis locais queriam chamar a atenção sobre as péssimas condições sociais vividas pela nação. Manifestação na Praça das Três Culturas (Praça de Tlatelolco) sufocada pelo exército - helicópteros e atiradores matam indiscriminadamente. Após a repressão implacável a política do governo mexicano desloca-se para a esquerda (sob o governo do presidente seguinte, Luis Echeveria Alvarez, que enquanto ministro do Interior, foi responsável pela repressão). • Os estudantes de Paris decretam greve geral nas universidades francesas. • 3 de Outubro - A rua Maria Antonia, na cidade brasileira de São Paulo, onde se situavam a Universidade Mackenzie e a faculdade de Filosofia da USP (Universidade de São Paulo é palco, nesta quinta-feira, da "Batalha da Maria Antônia" . O saldo foi trágico: um estudante secundarista (José Carlos Guimarães, 20) é atingido por um tiro na cabeça e morre, outros três universitários são baleados e dezenas são feridos. • 13 de dezembro - O Presidente Costa e Silva decreta o AI-5 - Ato Institucional número 5, dando início ao período mais fechado e violento da ditadura militar no Brasil iniciada em 31 de Março de 1964. • Graham Hill sagra-se bicampeão mundial de Fórmula 1 NASCIMENTOS • 6 de Março - Mara Maravilha, apresentadora de televisão brasileira • 8 de Junho - Eduardo Moscovis, ator brasileiro • 28 de Junho - Otto, cantor, compositor e percussionista brasileiro • 14 de Agosto - Ana Moser, jogadora de voleibol brasileira FALECIMENTOS • 23 de Fevereiro - Mário de Miranda Vilas-Boas, bispo brasileiro. • 27 de Março - Yuri Gagarin, cosmonauta, primeiro homem a viajar pelo espaço. • 12 de Abril - Afonso Pena Júnior, advogado, professor, político e ensaísta, brasileiro. • 13 de Outubro - Manuel Bandeira, poeta e escritor brasileiro. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDAS NO ANO • D. Francisco Ferreira Avelar (Chiquinha Avelar) Nasceu no dia 21 de Março de 1868 em Sete Lagoas Faleceu no dia 28 de Junho em Sete Lagoas • Sr. José da Rocha – Comerciante Nasceu no dia 2 de Outubro de 1887 em S. Miguel do Gandra – Distrito do Porto/Portugal. Faleceu no dia 10 de Novembro em Sete Lagoas • Sr. Ovídio Joaquim de Souza – (Seu Ovídio) Nasceu no dia 8 de Julho de 1892 em Raposos/MG Faleceu em 27 de Dezembro em Sete Lagoas 1969 HISTORIA Que Pena, Vera Fischer natural de Santa Catarina passou perto de conquistar o titulo. LEMBRANÇA No dia 30 de Junho sai do laboratório Lutécia para trabalhar em uma transportadora de propriedade de meu tio Mario que me propôs sociedade na mesma. Fiquei somente três meses, pois ele que não quis honrar seu compromisso comigo e no dia 10 de Setembro já estava eu desligado da firma. Desta data até o ano de 1971 fiquei somente prestando serviços extraordinários e ajudando meu tio em um açougue. Minha mulher fazia doces e meu filho os vendia na feira que tinha defronte a minha casa. Nesta época estava eu morando em um apartamento ao lado da vila onde nasci e logo depois mudamo-nos para a uma Vila na Rua Mearim (Grajaú). A TV Cultura de São Paulo passa ao controle da Fundação Padre Anchieta, Centro de Rádio e TV Educativa do Estado de São Paulo. O Brasil inaugura a Estação Terrena de Tanguá e a Estação Rastreadora de Itaboraí, no Rio de Janeiro, para transmissões internacionais via satélite. Através delas foi possível a transmissão da chegada do homem à Lua pela TV Globo. Foi um ano marcado também por incêndios nas sedes das emissoras: Incêndio no Teatro Consolação da TV Record. Incêndio na TV Globo de São Paulo. Por causa do incêndio a emissora passou a centralizar no Rio de Janeiro toda a produção de programação da Rede. Incêndio da TV Bandeirantes. Incêndio no Teatro Paramount da TV Record. Em 1º de Setembro, estréia o "Jornal Nacional", da Rede Globo, marcando o início das operações em rede no Brasil. O noticiário era apresentado por Heron Domingues e Léo Batista. Foi o primeiro programa regular a ser transmitido em rede nacional e implementou um novo estilo de jornalismo na TV brasileira. A Rede Globo assume a liderança absoluta de audiência. No ar, a novela "Véu de Noiva" faz sucesso na Globo. A Time-Life retira-se da Globo. Na TV Tupi o sucesso era a novela "Beto Rockfeller", idéia de Cassiano Gabus Mendes, escrita por Bráulio Pedroso e dirigida por Lima Duarte e Walter Avancini. Participaram deste sucesso, lembrado até hoje: Luiz Gustavo, lrene Ravache, Bete Mendes e Débora Duarte entr outros. Foi a primeira vez que se incorporava a realidade (ruas e edifícios da cidade e acontecimnetos reais) com cenário e pano de fundo de uma novela. Após 16 pedidos de falência, em 1969, o Grupo Simonsen não consegue repassar a TV Excelsior e a emissora é extinta, depois de 10 anos no a BANDEIRANTES História Em 1969 a emissora sofreu um grande incêndio que destruiu suas instalações. Isso não impediu que a Bandeirantes fosse a primeira televisão brasileira a exibir uma programação totalmente a cores, em 1972. No final dos anos 70, a Bandeirantes se torna rede nacional, e partir dos anos 90, a Bandeirantes passou a adotar uma programação mais voltada ao público feminino e à família. Atualmente, a emissora possui nomes como Raul Gil, Gilberto Barros, José Luiz Datena, Otávio Mesquita, Nivaldo Prieto, Roberto Cabrini, Goulart de Andrade e Claudete Troiano. Atualmente a TV Bandeirante resgata as transmissões esportivas com o Esporte Interativo, além da volta de Luciano do Valle e de seu programa Apito Final. Para o público infantil, foi incluído na programação o bloco Band Kids, que transmite séries de animes, porém apenas para São Paulo. O slogan da TV Bandeirantes em uso hoje é: "Prazer em ver". Grande parte da programação nacional da emissora é destinada aos informerciais, desta forma não é possível acompanhar a programação integral por meio das antenas parabólicas. A Bandeirantes é a única rede de televisão do mundo a possuir uma alcunha, "Band", utilizada desde o início da década de 1990. Essa alcunha foi inventada pelo jornalista José Luiz Datena, quando integrava a equipe de esportes do canal. História No ar desde 15 de novembro de 1999, as cinco concessões da emissora foram transferidas para o grupo empresarial liderado por Amilcare Dallevo, Marcelo Carvalho e o Banco Rural em maio de 1999, após negociações entre o Ministério das Comunicações e a então concessionária Rede Manchete, pertencente ao Grupo Bloch, liderado por Pedro Jack Kapeller (também conhecido como "Jaquito"), sobrinho de Adolpho Bloch, falecido em novembro de 1995. A TV Ômega Ltda (Razão social da Rede TV) tem concessões no Rio de Janeiro (Canal 6), São Paulo (Canal 9), Recife (Canal 6), Fortaleza (Canal 2) e Belo Horizonte (Canal 4). A programação da emissora é voltada principalmente ao entretenimento, com esportes, novelas, seriados, programas musicais, shows e jornalismo. Pode-se dizer que a Rede TV é sucessora das extintas TV Tupi e TV Excelsior e também da Rede Manchete, pois as concessões haviam sido originalmente da Tupi (Rio, Recife, Belo Horizonte, Fortaleza), cassadas em 1980, e da Excelsior (São Paulo), fechada em 1970. Essas concessões haviam sido dadas à Manchete, em 1981, e transferidas para a TV Ômega, em maio de 1999. Os principais programas de 1999 eram: "RTV" (telejornal de 30min. que ia ao ar às 7hs), "Galera na TV" (programa infantil que durou até metade de 2000 que ia ao ar às 18hs até 19hs), as séries "Jeane é um Gênio" e a "Feiticeira", "TV Magia" (3 filmes exibidos nas tardes de domingo com o sorteio de 2 filmes em cada sessão). Ficou conhecida, nos últimos anos pelos programas de baixíssimo nível, e por muitas vezes, apelar para ganhar audiência, segundo, alguns críticos mais radicais. Muitos programas da emissora são criticados duramente por causa dos programas sem conteúdo, sensacionalismo, e baixarias em horário impróprio, como os de João Kleber, que felizmente saíram do ar. O jornalismo, o programa Ritmo Brasil (Antigo Almoço com os Artistas) e transmissões esportivas e alguns raros programas são elogiados pela critica. POLITICA Com a morte do General Costa e Silva assume a Presidência no dia 31 de agosto uma Junta Militar composta do General Aurélio Lyra, Almirante Augusto Radamaker e o Brigadeiro Marcio Melo que ficam no poder até a transmissão do cargo no dia 30 de Outubro para o General Emilio G. de Medice. O General Medice fez um governo super-autoritário e instituiu no Pais os Atos institucionais e foi ele o autor do AI 5. Durante seu governo o Almirante Augusto Radamaker teve uma filha acidentada na BR 040 e que ficou internada no hospital Nossa Senhora das Graças. O movimento foi enorme dentro do hospital para acomodar todos os seus agentes de segurança. CARNAVAL O império Serrano tinha em “Heróis da Liberdade” um dos mais belos sambas-enredo da historia, segundo os especialistas. Mas os militares, que acabavam de editar o AI-5, achavam que o samba homenageava a oposição ao regime. Depois de muita negociação a escola não foi obrigada a mudar o enredo. O vencedor do ano foi o Salgueiro. Ismael Silva, um dos criadores das escolas de samba, não pode assistir o desfile porque não tinha dinheiro para pagar ingresso. O secretario de Turismo no Rio sequer o recebeu. Alegou que não sabia quem ele era. O Salgueiro venceu o carnaval carioca com o enredo "Bahia de todos os deuses", de Arlindo Rodrigues e Fernando Pamplona. CURIOSIDADES EVENTOS • 9 de Fevereiro - O Boeing 747 efetua o seu primeiro vôo comercial. • 28 de Abril - Consistório presidido pelo Papa Paulo VI, criou 35 cardeais, dentre os quais os brasileiros Eugênio Sales e Vicente Scherer. • 19 de Julho - A filipina Gloria Maria Diaz é eleita Miss Universo. • 20 de Julho - Neil Armstrong, dos Estados Unidos é o primeiro homem a pisar na Lua, na missão da Apollo 11 • É criado o avião Boeing 747. • É fundada a Universidade Federal de Ouro Preto. • É criado o avião Concorde. • Jackie Stewart vence o Campeonato Mundial de Fórmula 1. • 19 de Novembro - Pelé marca seu miléssimo gol. • O Ceará Sporting Club ganha a Copa Norte-Nordeste NASCIMENTOS • 11 de Janeiro - Maurício Lopes, DJ brasileiro. • 1 de Fevereiro - Gabriel Batistuta, jogador argentino. • 15 de Fevereiro - Marina Person, atriz e cineasta brasileira e apresentadora da MTV • 30 de Junho - Dira Paes, atriz brasileira • 5 de Setembro - Leonardo, jogador de futebol. • 3 de Novembro - Luciana Gimenez, modelo e apresentadora de televisão brasileira • 15 de Dezembro - Adriana Esteves, atriz brasileira. FALECIMENTOS • 20 de abril - Ataulfo Alves de Souza, compositor e cantor brasileiro. • 9 de Agosto - Sharon Tate, atriz estadunidense. • 13 de Agosto - Jacob Pick Bittencourt (Jacob do Bandolim), músico brasileiro. • 6 de Setembro - Arthur Friedenreich, futebolista brasileiro. • 17 de Dezembro - Costa e Silva, 30º Presidente do Brasil. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDAS N0 NA • Sr. Agapito Silva Melo - Comerciante Nasceu no dia 22 de Setembro de 1889 Faleceu no dia 2 de Fevereiro • Dr. Agripa de Vasconcelos – Médico Nasceu em Matozinhos/MG em 12 de Abril de 1900 Faleceu em Belo Horizonte no dia 21 de Janeiro • Sr. Ottoni Alves Costa – 1º Prefeito Constitucional de Sete Lagoas Nasceu no dia 21 de Novembro de 1901 em Cachoeira da Prata/MG Faleceu no dia 5 de Março em Sete Lagoas 1970 FUTEBOL Na IX Copa do Mundo (México, 1970), a seleção brasileira conseguiu obter a posse definitiva da taça Jules Rimet. Pela primeira vez a competição era transmitida ao vivo pela televisão. Com uma campanha notável, a equipe treinada por Zagalo – que substituiu João Saldanha, afastado durante a fase de classificação – venceu todos os seis jogos, marcou 19 gols e sofreu sete. Pelé consagrou-se como “ rei do futebol”, um mito para o esporte. CARNAVAL Para evitar o atraso foi reinstituído o quesito cronometragem. Os desfiles então começavam no começo do domingo e só acabavam por volta de meio-dia de segunda. O Império Serrano, punido, ameaçou não desfilar no ano seguinte. Mesmo com o pedido das outras escolas, a organização não deu de volta os pontos para a escola. Este carnaval marcou a ultima vez em que a poderosa Portela vencia sozinha um desfile. ECONOMIA O cruzeiro novo volta a chamar-se apenas cruzeiro, LEMBRANÇAS Continuei ajudando meu tio sem emprego fixo. A foto abaixo do Frank foi no final de suas férias em Sete Lagoas. A TV GAZETA História A Fundação Cásper Líbero é uma instituição sem fins lucrativos que administra um vasto complexo de comunicações, sediado em São Paulo, que reúne, hoje, a TV Gazeta, a Rádio Gazeta AM/FM, os jornais A Gazeta e A Gazeta Esportiva, hoje gazeta esportiva. net, a FCLNet, além da Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero e o Grupo Cidadania Empresarial. A TV Gazeta, geradora da Rede Gazeta de Televisão (de São Paulo) foi inaugurada em 25 de janeiro de 1970, data do aniversário da cidade de São Paulo. A primeira emissora montada com equipamento para transmissão em cores, teve, também, a primeira unidade para transmissão externa colorida do país. A TV Gazeta iniciou em 2000 seu processo de rede, com a implantação de repetidoras no interior de São Paulo e outros estados. Atualmente tem mais de 270 retransmissoras e emissoras afiliadas nas principais cidades do país. E com a transmissão por satélites digital e analógico, a programação da Televisão Gazeta também pode ser acompanhada pela grande rede de tv a cabo e parabólicas espalhadas no Brasil (DirecTv, TVA e Net). Com o passar dos anos, sua programação foi sendo reformulada, adaptando-se às exigências do público e anunciantes, para atender à dinâmica da televisão moderna. Outros Programas A TV Cultura produz seus programas educativos e noticiários: Roda Viva, Diário Paulista, Hora do Esporte. Chegou a ter uma equipe esportiva em 2005, mas a fraca audiência determinou sua dissolução. O Censo deste ano aponta o número de aparelhos de televisão chegou a 4 milhões de lares, atingindo, aproximadamente, a 25 milhões de telespectadores. Incêndio na TV Globo do Rio de Janeiro, no dia 10 de Janeiro. Faz sucesso na Globo a novela "Irmãos Coragem". Inaugurada em 25 de Janeiro a TV Gazeta de São Paulo. Incêndio nos estúdios da Vila Guilherme da TV Excelsior, em 17 de Julho. Cassada a concessão da TV Excelsior, canal 9 de São Paulo, em 28 de setembro. CURIOSIDADES EVENTOS • 25 de janeiro - É inaugurada a TV Gazeta de São Paulo, canal 11. • 5 de Março - Entra em vigor o O Tratado de Não-Proliferação Nuclear, TNP, subscrito por uma centena de países. • 11 de Julho - A porto-riquenha Marisol Malaret é eleita Miss Universo. • Realização da IX Copa do Mundo de Futebol, no México. Campeão: Brasil. • Jochen Rindt vence o Campeonato Mundial de Fórmula 1, e logo depois morre em um acidente em Monza, na Itália. • Abril – Fim dos Beatles. • Setembro - João Ricardo cria o grupo Secos e Molhados. Neste mesmo mês a TV Excelsior encerra suas atividades. • 1 de abril - A Banda de Rock Inglesa, tendo em seus fundadores, o cantor Ozzy Osbourne,de nome Black Sabbath, lança seu primeiro LP com o mesmo nome da Banda, Black Sabbath. • 27 de Setembro - Santa Teresa dÁvila e Santa Catarina de Sena são proclamadas doutoras da Igreja Católica pelo papa Paulo VI. NASCIMENTOS • 15 de Fevereiro - Gloria Trevi, cantora e atriz mexicana. • 13 de Março - José Orlando Alves, compositor erudito brasileiro. • 27 de Março - Mariah Carey, cantora pop norte-americana. • 17 de Abril - Márcio Garcia, ator e apresentador de televisão brasileiro • 1 de Maio - Fernanda Young, escritora e roteirista brasileira • 16 de Maio - Gabriela Sabatini, tenista argentina. • 20 de Maio - Pedro Paulo Diniz, piloto brasileiro de Fórmula 1. • 23 de Julho - Charisma Carpenter, atriz americana. • 25 de Agosto - Claudia Schiffer, modelo alemã. • 18 de Outubro - Alexandre Barros, piloto brasileiro de Moto GP • 29 de Novembro • Bruno Garcia, ator brasileiro. • Maria Paula, atriz e apresentadora de televisão brasileira FALECIMENTOS • 2 de Fevereiro - Bertrand Russell, filósofo e matemático inglês. • 20 de Fevereiro - Café Filho, 26° presidente do Brasil. • 27 de Junho - António de Oliveira Salazar, ditador português. • 4 de Agosto - Oscarito, comediante brasileiro de origem espanhola. • 18 de Setembro - Jimi Hendrix, cantor e guitarrista estadunidense. • 4 de Outubro - Janis Joplin, cantora estadunidense. • 9 de Novembro - Charles de Gaulle, estadista francês. • 19 de Novembro - José Maria Whitaker, financista brasileiro. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDAS NO ANO • Alexandre Lanza (“Pintor”) Nasceu no dia 8 de julho de 1880 em Verona na Itália Faleceu no dia 26 de Maio em Sete Lagoas • Sr. Jovelino Cândido – Ferroviário – Ex Combatente Nasceu no dia 16 de Julho de 1922 em Sete Lagoas Faleceu no dia 2 de Fevereiro em Sete Lagoas 1971 POLITICA Prefeito de Sete Lagoas: Sr. Alberto Moura Vice Prefeito Sr. Geraldo Alves Padrão LEMBRANÇAS Em abril deste ano comecei a trabalhar em uma empresa de malotes a Servencin Despachos S/A onde fiquei até agosto deste mesmo ano. Minhas função era de Chefe de Pessoal. Incêndio na TV Globo do Rio de Janeiro, em 28 de Outubro. Começa a preparação para a implantação da Tv a cores. Adaptação de equipamentos e treinamento de técnicos. O Ministério das Comunicações baixa decreto que regulamenta 3 minutos de comercial para cada quinze minutos de programação. Incêndio na TV Record. A novela "Meu Primeiro Amor", da TV Globo, lança o merchandising, com o lançamento de uma nova linha de bicicletas. CARNAVAL Neste ano o Salgueiro introduziu na historia do carnaval o samba de caráter popular, com “Festa para um rei negro”, mais conhecido como “Pega no Ganzê”. O conhecido refrão “Olelê olalá/Pega no ganzê, pega no ganzá” foi um sucesso absoluto e a escola vence mais uma vez o carnaval. HISTORIA Uma grande tragédia ficou marcada neste ano. A queda de um vão de 30m do Viaduto Paulo de Frontin, abalou o próprio conceito da engenharia nacional. Coube à Secretaria de Obras, através do DER, sob a direção do Eng°. Renato de Almeida, a missão de reconstruir o trecho, reforçar todo o viaduto, bem como estendê-lo, por mais de 1900 m, até o Campo de São Cristóvão (parte significativa da Linha Vermelha). Muitas foram as vitimas fatais neste acidente. Vista geral do Elevado Paulo de Frontin. LEMBRANÇAS Foi no dia 29 de Setembro deste ano que comecei a trabalhar na Financilar Lume Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários. Nesta empresa tive outra vez um acessão rápida e logo, logo conquistei a confiança de seu Diretor Presidente que me promoveu de Chefe de Serviços Gerais para Gerente de Divisão. Nesta oportunidade conheci o Mauro Gabriel Furtom Bousquet operador do mercado financeiro, que muito me ajudou na captação de vendas de LC e de Poupança. Como eu vinha de um período muito grande, desempregado, ele começou a dizer que eu na função que eu exercia tinha que andar melhor vestido e freqüentar lugares que eram freqüentados pelo pessoal do mercado. Ai comecei outra vez com as minhas sacanagens. Todas as sexta-feira ao sairmos do trabalho, íamos direto para a Boate Assirius ou para o Dancing Brasil. Ali ficávamos cercados de mulheres e gastando dinheiro com as mesmas ate altas horas. Este procedimento era quase que generalizado entre os operadores do mercado financeiro. Ninguém se importava com o dia de amanhã, gastavam a noite o que ganhavam de dia. CURIOSIDADES EVENTOS Primeiro semestre • 25 de Janeiro - Charles Manson e três mulheres da "família" são considerados culpados e sentenciados à prisão perpétua pelo assassinato de Sharon Tate e outros. • 25 de Janeiro - Idi Amin depõe Milton Obote com um golpe de estado e torna-se presidente de Uganda. • 31 de Janeiro - Projeto Apollo: Astronautas da Apollo 14 decolam para uma missão na lua. • 4 de Fevereiro - No Reino Unido, Rolls Royce atinge a bancarrota e o Estado a assume. • 5 de Fevereiro - Projeto Apollo: Apollo 14 pousa na Lua. • 8 de Fevereiro - É criado o Nasdaq, índice bolsista norte-americano . • 9 de Fevereiro - Projeto Apollo: Apollo 14 retorna à Terra depois do terceiro pouso humano na Lua. • 11 de Fevereiro - Estados Unidos, Reino Unido, União Soviética e outros países, assinam o Tratado de Seabed banindo as armas nucleares. • 13 de Fevereiro - Guerra do Vietnã: com suporte aéreo e de artilharia estadunidense, o Vietnã do Sul invade o Laos. • 15 de Fevereiro - Reino Unido e Irlanda adotam a divisão monetária decimal. • 12 de Março - Hafez al-Assad torna-se presidente da Síria. • 29 de Março - Um júri de Los Angeles recomenda a pena capital para Charles Manson e suas três seguidoras. • 5 de Abril - O monte Etna entra em erupção. • 9 de Abril - Charles Manson é condenado à morte, mas a sentença é comutada para prisão perpétua. • 17 de Abril - Líbia, Síria e Egito assinam um tratado para formar uma confederação. • 19 de Abril - A União Soviética lança o Saliut I. • 19 de Abril - Seguidores de Charles Manson, a Família Manson, são sentenciados à câmara de gás. • 24 de Abril - 500.000 pessoas marcham contra a Guerra do Vietnam em Washington DC. • 19 de Maio - Marte: A sonda Mars 2 é lançada pela União Soviética. • 30 de Maio - Marte: A sonda Mariner 9 é lançada pelos Estados Unidos. • 31 de Maio - Nascimento de um novo país, o Bangladesh. • 6 de Junho - Programa Soyuz: é lançado o Soyuz 11. • 14 de Junho - A Noruega começam a produzir petróleo no Mar do Norte. • 17 de Junho - Representantes do Japão e dos Estados Unidos assinam o Okinawa Reversion Agreement, acordando a devolução do controle de Okinawa. • 30 de Junho - A tripulação da Soyuz 11 morre devido a uma fuga de ar através de uma válvula defeituosa. Segundo semestre • 5 de Julho - O Direito de Voto: A idade de votar nos EUA é reduzida dos 21 para os 18 anos (através da 26ª emenda à Constituição, aprovada pelo Presidente Richard Nixon). • 9 de Julho - A Grã Bretanha envia mais 500 soldados para a Irlanda do Norte. • 16 de Julho - O General Franco nomeia o príncipe Juan Carlos seu sucessor. • 16 de Julho - Estima-se que a população tenha atingido o número de quatro bilhões. • 24 de Julho - A libanesa Georgina Rizk é eleita Miss Universo. • 26 de Julho - Programa Apollo: Lançamento da Apollo 15. Em 31 de Julho os 15 astronautas da Apollo tornam-se os primeiros a viajar num Rover Lunar um dia após terem pousado na Lua. • 9 de Agosto - A Índia assina um tratado de amizade e cooperação válido por 20 anos com a União Soviética. • 18 de Agosto - Guerra do Vietnam: A Austrália e a Nova Zelândia decidem retirar as suas tropas do Vietnã. • 26 de Agosto - Governo civil na Grécia. • 3 de Setembro - O Quatar volta a ganhar a sua independência do Reino Unido. • 1 de Outubro - Walt Disney World é inaugurado. • 25 de Outubro - A Assembleia-geral das Nações Unidas admite a República Popular da China e expulsa a auto proclamada República Democrática da China, na Ilha de Taiwan. • 27 de Outubro - A República Democrática do Congo muda de nome para Zaire. • 29 de Outubro - Guerra do Vietnã: A Vietnamização da guerra continua e o número de tropas dos EUA no Vietnã baixa para um número recorde de 196.700 (o mais baixo desde janeiro de 1966). • 6 de Novembro - Teste nuclear dos EUA em Aleuts. • 13 de Novembro - Mariner program: Mariner 9 entra na órbita de Marte. • 15 de Novembro - Intel lança o primeiro microprocessador do mundo, o Intel 4004. • 23 de Novembro - A República Popular da China ganha a vaga de Taiwan no Conselho de Segurança da ONU. • 2 de Dezembro - Seis xeques no Golfo Pérsico fundam os Emirados Árabes Unidos. • 3 de Dezembro - A Guerra Indo-Paquistã de 1971 começa quando o Paquistão ataca 8 bases indianas. No dia seguinte, a Índia invade massivamente o leste do Paquistão. • 16 de Dezembro - Dia da Vitória em Bangladesh: marca a rendição das tropas invasoras do Paquistão. • 18 de Dezembro - Dólar é desvalorizado pela segunda vez na história dos Estados Unidos da América. • 19 de Dezembro - O Clube Atlético Mineiro conquista o primeiro Campeonato Brasileiro de futebol com a vitória de 1x0 sobre o Botafogo RJ dentro do Maracanã. O único gol foi marcado por Dario (Dadá Maravilha) que terminou o campeonato como artilheiro com 15 gols. Datas desconhecidas • Ray Tomlinson envia o primeiro e-mail. • Primeiro teste de vôo do Concorde. • Jackie Stewart conquista seu segundo título mundial de Fórmula 1. NASCIMENTOS Janeiro-Abril • 18 de Janeiro - Christian Fittipaldi, piloto de automobilismo brasileiro • 22 de Março - Luis Eduardo Mariutti Pereira (Luis Mariutti), baixista brasileiro de heavy metal (banda Shaaman) • 27 de Março - David Coulthard, piloto da Fórmula Um Maio-Agosto • 20 de Maio - Tony Stewart, piloto de automóvel norte-americano • 21 de Julho - Alexandre Herchcovitch, estilista brasileiro • 25 de Agosto - Fernanda Takai, cantora e guitarrista brasileira (Pato Fu). • 26 de Agosto - Thalía, atriz mexicana Setembro-Dezembro • 3 de Setembro - Luciano Huck, apresentador de televisão brasileiro • 27 de Setembro - Caco Ciocler, ator brasileiro. FALECIMENTOS Primeiro semestre • 15 de Março - Iwar Beckman, geneticista sueco, radicado no Brasil. • 6 de Abril - Igor Stravinsky, compositor • 27 de Abril - Eneida de Moraes, escritora brasileira. • 28 de Maio - Audie Murphy, Ator e Herói da Segunda Guerra Mundial. Segundo semestre • 16 de Agosto - Mário Zanini, pintor brasileiro. • 17 de Setembro - Carlos Lamarca, militante da VPR, grupo de guerilha brasileiro contra o Regime Militar. Morto em emboscada. • 12 de Outubro - Glauce Rocha, atriz brasileira. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDA NO ANO • Sr. Elias José Elian – Comerciante Nasceu em abril de 1889 em Zaidal distrito de Homs na Síria Faleceu em Novembro em Sete Lagoas • Sr. Horácio Índio do Brasil – Ferroviário Nasceu no dia 23 de Dezembro de 1865 em Niterói/Rio de Janeiro Faleceu no dia 6 de Agosto em Sete Lagoas • Sr. José Custódio do Altíssimo Nasceu no dia 7 de Setembro de 1896 em Sete Lagoas Faleceu no dia 9 de julho de 1971 em Sete Lagoas • Sr Jovelino Lanza – Escritor Nasceu no dia 26 de Novembro em São Pedro de Pequery, Comarca de Mar de Espanha/MG Faleceu n o dia 5 de Fevereiro em Sete Lagoas • Sr. Nelson Rodrigues Barbosa Nasceu no dia 20 de Fevereiro de 1903 em Jequitibá/MG Faleceu no dia 9 de Janeiro em Sete Lagoas • Sr.Antonio Batista Nunes de Souza – Ferroviário Nasceu no dia 13 de Junho de 1891 em S. José de Além Paraíba/MG. Faleceu no dia 30 de Dezembro em Sete Lagoas • Dr. Bernardo Alves Costa – Médico e Banqueiro Nasceu no dia 8 de Dezembro de 1888 na Fazenda dos Macacos em Sete Lagoas. Faleceu no dia 13 de Agosto em Sete Lagoas • Sr. João Boaventura Matias Gomes – Ferroviário Nasceu no dia 14 de Março de 1901 em Sete Lagoas Faleceu no dia 10 de Março em Sete Lagoas 1972 HISTORIA Outra vez uma Gaúcha Rejane Vieira Costa fica em 2º lugar no Miss Universo. LEMBRANÇAS Faleceu em Sete Lagoas o Engenheiro Alencar Bento Cunha. Foi ele quem projetou e executou as obras do novo cais da lagoa do Paulino que perduram até os dias atuais. Além desta obras outras edificações da cidade foram por ele executadas como, por exemplo, o Edifico Para Todos. Em dezembro eu já estava trabalhando para o Grupo Lume na Financilar Lume Credito e Financiamento S/A como Chefe de Serviços Gerais. A foto abaixo e no meu gabinete da Financilar. O ano da "tv a cores" no Brasil. Em 31 de Março acontece a primeira transmissão a cores da TV brasileira: a Festa da Uva de Caxias do Sul / RS. O sistema adotado no país é o PAL-M e a TV Globo é a mais adiantada na implantação das imagens coloridas. Regulamentada pelo PRONTEL (Programa Nacional de Telecomunicações) a formação de redes de TV. CARNAVAL O gigantismo das escolas preocupava os sambistas. Eles já contavam com cerca de 2.500 figurantes. Ficava cada vez mais difícil que todos cantassem o samba sincronizadamente. “Atravessar” o samba tornou-se um problema freqüente. A Portela deu aos componentes radinhos de pilha para que ouvissem a transmissão das rádios e não atravessarem. No mesmo ano, o Salgueiro causou polêmica ao homenagear a sua madrinha, a Mangueira. O Império Serrano venceu o desfile, no que foi o seu ultimo momento antes de entrar em crise. A Associação das Escolas de Samba entrou com ação na justiça para que as TVs pagassem pelo direito de transmissão. A decisão não saiu até o carnaval. Carnaval. O Império Serrano venceu o carnaval carioca com o enredo "Alô, alô, taí Carmen Miranda", de Fernando Pinto. É o 8º título da escola. CURIOSIDADES EVENTOS • Janeiro - Foi lançado nos Estados Unidos o primeiro videogame do mundo, o Odyssey 100. • Fevereiro: Ocorre na cidade do Rio de Janeiro o primeiro sequestro de grande cobertura jornalística do Brasil. O filho do mega-empresário do ramo imobiliário carioca Sérgio Castro, "Serginho", é apanhado dentro de sua casa, na Lagoa Rodrigo de Freitas, por 4 seqüestradores. O aparente sucesso dos seqüestradores é que deu ensejo ao seqüestro do menino Carlinhos, alguns meses depois. Carlinhos jamais voltou a ser visto ("Caso Carlinhos"). • 14 de Fevereiro - EUA abrandam as restrições comerciais impostas à China. • 17 de Fevereiro - fundada a Universidade Norte do Paraná • 24 de Março - o governo britânico começa a governar diretamente a Irlanda do Norte • 29 de Julho - A australiana Kerry Anne Wells é eleita Miss Universo • 5 de Setembro - a delegação israelita aos Jogos Olímpicos na Alemanha sofre um atentado da autoria do grupo terrorista Setembro Negro. Onze atletas são mortos. O episódio ficou conhecido como Massacre de Munique. • 24 de Setembro - O jornal brasileiro O Estado de São Paulo publica notícia sobre a Guerrilha do Araguaia, burlando a censura do Regime Militar. • Começa na Finlândia a primeira Conferência para a Segurança e Cooperação Européia • A Noruega decide não aderir à União Européia • Bobby Fischer sagra-se campeão mundial de xadrez, após derrotar o anterior campeão, o russo Boris Spassky • Eddy Merckx (Bélgica) vence a 59° edição da Volta à França em Bicicleta • O Palmeiras vence o Campeonato Brasileiro de Futebol • Emerson Fittipaldi torna-se o primeiro brasileiro a vencer o Campeonato Mundial de Fórmula 1. Artes • Janeiro - João Ricardo inicia os ensaios com a segunda formação dos Secos & Molhados, com Ney Matogrosso, Marcelo Frias e Gerson Conrad. • Rita Lee grava Hoje é o primeiro dia do resto de sua vida • Lançamento do mais famoso filme pornográfico de todos os tempos, Garganta Profunda, com Linda Lovelace. NASCIMENTOS • 23 de Maio - Rubens Barrichello, piloto brasileiro de Fórmula 1 • 14 de Julho - Flávia Monteiro, atriz brasileira • 6 de Agosto - Geri Halliwell, cantora inglesa e ex-Spice Girl • 30 de Agosto - Cameron Diaz, atriz americana. • 28 de Setembro - Guta Stresser, atriz brasileira. FALECIMENTOS • 12 de Maio - Alfredo Rizzotti, pintor brasileiro. • 20 de Maio - Silas de Oliveira, compositor brasileiro. • 28 de Maio - Rei Eduardo VIII do Reino Unido. • 27 de Julho - Gregori Warchavchik, arquiteto modernista russo radicado no Brasil. • 27 de outubro - Esther Nunes Bibas, professora e escritora Paraense. • 2 de Dezembro - Edson Carneiro, escritor brasileiro. • 26 de Dezembro - Harry Truman, Presidente dos Estados Unidos da América. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDAS NO ANO • Dr. Alencar Bento Cunha – Engenheiro Nasceu em 16 de Agosto de 1923 Faleceu em Sete Lagoas no dia 9 de Março • Sr. Félix Tófani – Comerciante Nasceu no dia 28 de Novembro de 1911 em Paulo de Frontin – RJ Faleceu em Sete Lagoas no dia 4 de Abril RELATOS DE SÃO PAULO PERIODO DE AGOSTO DE 1973 ATÉ JUNHO DE 1976 1973 POLITICA Prefeito de Sete Lagoas: Sr. Sergio Emilio Brant de Vasconcelos Costa Vice Prefeito Dr. Ernane Benedito Costa LEMBRANÇAS Neste ano faleceu meu cunhado José Diniz (Io-Io), irmão de Elaine. Apesar do alcoolismo era uma pessoa extremamente preocupada com a família. Certa vez, preocupados em que ele não fizesse dividas, saímos pelas lojas de amigos pedindo que não lhe vendesse fiado. Ficamos surpresos com a reação dos comerciantes, todos por unanimidade, falaram que não podiam agir desta forma com ele, pois tratava-se de pessoa que sempre honrava seus compromissos pagando até mesmo adiantado. Outra faceta de Io-Io e que ele quando sóbrio, saia com sua bicicleta para dar assistência a pessoas que não podiam vir a cidade. Quando de sua morte um sitiante do Tamanduá ficou triste por ter perdido um grande amigo que sempre lhe atendeu quando de sua tuberculose. Ele tinha também uma deficiência física com uma perna mais curta que a outra que lhe dificultava andar a pé. No dia 25 de Agosto fui transferido para S. Paulo na qualidade de Diretor Regional da Filial Sul. Durante algum tempo morei no Othom Palace em |S. Paulo, até que minha esposa foi para lá e junto com minha secretaria arranjou um apartamento que tinha sido o Consulado da França para morarmos. Meus filhos inicialmente estudaram em Escolas Publicas, pois era mais fácil conseguirmos matricula para os mesmo. Foto de Ciomara quando terminou o 2º ano. Neste período também não tinha uma semana que eu não viajava para o Rio de Janeiro. Paralelamente a vida social com a Elaine era bastante intensa com viagens freqüentes para Sete Lagoas, Rio de Janeiro, Salvador, Argentina e USA. Nas fotos que se seguem foi durante a inauguração da filial de S.Paulo da Financilar-Lume. Em primeiro plano Linaldo Uchoa de Medeiros (Presidente da Financilar Lume) e eu (Diretor Regional). No fundo Nelson do Santos Ortega (Diretor Administrativo) . De crachá Dr. Silvio Bulhões (Vice Presidente do Sistema Financeiro) e Eu e a nosso lado diversos empresários de S. Paulo. Foto tirada em minha sala antes do coquetel. Minha esposa Elaine ladeada por minhas secretarias Salete e Bruna na sala de recepção do meu gabinete. Chegamos a ter dois carros, comprei apartamento na melhor região de S.Paulo e ainda freqüentamos os melhores lugares da cidade. Como exercia um cargo de projeção e também lidando com muitos empresários que buscavam a financeira a procura de dinheiro, fiz conhecimento com um tal de Comendador Gastão, que acabou me levando a novos relacionamentos comerciais. Numa destas aproximações, ele me apresentou a um italiano dono de uma Pizzaria no Ibirapuera cujo nome comercial era o seu próprio “Pizzaria do Enio”. Esta pizzaria ficava localizada ao lado do Hospital do Coração. Depois de algum tempo eles conseguiram que eu me tornasse sócio do Enio e do filho do Gastão o Fernando. Como eu não tinha tempo de ficar gerenciando a mesma coloquei para lá trabalhar o meu pai, pois não podia abandonar a Financilar que era a geradora de recursos, inclusive o que injetei na pizzaria. Meu pai por falta de experiência e também por que não gostava do que fazia, teve de ser afastado. Diversas vezes fui alertado por um garçom que tanto o Enio como o Fernando levavam diariamente para suas casas bebidas e alimentos sem anotarem nada. Além disso, o desperdício era grande. Bastava a mulher do Fernando telefonar pedindo até mesmo refrigerante, para que ele mandasse um táxi levar para ela. O custo do táxi era 10 vezes maior do que o preço do refrigerante. Para sair da sociedade tive de dar dinheiro aos sócios alem de um Ford Galaxi que foi exigido pelo Enio. Foi nesta época que tive o meu primeiro infarto e fiquei internado no Hospital do Coração por mais de 10 dias. Foto de uma viagem que fizemos a Sete Lagoas nas férias de junho onde aparece Frank e Ciomara e o enteado de Petrônio. No dia 6 de junho, nasceu meu sobrinho Jean Paulo filho de Sãozinha e Paulo. Vai ao ar pela primeira vez o programa "Fantástico", da Rede Globo. Mesclando informação e variedades fez grande sucesso. O programa "Caso Especial - Carnê de Baile", da Globo, marca o início das transmissões de programas com imagens coloridas. As emissoras tiveram que melhorar a qualidade de cenários, figurinos, maquiagens, vinhetas, etc, pois a transmissão colorida revelava mais imperfeições que a transmissão em P&B. "O Bem Amado" da TV Globo foi a primeira novela colorida. A Tupi começa a trabalhar em rede, contando com um maior número de emissoras que a Globo. Flávio Cavalcanti, pela TV Tupi, lidera a audiência aos domingos à noite. Polêmico, o programa chega a ser suspenso por 60 dias, devido a dois assuntos abordados: o português que mora na ilha de Marajó e tem um harém, incluindo a própria filha e o marido que empresta a mulher para o amigo porque está impotente). CARNAVAL As escolas assinam contrato com a gravadora Top Tape para gravar o disco dos sambas-enredo, que logo se transforma em fenômeno de vendas. A Associação assina contrato com a TV Rio para comercialização de fitas com o desfile no exterior. O samba-enredo se torna um negocio rentável. A bateria da Portela tem um colapso no desfile e perde completamente a cadencia. Os portelenses consideram este como um dos maiores desastres da historia da escola. Carnaval. A Estação Primeira de Mangueira vence o carnaval carioca com o enredo "Lendas do Abaeté". É o 12º título da escola. CURIOSIDADES EVENTOS • Crise do Petróleo. • Final da Guerra do Vietnã. • 14 de Janeiro - Primeiro show de música via satélite - Elvis Presley no Havaí. • 24 de Janeiro - Estréia no Brasil a telenovela O Bem-Amado, primeira produção do gênero gravada em cores no país • 26 de Abril - Brasil e Paraguai assinam o Tratado de Itaipu, sobre o aproveitamento hidroelétrico do rio Paraná. • 20 de junho - fundada a empresa Centrais Elétricas do Norte do Brasil S/A - ELETRONORTE. • 10 de Julho - As Bahamas tornam-se independentes. • 21 de Julho - A filipina Maria Margarita Moran é eleita Miss Universo. • 11 de Setembro - Golpe militar liderado pelo General Augusto Pinochet depõe e assassina o presidente Salvador Allende no Chile. • 24 de Setembro - A Guiné-Bissau declara a independência. • 3 de Novembro - Lançada a sonda Mariner 10. • Dezembro - A sonda espacial Pioneer 10 passa por Júpiter. • Dinamarca, Irlanda e Reino Unido aderem à União Européia. • No Uruguai inicia-se um período de ditadura militar • Na Rede Globo de Televisão, estréia três programas de maior audiência que estão no ar até hoje: Globo Repórter, Esporte Espetacular e Fantástico. • Lançado pela primeira vez o projeto do Eurotúnel. • Héctor José Cámpora substitui Alejandro A. Lanusse como presidente da Argentina. • Raúl Alberto Lastiri substitui Héctor José Cámpora como presidente da Argentina. • Juan Domingo Perón substitui Raúl Alberto Lastiri como presidente da Argentina. • Robert Metcalfe começa a criar a Ethernet. • Luis Ocaña, ciclista espanhol vence a 60ª edição da Volta à França em Bicicleta. • O Palmeiras vence o Campeonato Brasileiro de Futebol. • 24 estudantes são mortos na Escola Politécnica de Atenas em manifestações contra o regime militar grego. • É criado o avião Airbus. • Jackie Stewart torna-se tricampeão mundial de Fórmula 1. • Luís Fernando Veríssimo publica O Popular. • François Truffaut filma A Noite Americana. • Os Pink Floyd editam o album The dark side of the moon. • Secos e Molhados lançam seu primeiro disco. NASCIMENTOS • 15 de Abril - Robert Scheidt, velejador brasileiro da classe Laser • 18 de Abril • Adriane Galisteu, modelo e apresentadora de TV brasileira. • Danrlei, jogador de futebol brasileiro. • 19 de Agosto - Penélope Nova, apresentadora de televisão brasileira. • 27 de Agosto - Thalia cantora e atriz mexicana. • 18 de Setembro - Japinha, baterista brasileiro da banda CPM 22. • 19 de Setembro • Cristiano da Matta, automobilista brasileiro que já competiu na Fórmula 1 • 30 de Novembro - Angélica, apresentadora de televisão e atriz brasileira. FALECIMENTOS • 17 de Janeiro - Tarsila do Amaral, pintora brasileira. • 17 de Fevereiro - Pixinguinha, músico e compositor brasileiro. • 8 de Abril - Pablo Picasso, pintor espanhol. • 12 de Julho - Agostinho dos Santos, cantor e compositor brasileiro. Faleceu em um desastre de avião quando ia para a França para se apresentar em show. • 20 de Julho - Bruce Lee, ator e mestre em artes marciais norte-americano. • 31 de Agosto - John Ford, cineasta norte-americano. • 11 de Setembro - Salvador Allende, presidente do Chile. • 23 de Setembro - Pablo Neruda, escritor chileno. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDA NO ANO • Sr. Agenor Campolina de Sá – Comerciante Nasceu em 17 de Setembro de 1897 – Inhaúma/MG Faleceu em 26 de Maio em Belo Horizonte • Sr. Fernando Lanza – Industrial Nasceu no dia 29 de Fevereiro de 1880 em Orti di Benavigo/Verona/Itália Faleceu no dia 5 de Junho em Sete Lagoas • Dr. João Batista de Avellar Campos (Médico) Nasceu no dia 22 de Dezembro de 1889 em Sete Lagoas Faleceu no dia 20 de Dezembro em Sete Lagoas • Sr. José Hilário dos Reis – (Zé Hilário) Comerciante Nasceu no dia 14 de Janeiro de 1910 na cidade de Jequitibá/MG Faleceu no dia 15 de Março em Sete Lagoas • Sr. João Timóteo dos Santos (Mestre Timóteo) Nasceu no dia 24 de Janeiro de 1903 em Conselheiro Lafaiete/MG Faleceu no dia 29 de Outubro em Sete Lagoas • Sr. Raimundo Coelho – Ferroviário Nasceu no dia 6 de Janeiro de 1896 em Paraopeba/MG Faleceu no dia 13 de Agosto em Sete Lagoas 1974 LEMBRANÇAS Acho que quando ajudamos alguma pessoa, não devemos nos preocupar com agradecimentos ou retribuições, entretanto, eu particularmente, fico muito magoado com a ingratidão. Neste período de vacas gordas ajudei muita gente. Algumas até ensinei a trabalharem na área de Dept. Pessoal e outras na área de Turismo e, no entanto estas pessoas jamais agradeceram ou pelo menos reconheceram esta ajuda. Mas e assim mesmo e temos de aceitar o ditado “Faça o bem e não olhe para quem”. Este também foi um ano em que tivemos a oportunidade de viajarmos bastante. Primeiro em Brasília no mês de Agosto Depois em Salvador no Inicio de Dezembro O Natal este ano foi comemorado em meu apartamento em S. Paulo. Acomodamos a família de Elaine e a minha. Um grande incêndio ocorreu no dia 1 de fevereiro, o do Edifício Joelma. Na hora do incêndio eu passava pela Avenida 9 de Julho e assisti dezenas de pessoas se arremessarem pelas janelas. Foi uma cena horrível e até hoje tenho na memória os gritos da multidão cada vez que alguém pulava e o barulho dos corpos batendo no chão. Dizem que até hoje, as pessoas que lá trabalham não gostam de ficar dentro do prédio a noite, porque costumam escutar gritos e gemidos. "João da Silva", a primeira telenovela educativa, vai ao ar. Ela foi realizada pela TV Cultura de São Paulo. A Globo segue na frente quanto à implantação da programação colorida. Neste ano já soma 8 horas diárias de programação a cores. A Tupi lança sua programação nacional e centraliza em São Paulo a geração da programação. FUTEBOL Nesta copa realizada na Alemanha a seleção campeã voltou a ser a anfitriã. O Brasil com uma seleção medíocre ficou em quarto lugar e a seleção vice campeã do mundo foi a Holanda que apresentou seu time que foi apelidado de laranja mágica. Participaram desta copa 16 paises. CARNAVAL As obras do Metro obrigam o desfile a ser transferido para a Avenida Antonio Carlos. Neste ano o Salgueiro venceu com o enredo concebido por Joãozinho Trinta. Um dos destaques foi a Mocidade Independente, escola até então pequena, que desfilou com muito luxo graças ao apoio financeiro cada vez maior de Castor de Andrade. A Portela permitia, quebrando uma tradição, que compositores de fora da escola, fizessem o samba-enredo, causando revolta interna. Portelenses ilustre, o sambista Candeia deixa a escola e funda a Quilombo, escola que reuniria uma serie de descontentes com os novos rumos das escolas de samba. Ela era uma tentativa de resistência, de volta as tradições. Convidou sambistas famosos e não exigiu exclusividade. A escola não competiria com as demais. POLITICA Em março de 1975 assume o poder em substituição a Emilio G. de Medice o General Ernesto Geisel. No Estados Unidos Richard Nixon renuncia a Presidência por causa do escândalo de Watergate. CURIOSIDADES EVENTOS Fevereiro • 1 de Fevereiro - Incêndio do Edifício Joelma, na cidade de São Paulo • 20 de fevereiro - O Palmeiras torna-se campeão brasileiro de futebol, do ano de 1973, ao empatar, por 0 x 0, com o São Paulo no Morumbi. Março • 28 de março - A sonda Mariner 10 passa pelo planeta Mercúrio. Maio • 1 de maio - Mário Soares regressa a Lisboa, vindo do exílio em França. • 15 de maio - António de Spínola torna-se presidente da república em Portugal. O seu antecessor, Américo Tomás, tinha sido deposto a 25 de abril. • 16 de maio - Adelino da Palma Carlos torna-se primeiro-ministro de Portugal. O seu antecessor, Marcello Caetano, tinha sido deposto a 25 de abril. • 17 de maio - criada a entidade binacional Itaipu para gerir a barragem homônima. • 18 de Maio - A Índia lança a sua primeira arma nuclear. Julho • 18 de julho - Vasco dos Santos Gonçalves substitui Adelino da Palma Carlos como primeiro-ministro de Portugal. • 19 de julho - A espanhola Amparo Muñoz é eleita Miss Universo. Agosto • 9 de agosto - Nixon renuncia à presidência dos EUA após o escândalo de Watergate. Setembro • 7 de setembro - assinados os Acordos de Lusaka, entre o governo português e a FRELIMO, que terminaram ao termo da Luta Armada de Libertação Nacional e levaram à independência de Moçambique. • 10 de setembro - Portugal reconhece a independência da Guiné-Bissau. • 27 de setembro - Na Etiópia, os militares depõem o imperador Haile Selassie. • 28 de Setembro - Tentativa de golpe de estado em Portugal que visa restaurar a Ditadura ou, no mínimo, dar força à direita. A esquerda aproveita para ocupar de forma decisiva os lugares chave do Estado. • 30 de setembro - O general Costa Gomes assume a presidência da república, em Portugal, substituindo António de Spínola. Datas desconhecidas • Charles Kowal descobre um novo satélite de Júpiter a que foi dado o nome de Leda. • O General Ernesto Geisel substitui o General Emílio Garrastazu Médici no cargo de presidente do Brasil. • Uma sonda soviética pousa em Marte. • Realização da X Copa do Mundo de Futebol, na Alemanha Ocidental. Campeão: Alemanha. • É sintetizado o elemento químico seabórguio. • Alfonso López Michelsen sucede a Misael Pastrana Borrero no cargo de presidente da Colômbia. • Bülent Ecevit sucede a Naim Talu no cargo de primeiro-ministro da Turquia. • Carlos Andrés Pérez sucede a Rafael Caldera no cargo de presidente da Venezuela. • Carlos Arias Navarro sucede a Luis Carrero Blanco no cargo de presidente do governo de Espanha. • Eddy Merckx (Bélgica) vence a 61ª edição da Volta à França em bicicleta. • Gerald R. Ford assume a presidência dos Estados Unidos da América após a resignação de Richard Nixon, causada pelo escândalo de Watergate. • Helmut Schmidt torna-se chanceler alemão. • Isabelita Perón sucede a Juan Domingo Perón no cargo de presidente da Argentina. • O Vasco da Gama sagra-se vencedor do Campeonato Brasileiro de futebol. • Rudolf Kirchschläger sucede a Franz Jonas no cargo de presidente federal da Áustria. • Sadi Irmak sucede a Bülent Ecevit no cargo de primeiro-ministro da Turquia. • Walter Scheel sucede a Gustav Heinemann no cargo de presidente da Alemanha. • Emerson Fittipaldi torna-se bicampeão do mundo de Fórmula 1. • Rita Lee e o seu grupo Tutti Frutti gravam Atrás do porto tem uma cidade. • Secos e Molhados, após lançamento do segundo disco, é anunciado o término da segunda formação do grupo. NASCIMENTOS • 17 de Outubro - Bárbara Paz, atriz brasileira • 15 de Novembro - Valdemir Pereira, pugilista brasileiro • 31 de Dezembro • Tony Kanaan, piloto brasileiro de automobilismo FALECIMENTOS • 12 de Janeiro - João da Baiana, sambista brasileiro. • 14 de Janeiro - Galileo Emendabili, escultor ítalo-brasileiro. • 16 de Janeiro • Aldo Bonadei, pintor brasileiro. • Luís Inácio de Anhaia Melo, arquiteto e político brasileiro. • 5 de Fevereiro - Mestre Bimba, criador da Capoeira Regional. • 2 de Abril - Georges Pompidou, Presidente da França. • 11 de Junho - Eurico Gaspar Dutra, ex-presidente do Brasil. • 14 de Agosto - Antônio de Almeida Lustosa, bispo brasileiro. • 27 de Agosto - Lupicínio Rodrigues, compositor brasileiro. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDAS NO ANO Dr. José Afonso Viana - Médico • Nascido em 24/08/1889 – Matozinhos/MG Faleceu em Sete Lagoas em Fevereiro de 1974 • D. Geni Barbosa Raposo – Professora Nasceu no dia 22 de Janeiro de 1927 em Prudente de Morais/MG Faleceu no dia 6 de Novembro em Sete Lagoas • Sr. Isauro Machado – Protético Nasceu no dia 30 de julho de 1892 em Araçai/MG Faleceu em 6 de Julho em Sete Lagoas • Dr. Juvenal Machado – Advogado Nasceu no dia 3 de Julho de 1928 em Santana do Pirapama/MG Faleceu no dia 11 de Dezembro em Sete Lagoas • Sr. José Monteiro ( Zé Longines) Nasceu no dia 17 de Setembro de 1925 no Município de Palmas/MG Faleceu no dia 24 de Dezembro em Sete Lagoas • Sr. Santos José Pereira (Sr. Santinho) Nasceu no dia 1 de Novembro de 1915 em Sete Lagoas Faleceu no dia 8 de Agosto em Sete Lagoas 1975 LEMBRANÇAS A Financilar empresa em que eu trabalhava depois de um crescimento gigantesco começou a cair e seu proprietário começou a aplicar golpes no mercado financeiro fazendo emissão em duplicata de LC e LI. Como existiam muitos investidores que poderiam ser prejudicados o Banco Central sugeriu a associação da mesma com o Banco de Tóquio. Como as falcatruas foram muitas o Banco Central acabou por decretar a liquidação Extra Judicial do Grupo. No dia 19 de Junho nascia minha sobrinha e afilhada Luciana, as fotos são de seu batizado. O jornalista Wladimir Herzog, do Departamento de Telejornalismo da TV Cultura de São Paulo, é assassinado. CARNAVAL Logo depois do carnaval em que o Salgueiro conquistou o bicampeonato, o banqueiro de bicho Anísio Abraão David resolve assumir a então modesta Beija-Flor de Nilópolis. Contratou Joãozinho Trinta por cifras nunca reveladas. Carnaval. O GRES Acadêmicos do Salgueiro conquista o bi-campeonato no carnaval carioca com o enredo "O segredo das minas do rei Salomão", do carnavalesco Joãozinho Trinta. CURIOSIDADES EVENTOS • 1 de Janeiro - Nasce o guitarrista da banda holandesa Within Temptation, Robert Westerholt • 20 de Fevereiro - A Bolívia restabelece relações com o Chile, após 13 anos de rompimento. • 4 de Março - Charles Chaplin é distinguido com a Ordem do Império Britânico • 11 de Março-tentativa de golpe de estado de direita em Portugal. Liderada pelo general António Spínola, que acaba fugindo para Espanha depois de roubar diverso material de guerra ao exército português. • 15 de Março - No Brasil, o estado da Guanabara funde-se com o do Rio de Janeiro. A meu ver foi uma forma que o governo encontrou para diminuir o numero de governadores e também a possibilidade de novos opositores ao regime. • 3 de Abril - Bobby Fischer recusa-se a jogar contra Anatoly Karpov, o que dá a Karpov o título de campeão do mundo de xadrez • 25 de Abril-Eleição da Assembléia Constituinte Portuguesa • 25 de Junho - Independência de Moçambique • 5 de Julho - Independência de Cabo Verde • 12 de Julho - Independência de São Tomé e Príncipe • 19 de Julho - A finlandesa Anne Marie Pohtamo é eleita Miss Universo • 16 de Setembro - Independência da Papua-Nova Guiné • 19 de Setembro - José Batista Pinheiro de Azevedo substitui Vasco dos Santos Gonçalves no cargo de primeiro-ministro de Portugal • 11 de Novembro - Independência de Angola • 25 de Novembro - Independência do Suriname • 25 de Novembro - tentativa de golpe de estado em Portugal por parte das forças de direita, que pretendia dar a entender terem sido as forças de esquerda a organiza-la. O país fica à beira da guerra civil. Emerge a figura do general Ramalho Eanes que, sabe-se hoje, através de documentos tornados públicos, disse numa reunião "isto tem que parecer obra dos comunistas". • 28 de Novembro - Timor-Leste declara a independência • é lançado o Altair 8800, o primeiro computador doméstico • reimplantada a monarquia em Espanha, com a coroação do Rei Juan Carlos • Mário Soares torna-se ministro dos negócios estrangeiros de Portugal • a Indonésia invade Timor-Leste • Niterói deixa de ser capital do estado do Rio de Janeiro • Francisco Morales Bermudez Cerruti substitui Juan Velasco Alvarado no cargo de presidente do Peru • O projeto do Eurotúnel é arquivado por falta de financiamento • Bernard Thévenet (França) vence a 62ª edição da Volta à França em bicicleta • Terminam as Guerras Coloniais portuguesas • Começa a Guerra da Independência de Timor • O Internacional vence o Campeonato Brasileiro de futebol • Niki Lauda conquista seu primeiro título mundial de Fórmula 1. Artes • Manoel Camilo dos Santos recebe o prêmio de melhor poeta popular do Brasil • Luís Fernando Veríssimo publica A Grande Mulher Nua • Paulo Archias Mendes da Rocha e Jorge Wilheim criam o edifício do Museu de Arte Contemporânea da USP • João Ricardo grava seu primeiro disco solo, após o término da segunda formação dos Secos e Molhados. • A telenovela Roque Santeiro, de Dias Gomes, produzida pela Rede Globo, é proibida de ir ao ar, embora tivesse sido autorizada antes e com trinta capítulos já gravados; a solução foi reprisar a novela Selva de Pedra, de Janete Clair, em versão compacta, e preparar às pressas uma nova atração, que viria a ser Pecado Capital. • Um grupo de descontentes da Portela liderado pelo compositor Candeia, funda a escola de samba Quilombo. NASCIMENTOS • 12 de Janeiro - Melanie Chisholm mais conhecida como Mel C, cantora inglesa e ex-Spice Girl. • 12 de Abril - Camila Morgado, atriz brasileira. • 22 de Abril - Greg Moore, piloto de automóvel canadense. • 13 de Maio - Patrícia Maldonado, jornalista e apresentadora de televisão brasileira • 29 de Maio - Melanie Brown mais conhecida como Mel B, cantora inglesa e ex-Spice Girl. • 4 de Junho - Angelina Jolie, atriz estado-unidense. • 30 de Junho - Ralf Schumacher, piloto de F1. • 16 de Julho - Ana Paula Arósio, atriz brasileira. • 17 de Setembro - Jimmie Johnson, piloto de automóvel americano. • 21 de Setembro - Acelino "Popó" Freitas, pugilista brasileiro • 9 de Outubro - Sean Lennon, filho de John Lennon • 16 de Outubro - Didi Wagner, apresentadora de televisão brasileira • 16 de Novembro - André Gonçalves, ator brasileiro. • 26 de Novembro - Rita Lisauskas, jornalista brasileira. FALECIMENTOS • 4 de Maio - Moe Howard, comediante estadunidense (Os Três Patetas). • 21 de Abril - Ranieri Mazzilli, político brasileiro. • 20 de Novembro - General Francisco Franco, ditador espanhol. • 28 de Novembro - Érico Veríssimo, escritor brasileiro. • 8 de Dezembro - Plínio Salgado, político e jornalista brasileiro, fundador da Ação Integralista Brasileira. PERSONALIDADE DE SETE LAGOAS FALECIDAS NO ANO • Sr. Geraldo Severino Gonçalves (Geraldo Cariri) – Ferroviário Nasceu no dia 6 de Novembro em Diamantina/MG Faleceu em 12 de Junho em Sete Lagoas • Sr. Nelson Dias dos Santos – Comerciante Nasceu no dia 1 de Fevereiro de 1908 na cidade de Corinto/MG Faleceu no dia 8 de Fevereiro em Sete Lagoas • Sr. Joaquim Dias Drummond – (Nhô Quim) Nasceu no dia 22 de Janeiro de 1891 em Sete Lagoas Faleceu no dia 4 de Janeiro em Sete Lagoas • Sr. Wilson Tófani (Zizi da Farmácia) Farmacêutico Pratico Nasceu no dia 15 de Abril de 1913 em Sete Lagoas Faleceu no dia 23 de Março de 1975 RELATOS DE SETE LAGOAS DE JULHO DE 1976 ATÉ OS DIAS DE HOJE 1976 LEMBRANÇAS Com esta liquidação da empresa, fui transferido para a Pan América Turismo e também para Financilar Leasing. Sem receber salários e a firma parando de pagar os meus alugueis, fui obrigado a receber como pagamento máquinas e moveis da Pam América e criei um Agencia de Turismo chamada Exodus. A firma se especializou em viagens para Argentina e semanalmente mandávamos para Buenos Aires grupos de mais de 80 pessoas. Parecia que as coisas começariam a mudar outra vez, mais foi tudo por água abaixo. Como eu não tinha conhecimento do ramo e como fui levado a freqüentar a casa de uma mãe de santo chamada Olga do Alaqueto. Fiquei conhecendo por intermédio dela, um tal de Denizart, que trabalhava em agencia de turismo e sabia como fechar pacotes. Outra porrada. O cara sempre insistia que eu viajasse com o grupo, pois alegava que era importante eu estar presente nas primeiras viagens a Argentina. Comecei a notar que durante as minhas ausências as despesas sempre aumentavam e a receita diminuía. Uma certa vez quando cheguei a Foz do Iguaçu encontrei a guia que estava retornando com o outro grupo, chorando e super nervosa. Depois de acalmá-la ela me relatou que quando chegou com o grupo em Buenos Aires o hotel se recusou a recebê-los, porque não haviam efetuado o pagamento das diárias anteriores. Telefonei para o Denizart que me informou que estava fazendo o deposito naquele momento. Quando cheguei a Buenos Aires outra vez o dono do hotel me procurou e falou que não poderia hospedar meus clientes salvo de o pagamento fosse realizado em dinheiro naquele momento. Foi uma correria para conseguir trocar os dólares que eu tinha em mãos. Quando cheguei a S. Paulo comecei a fazer uma auditoria na contabilidade e constatei que todo o movimento financeiro da agencia era depositado na conta particular do Denizart. Mas já era tarde. Começaram a aparecer cobrança de restaurante, hotéis, transportadoras e outros fornecedores e não tive como honrá-los só vindo a faze-lo mais tarde com pagamento em equipamentos diversos, inclusive meus carros. Sem emprego e diante de tantas cobranças fui forçado a procurar o proprietário do apartamento e dizer que ia entregá-lo, pois estava voltando para Sete Lagoas. Esta minha decisão foi concretizada em junho deste ano e chegamos a Sete Lagoas arrasados. Sem emprego, sem dinheiro e doente, pois ainda estava com as seqüelas do infarte. Como a casa de minha sogra não tinha espaço para acolher a todos, tivemos que morar no galpão, antigo galinheiro, todo cercado de tela e sem paredes. O que nos protegia do frio era nossos guarda-roupas que fazíamos de divisórias. Na rua de minha sogra morava e mora até hoje um amigo chamado Helvécio Spindola do Amaral, que me vendo sem fazer nada, convidou-me para trabalhar em sua fabrica e distribuidora de bebidas. A firma chamava-se Bebidas Cairo. Comecei a trabalhar com o Helvécio e a Elaine em uma imobiliária de propriedade de um afilhado de minha sogra Hilton Araújo, chamada Varanda Imóvel. Um certo dia um senhor chamado José Cirilo Leão (Seu Dondi) visinho de minha sogra, falou-me que estava pensando em entregar a minha esposa a Venda do Loteamento Bairro Maracanã em Prudente de Morais, mais precisava que eu estivesse junto, pois ele não confiava no Hilton. Como as coisas me mostraram serem promissoras eu resolvi propor sociedade da Elaine, eu e o Hilton. Eu não poderia ser gerente pois já estava aposentado por invalides e se isto acontecesse eu perderia a mesma. Fizemos a sociedade e a firma começou a ser um sucesso. As vendas dos lotes em Prudente de Morais foram rápidas e nos deixou valiosas comissões. Nesta foto tirada defronte aos nossos escritórios na Rua Plácida de Castro a frota de carros que compramos para nossos vendedores. Em Dezembro quando passamos o Natal na casa de minha mãe nossas sobrinhas Danielle e Katherine nos presentearam com estas fotos. As duas eram lindas quando criança. E continuam bonitas, educadas e simples. Neste ano faleceu Zuzu Angel, vitima de um estranho acidente de carro. Apesar de sua historia como modista ela sempre representou um grito de mulher contra a opressão. Parte de sua história e relacionada a morte de seu filho, Stuart Angel, que foi um ativista político e que dizem ter sido torturado e morto pela ditadura militar na década de 1970. Foi uma mulher muito alegre, sua moda mostrou faixas de luto, porém sempre atravessada pelo seu olhar singelo nestes seis anos da morte de seu filho. Zuzu nasceu em Curvelo/MG e em sua adolescência foi morar em B. Horizonte em casa de parentes até que depois de conhecida radicou-se no Rio Inaugurada em janeiro a TV Studios (TVS), no Rio de Janeiro, embrião do SBT, de propriedade de Sílvio Santos.. Incêndio na TV Globo do Rio de Janeiro. O "Programa Silvio Santos" deixa a Rede Globo, em Agosto, e passa a ser transmitido pela Rede Tupi e TVS. Roberto Marinho recebe o prêmio internacional Emmy, como Homem Destaque da Televisão. HISTORIA A história do Palácio Monroe e de sua destruição. Achei oportuno transcrever a historia do Palácio Monroe porque muito se assemelha com a covardia que foi feita em Sete Lagoas destruindo a historia dos Ferroviários. Nesta covarde atitude estão envolvidos o Ex Prefeito Marcelo Cecé Vasconcelos de Oliveira que facilitou o leilão do local e de alguns vereadores de sua gestão entre eles o Vereador Duílio de Castro. Sete Lagoas também sofre o ataque de vândalos políticos que se aproveitam de seus cargos para se locupletarem de suas vaidades. Segue abaixo a escandalosa história da destruição do Palácio Monroe, história essa da qual o modernista Lúcio Costa é um dos protagonistas. Como comentário, só queria dizer que numa das últimas entrevistas desse arquiteto e urbanista antes de falecer, ele foi perguntado se preferia o modelo das cidades norte-americanas ou européias. Com a maior desfaçatez, respondeu que preferia as cidades européias, o oposto do modelo de cidades que implantou em Brasília e no Brasil. O texto e as fotos foram copiados do fotolog - http://www.fotolog.net/tumminelli/ Era uma série diária com 7 partes. Outra página completíssima sobre o Monroe é - http://www.fotonadia.art.br/monroe.htm Abraços a todos Jorge - http://www.piratininga.org PALACIO MONROE - Parte 1 1904 Foto de Augusto Malta A partir de hoje começarei uma serie que abordará e mostrará o famoso Palácio Monroe. Sua construção, sua vida e sua criminosa demolição. O epílogo da vida do Monroe será uma surpresa para muitos que desconhecem a verdadeira causa de sua demolição. Por isso peço que você acompanhe e divulgue a serie para seus amigos e conhecidos. Você verá como uma historia fantasiosa perdura por muitos anos entre os cariocas encobrindo um dos maiores crimes contra a historia do Rio e do Brasil. É só aguardar. Vamos lá... A foto é de autoria de Augusto Malta, um alagoano, que após trocar sua bicicleta por uma máquina fotográfica, tornou-se alguns anos depois um dos principais fotógrafos da evolução urbana do Rio. Malta foi o autor de mais de 30 mil fotos. Registrou a grande mudança urbanística que o Rio de Janeiro sofreu durante o governo do Prefeito Pereira Passos entre outras fotos. Recebeu o cargo de fotografo municipal em junho de 1903. Nessa foto podemos ver as conclusões da construção do Palácio Monroe, cercado de andaimes de madeira. O Monroe foi construído originalmente nos EUA pelo Governo do Brasil. Participava das comemorações do centenário de aniversario de integração do Estado de Louisiana nos EUA. Esse estado pertenceu à França até 1803. A sua construção causou impacto perante a todos os presentes à comemoração. A imprensa americana ressaltou seu estilo, suas linhas. Por fim foi merecedor do prêmio de melhor arquitetura da época, o Grande Prêmio Medalha de Ouro. Seu projetista foi o Coronel Arquiteto Francisco Marcelino de Souza Aguiar. Sua estrutura, toda metálica, permitiu seu desmonte para ser remontado em solo brasileiro. Foi erguido então no fim da Rua do Passeio onde havia um velho casario. Em estilo eclético, marcou pelo rompimento do uso da arquitetura portuguesa no Brasil. A Avenida Central ainda em fase final de construção. Pode-se observar no canto inferior esquerdo uma nesga da nova calçada, em pedra portuguesa, com as ondas que vieram ser iguais a da Avenida Atlântica. Ao lado, os belos postes de iluminação publica. O Obelisco no fim da Avenida ainda não Havia sido feito e instalado. PALACIO MONROE - Parte 2 1906/7 Postal do inicio do século XX Continuando a historia do Palácio Monroe, iniciada ontem, temos na foto ele já com a sua construção acabada. A escadaria de sua entrada que era virada para a, então, Avenida Central (atual Rio Branco). Infelizmente não podemos observar os famosos leões que havia nela e que atualmente, se não me engano, estão numa residência em Pernambuco. Observam-se também os jardins do Monroe ao lado esquerdo da foto. Entregue aos cariocas e ao Brasil em 1906 por ocasião da Terceira Conferencia Pan Americana que foi sediada nele. Sua reconstrução, depois da sua transferência dos EUA, começou em 1904. Durante a abertura da Conferência, o mestre de cerimônias, Barão do Rio Banco, batizou o, então, Pavilhão Brasil (lembre-se que ele foi construído para representar nosso país nos EUA), de Palácio Monroe, uma homenagem ao presidente norte americano James Monroe, idealizador do Pan Americanismo. Além dessa conferencia o Monroe foi palco de vários eventos, tais como, 4º Congresso Médico latino Americano, foi sede do Ministério da Viação, sediou o Congresso Internacional de Jurisconsultos entre outras coisas. Em 1925, foi transformado em sede do Senado Federal. Com a transferência da capital federal do Rio para Brasília, o Monroe passou a sediar o Estado Maior das Forças Armadas. PALACIO MONROE – Parte 3 1958 A nossa maquina do tempo pulou 40 anos e caímos agora em 1958. O presidente é Juscelino Kubsticheck, que estava no poder há dois anos. O Rio de Janeiro ainda era Capital Federal, mas Brasília a essa altura era mais que um sonho. No ano seguinte ela começaria a ser construída. O Monroe ainda abrigava o Senado Federal. Imponente, lá estava ele cercado de modernos prédios os quais podemos ver na foto. Um misto de poder com divertimento, Cinema Odeon (logo atrás do Monroe), Cine Império (demolido), Capitolio (demolido), O Bar Amarelinho, lá no Fundo o Teatro Municipal. Indo para a esquerda o Hotel Serrador, o Passeio Público e o prédio da Mesbla (o do relógio). O vazio atrás desse prédio será ocupado pela catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro, o prédio da Petrobrás e do BNDES, muitos anos depois. A quantidade de carros nas ruas do Rio já era uma preocupação... O Aterro do Flamengo viria a ser uma solução para desafogar o transito, mas ele só seria construído pelo Governador Carlos Lacerda na década de 60. Nessa época só existia a área onde está o MAM e o Monumento aos Mortos da 2ª Guerra. Os bondes disputavam com os ônibus o transporte dos cariocas. O Metrô era um sonho, mas em menos de 20 anos ele estaria nessa região (Estação Cinelândia)... Em 1964 os militares deporiam João Goulart e iniciariam o período de uma terrível ditadura militar no Brasil. O Monroe duraria apenas mais 12 anos... Amanhã, o inicio do fim do Palácio Monroe... PALACIO MONROE – Parte 4 1975 FOTO ARQUIVO ASCOM/RIOTRILHOS Hoje começa a ser analisado o processo de demolição do Palácio Monroe e uma historia que perdura por muitos anos vai ser aqui jogada por terra... Vamos lá. O sonho de haver um sistema metroviário no Rio é antigo, porém só em 1966 é que se abriu uma frente de estudos para a inicialização da viabilidade das obras. A Companhia do Metropolitano do Rio de Janeiro então foi criada em 1968. O primeiro canteiro de obras se deu na Gloria em 1970, mas as obras ficaram paralisadas entre 1971 e 1974. Em 1975 as obras foram retomadas e seguiram em direção ao Centro da Cidade. A estação seguinte a da Gloria seria a Estação Cinelândia. No meio do traçado dos trilhos estava o Palácio Monroe. O que fazer? O intuito do Metrô sempre foi preservar prédios de importância histórica que estivessem próximos ao traçado dos trilhos, como o Teatro Municipal e a Câmara de Vereadores, mas o Monroe estava bem no meio do traçado. A solução foi fazer uma modificação no traçado original da linha. Um desvio que passaria ao lado do Monroe, para que fosse poupada a sua demolição. Decidida essa etapa e estudada a obra, pôs-se em pratica a construção do desvio. Por causa do terreno e da proximidade das fundações do Monroe foi empregada uma moderna tecnologia para que tudo corresse bem. O escoramento do terreno foi feito com cuidado para que não houvesse perigo dele ceder e por em risco o Monroe. As fundações do Palácio eram verificadas duas vezes ao dia. As obras continuavam e o tombamento do Monroe (pedido em 1970) não saía. No entanto continuava uma batalha para a sua preservação. A escadaria de mármore da entrada do Palácio foi desmontada por uma equipe de técnicos vinda especialmente da Itália. A retirada da escada era necessária, pois coincidia com as paredes da vala a ser aberta. A escadaria foi desmontada cuidadosamente e guardada no interior do Palácio. A escavação da vala, colocação das contenções necessárias, entre outras medidas, resultou no sucesso da operação e no final o Palácio não havia sido abalado em nada. A feitura de tal empreitada e seu sucesso foi alvo de matérias em revistas especializadas. Da parte do Metrô o Monroe estava salvo. No entanto, aproveitando-se da sua obra, o então Presidente da Republica Ernesto Geisel, autorizou o Patrimônio da União a providenciar sua demolição em 1976. As obras, os esforços, então haviam sido em vão, para a frustração e tristeza daqueles que preservaram o Monroe e que tiveram um exaustivo trabalho que foi completamente ignorado e também para a tristeza de muitos cariocas que viram ruir um pedaço da historia da cidade e da historia do Brasil. Trabalho esse que é ignorado por muitos cariocas e inclusive jornalistas, que no mínimo deveriam ter a obrigação de saber que o Monroe foi poupado pelo progresso, mas que continuam insistindo em publicar a historia que o Metrô foi o culpado pela demolição do Palácio. Então toda vez que você estiver chegando ou saindo da Estação Cinelândia (em direção à Zona Sul) preste atenção na ligeira curva que o trem faz e lembre-se dessa frase publicada num manifesto contra a demolição: “... restará aos usuários do Metrô perceber que, onde foi o Monroe, haverá uma misteriosa curva...”. Amanhã você saberá os reais motivos que levaram o Presidente Ernesto Geisel a autorizar a demolição do Monroe e as duas principais figuras que o ajudaram nessa empreitada. PALACIO MONROE – Parte 5 1975 FOTO ARQUIVO ASCOM/RIOTRILHOS Enquanto o Metrô desviava o trajeto da linha para poupar o Palácio Monroe de sua demolição, três figuras muito conhecida dos brasileiros pediam ferrenhamente a sua demolição. Eis seus nomes: 1. GENERAL ERNESTO GEISEL: Quarto presidente militar desde o Golpe de 64. Empossado pelo Colégio Eleitoral em 1974. Nutria um ferrenho horror pelo filho do Coronel Arquiteto Francisco Marcelino de Souza Aguiar, projetista do Palácio Monroe. A raiva que Geisel sentia dele foi originada quando o filho de Souza Aguiar foi promovido no Exercito em detrimento de Geisel. Por puro ódio e vingança, Geisel aproveitou seu poder de Presidente da Republica e simplesmente autorizou a demolição do Monroe, acabando com o premiado projeto do pai de seu inimigo. 2. ROBERTO MARINHO: Jornalista. Chefe das Organizações Globo. É de conhecimento público o apoio dado por Marinho aos militares desde a época do Golpe. Aproveitando a grande circulação do Jornal O Globo, fez uma enorme campanha a favor da demolição do Monroe aproveitando-se da obra do Metrô. Quase que diariamente O Globo publicava editoriais exigindo o desaparecimento do Palácio. Fica claro que esse apoio aos militares visava sempre ter os benefícios que o governo federal podia proporcionar. No ultimo editorial publicado pelo Globo podia-se ler as seguintes palavras: “Por decisão do Presidente da Republica, o Patrimônio da União já está autorizado a providenciar a demolição do Palácio Monroe. Foi, portanto, vitoriosa a campanha desse jornal que há muito se empenhava no desaparecimento do monstrengo arquitetônico da Cinelândia. (...) O Monroe não tinha qualquer função e sua sobrevivência era condenada por todas as regras de urbanismo e de estética. Em seu lugar o Rio ganhará mais uma praça. Que essa boa noticia, que coincide com o fim das obras de superfície do metrô da Cinelândia seja mais um estimulo à remodelação de toda essa área de presença tão marcante na historia do Rio de Janeiro”. 3. LUCIO COSTA: Arquiteto. Defendia também a demolição do Monroe. Com qual intuito? O de dar chance à arquitetura brasileira moderna? Ou ser mais um agraciado pelo Governo Federal quando fosse preciso? Costa chegou ao cúmulo de passar abaixo-assinados em associações de arquitetos para endossar a demolição do Monroe. Foi mal visto na época por seus colegas que nunca o perdoaram por esse gesto criminoso. Do lado oposto à demolição estavam arquitetos, o CREA, o Jornal do Brasil, o Juiz Federal Dr. Evandro Gueiros Leite (que sugeriu que o Monroe sediasse o Tribunal Federal de Recursos, que estava sem sede), o Serviço Nacional do Teatro, a Fundação Estadual dos Museus, a Secretaria Estadual de Educação, e várias outras entidades importantes e principalmente o povo carioca. Em vão... Portanto, essas três figuras pisotearam e riram dos apelos de todos e foram os principais responsáveis pelo desaparecimento de um importante pedaço de nossa historia. A foto mostra parte do desvio feito no traçado já junto à Praça Floriano. Amanhã: a demolição propriamente dita e os lucros da empresa contratada para demoli-lo PALACIO MONROE – Parte 6 1976 FOTO ARQUIVO ASCOM/RIOTRILHOS Depois de aprovada com o aval oficial do Presidente General Ernesto Geisel, a demolição do premiado Palácio começou entre janeiro e março de 1976. O valioso prédio começou a sucumbir. Aos poucos um importante pedaço da historia de nosso país começava a virar pó, pedra e escombros. A empresa que foi contratada para demolir o Monroe pagou apenas CR$ 191 Mil (cento e noventa e um mil cruzeiros) com direito de venda de todo o material. Com a venda do bronze e ferro do Monroe ela faturou nada menos que CR$ 9 Milhões. Tudo foi vendido... Vitrais, lustres de cristal, pinturas valiosas, estatuas de mármore de carrara e bronze, moveis em jacarandá a balaustrada de mármore (como a que foi leiloada no dia 19 desse mês e tive a oportunidade de ver e fotografar). Havia uma escada de ferro em caracol que foi vendida pela pechincha de CR$ 5, 00 (cinco cruzeiros), o metro. Sem contar muitas outras peças. Grande parte do piso, com mais de 2000 metros quadrados, foram para o Japão. Tudo por causa do tipo de madeira: peroba do campo. Seis dos dezoito anjos de bronze foram parar na fazenda de Luiz Carlos Branco em Uberaba, além de alguns balcões de mármore e vitrais. Os leões que ficavam na escadaria na entrada do Monroe hoje estão no Instituto Ricardo Brennand em Recife, Pernambuco. E esse foi o triste fim do Palácio Monroe. Destruído única e exclusivamente pelo sentimento de ódio e vingança de um homem, apoiado pela mídia mafiosa e manipuladora e pela idéia tresloucada de que o Monroe devia desaparecer por não ser um representante da arquitetura brasileira. O respeito pela historia de um país, pelo esforço de quem o projetou, do suor dos operários que o construíram e pelos apelos de inúmeras pessoas sensatas não foi sequer considerado. Três homens puderam, pelo poder (mesmo que temporário), pisotear tudo e todos. O que resta agora são fotos, memórias, lembranças e lágrimas. Amanhã o vazio... PALACIO MONROE – Última parte 1976 FOTO ARQUIVO ASCOM/RIOTRILHOS Terminada a demolição o terreno ficou vazio. As obras da Estação Cinelândia do Metrô continuavam. A partir daí o Metrô tornou-se, erroneamente, o grande vilão de toda essa historia. E até hoje grande parte dos cariocas atribuem a ele a demolição do Monroe. Cabe a nós fazer um trabalho de formiga e divulgar entre todos que conhecemos a verdadeira historia do fim do Palácio Monroe. Os algozes do Monroe ficaram felizes e com certeza dormiram tranqüilamente pouco se importando com o ocorrido e com as pessoas que tentavam salvar o Palácio. O Monroe não existia mais. Em seu lugar surgiu uma praça. Nela hoje está um belo chafariz que foi originalmente posto na Praça XV. Depois passou para a Praça Onze, Praça da Bandeira e terminou no lugar do Monroe pouco tempo depois da sua demolição. Chafariz belíssimo comprado na Áustria pelo Governo Imperial em 1878. Em homenagem ao Palácio é chamado de Chafariz do Monroe. O Prefeito do Rio, Sr. César Maia, lançou uma idéia de reconstrução do Monroe. Ficou engavetada. Em 2002, durante a construção do estacionamento subterrâneo que se localiza debaixo da praça onde ele ficava os operários encontraram uma caixa metálica contendo vários objetos relativos à construção do Monroe, entre esses objetos estavam uma pedra do Palácio e uma edição espacial do Jornal do Brasil. Esse material foi entregue à Biblioteca Nacional e parece que hoje está em poder da Secretaria Municipal das Culturas. Repetindo o que escrevi ontem... O que fica agora são fotos, memórias, lembranças e lágrimas. Aqui termina essa serie sobre o Palácio Monroe. Agradeço especialmente a Mario Carlos Silva Lopes da Assessoria de Comunicação da RIOTRILHOS. Sem ele essa serie não estaria completa. Dedico esse trabalho à memória do Coronel Engenheiro Francisco Marcelino de Souza Aguiar. O SBT Teve início na TV Studios (TVS), criada no Rio de Janeiro em 1976, quando o empresário e apresentador de TV Silvio Santos recebeu uma concessão de canal de TV, o canal 11 do Rio de Janeiro. Sua principal atração era então o Programa Sílvio Santos, exibido aos domingos e que durava o dia todo, com vários quadros comandados pelo próprio. Em 1981, com a falência da TV Tupi, Silvio consegue as concessões do canal 4 de São Paulo, do canal 5 de Porto Alegre (antiga TV Piratini) do canal 5 de Belém (antiga TV Marajoara) e do canal 9 do Rio de Janeiro (antiga TV Continental). Com essas emissoras (exceto o canal 9 do Rio de Janeiro, a TV Corcovado), forma o Sistema Brasileiro de Televisão. A TVS de São Paulo passa a ser a sede da rede. Em 1987 houve uma reformulação na emissora e o nome TVS deixa de ser utilizado, passando a se usar somente o nome SBT. A emissora, que desde sua criação alcançava o segundo lugar em audiência, detecta a necessidade de se alavancar economicamente. Tinha boa audiência, mas poucos anunciantes, devido a ter uma programação voltada para as classes mais baixas, que não interessavam aos anunciantes de então. A emissora passou a sofisticar a programação e rejeitar publicamente o título de "brega". Alegoria representando Silvio Santos em 1988, Silvio intensificou a reformulação e passou a ser mais agressivo, contratando artistas, lançando programas e horários de grandes filmes, rivalizando com a Rede Globo. Silvio Santos contrata Jô Soares, comediante da Globo, e o lança em dois programas. O humorístico Veja o Gordo e Jô Soares Onze e Meia, grande sonho do humorista. Foi a possibilidade de realizar este projeto que seduziu Jô pela troca de emissora. Ainda no projeto de requalificação o SBT contrata Bóris Casoy e lança um jornal opinativo, o TJ Brasil. Serginho Groismann é trazido da TV Cultura, onde comandava o Matéria Prima, e cria o Programa Livre. O SBT ainda contrata Carlos Alberto de Nóbrega que realiza seu sonho de comandar A Praça É Nossa, um programa nos moldes da Praça da Alegria, criada por seu pai. Evolução dos Logotipos do SBTA partir de abril de 2000, o SBT exibe o pacote de filmes inéditos nas sessões Cine Espetacular (terça), Tela de Sucessos (sexta), com parceria entre a Disney, Warner Brothers e MGM e também a exibição de novelas mexicanas de Televisa, o que leva ser líder de audiência em diversas oportunidades, o total da parceria é de 200 milhões de reais, a mesma dose foi repertida em 2001 e 2002, quando a partir de 2003 começou a reprise dos filmes exibidos anteriormente. O declínio como segundo lugar de audiência ocorre a partir de setembro de 2000, quando as grandes produções de Chiquititas e o Disney Clube encerraram gravações, enquanto Chiquititas terminaram em 19 de janeiro, Disney Clube entrava de férias pela primeira vez que entrou no ar de segunda às sextas dia 28 de abril de 1997. Ambos foram substituídos pelo horário pela novela Éramos Seis em 22 de janeiro de 2001, novela exibida em 1994, que depois dela foram às novelas mexicanas e séries. Em 14 de maio de 2001, o Disney Clube voltou no ar, mas aos sábados das 10hs e 15min até meio-dia e com novo nome Disney CRUJ, que no entanto terminou no fim de 2002 com o fim das gravações sem mesmo ter o final e reprisado de janeiro até setembro de 2003, no entanto o SBT fez propaganda enganosa que depois das reprises iria ter programas inéditos. Ao mesmo tempo houve mudança ou alguns programas que saíram do ar. Em outubro de 2001, estréia o reality-show Casa dos Artistas, com apresentação do Sílvio Santos, com a polêmica de ser cópia descarada do Big Brother Brasil (BBB) segundo a Rede Globo. A Justiça do Estado de São Paulo deu ganho a causa ao SBT, no entanto a Rede Globo continuava o processo contra a emissora. Nas noites de domingos de novembro e dezembro, enquanto era exibido Casa dos Artistas, o SBT chega pela primeira vez em 1º lugar no IBOPE, derrubando os 28 anos de invencibilidade do programa “Fantástico” da Rede Globo como líder de audiência. Entre janeiro a março de 2002 começava Casa dos Artistas 2, rivalizando a estréia do BBB e também o Fantástico. Na Casa dos Artistas 3 em 2003, com um diferente formato, cada participante trazia um fã, o que mais tarde revelou-se uma fraude. A exibição de Casa dos Artistas 4 (2004) foi um total fracasso tanto de audiência e anunciantes, devido a inexistência de regras, como desejava Sílvio Santos. Entre 2000 a 2002, o Domingo Legal se consolida na liderança da audiência, ganhando do Domingão do Faustão (Globo). Em 2001 foi exibido o programa Popstars que selecionou cinco garotas para o grupo Rouge, que mesmo com a saída de Lucinha em 2004, continuou o sucesso. No ano seguinte foi a vez do grupo de cinco garotos do Broz, que lançou CD em novembro, que infelizmente chegou ao fim em maio de 2005, devido falta de sucesso e vendas fracas dos CD que seguiram, bem menor do que foi lançado o primeiro CD. Mesmo assim, os dois grupos fizeram grande sucesso no mercado fonográfico. No início de 2003, Sílvio Santos foi alvo de polêmica ao declarar à revista Contigo enquanto estava morando nos Estados Unidos, que estava doente e tinha pouco tempo de vida e que o SBT foi vendido à Televisa e ao intermédio do Boni, uns dos donos da Rede Globo. A repercussão da entrevista foi enorme, pois Televisa, Rede Globo e Boni negam a suposta compra do SBT, mas quando Sílvio afirmou que ele as perguntas afirmadas eram falsas, inclusive a saúde do próprio, o que foi alvo de fortes críticas e um processo dos diversos jornalistas que cobriram o fato. Em 7 de setembro de 2003, o programa "Domingo Legal", foi um palco de um grande escândalo do jornalismo nacional com grande repercussão, ao exibir uma matéria dos dois supostos integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), sendo entrevistados dentro de um ônibus por um repórter do "Programa do Ratinho", onde ameaçam os três apresentadores de programas policiais: Datena (Bandeirantes), Marcelo Rezende (que ancorava já extinto Repórter Cidadão, da Rede Tv) e o comentarista de futebol e ancorava o hoje extinto Cidade Alerta, Oscar Roberto Godói (Record) e também o vice-prefeito de São Paulo Hélio Bicudo, na gestão de Marta Suplicy (2001-2004) e os supostos integrantes do PCC assumem que tentaram seqüestrar o padre Marcelo Rossi, ocorrida há uma semana. No dia seguinte, a polícia, o Ministério Público, os apresentadores e o vice-prefeito pediram a investigações sobre os supostos integrantes do PCC, chegando a crer se fosse uma farsa, intensificada nos dias seguintes. Nessa mesma semana, um comunicado do PCC divulgado pela imprensa por presos na mesma semana, nega ter ameaçado apresentadores e o vice-prefeito, dizendo que dois homens não eram do grupo. Em 15 de setembro, ao ser entrevistado pela Hebe, Gugu diz que o vídeo do PCC era verdadeiro, como sempre insistiu desde semana passada. Mas no dia 17, Polícia conclui que o vídeo era uma pura fraude, com a identificação dos falsos membros do PCC e o envolvimento da produção do "Domingo Legal", pois contratou Barney para recrutar os dois homens que eram da camada classe baixa da sociedade, que depois a produção improvisou dentro do ônibus com o repórter, a farsa entrevista que (segundo ex-funcionários do SBT e a polícia) foi feita no estacionamento da emissora. Barney acusou a produção e o Gugu de serem mentores da farsa para prejudicar ele os dois falsos membros do PCC. Como conseqüência, é tirado do ar por uma semana o "Domingo Legal" no dia 21, sendo substituído pelo “Programa do Ratinho”. Entre outubro a dezembro os envolvidos, inclusive Gugu, foram depor na delegacia por causa dessa fraude. Gugu (e a produção) e o SBT foram processados várias vezes (por apresentadores, o vice-prefeito e a Comissão de Ética Jornalística). O escândalo prejudicou a imagem do SBT tanto por telespectadores e os anunciantes da emissora e também prejudicou “Domingo Legal”, pois quem lucrou foi Domingão do Faustão (Globo) que ganhou mais audiência desde então. Até hoje o processo contra SBT está na justiça. Entre 2004 e 2005, o SBT promoveu uma grande enrolação ao longo desses anos que iria exibir filmes inéditos, enquanto só reprisava os filmes exibidos entre 2000 e 2003, que nunca cumpriu, o que foi alvo de críticas e processo. Só cumpriu apenas depois de agosto de 2005, exibiu alguns deles. Sílvio Santos não deu maiores esclarecimentos sobre a demora da exibição dos filmes. Em outubro de 2004, começou a exibir infomerciais pelo sinal do satélite Brasilsat B1 no período da tarde de segunda a sábado e nas manhãs de domingo, prejudicando milhares de pessoas que acompanham a programação através de antena parabólica. Em novembro de 2004, SBT surpreendeu aos fãs de Chiquititas ao anunciar no início do mês que iria reprisar a novela, o que aconteceu no fim do mês. No entanto, em março de 2005, tirou do ar sem avisar o motivo, já que a história terminou enquanto os personagens comemoravam o ano-novo de 1998, que foi mais um alvo de protesto. Em 2005, surpreendeu o meio televisivo brasileiro, ao exibir a reprise da novela Xica da Silva, produzida entre 1995 e 1996 pela extinta Rede Manchete de Televisão. Ana Paula Padrão é contratada e estréia em agosto na emissora. 2006: a emissora festeja antecipadamente os 25 anos no ar estreando novos programas, novas novelas e contratando o jornalista Carlos Nascimento, os diretores de novelas Herval Rossano e Del Rangel, os outros repórteres que trabalharam na Rede Globo. Silvio Santos realiza constantemente mudanças na programação. Essa inconstância dos horários no SBT acaba prejudicando a emissora na hora de vender um anúncio, chegando ao ponto de mudar o horário da exibição do Programa do Ratinho, as novelas e colocar filmes de segunda e quarta à noite. A tal mudança constante se leva a baixa audiência registrada nos primeiros meses de 2006, com ameaça da Record se tornar a segunda lugar no IBOPE. A mais recente mudança da programação foi no início de junho. No entanto, o grande acerto do SBT foi conseguir um contrato milionário com a Warner Brothers que garante vários filmes campeões de bilheteria. Curiosidades Silvio Santos realiza constantemente mudanças na programação. Essa inconstância dos horários no SBT acaba prejudicando a emissora na hora de vender anúncios. Outro boato constante é o da venda ou arrendamento de parte do SBT para Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho), executivo de TV e ex-diretor da Globo. CARNAVAL A Beija-Flor, com muito luxo inimaginável para as escolas de samba então, desfila com um enredo em homenagem ao jogo de bicho, “Sonhar com Rei Leão” e fatura o titulo. Era a primeira vez desde 1937 que a campeã do carnaval não era uma das quatro grandes, Portela, mangueira, Império Serrano ou Salgueiro. A pequena Em Cima da Hora desfila “Os Sertões”, samba que está entre os mais citados como melhor de todos. Acabou em penúltimo lugar CURIOSIDADES EVENTOS • A Viking I explora Marte • No Uganda, Idi Amin é nomeado presidente vitalício • Adolfo Suárez González torna-se presidente do governo de Espanha, substituindo Carlos Arias Navarro. • Uma Junta Militar depõe Isabelita Perón do cargo de presidente da Argentina. Mais tarde no ano, Jorge Rafael Videla ocupa o lugar • Jogos Olímpicos de Montreal, Canadá • Lucien Van Impe (Bélgica) vence a 63ª edição da Volta à França em bicicleta • O Internacional vence o Campeonato Brasileiro de futebol • James Hunt é campeão mundial de Fórmula 1. Artes • Salvador Dalí pinta Gala Contemplating the Sea • Carybé recebe o título de Cavaleiro da Ordem do Mérito da Bahia • Ana Maria Machado publica Recado do Nome • 13 de Maio - criado o município de Deodápolis, no Brasil • 14 de Maio - fundação da cidade de Minaçu (Goiás). Junho • 22 de Junho - A Câmara dos Comuns do Canadá extingue a pena de morte Julho • 10 de Julho - A israelense Rina Messinger é eleita Miss Universo • 14 de Julho - Ramalho Eanes toma posse como presidente da república portuguesa, substituindo Costa Gomes. • 18 de Julho - a ginasta romena Nadia Comaneci, com 14 anos, atinge, pela primeira vez na história, a pontuação máxima (10), nos Jogos Olímpicos • 23 de Julho - Mário Soares torna-se primeiro-ministro de Portugal, substituindo José Batista Pinheiro de Azevedo. • 30 de Julho - Com gol de Joãozinho aos 43 do segundo tempo, o Cruzeiro vence o River Plate da Argentina e conquista a Taça Libertadores da América pela primeira vez. Setembro • 4 de Setembro - George W. Bush detido e multado por conduzir sob a influência de álcool Dezembro • 3 de Dezembro - Fidel Castro torna-se presidente da república de Cuba NASCIMENTOS • 21 de Janeiro - Emma Bunton, cantora inglesa e ex-Spice Girl. • 30 de Março - Hamilton de Holanda, músico brasileiro. • 3 de Abril - Cristina Lyra, jornalista esportiva brasileira • 18 de Junho - Simony, cantora e apresentadora de televisão brasileira • 20 de Junho - Juliano Haus Belletti, futebolista brasileiro. • 10 de Setembro - Gustavo Kuerten, tenista profissional do Brasil. • 22 de Setembro - Ronaldo Nazário, jogador brasileiro de futebol. FALECIMENTOS • Walter Spalding, historiador brasileiro Janeiro • 12 de Janeiro - Agatha Christie, escritora inglesa. • 17 de Janeiro - Manuel Fiel Filho, operário brasileiro, sob tortura no DOI-Codi de São Paulo, gerando crise militar. Abril • 15 de Abril - Zuzu Angel, estilista brasileira. Agosto • 22 de Agosto - Juscelino Kubitschek, 24° Presidente do Brasil. Setembro • 9 de Setembro - Mao Tse-Tung, político chinês. Outubro • 26 de Outubro - Di Cavalcanti, pintor brasileiro. Dezembro • 6 de Dezembro - João Goulart, 27º Presidente do Brasil. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDAS NO ANO • Sra. Emérita de Oliveira – Professora Nasceu no dia 27 de Julho de 1906 em Curvelo/MG Faleceu no dia 4 de Dezembro em Sete Lagoas • Sr. Hugo Corrêa da Silva – Professor Nasceu no dia 5 de Maio de 1886 em Santo Antonio de Pádua no Rio de Janeiro. Faleceu no dia 21 de Janeiro 1977 POLITICA Prefeito de Sete Lagoas Dr. Afrânio de Avelar Marques Ferreira Vice Prefeito Dr. Aluisio Tavares Maciel No dia 21 de maio faleceu um dos maiores políticos brasileiro, Dr. Carlos Frederico Wernewck de Lacerda. Abre-se uma grande lacuna na historia política do Brasil. Carlos Lacerda foi um dos parâmetro básicos de meus conhecimentos de como se deve ter respeito as coisas publicas. LEMBRANÇAS No dia 07 de Junho falecia na cidade o comerciante Andrade Fernandino o numero um (1) do Registro Civil de Sete Lagoas. A imobiliária de minha propriedade, continuava em crescimento e outros loteamentos já estavam sendo negociados. Bairro Brasília, Del Rey e etc. Decreto regulamenta a propaganda governamental gratuita. Em 7 de Março, a Globo coloca no ar a versão de maior audiência do "Sitio do Pica-Pau Amarelo", telenovela infantil. Mauro Salles assume a vice-presidência dos Diários e Emissoras Associadas (Rede Tupi) para tentar salvar a empresa que estava à beira da falência. Ele se afasta do cargo dois meses depois. Inaugurada a TV Guanabara do Rio de Janeiro, fazendo com que a Bandeirantes inicie a formação de sua Rede. É cassada a concessão da TV Rio. Sílvio Santos se associa ao Grupo Paulo Machado de Carvalho na TV Record. Na TV Tupi a novela ds 20h, "O Profeta", faz sucesso e preocupa a TV Globo. Mais um incêndio na TV Record. A programação da emissora, seriamente prejudicada, acaba sendo mantida com filmes. CARNAVAL A Mangueira resolve voltar às tradições e apresenta na Comissão de Frente todos os seus fundadores mais ilustres. As escolas tradicionais resolvem investir em sua qualidade para combater a riqueza da Beija-Flor ou Mocidade. A Beija-Flor e bicampeã. CURIOSIDADES EVENTOS • 27 de março - Acontece nas Ilhas canárias, Tenerife, o maior acidente aéreo da história, 583 pessoas mortas. O acidente envolveu os aviões das companhias Pan Am e KLM. • Carnaval - Enéias Freire cria o bloco Galo da Madrugada, em Recife. • 16 de Julho - A trinitária Janelle Commisiong é eleita Miss Universo. • 20 de Agosto - Lançada a Voyager 2 • 13 de Outubro - após 23 anos de jejum, Corinthians ganha o título paulista sobre a Ponte Preta. • Lançado o primeiro microcomputador moderno, o Apple II. • Salvador Dalí pinta Dalí Lifting the Skin of the Mediterranean Sea to Show Gala the Birth of Venus (par estereoscópico de quadros) • Ayrton Senna vence o campeonato sul-americano de kart • Jimmy Carter torna-se o 39º presidente dos Estados Unidos da América, substituindo Gerald R. Ford • Bernard Thévenet (França) vence a 64ª edição da Volta à França em bicicleta • O grupo A Cor do Som é criado. • Niki Lauda sagra-se bicampeão mundial de Fórmula 1. NASCIMENTOS • 2 de Fevereiro, Shakira, cantora colombiana. • 11 de Fevereiro, Rogério Arvate, Escritor Brasileiro. • 27 de Agosto, Anderson Luiz de Sousa, futebolista, mais conhecido por Deco. • 5 de Setembro , Leo Nogueira , vocalista e guitarrista da banda de rock Marrapo. FALECIMENTOS • 18 de Março - José Carlos Pace, piloto brasileiro de Fórmula 1. • 16 de Abril - Francisco Matarazzo Sobrinho, industrial, político e mecenas ítalo-brasileiro. • 21 de Maio - Carlos Lacerda, jornalista e político brasileiro. • 3 de Junho - Roberto Rosselini, cineasta italiano. • 16 de Junho - Wernher Von Braun, cientista e engenheiro alemão. • 16 de Agosto - Elvis Presley, músico e ator estado-unidense. • 9 de Dezembro - Clarice Lispector, escritora brasileira. • 25 de Dezembro - Charlie Chaplin, ator e realizador de cinema britânico. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDAS NO ANO • Sr Andrade Fernandino – Comerciante Nasceu em 5 de Janeiro de 1889 em Sete Lagoas Faleceu em Sete Lagoas no dia 7 de Junho. • Sr. Heitor Lanza Neto – Funcionário Publico Nasceu em Sete Lagoas no dia 2 de Abril de 1920 Faleceu em 2 de Maio em S. Paulo • Antônio T. França (Antonio Serrote) Nasceu no dia 15 de Agosto de 1895 em Cachoeira da Prata/MG Faleceu no dia 7 de Julho em Sete Lagoas • Sr. José Cirilo Leão – (Donde) • Nasceu no dia 5 de Junho de 1903 em Itavera – Conselheiro Lafaiete/MG • Faleceu no dia 13 de Dezembro em Sete Lagoas 1978 FUTEBOL A XI Copa foi realizada na Argentina com 16 participantes. A Argentina, anfitriã sagrou-se campeã vencendo a Holanda. O melhor marcador desta copa foi o jogador Kempes da Argentina CARNAVAL Pela primeira vez o desfile aconteceu no seu local definitivo, no sambódromo da Marques de Sapucaí. Império Serrano e Vila Isabel são rebaixados para o segundo grupo. Neste mesmo ano morreu Candeia, representando com isso o fim do Quilombo. Carnaval. O GRES Beija-Flor de Nilópolis conquista o tri-campeonato no carnaval carioca com o enredo À criação do mundo na tradição nagô, de Joãozinho Trinta. LEMBRANÇAS Como as vendas eram boas nossas comissões eram melhores ainda e tivemos condições de construir uma chácara excelente com piscina, pomar, quadra de peteca e a casa colonial com 3 quartos e 3 salas e varanda em toda a volta da mesma. Enquanto construíamos a casa já tínhamos nos mudados da casa de D. Tina, para uma vila vertical (apartamento) na rua Monsenhor Messias de propriedade do Sr. Alberto Moura. Este ano eu e Elaine participamos de Encontros de Reflexão Cristã. Eu em Junho e ela em Agosto O Telecurso 2º grau, produzido pela Fundação Roberto Marinho e Fundação Padre Anchieta, vai ao ar é torna-se o programa educativo de maior sucesso na TV brasileira. CURIOSIDADES EVENTOS • 27 de Fevereiro - A Presidência, a Assembléia e o Governo da República Portuguesa repudiam o pedido do dirigente líbio Muamar al-Kadhafi para a independência da ilha da Madeira, considerada pela Organização de Unidade Africana com pertencendo a África. • 3 de Março - O corpo de Charlie Chaplin é roubado do cemitério, numa tentativa de extorsão. • 22 de Junho - James Walter Christy descobre Caronte, satélite de Plutão. • 24 de Julho - A sul-africana Margaret Gardiner é eleita Miss Universo. • 26 de Agosto - O Papa João Paulo I sucede ao Papa Paulo VI. • 28 de Agosto - Alfredo Nobre da Costa substitui Mário Soares no cargo de primeiro-ministro de Portugal. • 14 de Outubro - Aberto o canal de desvio do Rio Paraná para permitir o arranque das obras de Itaipu. • 16 de Outubro - O Papa João Paulo II sucede ao Papa João Paulo I. • 22 de Novembro - Carlos de Mota Pinto substitui Alfredo Nobre da Costa no cargo de primeiro-ministro de Portugal. • 31 de Dezembro - No Brasil, Ernesto Geisel envia emenda ao congresso para acabar com o AI-5. Alguns atos de Ernesto Geisel foram muito positivos, este de acabar com AI-5 e também sua declaração de que seria o penúltimo presidente militar. • Deng Xiaoping inicia reformas na República Popular da China. • Tem lugar no Havaí a primeira competição importante de triatlo, o Ironman Triathlon. • Na Espanha é adotada uma nova Constituição. • George W. Bush concorre à Câmara dos Representantes e é derrotado pelo democrata Kent Hance. • Julio César Turbay Ayala substitui Alfonso López Michelsen como presidente da Colômbia. • O Guarani conquista o Campeonato Brasileiro em futebol. • Bernard Hinault (França) vence a 65ª edição da Volta à França em bicicleta. • Suicídio em massa dos seguidores do pastor Jim Jones, que tomaram veneno, morrendo cerca de 912 pessoas. • É criado o avião Boeing 767. • Mario Andretti é campeão mundial de Fórmula 1. • Realização da XI Copa do Mundo de Futebol, na Argentina. Campeão: Argentina. • Março: o grupo Secos e Molhados, liderados por João Ricardo, lança seu terceiro disco, com nova formação: Lili Rodrigues (vocais), Vander Taffo (guitarra), João Ascesão (baixo) e Gel Fernandes (bateria). NASCIMENTOS • 1 de Janeiro - Erica Durance, atriz americana que interpreta Lois Lane em Smallville. • 15 de Março - Sid Wilson, músico estadunidense integrante da banda Slipknot. • 20 de Março - Emerson Batagini, compositor brasileiro • 18 de Abril - Luciano Pagliarini, ciclista brasileiro. • 16 de Maio - André Leal, desenhista brasileiro. • 16 de Maio - Laura Pausini, cantora italiana. • 25 de Julho - Louise Brown, o primeiro bebé-proveta. • 4 de Agosto - Kurt Busch, piloto de automóvel americano. • 6 de Novembro - Daniella Cicarelli, modelo e apresentadora de TV brasileira FALECIMENTOS • 13 de Maio - Jim Jones, líder religioso • 6 de Agosto - Papa Paulo VI, 263º papa. • 28 de Setembro - Papa João Paulo I, 264º papa. • 16 de novembro - Candeia, compositor brasileiro. • 10 de Dezembro - Ed Wood, cineasta estadunidense. • Otto Maria Carpeaux, crítico brasileiro. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDA NO ANO • Sr. Clarindo Cassimiro Silva – Funcionário Publico – Ex Vereador Nasceu no dia 1 de Fevereiro de 1904 em Sete Lagoas Faleceu no dia 26 de Maio em Sete Lagoas • D. Stella Figueiredo Chassim Drummond –Professora/Advogada Nasceu no dia 2 de Agosto de 1916 em Sete Lagoas Faleceu no dia 25 de Maio em Sete Lagoas • Wilson Luiz Tanure – Comerciante – Ex Prefeito e Deputado Estadual Nasceu no dia 31 de Agosto de 1925 em Sete Lagoas Faleceu no dia 10 de Março em Sete Lagoas • Sr. José Abreu Paiva (Vereador Zico Paiva) Nasceu no dia 3 de Outubro de 1905 em Sete Lagoas Faleceu no dia 7 de Julho em Sete Lagoas • Sr. Albertino Gonçalves Roque – Ferroviário e Jornalista Nasceu no dia 1 de Setembro de 1896 em Sabará/MG Faleceu no dia 16 de Dezembro em Sete Lagoas 1979 POLITICA Em 15 de Março deste ano assume a Presidência em substituição ao General Ernesto Geisel o General João Batista de Figueiredo responsável pela transição da volta da democracia. Suas frases: Na posse - que seria ele o ultimo governo militar. Na saída do governo ao ser entrevistado por um repórter, disse: “Me esqueçam. E deu uma banana para o povo brasileiro”. CARNAVAL Agora foi a vez da Mocidade e a escola de Nilópolis ficou em segundo. O ilustre Mangueirense Cartola anunciou que não iria desfilar pela Mangueira porque não agüentava correr. “Isto não é carnaval, é parada militar”, protestava contra a obrigatoriedade de desfilar em 80 minutos. LEMBRANÇAS Abaixo algumas fotos da casa durante a construção e também das primeiras visitas de meus pais ainda quase no termino da obra. O Sr. Octavio, meu padrasto era uma pessoa super positiva. Para ele quando algum de nós conquistávamos algum sucesso em nossos objetivos, ele também vibrava, pois nos considerava como filhos. Com a conclusão das obras de nossa casa, nossa mudança para a chácara foi no mês de abril e fomos os primeiros moradores do bairro Del Rey. Este ano a reunião de Natal foi na casa de D. Tina com a participação de todos. A foto foi no dia 6 de janeiro de 80 onde comemorávamos o aniversário de D. Tina. A Rede Globo coloca no ar as "Séries Brasileiras". Carlos Augusto de Oliveira, o Guga, vai para a Bandeirantes, que inicia uma nova fase. O marco da mudança é a novela "Cara a Cara", de Vicente Sesso dirigida por Jardel Mello. CURIOSIDADES EVENTOS Janeiro • 1 de Janeiro - O Secretário-Geral das Nações Unidas Kurt Waldheim anuncia o início do "Ano Internacional da Criança". Muitos músicos doam para o fundo "Música para a UNICEF". • 1 de Janeiro - O estado do Mato Grosso, se desmembra em dois: Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. • 1 de Janeiro - Estados Unidos e a República Popular da China estabelecem relações diplomáticas. • 7 de Janeiro - O Vietnã e os insurgentes Cambojanos apoiados pelo Vietnã anunciam a queda de Phnom Penh, a capital do Cambodja, e o colapso do regime de Pol Pot. Pol Pot e o Khmer Vermelho batem em retirada para a Tailândia. • 8 de Janeiro - O petroleiro francês Betelgeuse explode no terminal da Gulf Oil em Bantry na Irlanda - 50 mortos. • 16 de Janeiro - O Xá do Irã foge do Irã com sua família e se muda para o Egito após um ano conturbado. Fevereiro • 14 de Fevereiro - Guerrilheiros iranianos atacam a embaixada dos EUA em Teerão. Março • 5 de Março - A Voyager 1 passa por Júpiter • 15 de Março - O general João Baptista Figueiredo substitui o general Ernesto Geisel no posto de presidente do Brasil • 26 de Março - Em uma cerimônia na Casa Branca, o Presidente Anwar Sadat do Egito e o Primeiro Ministro Menachem Begin de Israel assinam um acordo de paz. • 28 de Março - Acidente nuclear de Three Mile Island, Pensilvânia, Estados Unidos da América, o mais grave até a época Abril • 11 de Abril - No Uganda, o ditador Idi Amin é deposto; Tanzânia toma Kampala. Maio • 4 de Maio - Os Conservadores vencem as eleições gerais britânicas; Margaret Thatcher torna-se a nova Primeira-Ministra. Junho • 4 de Junho - Joe Clark se torna o 16º e mais jovem Primeiro Ministro do Canadá. • 18 de Junho - Jimmy Carter e Leonid Brezhnev assinam o acordo SALT II em Viena. • 1 de Julho - O primeiro walkman é vendido pela Sony. • 30 de Junho - João Paulo II realiza o primeiro consistório para a nomeação de 13 novos cardeais. A identidade de um deles não é divulgada. Depois do consistório de 1981, supõe-se que se tratava do bispo de Xangai, monsenhor Gong Pin-mei. Julho • 1 de Julho - Trava-se, no Grande Prêmio da França, a que é considerada por muitos como a melhor disputa da Fórmula 1, entre Gilles Villeneuve e René Arnoux. • 16 de Julho - O Presidente Iraquiano Hasan al-Bakr renuncia e o Vice Presidente Saddam Hussein o substitui. • 19 de Julho - Na Nicarágua, a guerrilha sandinista depõe o ditador Somoza, apoiado pelos Estados Unidos da América, que foge para Miami. • 19 de Julho - A venezuelana Maritza Sayalero é eleita Miss Universo. Agosto-Setembro • 1 de Agosto - Maria de Lourdes Pintasilgo substitui Carlos de Mota Pinto no cargo de primeiro-ministro de Portugal • 1 de Setembro - A norte-americana Pioneer 11 se torna a primeira espaçonave a visitar Saturno quando passa pelo planeta a uma distância de 21.000 km. • 21 de Setembro - José Eduardo dos Santos, tomou posse como Presidente da República de Angola. Outubro-Dezembro • 19 de Outubro - Assinado o Acordo Tripartido entre o Brasil, a Argentina e o Paraguai para o aproveitamento dos recursos hidráulicos do Rio Paraná. • 28 de Novembro - Um DC-10 da Air New Zealand choca contra o monte Erebus, na Antártida. Morrem os 257 passageiros e tripulantes • 23 de Dezembro - Unidades militares da União Soviética ocupam Kabul, a capital do Afeganistão Datas desconhecidas • Zélia Gattai publica Anarquista Graças a Deus • Luís Herrera Campíns substitui Carlos Andrés Pérez no cargo de presidente da Venezuela • Süleyman Demirel substitui Bülent Ecevit no cargo de primeiro-ministro da Turquia • Bernard Hinault (França) vence a 66ª edição da Volta à França em bicicleta • O Internacional-RS vence o Campeonato Brasileiro de futebol, de forma invicta. • Fundação do Partido do Movimento Democrático Brasileiro • Jody Scheckter torna-se campeão mundial de Fórmula 1. NASCIMENTOS • 3 de Janeiro - Paulo Vilhena, ator, diretor, repórter. • 3 de Janeiro - Adriano Vieira Louzada, jogador de futebol brasileiro • 3 de Fevereiro - Patrick Brock, escritor brasileiro • 16 de Fevereiro - Valentino Rossi, piloto de motociclismo. • 5 de Junho - Cristiano S. de Lima Júnior, jogador brasileiro de futebol. • 24 de Setembro - André Marques, ator e apresentador de TV brasileiro • 17 de Outubro - Kimi Räikkönen, piloto finlandês de Fórmula 1. FALECIMENTOS • 7 de Fevereiro - Josef Mengele, criminoso de guerra alemão • 12 de Fevereiro • Eliezer Gomes, ator brasileiro. • 4 de Junho - Gilda de Abreu, atriz e diretora brasileira. • 11 de Junho - John Wayne, ator norte-americano. • 18 de Junho - Procópio Ferreira, ator e diretor teatral brasileiro. • 21 de Outubro - Alziro Zarur, radialista carioca, fundador da Legião da Boa Vontade (LBV) • 22 de Dezembro - Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda, jurista, filósofo, diplomata e escritor brasileiro. PERSONALIDADE DE SETE LAGOAS FALECIDAS NO ANO • Sr. Jacy Gonçaves – Ferroviário e Vereador Nasceu no dia 19 de Janeiro de 1914 em Sete Lagoas Faleceu em 6 de abril em Sete Lagoas • Dr. Manoel Teixeira da Costa – Advogado Nasceu no dia 18 de Março de 1923 Faleceu no dia 17 de Agosto em Sete Lagoas • Professor Mahmoud Abdalia Sherif Nasceu no dia 30 de Dezembro de 1906 no Cairo/Egito Faleceu no dia 24 de Dezembro em Sete Lagoas • Dr. José Augusto de Rezende – Dentista Nasceu no dia 23 de Novembro de 1888 em Bom Sucesso/MG Faleceu no dia 6 de Agosto em Belo Horizonte 1980 LEMBRANÇAS Neste ano ainda com os lucros obtidos na venda de lotes abrimos uma peixaria a quem demos o nome de Peixaria Frutos do Mar. A mesma funcionava na rua Santos Dumont e era de sociedade com meu cunhado Edno. Com a vida de meu pai para Sete Lagoas e diante de minha possibilidade de ficar também na peixaria, propus ao Edno que deixasse meu pai la trabalhar. Outra burrice. Logo meu cunhado começou a se mostrar desinteressado e pedindo para sair. So meses depois e que fiquei sabendo da verdadeira razão. Meu pai tirava mercadoria e mandava os meninos venderem na rua para ele, ficando com a receita. Meu pai depois de anos ausente, apareceu no Rio de Janeiro na casa de minha irmã em situação lamentável. Minha irmã não tendo como trata-lo mandou que ele viesse para Sete Lagoas. Aqui nos deu bastante trabalho com sua saúde. Além de ter sido acometido de uma Pancreatiti Aguda ainda estava em um adiantado estado de Arteriosclerose o que dificultava bastante o nosso convívio com ele. Quando saímos de S. Paulo ainda o deixamos com seu salão de cabeleireiro e propriedades no Rio de Janeiro, S. Paulo e Santos. Ele morreu sem saber dizer o que tinha feito com este patrimônio. No dia 1º de Fevereiro deste ano depois de estar de licença para tratamento de saúde, enfim saiu minha aposentadoria por invalidez. O valor da mesma foi fixado em 7.35 salários mínimos que depois por obra de nossos governos foi sendo reduzido até que em 2006 eu estaria recebendo somente 4.13 salários. Esta é na verdade a situação imposta a milhares de brasileiros quando eles mais necessitam de uma aposentadoria digna e, no entanto são massacrados por governos irresponsáveis. Veja os contracheques. Realizamos uma viagem para Miami na Florida e esticamos a mesma até as Bahamas. Nesta viagem ficamos conhecendo a dona da Confecção Marina Rio de Belo Horizonte e o maestro Agostinho Zaccaro sua esposa, irmão e cunhada. O maestro Zaccaro e sua esposa se mostraram pessoas espetaculares como companheiros de viagem. Visitamos A Disney e a cidade de Tampa. Fotos de nossa viagem a Miame e Bahamas. Este ano representou um ano de ampla tranqüilidade financeira e muitas foram nossas alegrias. Foi neste período que criei uma associação que denominei Centro Social de Caridade Espírita Setelagoano. E logo depois construí um prédio onde começou a funcionar um Jardim de Infância para atender as crianças dos Bairros, Brasília, Del Rei e Indústria. Esta escola eu criei a pedido de minha filha Ciomara que gostava de lidar com crianças e durante muito tempo ela ali trabalhou. Neste ano fui convidado pelo Dr. Afrânio a fazer parte de uma reunião com Oficiais da Artilharia para escolha do local onde seria implantado o 4º GAAAe. Por minha sugestão foi escolhido terrenos que pertenciam a FEBEM. O local indicado pelo pessoal da prefeitura era o Standard do Tiro de Guerra na cidade. Final da censura oficial ao telejornalismo (3 de fevereiro). Em 14 de Julho, sai do ar a primeira emissora inaugurada no país: a TV Tupi de São Paulo. É o fim da Rede Tupi de Televisão. Permanecem no ar somente as TVs Brasília e Itapuã. O Governo Federal anuncia em 23 de julho de 1980 a abertura de concorrência para a exploração de duas novas redes de TV. Estavam em jogo as sete concessões que pertenciam à Tupi, mais duas que pertenciam à TV Excelsior de São Paulo e à TV Continental do Rio de Janeiro, também extintas. A primeira nova rede de televisão ficaria com quatro emissoras e a segunda com as outras cinco. Início das operações do SBT – Sistema Brasileiro de Televisão. Resultado da concorrência para as duas novas redes de TV: Ficaram com o empresário Sílvio Santos as seguintes emissoras: Canal 04, de São Paulo; Canal 9, do Rio de Janeiro, Canal 05, de Porto Alegre; canal 02, de Belém. A outra rede foi entregue ao empresário Adolpho Bloch: Canal 09, de São Paulo; Canal 06, do Rio de Janeiro; Canal 04, de Belo Horizonte; Canal 06, de Recife; e Canal 02, de Fortaleza. CARNAVAL Três escolas vencem o carnaval: Beija-Flor, Imperatriz Leopoldinense e, pela primeira vez em 10 anos a Portela. Neste ano em Novembro morre Cartola, um dos maiores nomes da Mangueira. CURIOSIDADE EVENTOS • 3 de Janeiro - Francisco Sá Carneiro substitui Maria de Lourdes Pintasilgo no cargo de primeiro-ministro de Portugal • 7 de Julho - A norte-americana Shawn Weatherly é eleita Miss Universo. • 19 de Julho - Começam os Jogos Olímpicos de Moscovo, União Soviética (XXII Olimpíada) • 16 de Agosto - Fundação do Capítulo Rio de Janeiro da Ordem DeMolay, primeiro da América do Sul. • 31 de agosto - Fundação do sindicato Solidariedade, na Polônia. • 4 de Dezembro - Diogo Freitas do Amaral substitui interinamente Francisco Sá Carneiro no cargo de primeiro-ministro de Portugal • 8 de Dezembro - É preso Mark Chapman, por ter assassinado John Lennon Política, Economia, Direito e Educação. • No Brasil, é fundado o Partido dos Trabalhadores. • Robert Mugabe é eleito presidente do Zimbabwe. • Fernando Belaunde Terry substitui Francisco Morales Bermudez Cerruti na presidência do Peru. Cultura • Maria de Lourdes Pintasilgo publica Sulcos do nosso querer comum. • o grupo musical Secos e Molhados lança seu quarto disco, com sua quarta formação: César e Roberto Lempé e Carlos Amantor, cantores e compositores e João Ricardo (interprete e compositor). • O cineasta brasileiro Glauber Rocha lança seu último filme Idade da Terra, filme inovador que até hoje permanece obscuro. Uma experiência de expansão dos limites da arte cinematográfica. Nas palavras do próprio cineasta Um filme religioso, audiovisual, para se ver e ouvir. Tentativa de reconstituição da história do mundo sob uma perspectiva terceiro-mundista. Perde o festival de Veneza e é execrado pela crítica. Música • O Festival MPB 80 foi realizado em 1980 pela TV Globo, com direção de Augusto César Vanucci. As semifinais tiveram lugar no Teatro Fênix e a finalíssima no Riocentro (RJ). • Foram classificadas as seguintes canções: • 1º lugar: "Agonia" (Mongol), com Oswaldo Montenegro; • 2º lugar: "Foi Deus quem fez você" (Luiz Ramalho), com Amelinha; • 3º lugar: "A massa" (Raimundo Sodré e Antônio Jorge Portugal)), interpretada por Raimundo Sodré. • Outras premiações: • Melhor Arranjo: Quinteto Violado ("Rio Capibaribe", de Toinho Alves e João de Jesus Loureiro). • Melhor Intérprete: Jessé ("Porto da solidão", de Zeca Bahia e Gincko). Filosofia e Religião • Florentin Smarandache cria o Paradoxismo. Pintura, Escultura e Arquitetura. • Oscar Niemeyer cria o Memorial Juscelino Kubitschek. Literatura • Salomão Rovedo publica Tributo. • Arthur C. Clarke vence o Hugo com The Fountains of Paradise. Banda Desenhada • Abril - Primeiro número da primeira revista mensal do Mickey publicada em Portugal, lançada pela Editora Morumbi. Cinema • François Truffaut filma O Último Metrô. • Stanley Kubrick filma O Iluminado. Televisão • Junho - É criada a rede de notícias CNN (Cable News Network). • Julho - Sai definitivamente do ar a Rede Tupi de Televisão, primeira emissora de TV da América Latina. O motivo de seu fechamento foi a crítica situação financeira na qual ela se encontrava. Suas concessões foram dadas aos empresários Silvio Santos (SBT) e Adolfo Bloch (Rede Manchete). Desporto • O Flamengo conquista o Campeonato Brasileiro de futebol. • Joop Zoetemelk (Países Baixos) vence a 67ª edição da Volta à França em bicicleta. • Alan Jones é campeão mundial de Fórmula 1. NASCIMENTOS • 21 de Março - Ronaldo de Assis Moreira, o Ronaldinho Gaúcho, futebolista brasileiro. • 12 de Junho - Patrícia Barros, atriz e modelo brasileira. • 20 de Junho - Dado Dolabella, ator brasileiro. • 20 de Julho - Gisele Bündchen, modelo brasileira. • 11 de Setembro - Antonio Pizzonia, piloto brasileiro de Fórmula 1 FALECIMENTOS • 6 de Janeiro - Petrônio Portela, político brasileiro • 10 de Março - José Américo de Almeida, escritor, político, advogado, folclorista e sociólogo brasileiro, membro da ABL. • 15 de Abril - Jean-Paul Sartre, filósofo e escritor. • 29 de Abril - Alfred Hitchcock, cineasta. • 8 de Maio - Osmar de Aquino, político e jurista brasileiro . • 7 de Junho - Adalgisa Nery, poeta, jornalista e política brasileira. • 9 de Julho - Vinícius de Moraes, poeta e compositor brasileiro . de Julho - Francisco Rebolo, pintor brasileiro. • 24 de Julho - Peter Sellers, ator britânico . • 25 de Setembro - John Bonham, baterista dos Led Zeppelin. • 30 de Novembro - Cartola, sambista brasileiro. • 8 de Dezembro - John Lennon, guitarrista, vocalista e compositor dos Beatles • 21 de Dezembro - Nelson Rodrigues, teatrólogo, jornalista, cronista e escritor brasileiro. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDA NO ANO • Sr. Antonio Camilo de Araújo – Comerciante – Ex Vereador Nasceu no dia 18 de Maio de 1900 em Sete Lagoas Faleceu em 5 de Maio em Sete Lagoas • Dom Daniel Baeta Neves – Bispo Nasceu no dia 11 de Março de 1911 em Conselheiro Lafaiete/MG Faleceu no dia 7 de Julho em Sete Lagoas • D. Irene de Oliveira Diniz Nasceu no dia 23 de Novembro de 1918 em Fortuna de Minas/MG Faleceu em Brasília no 3 de Dezembro • Dr. José Lucidio de Avelar (Médico) Nasceu no dia 29 de Janeiro de 1901 em Sete Lagoas Faleceu no dia 15 de Novembro em Belo Horizonte • Sr. José Xavier – Ferroviário e Musico Nasceu no dia 21 de Junho de 1889 em São Braz do Sapucaí/MG Faleceu no dia 1 de Setembro em Belo Horizonte 1981 LEMBRANÇAS Como não tinha quem ficasse na peixaria ao invés de fechá-la transformei a mesma em uma loja de roupas chamada de Ranauro’s Malhas e a Elaine foi para lá trabalhar já que não queria mais ficar na imobiliária. No colo da Ciomara o meu afilhado Rodrigo e na outras visitas de parentes no fim de semana. Minha chácara sempre vivia cheia de parentes e “amigos”. Depois que vendemos a mesma os amigos desapareceram e determinados parentes, parece que tem até vergonha de nos convidar para ir as suas casas. Neste ano a convite de um amigo e visinho da imobiliária, Sr. Zoroastro Vieira Azeredo, ingressei no Lions Clube de Sete Lagoas que estava sobre a Presidência de João Paulo de Moura Henriques O SBT transmite, ao vivo, em 19 de agosto, a cerimônia de assinatura dos contratos definitivos das concessões dos novos canais de TV para o próprio SBT, de Sílvio Santos e para o Grupo Bloch, de Adolpho Bloch. CARNAVAL No bicampeonato da Imperatriz que se incorporou ao grupo das grandes, a surpresa foi a colocação do Império Serrano e da Vila Isabel, nas duas ultimas posições. Mas a confusão da pista havia sido tão grande que as escolas resolveram não rebaixar ninguém. A Imperatriz Leopoldinense é a bi-campeã do carnaval carioca com o enredo “O teu cabelo não nega”, de Arlindo Rodrigues. CURIOSIDADES EVENTOS • 9 de Janeiro - Francisco Pinto Balsemão substitui Diogo Freitas do Amaral no lugar de primeiro-ministro de Portugal. • 20 de Janeiro - Ronald Reagan torna-se o 40º presidente dos Estados Unidos da América, substituindo Jimmy Carter. • 9 de Fevereiro - O general Wojciech Jaruzelski é nomeado primeiro-ministro da Polônia. • 12 de Abril - O Vaivém Espacial norte-americano Columbia faz seu 1º Vôo. • 30 de abril - Ocorre o Atentado do Riocentro. • 27 de Junho - O Sporting Clube de Portugal vence a Taça das Taças de Hóquei em patins, a equipa era constituída por: João Oliveira, Fernandes, João Sobrinho, José Rosado, Salema, Chana, Carvalho,Carlos Alberto e o treinador era António Livramento. • 20 de Julho - A venezuelana Irene Sáez é eleita Miss Universo. • 19 de agosto - Entra em operação o Sistema Brasileiro de Televisão - SBT, com a transmissão da assinatura da concessão pelo seu proprietário, o apresentador e empresário Silvio Santos. • 21 de Setembro - Independência do Belize. • 6 de outubro - O presidente do Egito Anwar Sadat é assassinado. • 14 de Outubro - Hosni Mubarak torna-se presidente do Egipto. • 1 de Novembro - Independência de Antigua e Barbuda. • Nelson Piquet ganha seu primeiro campeonato de Fórmula 1. • A Grécia adere à União Européia. • O Flamengo vence o Mundial Interclubes e a Taça Libertadores da América em futebol. • François Truffaut filma A Mulher do Lado. • Learmonth propõe o SSADM. • Jean Michel Jarre grava Magnetic Fields (Les Chants Magnétiques). • Carybé publica o livro Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé de Bahia. • Ayrton Senna disputa o campeonato inglês de Fórmula Ford 1600. • Leopoldo Calvo Sotelo y Bustelo substitui Adolfo Suárez González na presidência do governo de Espanha. • Roberto Eduardo Viola substitui Jorge Rafael Videla como presidente de facto da Argentina. • Leopoldo Galtieri substitui Roberto Eduardo Viola como presidente de facto da Argentina. • Luís Fernando Veríssimo publica O Analista de Bagé. • A Philips lança o jogo Odyssey. • Maria de Lourdes Pintasilgo publica Os Novos Feminismos: • Bernard Hinault (França) vence a 68ª edição da Volta à França em bicicleta. • O Grêmio vence o Campeonato Brasileiro de futebol. • A banda Blitz é formada. • É criado nos Estados Unidos, o canal de televisão MTV (Music Television Vídeo). • Ano em que Rondônia deixou de ser um território e virou estado do Brasil. NASCIMENTOS • 1 de Março - Ana Hickmann, modelo e apresentadora de TV brasileira • 25 de Abril - Felipe Massa, piloto brasileiro de Fórmula 1 • 29 de Junho - Maria Maya, atriz brasileira • 7 de Junho - Anna Kournikova, tenista russa • 29 de Julho - Fernando Alonso, piloto de automóveis espanhol • 21 de Dezembro - Britney Spears, cantora estado-unidense FALECIMENTOS • 22 de Agosto - Glauber Rocha, cineasta brasileiro. • Mestre Pastinha, criador da capoeira Angola • 27 de Novembro - Cláudio Coutinho, treinador brasileiro de futebol. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDA NO ANO • Sr. Alfredo Geraldo Aguiar – Comerciante – Ex Vereador Nasceu em 23 de Junho de 1913 em Dr. Lund/Pedro Leopoldo/MG Faleceu em Sete Lagoas no dia 8 de Dezembro • Sr. Euro Andrade – Comerciante Nasceu em 11 de Abril de 1902 em Sete Lagoas Faleceu em 4 de Abril em Sete Lagoas • Sr. Mariano R. Gonçalves – Comerciante Nasceu no dia 8 de Julho de 1910 em Sete Lagoas Faleceu no dia 7 de Abril em Sete Lagoas • D. Raimunda Maria Nasceu no dia 15 de Outubro de 1887 no Distrito de Silva Xavier – Sete Lagoas/MG Faleceu no dia 20 de Dezembro em Sete Lagoas • Monsenhor Roque Venâncio da Silveira Nasceu no dia 18 de Maio de 1907 em Piedade do Paraopeba/Brumadinho/MG Faleceu no dia 17 de Janeiro em Sete Lagoas • Sr. José Eloy de Deus – (Zé Eloy Relojoeiro) Nasceu no dia 1 de Dezembro de 1918 em Sete Lagoas Faleceu no dia 9 de Outubro em Sete Lagoas. 1982 FUTEBOL Na XII Copa, a FIFA aumentou de 16 para 24 o numero de seleções participantes e dividiu-as em seis grupos de quatro seleções, das quais apenas as duas primeiras colocadas passariam à segunda fase. Formavam-se então quatro grupos de três equipes. Os vencedores de cada grupo disputariam as semifinais. Na final, a Itália conquistou o tricampeonato ao vencer a Alemanha por 3 X 1. CARNAVAL O Império Serrano sai do último para o primeiro lugar, com o enredo “Bum, bum, paticumbum, prugurundum”, que criticava as “Escolas de Samba S/A”. Naquele ano foi proibida a presença de destaques nos carros alegóricos. Beija-Flor e Imperatriz desrespeitaram a regra e perderam pontos. LEMBRANÇAS No biênio leonistico 82/83 fui eleito 1º Secretario da gestão de Geraldo Marcos Lima de Castro. Neste ano no mês de Setembro fui homenageado pelo Mobral pelos relevantes serviços prestados ao mesmo. Recebi uma placa com os seguintes dizeres: “Ranauro”. Pelos relevantes serviços prestados ao Mobral Nossa Gratidão Supervisores do Mobral de Sete Lagoas” Começava aqui um novo período em nossas vidas. Os filhos começavam a sair da adolescência e preparando-se para ingressarem na Faculdade. Minha filha Ciomara estava cursando o 3º ano do Segundo grau e o Frank fazendo vestibulares. Nesta época o Frank namorava uma moça chamada Beth, filha de Edith uma professora viúva bem conceituada na cidade. O namoro ia muito bem e neste ano os mesmo ficaram noivos. Foto de uma reunião do dia das mães na casa de D. Tina. Nesta foto aparece meu pai, o ultimo em pé na direita da foto. Foi neste ano que também Ciomara conheceu o Carlinhos e resolveram casar. Muito contra o meu gosto, já que eu não simpatizava com o Carlinho e tinha proibido os dois de se namorarem os dois acabaram casando-se em Dezembro deste ano. O Carlinho mais tarde se mostrou um excelente esposo para minha filha e hoje nos damos muito bem. Abaixo fotos do Casamento de minha filha Ciomara A Rede Globo recontrata o Chacrinha e cria o "Caso Verdade", uma espécie de "mini novela" no final de tarde. A Rede Globo possui 42 estações afiliadas e 5.500 funcionários. O SBT com 22 emissoras afiliadas e 2.500 funcionários parte para uma linha mais popular, passando rapidamente à vice-liderança CURIOSIDADE EVENTOS • 7 de Janeiro - Fundação do Museu Afro-Brasileiro, em Salvador, Brasil. • 14 de Janeiro - Adotada a bandeira do Amazonas. • 2 de Abril - A Argentina invade as Ilhas Malvinas, dando início à Guerra das Malvinas. • 29 de Abril - O Dia Internacional da Dança é introduzido pela UNESCO. • 14 de Maio - Distrito de Abreu e Lima, no estado do Pernambuco, emancipa-se da cidade de Paulista. • 30 de Maio - A Espanha torna-se membro da OTAN. • 11 de Junho - Estréia do filme ET, o Extraterrestre. • 26 de Julho - A canadense Karen Dianne Baldwin é eleita Miss Universo. • 13 de Outubro - começa o enchimento da albufeira de Itaipu. • 28 de Outubro - Felipe González torna-se Primeiro-ministro da Espanha. • 5 de Novembro - Inauguração da hidrelétrica de Itaipu. • 15 de Novembro - Eleições Diretas gerais (menos para presidente). • 1 de Dezembro - Lançado no mercado dos consumidores sazonais o álbum THRILLER, de Michael Jackson, considerado o álbum que mais vendeu na indústria fonográfica. • 13 de Dezembro - Leonel Brizola é eleito governador do Rio de Janeiro, após constatada uma fraude eleitoral, para tira-lo a vitória. • Aristides Royo renuncia a seu cargo de presidente do Panamá. • Ayrton Senna triunfa nos campeonatos europeu e inglês de Fórmula Ford 2000. • Belisario Betancur substitui Julio César Turbay Ayala no cargo de presidente da Colômbia. • Bernard Hinault (França) vence a 69ª edição da Volta à França em bicicleta. • Carybé é doutorado Honoris Causa pela UFBA. • Felipe González torna-se presidente do governo de Espanha, substituindo Leopoldo Calvo Sotelo y Bustelo. • Helmut Kohl torna-se chanceler da República Federal Alemã, substituindo Helmut Schmidt. • Inicia-se a comercialização do AutoCAD. • Madonna lança o primeiro sinlge de sua carreira: Everybody • Kevin Roche (Estados Unidos da América) conquista o prémio Pulitzer. • O Flamengo vence o Campeonato Brasileiro de futebol. • Olinda é declarada pela UNESCO Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade. • Oscar Niemeyer concebe o Sambódromo. • Reynaldo Bignone substitui Leopoldo Galtieri na presidência da Argentina. • Richard Attenborough filma Gandhi. • Zélia Gattai publica Um Chapéu Para Viagem. • A banda Barão Vermelho é criada. • Keke Rosberg torna-se o primeiro finlandês a vencer o Campeonato Mundial de Fórmula 1. • O Começo do Fim do Mundo marca o início da do punk rock no Brasil. • Realização da XII Copa do Mundo de Futebol, na Espanha. Campeão: Itália. • O parque Epcot Center do complexo Disney em Orlando foi inaugurado. NASCIMENTOS • 17 de Fevereiro - Adriano Leite Ribeiro (Adriano), jogador de futebol brasileiro. • 8 de Setembro - Leandra Leal, atriz brasileira • 28 de Setembro - Anderson Varejão, jogador brasileiro de basquete • 2 de Outubro - Cléo Pires, atriz brasileira FALECIMENTOS • 19 de Janeiro - Elis Regina, cantora brasileira. • 11 de Março - Dom Gabriel Paulino Bueno Couto, Carmelita, bispo brasileiro. • 24 de Abril - Sérgio Buarque de Holanda, historiador e crítico literário brasileiro. • 8 de Maio - Gilles Villeneuve, piloto de automóveis. • 23 de Junho - Argemiro de Assis Brasil, militar brasileiro. • 14 de Setembro - Grace Kelly, atriz e princesa do Mônaco. • 23 de Novembro - Adoniran Barbosa, compositor, cantor, humorista e ator brasileiro. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDA NO ANO • Sr. Francisco Guimarães Cotta (Chiquito Cotta) – Comerciante Nasceu no dia 2 de Março de 1916 Faleceu em 9 de Agosto em Sete Lagoas • Prof. Orlando Rodrigues Nasceu no dia 17 de Março de 1923 no Rio de Janeiro Faleceu no dia 7 de Fevereiro de 1982 em Sete Lagoas • Theodorus Grond (Padre Teodoro) Nasceu no dia 28 de Dezembro de 1918 na cidade de Amsterdã na Holanda Faleceu no dia 5 de Abril em Sete Lagoas • Sr. Juvenino Dorotéio – Ferroviário Nasceu no dia 6 de Fevereiro de 1921 na cidade de CapimBranco/MG Faleceu no dia 21 de Junho em Sete Lagoas • Sr. Valdemar Silva (Pacheco Silva) Nasceu no dia 18 de Agosto de 1916 em Sete Lagoas Faleceu no dia 23 de Maio em Belo Horizonte 1983 POLITICA Prefeito de Sete Lagoas Sr. Marcelo Cecé Vasconcelos de Oliveira Vice Prefeito Comendador Avellar Pereira de Alencar falecido durante o mandato Vice Prefeito em substituição ao Comendador Avellar em 1988 Dr. Leone Maciel Fonseca LEMBRANÇAS No ano Leonistico 83/84 cujo presidente era Geraldo Faustino Mateus eu fui eleito para exercer a função de 1º Vice Presidente. No dia 27 de junho nascia o meu neto Thiago. Foto do Thiago no Rio de Janeiro Comecei a notar o desinteresse do Frank para com a Beth e em um determinado dia ele foi fazer uma viagem para a Bahia. Mal sabíamos nos que ele já estava de namoro com esta que hoje e sua esposa a Iara. O Casamento do Frank com a Iara se deu em agosto. Abaixo insiro diversas fotos do casamento. Neste ano a Convenção do Distrito L11 do Lions Clube se realizou em Poços de Caldas. Minha irmã Vera mandou as fotos de seus filhos nesta ela não esqueceu de mandar a foto do João Octavio. Inaugurada a Rede Manchete, com equipamentos de última geração, apresentando filmes e séries premiadas, numa programação voltada para as classes mais altas. Em julho, durante greve nacional de trabalhadores a TV Bandeirantes teve seus transmissores lacrados. EMISSORAS DE TELEVISÃO REDE MANCHETE A Manchete é uma extinta rede de televisão brasileira, fundada no Rio de Janeiro em 1983 pelo jornalista e empresário ucraniano naturalizado brasileiro Adolpho Bloch, e permaneceu no ar até 1999. O início da emissora As concessões de TV foram cedidas à Adolpho Bloch em 19 de Agosto de 1981 pelo então presidente João Figueiredo a partir da cassação de sete das nove emissoras que pertenciam à TV Tupi, mais a TV Excelsior de São Paulo, e a TV Continental do Rio de Janeiro. No mesmo dia, outras concessões de TV foram cedidas ao empresário e apresentador Sílvio Santos, que lançou o SBT. A Manchete ficou com o canal 6 do Rio de Janeiro (antiga TV Tupi carioca), o canal 9 de São Paulo (antiga TV Excelsior), o canal 2 de Fortaleza (antiga TV Ceará), o canal 4 de Belo Horizonte (antiga TV Itacolomi), e o canal 6 de Recife (antiga TV Rádio Clube de Pernambuco), . Recebeu o nome da revista semanal Manchete, publicada pela Bloch Editores desde 26 de abril de 1952 e carro-chefe do Conglomerado Bloch e foi ao ar pela primeira vez em 5 de Junho de 1983, contando com um investimento inicial na casa dos 50 milhões de dólares. Um investimento altíssimo para a época. A Manchete tinha como sua cabeça de rede o canal 6 do Rio de Janeiro, e era sediada num majestoso prédio, arquitetado por Oscar Niemeyer, na Rua do Russel, 766-804, no bairro da Glória (zona sul do Rio). A cobertura do carnaval carioca também teve grande destaque na programação da TV Manchete. A emissora mostrava os preparativos da grande festa popular do país com os programetes Feras do Carnaval e Esquentando os Tamborins, exibido ao longo da programação. A TV Manchete lançou em seu programa infantil Clube da Criança as apresentadoras Xuxa e Angélica. O canal se tornou conhecido também por exibir diversas séries japonesas, como Jaspion e Changeman nos anos 80 e Cavaleiros do Zodíaco nos anos 90, com grande sucesso. O jornalismo foi o carro-chefe da emissora. O Jornal da Manchete, o principal informativo do canal, trazia aprofundamento das notícias e comentários de grandes nomes do jornalismo brasileiro, como Carlos Chagas, Newton Carlos, Villas-Boas Corrêa, entre outros. Nos primeiros tempos, o Jornal da Manchete ficava no ar por duas horas. Crise No fim de 1991, a Manchete entrou em grave crise econômica (a causa principal conhecida foi o altíssimo investimento na novela Amazônia, que acabou em prejuízo estrondoso), tendo sido vendida para o grupo IBF em junho de 1992. O atraso no pagamento de salários, que levou os funcionários a retirar a emissora do ar e exibir um protesto escrito, além do sucateamento da emissora levou Bloch a entrar com um processo na Justiça a fim de retomar a emissora. Seu Adolpho, como era conhecido, retomou a Manchete em abril de 1993, e a partir dessa data o sobrenome do fundador acompanhava a famosa logomarca da emissora. Mas a crise era irremediável, mesmo tendo ensaiado um reergui mento entre 1995 e 1997, marcado principalmente pelo sucesso de Xica da Silva. A venda definitiva em 1999 Três anos e meio após a morte de Adolpho Bloch, e com o fracasso da novela Brida, que esgotou os recursos da emissora, Pedro Jack Kapeller, que é seu sobrinho e principal herdeiro de suas empresas, vendeu as 5 concessões, num acordo acompanhado pelo Ministério das Comunicações, que transferiu as concessões da Rede Manchete para a TV Ômega (8 de maio de 1999), do empresário Amílcare Dallevo, sócio do Banco Rural no empreendimento. E a venda aconteceu 10 dias antes do prazo final para a renovação das concessões, que estavam vencidas desde 1996. Se até 18 de maio de 1999, a Manchete não tivesse pago boa parte de suas dívidas, ela seria liquidada e definitivamente extinta. Em 1999, Dallevo transferiu a sede da emissora para a cidade de Barueri, em São Paulo e inaugurou a Rede TV, com uma programação completamente diferente do padrão da Manchete. TV Globo São Paulo é uma emissora de televisão brasileira filiada da Rede Globo. A TV Paulista foi a antecessora da TV Globo em São Paulo. Entrou no ar oficialmente em 14 de março de 1952. A TV Paulista pertencia ao mesmo grupo que posteriormente veio a fundar a TV Excelsior. Depois de ganhar a concessão do canal 04 do Rio de Janeiro, o grupo de Roberto Marinho precisava de um canal em São Paulo para formar uma rede. Acabou comprando essa emissora na década de 1960. No primeiro momento o canal 5 operava como uma espécie de afiliada da TV Globo do Rio. Mais tarde, o nome TV Paulista foi abandonado e a emissora passou a ter o mesmo nome da matriz carioca. Atualmente quem possui o direito do nome do canal é Augusto Liberato, mas conhecido como o apresentador Gugu, do SBT. O objetivo de Liberato é usar a marca da antiga emissora para montar a sua própria rede de televisão. Na atual programação da Rede Globo, a única herança da grade de programação da TV Paulista é o Corujão, na época chamado de Sessão Coruja. CARNAVAL A Beija-Flor consegue mais um titulo num enredo sobre negros ilustres como Pelé e Clementina de Jesus. Naquele ano a luz apagou durante o desfile da Caprichosos de Pilares. Assim, ficou decidido que ninguém desceria. Os sambista sugeriram a divisão do desfile em dois dias, cada um com 7 escolas. O Governador Leonel Brizola resolve erguer um local definitivo para acabar com o monta e desmonta de arquibancadas metálicas. O projeto de Oscar Niemeyer foi erguido em apenas 4 meses. Neste ano também a Unidos de São Carlos, fundada em 1955, resolve mudar de nome para Estácio de Sá, para levar o nome que é conhecido no Rio de Janeiro como o berço do samba. Coincidência ou não, depois da mudança, a escola que era considerada “io-io” (aquela agremiação que alterna com freqüência desfile no primeiro e segundo grupo) nunca mais caiu, só caindo em 1977. CURIOSIDADES EVENTOS • 25 de Janeiro - O Papa João Paulo II faz publicar as Constituições Apostólicas Sacrae Disciplinae Leges • 18 de fevereiro - Maxidesvalorização do cruzeiro. • 27 de Fevereiro - Mota Pinto, Eurico de Melo e Nascimento Rodrigues assumem a direção colegial do PSD, no X Congresso. Francisco Pinto Balsemão é afastado da liderança. • 2 de Março - O Papa João Paulo II inicia uma visita à América Central, sendo fortemente contestado em Manágua. • 15 de Março - Tomam posse os primeiros governadores eleitos diretamente após o golpe militar de 1964 no Brasil. • 5 de Junho - Adolpho Bloch funda a Rede Manchete de Televisão. • 9 de Junho - Mário Soares substitui Francisco Pinto Balsemão no cargo de primeiro-ministro de Portugal (governo do bloco central) • 3 de Julho - Xuxa Meneghel faz sua estréia como apresentadora infantil no extinto programa Clube da Criança na extinta TV Manchete • 11 de Julho - A neozelandesa Lorraine Downes é eleita Miss Universo. • 27 de Julho - Sai o primeiro álbum da cantora Madonna intitulado de "Madonna", que trás hits de sucesso como "Holiday", "Everybody", "Borderline", "Lucky Star" e "Physical Attraction". • 19 de Setembro - Independência de Saint Kitts e Nevis • Nelson Piquet ganha seu segundo campeonato de Fórmula 1. • Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense sagra-se campeão mundial de futebol, vencendo em Tókio o alemão Hamburgo por 2x1 com dois gols de Renato Gaúcho. • A Compaq lança o seu primeiro microcomputador, concebido com base em engenharia reversa. • O Flamengo vence o Campeonato Brasileiro de futebol • François Truffaut filma Finalmente, Domingo • Pela primeira vez, O Maior São João do Mundo é realizado, em Campina Grande, Paraíba • Fundação da CUT e CONCLAT, no Brasil • Richard Stallman cria a Free Software Foundation • Paul Erdös recebe o prémio Wolf • Salvador Dalí conclui o seu último quadro, The Swallows Tail • Jean-Luc Godard filma Prénom: Carmem • Jean Michel Jarre grava Musik aus Zeit und Raum e Music For Supermarkets (Musique Pour Supermarché) e lança a coletânea The Essential Jean Michel Jarre • Ayrton Senna vence o campeonato inglês de Fórmula 3 • Salomão Rovedo publica Folguedos • Zélia Gattai publica Pássaros Noturnos do Abaeté • Raúl Alfonsín é eleito presidente da Argentina, substituindo o último presidente da ditadura, Reynaldo Bignone. • Turgut Özal substitui Bülent Ulusu no cargo de primeiro-ministro da Turquia • Orides de Lourdes Teixeira Fontela premiada com o Jabuti de Poesia • Orides de Lourdes Teixeira Fontela publica Alba • Ana Maria Machado publica Alice e Ulisses e Democracia • Fundação da "banda virtual" Bathory • Isaac Asimov ganha o Hugo com Foundations Edge • Laurent Fignon (França) vence a 70ª edição da Volta à França em bicicleta • Ieoh Ming Pei (Estados Unidos da América) conquista o prémio Pritzker • O Sepultura foi criado, uma das maiores bandas de metal do mundo. • A banda Capital Inicial foi criada. • A banda Paralamas do Sucesso foi criada. • A banda Titãs foi criada. • A casa de Sabóia doa o Sudário de Turim à Santa Sé • William Walker descobre o primeiro fóssil de barionix • 11 de dezembro - O Grêmio de Porto Alegre vence o Mundial Interclubes em Tóquio no Japão e se torna Campeão do Mundo 2 x 1 sobre o Hamburgo.S.V(Alemanha Oc). NASCIMENTOS • 3 de Janeiro - Daniel Carvalho, jogador de futebol, natural de Pelotas, no Rio Grande do Sul. • 28 de Janeiro - Sandy Leah Lima, cantora brasileira. • 10 de Fevereiro - Daiane dos Santos, ginasta brasileira • 3 de Março - Kelly Key, cantora brasileira. • 10 de Agosto - Nikolai Hentsch, ciclista brasileiro (nascido na Suíça) FALECIMENTOS • 20 de Janeiro - Garrincha, ex-jogador de futebol brasileiro. • 20 de Fevereiro - Fritz Köberle, médico e cientista austríaco-brasileiro. • 10 de Março - Ray Milland, ator do Reino Unido. • 2 de Abril - Clara Nunes, cantora de samba brasileira • 14 de Agosto - Alceu Amoroso Lima, crítico literário, professor, escritor, pensador e líder católico brasileiro. • 16 de Novembro - Janete Clair, tele novelista brasileira. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDAS NO ANO • Sr. Francisco Corrêa (Seu Corrêa) – Comerciante Nasceu em 1983 em Alambres, Trás-os-Montes em Portugal. Faleceu no dia 5 de Agosto em Sete Lagoas • Sr. Mânlio Costetti – Industrial Nasceu no dia 29 de Dezembro de 1899 em Arcévia – Itália Faleceu no dia 29 de Novembro em Sete Lagoas • Sr. Luiz Dagoberto de Almeida Silva – Vereador Nasceu no dia 3 de Agosto de 1925 em Sete Lagoas Faleceu no dia 16 de Junho em Sete Lagoas • Dr. Renato Mário de Avelar Azeredo – Advogado/Político Nasceu no dia 9 de Outubro de 1919 em Sete Lagoas Faleceu neste ano vitima do câncer. 1984 LEMBRANÇAS No ano Leonistico 84/85 fui eleito para exercer a Presidência. Além de meu 1º Secretario e também meu Tesoureiro não serem assíduos, convivi com o pior período de leonismo. Tínhamos companheiros que já tinham exercido até mesmo o cargo de Governador de Distrito e outros tantos que já tinham sido Presidentes que alem de não pagarem as mensalidades também não freqüentavam o clube. Tive de tomar uma medida antipática e que ninguém até aquela data tinha tomado. Afastei de uma única vez 13 companheiros que alem de faltas não pagavam o clube a mais de ano. Até hoje eles agora reconhecem que foi saudável esta medida. Abaixo a ata de minha posse como Presidente do Lions Clube Sete Lagoas: Neste ano eu e Elaine fomos homenageados pelo cronista social Aldo Costa como o Casal do Ano. Recebemos a placa desta homenagem no dia 9 de Novembro. Como a Ciomara já não estava mais trabalhando no Jardim de Infância, resolvi empresta-lo para a Prefeitura com a promessa que eles se algum dia mudassem o nome do mesmo teria de ser para colocar o nome de minha avo. O Frank já estava fazendo Engenharia em Governador Valadares e a Iara também foi para lá fazer Odontologia. Não deu outra coisa neste mesmo ano os dois já estavam casados e estudando. Tivemos eu e o pai da Iara continuar a custear os estudos dos dois até que os mesmo se formassem. Constantemente nossa casa vivia cheia. Todos os finais de semana recebíamos a visita de muitos familiares. CARNAVAL E fundada a Liga Independente das Escolas de Samba com o objetivo de cada vez mais assumir a organização dos desfiles. A vitória deste ano ficou com a Mangueira com o enredo “Yes, nós temos Braguinha”. CURIOSIDADES EVENTOS • Surge no Brasil o movimento das Diretas Já. • Niki Lauda sagra-se tricampeão mundial de Fórmula 1. • Conclusão da represa de Itaipu no Rio Paraná. • 24 de janeiro - Apple lançou o computador Macintosh, que viria a revolucionar a história da computação. • 27 de maio - Fluminense Futebol Clube conquista o Campeonato Brasileiro de futebol. • 9 de julho - A sueca Yvonne Ryding é eleita Miss Universo. • 4 de agosto - O Alto Volta muda de nome para Burkina Faso • 22 de Novembro - Sai o segundo álbum da cantora americana Madonna intitulado "Like A Virgin". O álbum traz inúmeros sucessos como "Like A Virgin", "Material Girl", "Into The Groove", "Angel" e "Dress You Up". O disco vendeu 22 milhoes de copias ao redor do planeta terra. • 22 de novembro - É inaugurada a Usina Hidrelétrica Tucuruí, maior usina hidrelétrica do Brasil - genuinamente nacional - pela ELETRONORTE. NASCIMENTOS • 11 de Abril - Durval de Lima Júnior, cantor brasileiro. • 9 de Maio - Natália Falavigna, lutadora de taekwondo brasileira • 8 de Setembro - Daniele Hypólito, esportista brasileira de ginástica olímpica • 7 de Outubro - Ana Paula Caldeira, o primeiro bebê de proveta brasileiro. FALECIMENTOS • 3 de janeiro - Ivete Vargas - política brasileira, filha de Getúlio Vargas, ex-presidente brasileiro, então presidente do PTB. (insuficiência respiratória). • 26 de janeiro - Codó (Clodoaldo de Brito), compositor e violonista baiano. Acompanhou cantores como Moreira da Silva e Dalva de Oliveira. Tinha mais de 500 composições (infarto). • 13 de março - Jorge Andrade, dramaturgo brasileiro, de peças como "A Moratória" e "A Escada" e novelas como "Os Ossos do Barão" e "Ninho da Serpente" (edema pulmonar). • 9 de abril - Armando Costa , dramaturgo brasileiro de cinema e televisão. Um dos fundadores do Teatro Opinião (derrame cerebral). • 29 de abril - Leny Eversong, cantora brasileira de jazz e bossa nova. Morreu aos 63 anos, de arritmia cardíaca complexa. • 13 de Maio - Pedro Nava, escritor e médico brasileiro. • 23 de Maio - Milton Corrêa Pereira, bispo católico. • 31 de outubro - Indira Gandhi - Primeira-ministra da Índia, assassinada por dois membros de sua guarda, que pertenciam a um grupo religioso minoritário, a seita sikh. • PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDAS NO ANO • Sr. Dante Lanza – Comerciante Nasceu no dia 16 de Julho de 1894 em S. Pedro de Pequiri/MG Faleceu em 4 de Março em Sete Lagoas • Sr Delcio Campos – Professor e Jornalista Nasceu no dia 25 de fevereiro de 1944 em Felixlândia-MG Faleceu no dia 14 de Janeiro em Sete Lagoas • Sra. Elza Moreira Lopes – Contabilista Nasceu no dia 17 de Setembro de 1929 Faleceu no dia 4 de Janeiro em Belo Horizonte. • Sr. Eloy Vieira da Silva Nasceu no dia 29 de Novembro em Capim Branco/MG Faleceu no dia 9 de Maio em Sete Lagoas • Sr. José Rodrigues Magalhães – Ferroviário Nasceu no dia 25 de Novembro de 1908 em Sete Lagoas Faleceu no dia 24 de Abril em Sete Lagoas • Dr. Saint Clair Costa – Advogado Nasceu no dia 10 de Novembro de 1894 em Curvelo/MG Faleceu no dia 29 de Fevereiro em Sete Lagoas 1985 LEMBRANÇAS No dia 01 de janeiro, quando ainda comemorávamos a passagem do ano, minha filha Ciomara foi para a maternidade para dar luz a uma menina que veio chamar-se Tatiane a minha primeira neta. Foto do Thiago em Janeiro quando de uma nossa visita a Ciomara em Abaeté. No dia 24 de Janeiro nascia meu neto Victor e a luta para seus pais o Frank e a Iara, também não foi fácil. Estudar e olhar filho pequeno em uma cidade longe de seus parentes. Mesmo assim deram conta do recado. Na frente de sua casa morava uma família que vendo a luta dos dois ficavam tomando conta do menino enquanto os dois iam para a faculdade. A nossa Convenção do Lions realizou-se em Poços de Caldas no mês de Maio Em julho as fotos expressam como eram as reuniões em nossa casa. As vezes me questiono se pratiquei algum mal para determinadas pessoas da família de Elaine. Não consigo entender porque agora que já não posso proporcionar aquelas reuniões, porque deixaram de me convidar para as festas que fazem em suas casas. Será que a amizade era so pelo meu dinheiro? Em Setembro fui procurado pelo Tarcisio que me informou da presença em Sete Lagoas do Indiano Bush Parade que estava de passagem. Sua viagem pelo mundo estava sendo feita de bicicleta. Providenciamos para o mesmo hospedagem e dois dias depois ele seguiu viagem para Brasília. Neste mês viajamos para o Rio para comemorarmos os 100 anos de minha avo Chistina. Ciomara foi com a gente. Também em Setembro mais no final do mês fomos passar um final de semana com o meu cunhado e Compadre Mauro em Pirapora/MG. Na primeira foto da esquerda para a direita Mauro, Elaine, Berenice, uma colega de Cristina e ela. Na foto seguinte eu, Elaine e Berenice. A serie de fotos que se seguem foram tiradas no final do ano na casa de Ciomara. Falecimento de meu padastro Sr. Octavio. Esta passagem abalou muito minha mãe ela que estava acostumada a viver sozinha agora teria, por causa de sua idade, que viver com minha irmã Marilda. POLITICA Neste ano a campanha para Diretas Já era intensa no Pais e nas ultimas eleições indiretas foi eleito o Senador Sr. Tancredo Neves tendo como seu vice o Senador Sr. José Sarney. Em virtude do falecimento de Tancredo Neves, em 21 de abril deste ano, assume o poder como presidente da Republica o Sr. José Sarney e que toma posse no dia 15 de março, já que Tancredo Neves não o pode fazer, pois encontrava-se hospitalizado em estado grave vitima de uma disverticulite crônica. Agora transcrevo um pouco da vida de Tancredo Neves. Vida Política Iniciou a carreira política em 1933, ao filiar-se ao Partido Progressista; em 1934, foi eleito vereador em sua cidade natal. Durante o Estado Novo se afastou um pouco da política, sendo preso duas vezes, em (1937 e 1939). Com o fim da ditadura voltou à política, eleito deputado estadual em 1947, deputado federal em 1950 e 1953. Durante o governo constitucional de Getúlio Vargas e o governo de Juscelino Kubitschek, foi Ministro da Justiça e Negócios Interiores (era bacharel em Direito). Após a renúncia do presidente Jânio Quadros, articulou uma solução de compromisso com a instalação do parlamentarismo (1961), evitando que João Goulart fosse impedido de assumir a presidência por golpe militar. Na ocasião, aceitou o cargo de Primeiro-Ministro. Consolidando-se o golpe de 1964, Tancredo passou a militar na oposição, pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Em 1978 foi eleito senador, e, a seguir, Governador do Estado de Minas Gerais (1983). Esta fase de sua vida política foi marcada por uma política de intensa perseguição aos seus adversários políticos, com demissões generalizadas de funcionários públicos, notadamente, diretores de escolas e chefes de repartições públicas que não participaram de sua campanha. Em 1985 foi realizada a primeira eleição (indireta, via Colégio eleitoral) para presidente da República desde o golpe militar de 1964. Tancredo Neves foi indicado por uma coligação de partidos, com apoio de Ulysses Guimarães (a figura mais importante no período de redemocratização do país). Tendo como candidato a vice na mesma chapa José Sarney, venceu o pleito em 15 de janeiro de 1985, por 480 votos contra 180 de Paulo Maluf. A articulação que elegeu a dupla Tancredo e Sarney é tida ainda hoje como uma das mais complexas e bem-sucedidas na história política do país. Conta-se que Tancredo vinha silenciosamente trabalhando pela sua candidatura desde 1983. No ano seguinte, com a derrota da emenda das Diretas Já, rejeitada pelo Congresso Nacional, ele foi granjeando simpatias. Convenceu Ulysses Guimarães a não concorrer no Colégio Eleitoral, conquistou o apoio de Antônio Carlos Magalhães e montou a Aliança Democrática, que possibilitou a união do PMDB com dissidentes do PDS (sucessor da Arena) e deu corpo ao PFL. Com Sarney como vice, derrotou Paulo Maluf na última eleição indireta do país. Tancredo havia se submetido a uma agenda de campanha bastante extenuante e vinha sofrendo fortes dores no estômago, durante os dias que antecederam a posse. Aconselhado por médicos a procurar tratamento, teria dito: Façam de mim o que quiserem - depois da posse. Tancredo temia que os militares mais reacionários se recusassem a passar o poder ao vice-presidente. Porém, a sua saúde não resistiu e, na véspera da posse (14 de março de 1985), foi internado em Brasília com fortes dores abdominais. José Sarney assumiu a presidência aguardando o restabelecimento de Tancredo, que a partir de então, já em São Paulo, sofreu sete cirurgias. No entanto, em 21 de abril na mesma data e hora da morte do mártir nacional Tiradentes), os aparelhos de circulação e respiração artificial que o mantinham em estado vegetativo são desligados e Tancredo falece vítima de infecção generalizada, aos 75 anos. A morte de Tancredo foi anunciada pelo seu porta-voz, Antônio Britto. Houve grande comoção nacional, especialmente por que Tancredo Neves seria o primeiro presidente civil após o Golpe de 1964. O Brasil, que acompanhara tenso e comovido a agonia do político mineiro, promoveu um dos maiores funerais da história nacional. Calculou-se na época que, entre São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e São João del Rey, mais de 2 milhões de pessoas viram passar o esquife. Coração de Estudante, uma música do cantor mineiro Milton Nascimento, marcou o episódio na memória nacional. O epitáfio que o presidente eleito previra certa vez numa roda de amigos, em conversa no Senado, não chegou a ser gravado na lápide, em São João Del Rey: Aqui jaz, muito a contragosto, Tancredo de Almeida Neves. Vinte anos após, o corpo médico revelou que não divulgou o laudo correto da doença à época, que não teria sido disverticulite porém um tumor. Embora benigno o anúncio de um tumor poderia ser interpretado como câncer, causando efeitos imprevisíveis no andamento político no momento. Em seu lugar, assumiu a presidência da República seu vice José Sarney, encerrando o período de governos militares, apelidado Anos de chumbo, iniciado com o Golpe de 1964. Mesmo sem nunca ter tomado posse, Tancredo Neves é, por força de lei, elencado entre os ex-presidentes do Brasil. Pela lei 7.465 de 21 de Abril de 1986, o cidadão Tancredo de Almeida Neves, eleito e não empossado, por motivo de seu falecimento, figurará na galeria dos que foram ungidos pela Nação brasileira para a Suprema Magistratura, para todos os efeitos legais. Tancredo Neves foi casado com Risoleta Neves, com quem teve 3 filhos. Aécio Neves, governador de Minas Gerais eleito em 2002, é seu neto. Tancredo Neves. Precedido por: João Figueiredo Presidente do Brasil — Sucedido por: José Sarney Precedido por: Nenhum Primeiro-ministro do Brasil 1961 — 1962 Sucedido por: Francisco Brochado da Rocha Precedido por: Francelino Pereira dos Santos Governador de Minas Gerais 1983 — 1984 Sucedido por: Hélio Garcia CARNAVAL A liga cria um selo próprio para fazer o disco dos sambas-enredo e passa a negociar a transmissão de TV. Estava acabada a “fase romântica das escolas de samba”, segundo os especialistas Imperatriz Leopoldinense, Mangueira, Portela e Império Serrano são as favoritas ao título deste ano. Correm por fora Beija-Flor e Viradouro. As seis primeiras escolas classificadas voltam à Sapucaí para desfile das campeãs, que acontece no sábado. O Carnaval deste ano foi marcado pela reedição de antigos sucessos. Das 14 escolas do Grupo Especial, quatro delas --Portela, Império Serrano, Viradouro e Tradição-- apostaram em sambas-enredos já consagrados. A Portela reeditou "Lendas e Mistérios da Amazônia", enredo que deu o campeonato de 1970 para a escola. Com muitas cores e elementos da floresta, a Portela contou a lenda do guaraná, da cobra-grande, do saci-pererê e do pássaro uirapuru. A Tradição levou para avenida "Contos de Areia". Com ele, a Portela foi campeã em 1984. A escola, uma dissidência da homenageada, enfeitou a avenida com orixás do candomblé relacionados a portelenses consagrados -- Clara Nunes, Paulo da Portela e Natal. A Império Serrano empolgou o público das arquibancadas e dos camarotes com "Aquarela Brasileira", de 1964. O samba de Silas de Oliveira foi inspirado na música "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso, que morreu no mesmo dia do desfile, em 64. Já a Viradouro apostou no enredo "Festa do Círio de Nazaré", de 1975, da Unidos de São Carlos (hoje, Estácio de Sá, que está no Grupo de Acesso). O desfile da escola, entretanto, foi prejudicado pela chuva, que encharcou parte das fantasias. A vitoriosa foi da Mocidade Independente de Padre Miguel com o enredo “ Ziriguidum 2001”. CURIOSIDADES EVENTOS • 2 de Fevereiro - A série Super Sentai Dengeki Sentai Changeman começa a ser produzido no Japão. A produção da série se estenderia até 22 de janeiro do ano seguinte, com 55 episódios. Viria a fazer alguns anos depois grandes sucesso no Brasil. • 15 de Março - Começa a ser produzida no Japão a série metal-hero Kyojuu Tokusou Jaspion, que seria concluída em 24 de março do ano seguinte com 46 episódios. Alguns anos mais tarde viria a fazer um grande sucesso no Brasil. • 23 de Abril - Madonna sai em sua primeira turne mundial, a The Virgin Tour percorrendo 27 cidades americanas e uma canadense. • É criada a linguagem de programação Clipper • No dia 24 de Junho vai ao ar o primeiro capitulo da novela Roque Santeiro, grande sucesso da dramaturgia nacional. • Em 15 de Julho, a porto-riquenha Deborah Carthy-Deu é eleita Miss Universo. • Fim do Regime militar brasileiro, com a eleição indireta do primeiro presidente civil em 20 anos, Tancredo Neves • Com a morte de Tancredo Neves, o vice José Sarney assume a presidência da República no Brasil. • Junho - A musica "Crazy For You" de Madonna tira das paradas "We Are The World", gravada por Michael Jackson, Cyndi Lauper, Tina Turner, Bruce Springsten entre outros, ficando mais de duas semanas no primeiro lugar. • A banda Legião Urbana grava o primeiro disco. • A banda Engenheiros do Hawaii é criada. • Alain Prost vence seu primeiro título na Fórmula 1. • Identificado o buraco na camada de ozônio. • Outubro - Richard Stallman funda a Free Software Foundation(FSF). NASCIMENTOS • 25 de Julho - Nelson Angelo Piquet, piloto brasileiro de automobilismo • 21 de Outubro - Aisha Jambo, atriz brasileira. • 19 de Novembro - Bianca Comparato, atriz brasileira. FALECIMENTOS • 12 de Janeiro - João Batista Vilanova Artigas, arquiteto brasileiro. • 20 de Abril - Charles Francis Richter, sismólogo estado-unidense. • 21 de Abril - Tancredo Neves, presidente da República do Brasil, aos 75 anos. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDAS NO ANO • D. Clotilde Americana de Avelar – Professora Nasceu no dia 19 de Junho de 1893 Faleceu no dia 25 de Abril em Sete Lagoas • Sr. Edimar Evanir Brandão – Professor Nasceu no dia 6 de Setembro de 1950 Faleceu no dia 18 de Outubro em Divinópolis/MG • Jair Antonio da Silva (Jair Dentista) Nasceu no dia 4 de Julho de 1933 em Martinho Campos/MG Faleceu no dia 20 de Agosto em Sete Lagoas • João Francisco da Costa (Maestro da Banda União dos Artistas) Nasceu no dia 11 de Abril de 1903 em Sete Lagoas Faleceu no dia 16 de junho em Sete Lagoas • Sr. Geraldo Rodrigues de Lima – (Geraldo Marreco) Nasceu no dia 21 de Junho de 1917 em Sete Lagoas Faleceu no dia 20 de Janeiro em Sete Lagoas 1986 FUTEBOL A XIII Copa do Mundo que inicialmente era para se realizar na Colômbia, acabou acontecendo no México, porque o governo colombiano alegou não ter recursos para sediar o evento. Novamente treinado por Telê Santana, o Brasil foi eliminado pela França nas quartas-de-final, na disputa de pênalti. Na final, a Argentina venceu a Alemanha por 3 X 2 e sagrou-se bicampeã mundial. CARNAVAL Mangueira estourou e ficou com o primeiro lugar apresentando o enredo “Caymmi mostra ao mundo o que a Bahia e a Mangueira têm” ECONOMIA A desvalorização do cruzeiro levou a criação do cruzado, com valor mil vezes maior. LEMBRANÇAS Falecimento de meu irmão Ronaldo. Outra pancada emocional para todos, por ser ele o mais novo. Apesar de ser o que mais trabalho dava em termos de preocupações e com isso acabou mais um pouco com minha mãe que já vinha sentindo a falta de meu padastro Sr. Octavio. No inicio do ano fizemos uma viagem a Salvador acompanhados de Evandro meu cunhado e sua esposa Tânia. Em Dezembro além de visitarmos Ciomara em Abaeté também promovemos em nossa casa a Festa de Final de Ano. Visita a Ciomara Festa de Final do Ano Pessoas muito especiais para mim, meus filhos, meu pai, minha mãe, sogra, cunhados e sobrinhos. CURIOSIDADES EVENTOS • 1 de Janeiro - Portugal entra na União Européia. • 14 de Fevereiro - Termina a campanha eleitoral para a 2ª volta das eleições presidenciais portuguesas, entre os candidatos Mário Soares e Freitas do Amaral. • 28 de fevereiro - É criado o Plano Cruzado, plano econômico que previa congelamento e tabelamento de preços e salários. A moeda brasileira passa a se chamar Cruzado (1000 cruzeiros = 1 cruzado). • Alain Prost vence seu segundo título na Fórmula 1. • Chernobyl é assolada por um desastre nuclear • Realização da XIII Copa do Mundo de Futebol, no México. Campeão: Argentina. • Criciúma Esporte Clube conquista o Campeonato Catarinense de futebol. • Flamengo vence o Campeonato Carioca deste ano. • Deportivo Táchira vence o Campeonato Venezuelano deste ano. • No dia 30 de Junho de 1986, estréia na TV Globo o programa Xou da Xuxa apresentado por Xuxa Meneghel. O programa vai ao ar de segunda a sábado das 8:00 ao 12:30h. • Junho/1986 sai o terceiro álbum da cantora norte-americana Madonna intitulado True Blue. O álbum traz singles consagrados como "Papa Dont Preach", aonde Madonna causa polemica por falar na musica a historia de uma adolescente que fica grávida do namorado e no fim tem que assumir seu bebe sozinha. A Igreja Católica, principalmente na Inglaterra, fica enfurecida com Madonna, por achar que ela estaria incentivando adolescentes a engravidarem e terem uma vida libertina sem se casarem. Outros sucessos de peso do álbum sao "Live To Tell", "La Isla Bonita", "Open Your Heart" e "True Blue". O álbum vendeu mundialmente 20 milhoes de copias. • Em 21 de Julho de 1986, a venezuelana Bárbara Palácios Teyde é eleita Miss Universo NASCIMENTOS • 3 de Junho - Rafael Nadal, tenista espanhol - atual número dois mundial. FALECIMENTOS • 8 de Janeiro - Juan Rulfo, escritor mexicano. • 24 de Janeiro - L. Ron Hubbard, escritor norte-americano, fundador da cientologia. • 11 de Fevereiro - Frank Herbert, escritor estadunidense. • 23 de Março - Josué Guimarães, escritor brasileiro. • 14 de Abril - Simone de Beauvoir, escritora e filósofa francesa. • 9 de Maio - Tenzing Norgay, alpinista sherpa nepalês. • 23 de Maio - Sterling Hayden, ator estadunidense. • 3 de Junho - Augusto Ruschi, cientista, agrônomo, advogado, ecologista e naturalista brasileiro. • 14 de Junho - Jorge Luis Borges, escritor argentino. • 13 de Julho - Orígenes Lessa, jornalista, contista, novelista, romancista e ensaísta brasileiro. • 30 de Julho - Luís da Câmara Cascudo, historiador, folclorista, antropólogo, advogado e jornalista brasileiro. • 2 de Setembro - Otto Glória, treinador de futebol do Brasil. • 27 de Setembro - Cliff Burton, baixista Banda Metallica. • 19 de Outubro - Samora Machel, presidente de Moçambique. • 29 de Novembro - Cary Grant, ator estadunidense, nascido no Reino Unido. • 19 de Dezembro - Avelar Brandão Vilela, cardeal brasileiro. • 28 de Dezembro - Andrei Tarkóvski, cineasta russo. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDAS NO ANO • Sr. Alberto Moura – Comerciante e Ex Prefeito Nasceu em 26 de Abril de 1909 Faleceu em Sete Lagoas no dia 1 de Outubro • Dr. Hermínio Perez Furletti – Medico Nasceu no dia 25 de Abril de 1907 em Nova Lima/MG Faleceu no dia 22 de Abril em Sete Lagoas • Prof. Maria Auxiliadora dos Reis e Silva Nasceu no dia 4 de Agosto de 1927 em Sete Lagoas Faleceu no dia 23 de Outubro em Sete Lagoas • Sr. Juscelino Tinoco Filho – Comerciante e Juiz de Paz Nasceu no dia 28 de Outubro de 1903 em Sete Lagoas Faleceu no dia 20 de agosto • Sr. Mozart Bicalho – Compositor Nasceu no dia 16 de Dezembro de 1901 em Bom Jesus do Amparo/MG Faleceu no dia 8 de Janeiro em belo Horizonte 1987 LEMBRANÇAS Neste ano no dia 17 de Dezembro faleceu no Rio de Janeiro meu pai. Foi um período muito difícil para minha irmã Marilda. Pai foi acometido de uma Arteriosclerose bem acentuada e deu muito trabalho. Durante seu enterro vivemos momentos trágicos cômicos. O responsável pelo necrotério queria de todas as formas me convencer que um defunto que estava la no necrotério era pai. Discutimos por horas até que ele o encarregado, aceitou minhas ponderações. O defunto que ele me oferecia tinha como causa mortis um tiro disparado no pescoço e meu pai não tinha nenhum ferimento desta forma. Muito nervoso ele mandou que eu fosse procurar o meu defunto na geladeira e eu assim fiz. Depois de algumas dezenas de gavetas abertas na geladeira do necrotério, por fim encontrei o corpo de meu pai e pude dar a ele o repouso merecido. Abaixo fotos de meus netos em Abaeté junto de mim e depois foto do Victor em minha casa em Sete Lagoas. Abaixo fotos do aniversário de 15 anos de Danielle filha de Vera e João Alberto. CARNAVAL Deu Mangueira outra vez que apresentou o enredo “No reino das palavras – Carlos Drumond de Andrade” CURIOSIDADES EVENTOS • Astronomia A Supernova 1987 situada na Nuvem de Magalhães foi a explosão estrelar ocorrida em região mapeada, mais próxima da Terra. • Nelson Piquet ganha seu terceiro campeonato de Fórmula 1. • Jogos Pan-americanos em Indianápolis, EUA • O Sport Club do Recife ganha o Campeonato Brasileiro após vencer o Guarani. • 26 de Maio - A chilena Cecilia Bolocco é eleita Miss Universo. • Junho - Show na casa de espetáculos Palace lança a quinta formação do grupo Secos e Molhados, apresentando o novo integrante Totô Braxil. • Julho de 1987 - A cantora Madonna sai em sua segunda turne, agora mundial, intitulada de Whos That Girl - World Tour. Com o filme e álbum de mesmo nome, Madonna canta nos shows as musicas de seus quatro primeiros álbuns, passando pelo Japão, Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, France, Alemanha, Holanda e Itália. Alem de performar nos shows sucessos esmagadores e recentes como "Whos That Girl" que e seu mais novo primeiro lugar e "Causing A Commotion". NASCIMENTOS Sem anotações FALECIMENTOS • 18 de Julho - Gilberto Freyre, sociólogo brasileiro. • 17 de Agosto • Carlos Drummond de Andrade, poeta, contista e cronista brasileiro. • Outubro - Arlindo Rodrigues, carnavalesco carioca. • 17 de Dezembro Manoel Bernardo Soares ( Meu Pai) PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDAS NO ANO • Sr. Avelar Pereira de Alencar – Comerciante – Vice Prefeito Nasceu em 17 de Setembro de 1901 em Sete Lagoas Faleceu no dia 19 de Novembro em Sete Lagoas e recebeu honras militares por ter sido ele o fundador do tiro de Guerra de Sete Lagoas. Seu corpo foi transportado para o cemitério em viatura do 4º GAAAe. • Sr. Alcy Coelho da Silva Galvão – Professor Galvão Nasceu em 28 de Fevereiro de 1910 em S.Paulo Faleceu no dia 3 de Outubro em Sete Lagoas • Professora Ligia Elian Nasceu no dia 16 de Janeiro de 1921 em Sete Lagoas Faleceu no dia 11 de Agosto em Sete Lagoas • Padre Joaquim Mutti de Vasconcelos Nasceu no dia 2 de Junho de 1914 em Santo Amaro da Purificação/Bahia Faleceu no dia 15 de Março em Sete Lagoas • Tito Alves Costa – Comerciante Nasceu no dia 4 de Janeiro de 1914 em Sete Lagoas Faleceu no dia 22 de Setembro em Sete Lagoas • Sra. Maria José Schmidt Paiva - Professora Nasceu no dia 19 de Março de 1906 em Juiz de Fora/MG Faleceu no dia 9 de Março em Sete Lagoas 1988 LEMBRANÇAS Ainda sinto muitas saudades da Chácara. Mesmo sabendo dos obstáculos que tinha para mantê-la mesmo assim eu tinha a alegria de ter todas as semanas muita gente perto de nós. Desinteressadas ou não o importante a que sempre tínhamos a casa cheia me proporcionando muitas alegrias por ver meus filhos, netos e amigos sempre junto de nós. As fotos abaixo demonstram o que falo. CARNAVAL A minha Vila Isabel surpreende com um desfile sem brilho e materiais brilhantes, mas inegavelmente bonitos e com muita garra. A escola conseguiu seu primeiro titulo com o enredo “Kizomba a Festa da Raça” CURIOSIDADES EVENTOS • Ano em que Roraima deixou de ser um território brasileiro e virou Estado. • Ano em que o Amapá deixou de ser um território Brasileiro e virou Estado. • Ano em que o estado do Tocantins foi criado. • Ayrton Senna vence seu primeiro campeonato de Fórmula 1. • A Santa Sé autorizou os primeiros testes de datação radiométrica ao sudário de Turim; os resultados indicam idades no intervalo 1260-1390, o que não chega a provar que a relíquia é falsa, pois o objeto sobreviveu a vários incêndios, o que altera o efeito do método. • O Esporte Clube Bahia conquista seu único título de Campeão Brasileiro. • 9 de Janeiro - Aprovação do regimento do CEFET-MG, pela portaria 003. • 23 de Maio - A tailandesa Porntip Nakhirunkanok é eleita Miss Universo. • 2 de Julho - Foi lançado o terceiro álbum da apresentadora Xuxa Meneghel, intitulado Xou da Xuxa 3. O disco traz inúmeros sucessos como Ilariê, Dança da Xuxa, Brincar de Índio, Arco-Íris, Abecedário da Xuxa e Bombom. O disco entrou para o Guinness Book em 1993 por ter vendido 3,3 milhões de cópias. E até 2002 vendeu 7,6 milhões de cópias. • 29 de Setembro - um desempregado brasileiro seqüestra um Boeing 737, em protesto contra a política recessiva do então presidente José Sarney, mata o co-piloto e afirma que pretende jogar o avião sobre o Palácio do Planalto. É morto ao pousar em Goiânia. • 28 de Junho - Consistório presidido pelo Papa João Paulo II, criou 25 cardeais, dentre os quais os brasileiros José Freire Falcão e Lucas Moreira Neves e o moçambicano José Maria dos Santos, OFM. • Lançamento do quinto disco do grupo Secos e Molhados, A Volta do Gato Preto. • 5 de Outubro - Promulgada a atual Constituição brasileira, também chamada Constituição Cidadã. • 4 de Novembro - A atriz Letícia Spiller faz sua estréia na TV como a Paquita Pituxa Pastel no programa Xou da Xuxa. Ela ocupou o lugar deixado por Louise Wischermann em setembro do mesmo ano. • Marisa Monte lança seu primeiro disco. • 22 de setembro: fundação do GRES Acadêmicos do Grande Rio. NASCIMENTOS • 4 de Julho - Angelique Boyer, atriz que nasceu na cidade francesa de Jura e faz a personagem Viki (Vico), na novela Rebelde FALECIMENTOS • 13 de Fevereiro - Radamés Gnattali, músico instrumentista e compositor brasileiro. • 25 de Abril - Lygia Clark, escultora e pintora brasileira. • 8 de Maio - Andy Gibb cantor da banda americana Bee Gees. • 28 de Maio - Alfredo Volpi, pintor ítalo-brasileiro. • 29 de Junho - Clóvis Graciano, pintor, desenhista, cenógrafo, gravador e ilustrador brasileiro. • 30 de Junho - Chacrinha, radialista e apresentador de televisão brasileiro. PERSONAGENS DE SETE LAGOAS FALECIDAS NO ANO • Sra. Edith Tanus Lopes – Professora Nasceu no dia 24 de Novembro de 1922 em Curvelo/MG Faleceu em 1988 em Sete Lagoas. • Sra. Maria Campelo Nasceu no dia 4 de Abril de 1903 em Santana de Pirapama/MG Faleceu no dia 28 de Janeiro em Sete Lagoas • Sr. Cirilo Manoel D`Oliveira Nasceu no dia 28 de Março de 1900 em Belo Horizonte/MG Faleceu no dia 4 de Novembro em Sete Lagoas 1989 POLITICA Prefeito de Sete Lagoas Sr. Sergio Emilio Brant de Vasconcelos Costa Vice Prefeito Sr. Marcelo Nogueira Martins Neste período de governo de Sergio Emilio, muito colaborei com o mesmo. Seu Secretario de Governo Cristiano era muito amigo e sempre procurava-me para que eu desse sugestões. ECONOMIA A desvalorização do cruzado levou a criação do cruzado novo, com valor mil vezes maior. LEMBRANÇAS No dia 12 de julho nasceu meu neto Rafael filho de Frank e Iara. No dia 20 de Outubro nascia minha neta Elaininha, filha de Ciomara com o Carlinhos. Fotos de Thiago e Tatiane CARNAVAL Os especialistas se animaram. Os sambas-enredo sem jeito de marchinha foram os vencedores neste ano assim como no anterior. Mas a maior surpresa não foi da campeã, a Imperatriz com seu enredo “Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós”. O maior impacto foi pela Beija-Flor. A Cúria Metropolitana do Rio de Janeiro soube que a escola traria o Cristo Redentor de abre-alas no enredo “Ratos e Urubus, larguem minha fantasia”. O arcebispo conseguiu que a justiça proibisse a alegoria de ser mostrada. No dia do desfile, Joãozinho Trinta apresentou o Cristo coberto em plástico e com uma faixa: “Mesmo proibido, olhai por nós”. Embaixo dele uma gigantesca ala de mendigos num tema que abordava o lixo e o luxo da vida brasileira. CURIOSIDADES EVENTOS • 5 de Março - Sai o quinto álbum da cantora norte-americana Madonna intitulado "Like A Prayer". • Protestos estudantis na República Popular da China. • 23 de Maio - A holandesa Angela Visser é eleita Miss Universo. • 4 de Junho - Exército chinês reprime protestos estudantis. • 5 de Junho - Um misterioso estudante chinês pára na frente de diversos tanques de guerra até ser puxado. • 9 de Novembro - Queda do Muro de Berlim. • 25 de Agosto - Chegada da Voyager 2 a Neptuno • Eleito Fernando Collor de Mello, no Brasil. NASCIMENTOS FALECIMENTOS • 7 de Janeiro - Hirohito, Imperador do Japão. • 23 de Janeiro - Salvador Dali, pintor espanhol. • 28 de Fevereiro - Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira, lexicógrafo, filólogo e ensaísta brasileiro. • 20 de Março - Dina Sfat, atriz brasileira. • 7 de Junho • Paulo Leminski, poeta e escritor brasileiro. • Nara Leão, cantora brasileira. • Francisco Sacco Landi (Chico Landi), piloto de automobilismo brasileiro. • 11 de Julho - Laurence Olivier. (Ator dos filmes Gordo e o Magro) • 2 de Agosto - Luiz Gonzaga do Nascimento (Luiz Gonzaga), músico brasileiro, "conhecido como o "rei do baião". • 21 de Agosto - Raul Seixas, cantor e compositor brasileiro de rock • 6 de Outubro - Bette Davis, atriz estado-unidense • 24 de Outubro - Jerzy Kukuczka, montanhista polonês, segundo homem a escalar todas as montanhas com mais de 8000 metros do mundo. • 28 de Outubro - Líbero Miguel, ator, diretor e dublador brasileiro. PERSONALIDADES DE SETE LAGOAS FALECIDAS NO ANO • Dr. Genésio Cadorna Cairo – Engenheiro Nasceu no dia 21 de Outubro de 1917 Faleceu no dia 10 de Outubro em Sete Lagoas • Dr. Euclides Marques Andrade (Quidinho) – Advogado Nasceu no dia 22 de Julho de 1916 em Sete Lagoas Faleceu no dia 17 de Dezembro em Belo Horizonte • Sr. Manoel Clemente Júnior – (Manoelito) Nasceu no dia 23 de Julho de 1908 em Belo Horizonte/MG Faleceu no dia 12 de Junho em Sete Lagoas 1990 FUTEBOL As equipes da Argentina e Alemanha disputaram mais uma final, a da XIV Copa do Mundo, na Itália. Dessa vez, no entanto, a vitória coube a Alemanha, que venceu por 1 X 0 e conquistou o torneio pela terceira vez. A equipe do Brasil foi derrotada pela Argentina por 1 X 0 nas oitavas-de-final. CARNAVAL A Mocidade Independente conta um enredo sobre membros ilustres da sua historia como Mestre André, diretor que fez a fama da bateria da escola, o puxador Ney Vianna e o carnavalesco Fernando Pinto. A escola vende o carnaval ao apresentar este enredo que denominou “ Vira, virou, a Mocidade chegou”. LEMBRANÇAS A Convenção do Lions este ano foi realizada em Águas de Lindóia. Neste ano resolvi pedir demissão do quadro do Lions Sete Lagoas. Os desentendimentos dentro do clube eram grandes e principalmente por que eu já não enxergava mais nos companheiros o espírito de leonismo e sim de esnobação social. As campanhas eram organizadas mais com objetivos socialites do que filantrópicos. Gastava muito mais com o luxo e largavam-se os objetivos maiores de lado. Logo pude observar que os grupinhos eram formados para se obter benesses financeiras e as reuniões de companheirismo acabaram por ser reuniões de fofocas e desentendimentos. No dia 18 de Março morre no Rio de Janeiro Mauro Faccio Gonçalves o “Trapalhão Zacarias” que durante anos enalteceu o nome de Sete Lagoas para o Brasil e para o Mundo. Seu enterro levou milhares de pessoas as rua de Sete Lagoas e a policia, temendo tumultos, teve que interditar o cemitério por causa do numero de pessoas que queriam apresentar suas despedidas ao ator. Nesta foto Mauro aparece caracterizado de Zacarias dos trapalhões junto com Didi e admiradores. POLITICA No dia 15 de março assume a Presidência da Republica pelo voto popular o Sr. Fernando Collor de Melo. ECONOMIA O governo confisca a poupança e aplicação dos brasileiros e o cruzado volta a chamar-se cruzeiro. CURIOSIDADES EVENTOS • 15 de Fevereiro - Cimeira de Cartagena para o combate conjunto ao tráfico de droga pelos EUA, Colômbia, Peru e Bolívia. • 15 de março - Fernando Collor de Mello assume a Presidência da República no Brasil. • 13 de Abril - Madonna sai novamente em sua terceira turnê a Blond Ambition Tour por 10 países: Japão, Estados Unidos, Canadá, Suécia, Inglaterra, Itália, Holanda, Alemanha, Espanha e França. • 15 de Abril - A norueguesa Mona Grudt é eleita Miss Universo. • 24 de Abril - O Telescópio Espacial Hubble é lançado para o espaço. • O Brasil passa a transmitir a MTV. • É criado o avião MD-11. • 2 de agosto - O Iraque invade o Kuwait. • 28 de agosto - O Kuwait é anexado ao Iraque como província. • 19 de Setembro — Outorgada a Lei Orgânica da Saúde, que criou no Brasil o Sistema Único de Saúde (SUS). • 15 de Novembro: Eleição histórica: a primeira de Brasília. Joaquim Roriz (Joaquim Domingos Roriz) eleito Governador do Distrito Federal e Márcia Kubitscheck Vice-governadora. • 22 de Dezembro - Lech Wałęsa é eleito presidente da Polônia. Carnaval • O GRES Mocidade Independente de Padre Miguel vence o carnaval carioca com o enredo "Vira virou, a Mocidade chegou", do carnavalesco Renato Lage. NASCIMENTOS FALECIMENTOS • 7 de Março - Luis Carlos Prestes, líder comunista brasileiro. Responsável pelos movimentos Coluna Prestes e Intentona Comunista. • 18 de Março - Mauro Faccio Gonçalves, ator brasileiro,famoso por ter interpretado Zacarias em Os Trapalhões. • 7 de Julho - Cazuza, cantor e compositor brasileiro. • 10 de Novembro - Mário Schenberg, físico, político e crítico de arte brasileiro. • 23 de Novembro • Caio Prado Júnior, historiador, geógrafo, escritor, político e editor brasileiro. • Líbero Miguel, ator e dublador br
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Projeto ADC Eletropaulo Entrevistado por Rosali Maria Nunes Henriques e Nelly Aguero Aronovich Depoimento de Maria Lucione Gomes Ferreira São Paulo, 19/09/1994 Realização: Instituto Museu da Pessoa ADC_HV005_ Maria Lucione Gomes Ferreira Revisado por Ana Paula Santana Bertho P/1 - Boa tarde, Luc...Continuar leitura Projeto ADC Eletropaulo Entrevistado por Rosali Maria Nunes Henriques e Nelly Aguero Aronovich Depoimento de Maria Lucione Gomes Ferreira São Paulo, 19/09/1994 Realização: Instituto Museu da Pessoa ADC_HV005_ Maria Lucione Gomes Ferreira Revisado por Ana Paula Santana Bertho P/1 - Boa tarde, Lucione! Eu gostaria que você dissesse seu nome completo, a data e o local de nascimento e o nome de seus pais. R - Boa tarde! Maria Lucione Gomes Ferreira. Eu nasci na cidade de Timbaúba, Pernambuco. Meu pai chama-se José Bernardo Ferreira e minha mãe Dione Gomes Ferreira. P/1 - E o que seus pais faziam? R- Bom, quando a gente morava em Timbaúba, meu pai era sapateiro e minha mãe era costureira. E no ano de 1972, meu pai resolveu vir para São Paulo para gente ter uma vida melhor né? Tanto para mim, quanto para os meus irmãos. Então, meu pai veio para São Paulo no comecinho de 1972 junto com meu irmão mais velho e logo em seguida ele arrumou aqui emprego, casa e depois mandou buscar minha mãe, eu e meus três irmãos que tinham ficado lá. P/1- E aí vocês vieram para São Paulo? R- É, aí nós viemos para São Paulo, meu pai já trabalhava na época de cobrador de ônibus e minha mãe começou...era costureira, continuou costurando. E eu ficava em casa, cuidava dos meus irmãos, que eu era a mais velha... Quer dizer, sou a mais velha. Então, eu cuidava dos meus irmãos e logo em seguida eu arrumei um emprego também. Fui trabalhar na Socipla, que era uma fábrica de plásticos onde fabricavam chupetas e mamadeiras. E eu trabalhava lá e estudava à noite. Depois eu saí, pedi demissão da empresa e comecei a trabalhar ali na Rua 7 de Abril, em um escritório de advocacia, de secretária. Aí também como...você conta muito aquelas histórias né, não sei, uma moça vindo do interior do Nordeste e eu achei que o advogado queria assim, me cantar e tal. Tive medo, fiquei insegura e pedi demissão também. Foi quando estudava à noite, eu já estava terminando o ginásio, conheci um amigo meu que estudava na mesma classe e o pai dele trabalhava na antiga Light. Ele falou pra mim: "Por que você não vai fazer um teste na Light?" Eu achava que na Light, na época, só trabalhavam homens, achava que não trabalhava mulher. Eu falei: “Como? Não sou homem!” Ele falou: "Não, há moças que trabalham no escritório". Eu tinha aquela noção que era só aquele pessoal que fazia instalação, que subia nos postes. Aí ele falou: "Vou falar com o meu pai". Falou com o pai dele, que me indicou, enviou uma carta e mandou na época eu ir na Avenida Brigadeiro Luís Antônio. Aí eu fui lá e fiz a inscrição. Logo em seguida eu fui chamada para fazer os testes: fiz no meio...acho que nós éramos em 230 pessoas; dessas passaram 10. A segunda fase foi os testes psicotécnico e de datilografia e dos 10 foram chamados eu e mais outra pessoa. Fui para entrevista e, depois da entrevista, o moço perguntou para mim...Era o Toninho, que hoje é diretor do sindicato, né? Ele virou para mim e perguntou assim: "Onde você quer trabalhar? Na Rua Xavier de Toledo ou no bairro do Cambuci?" Eu falei assim: “Ah, eu moro no bairro do Ipiranga, acho que no Cambuci é mais perto”. Fui indicada para trabalhar no departamento de Engenharia do Cambuci, isso em 1976. Então eu fui admitida na Light em 21 de setembro de ... 21 de outubro de 1976. Entrei como arquivista; depois, com o passar do tempo eu fui aprendiz de escritório, escriturária, e.... depois eu fui.... foi quando eu conheci, né? Começaram a falar muito do clube que existia dentro da Light, que era a antiga ACEL. Então, o pessoal ficava me convidando para ir, para dar uma passada lá. E eu falava assim: “Ah, não vou, eu não tenho tempo, tenho que estudar”. Mas um dia resolvi ir de tanto o pessoal falar. Quando cheguei lá, conheci de imediato o Takeo, presidente, o Arnaldo e o Mizo. Eles foram, assim, as três pessoas que eu mais me entrosei no começo. Eles me convidaram para ajudar a ADC [Associação Desportiva e Cultural]. Eu falei, "Ah mas como eu posso ajudar?" Eles falaram: "Não, você vem aqui, a gente vai fazer campeonatos". Aí que pensei, pensei e falei: “Então tudo bem, vamos lá!”. Eu já tinha terminado o segundo grau, então eu saía da Eletropaulo cinco horas da tarde e ia direto para ADC. Naquela época, a ADC não tinha dinheiro, nós não tínhamos dinheiro para nada. Então a gente comprava do nosso bolso mesmo: caneta, borracha, lápis e o que a gente quisesse usar a gente tinha que comprar. Aí fui diretora de jogos de salão. Então, comecei a organizar campeonatos dentro da Sede Brigadeiro: de xadrez, dominó e bilhar. Então, começou a luta e comecei a treinar também voleibol. Joguei voleibol pela seleção da ADC. Falei assim: eu gostei... P/1- Você sempre gostou de esportes? R- Sim. P/1- Conta o que você jogava quando era criança? R- Ah! Acho que quando era criança eu jogava... gostava muito de brincar na rua, com a molecada. Sempre fui menina, mas brincava mais no meio dos meninos. Eu jogava com bolinha de gude, era brincadeira na época que no interior você tem...e pega-pega. Sabe, essas coisas que eu jogava. Pulava corda e brincava de pedra. P/1- Era cidade pequena? R- Era cidade pequena, pequenininha, só tinha um cinema e uma igreja: eram essas coisas que tinham na cidade. Tudo muito pequeno, onde as pessoas conheciam a gente assim: "Tá vendo? A filha... a neta do senhor Bernardo... “. Era dessa forma que conhecia, não pelo nome da gente. P/1- E quem eram seus avós? R- Meus avós eram... bom, quando a minha mãe casou com o meu pai, nós fomos morar com os pais do meu pai, meus avós. Então a gente morava já na cidade. Era o senhor Manoel e a dona Davina. Hoje eu tenho a minha avó paterna e meu avô, infelizmente, morreu. Mas eu era o xodó dele. Era ele que me levava na escola, sabe? Que não deixava meu pai me bater. Sempre tinha aquela mesona grande que na hora da janta e do almoço tinha que estar a família toda reunida. E eu sempre sentava na perna dele, só almoçava no colo dele. Eu tinha um tio, irmão do meu pai, que bebia muito. Ele começava a brigar com a gente; na época, só tinha eu e minha irmã. Ele queria bater na gente e corríamos no sítio porque a casa era grande e ele tinha um cinto enorme. Aí meu avô saía correndo atrás dele, pegava a vassoura e tacava nele porque ninguém podia mexer nem comigo nem com a minha irmã. Então, eu tenho assim uma recordação muito boa do meu avô, pai do meu pai. Já os pais da minha mãe eu não tenho muita recordação porque eles eram de Timbaúba, só que eles tinham fazenda, essas coisas e depois eles venderam tudo e foram morar no Recife. Então eu já não tinha muito contato com eles. Eu era mais apegada à família do pai do meu pai. P/1- E você foi na escola lá? R- Fui, lá eu fiz o primário e saí quando eu estava na quinta série, que lá chamava, na época, de primeiro ano do ginásio. Não gostava muito de estudar, só que também não era a última da classe. Mas eu nunca tirei assim...nunca repeti de ano, minha média de nota era assim 6, 7, 8, 9. Não era a primeira, mas era uma das melhores. Eu não era assim de ficar grudada, de chegar em casa, pegar o livro e fazer a lição, sabe?! Eu prestava atenção mais na aula, gravava aquilo que o professor falava, fazia as minhas tarefas de casa e eu nunca repeti de ano. Estudava no colégio que era o único da cidade, que era colégio de freira. P/1- Colégio de freira? R- De freira, é. Então, só estudava mulheres nesse colégio. E a gente tinha muita aula de sábado de trabalhos manuais, que chamavam: aprendia a fazer bordado, crochê, tricô e costurar. P/1- Você gostava? R- Eu gostava. Hoje em dia eu faço alguma coisinha de crochê quando me sobra algum tempo. Que eu aprendi no colégio. P/1- E naquela época você tinha algum tipo de atividade esportiva além dos jogos? R- No colégio eu jogava também vôlei e participava da fanfarra. Gostava muito de desfilar no dia 7 de setembro. E lá na minha cidade tinha o mês de maio, que chamava o mês das noivas. Então, todo dia era dia de um comerciante fazer aquela novena, aquela missa na igreja, sabe?! E dia de domingo eram os colégios. Então eu desfilava na fanfarra, durante o dia e à noite tinha a procissão que saía do colégio até a Igreja Matriz. Eu lembro que, até uma vez, eu tinha uma tia que estudava lá também, que era o último ano dela de formanda, ia se formar professora. Então quem era do último ano de escola tinha que levar o anjo e eu fui vestida de anjo, o que não tem nada a ver, pois eu sou capeta. Mas fui vestida de anjo e eu gostava, sempre gostei disso: de participar e de fazer as coisas. P/1- E os trabalhos em grupos? R- Trabalhos em grupo.... também sempre me dediquei à vida política, isso já vem... É um mal de família. Não sei se é mal ou se é bem, mas já é de família. P/1 - Por que? R- Porque, na cidade em que eu morava, o primo de minha mãe era o prefeito, né? Então desde pequena o meu avô me levava para os palanques, fazia música para eu cantar. Então, sempre fazia campanha. E hoje...quer dizer, o prefeito de Pernambuco, Joaquim Francisco, ele é primo da minha mãe. Então a minha família toda é mais de política. Só que, da minha casa, dos meus irmãos, a única que saiu mais para politicagem fui eu. O resto não gosta. P/1- O que fazem seus irmãos? Onde eles estão? R - Eu tenho uma irmã casada, que mora em São Bernardo, trabalha em um escritório aqui no Centro. Tenho outro irmão que trabalha com computação e é solteiro. O irmão mais novo, que também é solteiro, trabalha na Telesp. E ainda tenho outro que tem uma empresa metalúrgica, em São José...em Ribeirão Preto... P/1- Não ficou ninguém em Pernambuco? R- … e é casado. Ficou, só tem dois irmãos solteiros com minha mãe e meu pai. P/1- Mas eles estão aqui em São Paulo? R- Todos aqui na cidade de São Paulo. Só tem um que está em Ribeirão Preto. Nenhum ficou em Pernambuco, ninguém quer saber de lá. Nós viemos para cá, né? É uma vida, foi uma vida difícil, é uma vida sofrida, mas graças a Deus nós vencemos e está todo mundo aí entrando no eixo. P/1- Você falou que seu primeiro trabalho foi em um escritório de advocacia. Você tem uma atividade na ADC e outra no sindicato quase pioneira: foi a primeira mulher eletricitária. Conta um pouco disso. R- Quando eu fui para ADC, tinha algumas mulheres que participavam de jogos, como tênis de mesa, de ping-pong e que treinavam voleibol comigo. Mas assim, para fazer um trabalho dentro da ADC não tinha. E é difícil a mulher participar da vida tanto do sindicato quanto da ADC porque algumas eram casadas, com filhos e tinham que ir cedo pra casa; outras porque não gostavam mesmo e achavam que tinha muito homem na ADC. Então foi difícil trazer mulheres para dentro da ADC, mas nós conseguimos através desses jogos. E foi interessante: quando eu fui para a ADC, comecei a organizar esses jogos, depois fui diretora de obras e também diretora de patrimônio. E como eu já tinha falado, nós não tínhamos dinheiro. Então o que acontecia? Tínhamos campeonatos no CERET e no 7 de setembro e não havia dinheiro nem para tomar um táxi para ir da Avenida Brigadeiro Luís Antônio até lá; também não havia muita gente que tivesse carro. Então quantas e quantas vezes eu mesma coloquei aqueles sacos de uniforme dentro daquelas sacolas grandes, punha nas costas, tomava o ônibus e ia para o Ceret [Centro Esportivo, Recreativo e Educativo do Trabalhador] e para o 7 de Setembro. Então, você fazia aquilo por amor, vestia a camisa da ACEL na época. Você vestia, ia e fazia. Não tinha dinheiro para pagar as pessoas que trabalhavam nos jogos, só tinha para o juíz. Os juízes me ensinaram e eu cansei de fazer súmulas de voleibol, basquete, futebol de salão e futebol de campo. Então, por isso me tornei muito conhecida dentro da Eletropaulo. E eu tive um chefe no departamento que me colocou o apelido de Baiana. No começo eu fiquei louca e dentro da Eletropaulo é assim: se você se esquenta com o apelido que te dão, aí é que pega mesmo e eu não sabia disso, né. Aí pegou, mas hoje em dia a maioria me chama de Baiana e agora eu não ligo mais, até acho carinhoso e gostoso. Aí teve a Olimpíada da ADC, uma primeira olimpíada em 1982. Na época, eu tinha um superintendente, o Gumiero, que hoje aposentou, e que falou para mim que eu ia organizar os jogos lá dentro. Então organizei os jogos tanto masculinos quanto femininos. Arrumei uniforme e tudo mais para eles. E eu joguei também, né, porque tinha que completar o time. Então saí me inscrevendo e jogando em tudo; falei assim: “bom se ganhar ganhei”. Quem ganhava uma modalidade, ganhava uma pontuação e nós fomos campeões . Foi a primeira olimpíada da ADC e a Regional-Centro foi a campeã e eu recebi o troféu de melhor representante do ano. Então fiquei conhecida. O Magri, que na época era presidente do sindicato, me convidou para fazer o Congresso da Mulher Trabalhadora e, com a ajuda de outras pessoas de lá, nós partimos para fazer o 1º Congresso Nacional da Mulher Trabalhadora. P/1 : E onde foi ? R- Foi aqui em São Paulo. Nós conseguimos trazer 2.000 mulheres de todas as categorias e de todos os estados. Só que isso deu muito trabalho,pois tínhamos que viajar muito por todos os estados, contatar os sindicatos, fazer um seminário em cada um e explicar tudo. Foi um congresso maravilhoso, né, 2.000 mulheres trabalhadoras lutando porque naquela época, foi em 1985, tava muito difícil a coisa, principalmente para mulher, no meio político, sindical e esportista; ela não tinha muita vez. Realmente, ela tinha que ser boa, mostrar que tinha capacidade para que os homens pudessem acreditar. Na maioria das vezes o congresso mais debatia isso: colocar a mulher nas direções do sindicato, que eram muito poucas. Logo depois disso, em 1986 teve a eleição no sindicato e o Magri através do Takeo, porque eu era mais conhecida dele, me convidou para fazer parte da diretoria do sindicato. Aí eu pensei muito, em tudo e falei: "Ah,eu vou. Eu quero fazer alguma coisa pela mulher eletricitária”. Aí participei da eleição e fui a primeira diretora feminina no sindicato. Eu peguei o cargo de diretora do Departamento da Mulher. Aí começou: antes ainda não tinha sido aprovado pela constituinte os 120 dias de licença maternidade, mas no nosso acordo coletivo a gente já tinha colocado essa cláusula e a Eletropaulo já dava os 120 dias. Consegui também a licença paternidade de 5 dias para os homens porque, quando a mulher tem o filho, ela precisa do marido do lado pelo o menos uma semana,porque é difícil. Foram muitas as conquistas que tivemos: tinha um auxílio-creche, mas na época era muito pouco e conseguimos levantar o seu valor; criamos o auxílio-babá dentro da Eletropaulo, depois de conversarmos com as meninas do sindicato dos aeroviários, onde já havia esse benefício.E eu ainda acho que fiz muito pouco pela mulher eletricitária, deveria ter feito bem mais, só que eu não tive muito apoio daquela diretoria porque nós éramos em 24 diretores, então eram 23 homens e só eu de mulher. P/1- E a proporção de mulheres que trabalha na Eletropaulo? R- Uns 30% são mulheres considerando a Eletropaulo, CESP [Companhia Energética de São Paulo] e Furnas. Comecei, fiz um trabalho, depois eu saí. Quando eu entrei no sindicato em 1986, deixei a diretoria da ADC porque não dava para conciliar as duas coisas ao mesmo tempo. Então eu deixei a ADC e fiquei só no sindicato, mas eu continuo no conselho deliberativo da ADC, dando uma força, até hoje, no que eu posso, né, para todo mundo. Inclusive lá na Zona Leste porque eu trabalho na agência Belém e a gente está fazendo um clube lá. Já temos o local e tudo, agora precisa de verba para começar a construir uma piscina, quadras, tudo para levar os associados a ter um clube melhor dentro da zona leste. Porque a gente tem a Praia do Sol, só que ela fica um pouco distante para o pessoal da Zona Leste. Mas a gente vai chegar lá. P/1- Lucione, voltando a sua vida pessoal, quando você se casou? R- Eu casei em 1986. Meu marido era de Brasília, ele trabalhava lá e eu o conheci em um Congresso da Fundação CGT na Praia Grande. No meio de 7.000 pessoas, ele achou de me encontrar e aí nos casamos. Ele já tinha três filhos do primeiro casamento dele e nós ficamos juntos. Em 1990 eu queria ter um filho de todo o jeito e não conseguia, sempre engravidava, mas não conseguia segurar. Até que um dia eu falei: “ Oh, quer saber, se tiver que vir vem”. E aí em 1990 veio o Alex. Ele está com quatro anos, e logo em seguida veio a Luciana que vai fazer dois anos em dezembro. Agora eu estou grávida, para março do ano que vem e aí eu encerro, chega, porque ao todo vão ficar seis filhos. Ele tem uma de 20 anos, a Cinthia, que é casada. Quer dizer, eu já sou avó, é de parcela, mas sou. Tem a Tatiana e o Junior que moram comigo e eu tenho eles como meus filhos. Realmente eu crio eles e tenho o mesmo amor que tenho com os dois pequenos. Não discrimino de nada: se tiver que dar bronca em um dou no outro, se tiver que fazer alguma coisa por um, faço pelo outro. E minha vida de casada é boa, tranqüila. Não somos ricos, mas graças a Deus o que a gente tem dá pra levar. Sou apaixonada pelo meu marido, não adianta negar, falar mentira. E acho que ele também deve ser apaixonado por mim, porque me aguentar é fogo. P/1- E você consegue conciliar sua atividade sindical e na ACD com sua vida doméstica? R- Enquanto eu fiquei lá, eu consegui conciliar vida sindical com a de atleta e a de diretora do clube. Agora, depois que tive as crianças pequenas, eu não me dediquei tanto, não como eu participava, de treinar, de fazer, sabe? Sair para reivindicar. Eu vou em algumas reuniões agora, mas não me dedico totalmente porque fica difícil, as crianças ainda são muito pequenas. Mas aonde dá, sempre estão me ligando, pedindo isso e aquilo e eu estou sempre colaborando da maneira que eu posso. Porque isso já vem de mim: eu nunca fiz isso obrigado, mas porque gosto e sempre gostei. Eu sou apaixonada pelo esporte, sabe. P/1- O que você gosta? R- Eu gosto muito de voleibol, minha paixão maior é o voleibol. Não sou muito chegada a basquete, joguei para dar uma força para as minhas amigas que estavam na equipe, só foi para completar o time; não que eu gostasse, minha paixão mesmo é o voleibol. Gosto também de ping-pong. Aliás onde eu trabalho, na agência Belém, quando eu cheguei nós tínhamos uma área muito grande atrás da agência, só que não tinha nada lá para brincar, um lazer na hora do almoço ou mesmo depois do expediente, onde os meninos podiam ficar. Eles sempre estavam em um bar da esquina jogando bilhar. Então eu conversei com o Takeo e ele conseguiu junto com o gerente na época da minha agência colocar telhado na parte de trás, e na ADC lutei bastante e ela nos deu uma mesa de pebolim, uma de bilha e uma de ping-pong. Fizemos uma churrasqueira, então sempre às sextas-feiras o pessoal de lá faz um churrasco e começa a jogar. Agora, faz questão de uma semana, eles fizeram um campeonato de bilhar interno da agência, com troféu, churrasco; teve de tudo. E sempre eu fico um pouquinho, até o final não dá, mas um pouquinho, eu fico. P/1- Lucione, eu vou te pedir licença para interromper um segundo só. Pensando na situação local na Eletropaulo e o fato de que você lutou para conseguir essa área onde você trabalha, dentro da ADC ou mesmo fora dela, você conseguiu, você lutou por outras áreas que a gente sabe que existe de lazer local? R- Sim. Na Regional Centro, por exemplo, ela era antes dividida: tinha um setor na Rua 25 de Janeiro e outro na Rua Junqueira Freire. Na Rua 25 de Janeiro trabalhavam poucas pessoas na época e lá a gente tinha um lugar onde dava para fazer uma quadra de vôlei. Então nós improvisamos uma, onde a gente fazia treinamento todas às sextas-feiras para as olimpíadas. Hoje há um prédio sendo construído lá e a maioria do pessoal que tava na Rua Junqueira Freire foi para a Rua 25 de janeiro e eles já têm uma quadra. Eu acho que foi também eu dando uma força nisso, né, porque eu trabalhei 12 anos na Regional Centro. Depois eu saí, vim para o sindicato como diretora e depois em 1989 que eu voltei para Eletropaulo e eu pedi transferência para a agência Belém. Então quando eu estava na ADC a gente via que em muitos setores o pessoal reivindicava muito essa área de lazer porque saíam às 17h e muita gente ia para o bar, ficava bebendo e gastando o dinheiro com bilhar. Então a gente achava: “Por que a gente não briga para fazer isso dentro do próprio setor do trabalho?”. Então eu senti a necessidade, dentro da minha agência e foi aí que eu consegui e que eu vi que outros setores que tinham pessoal também lutavam. A gente sempre dava uma força dentro da ADC. Só que demorava para fazer porque na época nós não tínhamos dinheiro. Hoje, graças a Deus, a ADC cresceu e acredito eu que tenha dinheiro porque tem bastante sócio. Eles tão fazendo muitas áreas de lazer por aí. Agora, inclusive tem a subsede dentro do local do trabalho. Acho que isso é muito importante porque às vezes a pessoa não está a fim de ir embora para casa às 17 horas e, ao invés de você ficar arrumando encrenca em um boteco, você está dentro da empresa, brincando junto com os seus próprios amigos. Acho que é importante. P/1- Justo na hora do rush, né? R- É e na hora do almoço também. Porque às vezes, na agência Belém, por exemplo, não tem nada para fazer. Então a gente precisa brincar um pouco e fica lá. P/1- Eu sei que você foi na constituinte. Eu gostaria que você contasse como foi a sua participação, o porquê vocês foram lá, o que vocês aprontaram e o que conseguiram. R- Na época estavam para fazer a nova constituição e as mulheres tinham que fazer alguma coisa por elas mesmas. Não sou machista, nem feminista, mas acho que a gente tem sempre que lutar pelos nossos direitos. Hoje você está vendo aí, tem um monte de mulher boa como deputada e com cargos importantes. Lutamos sempre por isso, né. Mesmo dentro da Eletropaulo, hoje em dia você vê muita mulher como gerente, coordenadora e encarregada. Tudo está valorizando a mulher. Então só os homens que iam para Brasília? Fazer um trabalho? Não! A constituição é de todo mundo, é do país e a maioria da população brasileira é mulher, principalmente votante. Então nós fomos para Brasília, uma representando cada estado. E eu fui representado o estado de São Paulo, pelo Sindicato dos Eletricitários de São Paulo. Ficamos mais de uma semana lá, andando por todo aquele congresso, de sala por sala para conseguir os 120 dias de licença- maternidade, a licença paternidade, um salário mais justo para as trabalhadoras, para não ter mais a discriminação no setor trabalhista. Porque não pensem vocês que não tem! Pode não ter dentro da Eletropaulo - e acredito que não -, mais aí fora, o que tem de discriminação... Há muitas empresas que não contratam mulheres casadas, que pedem o atestado de laqueadura da mulher. Isso é um absurdo em um país como o nosso. Então deu para conhecer. É bom mesmo que eu possa deixar um recado aqui, para as próximas eleições, porque nós tivemos a oportunidade de conhecer muitos deputados canalhas que vão na televisão prometer uma coisa e quando a gente chega lá para pedir alguma coisa pela mulher, vem com gracinha e não quer cumprir. Eu acho que nós divulgamos, na época, um monte de nomes, sabe? Eu acho que agora, nessas eleições de 3 de outubro, a gente tem que estar muito esperta, muito alerta para os deputados que nós temos que escolher. Porque senão, muitas coisas que foram conquistadas por homens e por mulheres vão acabar sendo destruídas por esses homens. Temos que votar em gente realmente competente e que vai fazer alguma coisa por nós porque senão nossa luta vai todo por água abaixo. Então foi um trabalho bom que nós fizemos. Conversamos com todos eles, nas reuniões e nas votações íamos lá. Pressionávamos, mas pressionávamos decentemente, não era com bagunça, não. Porque geralmente, para o pessoal, para a gente falar alguma coisa o pessoal já fala: “Ah, sindicalista?”. Acha que já é baderna, que está lá para quebrar as coisas, para bater. Nada disso, nós fomos lá como mulheres trabalhadoras, batalhadoras. E conseguimos um monte de coisas hoje para a classe feminina do Brasil e espero que quem esteja lá ou na diretoria dos sindicatos, agora consiga mais coisas do que nós conseguimos na época. P/1- Lucione, na Eletropaulo quando uma mulher tem a mesma função que um homem, ela tem o mesmo salário? R- Tem o mesmo salário. Não tem discriminação. P/1- Não tem? R- Não. Se você tem a mesma função você recebe pela mesma função. Tem aqueles negócios, não que seja discriminado de homem de mulher, de que uma é mais velha e outra mais nova, uma ganha mais que a outra. Mas vem os apadrinhamentos, um monte de coisa. Aí você fica meio louca da vida, né, por você ter tanto tempo de empresa e depois ver entrar uma pessoa ganhando menos que você. Mas tudo bem, a gente tira de letra, mas discriminação não tem. P/1- Não tem? R- Não. P/1- Quantos anos você tem na empresa? R- Vou fazer agora dia 21 de outubro 18 anos. Gosto muito da Eletropaulo e gostava muito da antiga Light. Eu faço o que eu gosto, principalmente agora que eu sou técnica comercial e atendo o público, que é uma coisa que gosto muito de fazer. Gosto muito de conversar com o ser humano e você escuta muita coisa do público. Você dá muito o que você já sabe também, você passa. E eu gosto de trabalhar e fazer o que eu faço hoje na Eletropaulo, sempre gostei e gosto muito da empresa em que trabalho. Acho que todo mundo que trabalha lá deveria valorizar porque tem muitos que não valorizam, sabe. Mas, eu acho que pelo pouco que a gente ganha, compensa. P/1- E na sua atividade na ADC, o que você está fazendo agora? R- Agora eu sou do Conselho Deliberativo, que é assim: vai haver as eleições e então se forma um conselho. Quatro chapas concorrem e o sócio vota no conselho. Depois do conselho eleito, ele elege o presidente. E o presidente elege seus diretores que vão trabalhar junto com ele. Acho que o conselho é algo maior da ADC, porque pode derrubar o presidente e tudo passa por ele. P/1- Sei. R- É importante o conselho dentro da ADC, né?! P/1- E agora você não tem atividades esportivas, assim, como membro? Ou tem? R- Não, por enquanto eu não tenho, mas eu vou voltar. Vou colocar meus filhos para começar a aprender jogar também. Tudo o que eu tive de aprender, vou ensinar pra eles sobre esporte. Vou começar a levá-los no clube. Meus irmãos foram e jogaram pela ADC. Eu sempre os levei, entraram como meus dependentes e trouxeram também títulos. Jogaram na Olimpíada pelo meu Departamento, pela minha Superintendência e trouxeram títulos na época. E meus filhos vão ser da ADC, quer dizer, já são sócios, são meus dependentes. Mas quando eles estiverem maiores, já vou colocar para aprender a jogar, tem que participar de campeonato, tem que fazer tudo o que a mãe deles fez. Por isso que eu tenho em casa minhas medalhas e meu troféu guardados. E tenho toda uma história para contar pra eles, sabe. E eu tive uma coisa muito importante também: quando eu estava na ADC, eu não conhecia meu marido ainda. Mas quando eu fui para vida sindical, foi ele quem me deu a maior força. Eu não queria entrar muito no sindicato, eu estava indecisa, mas ele já era do meio sindical. Ele é jornalista, e na época ele trabalhava como chefe do Departamento de Jornalismo da CNTI, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria. Eu o conheci bem no meio sindical e falou que eu tinha que participar mesmo, que eu tinha que fazer alguma coisa. Então foi uma das pessoas que mais me valorizou e muito me ensinou, foi ele. E até hoje ele não discorda de nada. Sempre onde estou, ele está junto comigo e eu vice-versa. Eu sempre tive muito o apoio dele. No começo era mais fácil porque eu não tinha criança e o que você faz, você tem que se dedicar de corpo e alma, tanto ADC como sindicato, porque se você deixar de lado, você não faz, não conquista aquilo que quer. Eu era diretora de patrimônio da ADC, mas eu sempre estava ajudando o pessoal da área social e da área de comunicação. O que me pedissem para fazer, eu tava ali fazendo: organizava baile junto com eles e vendia o convite. Houve uma época em que nós perdemos a eleição, mas continuamos batalhando. Também só foi uma gestão porque depois ninguém quis mais saber. E voltamos, batalhamos, sabe? E ficamos e estamos aí. Hoje a ADC está grande, né? De ACEL virou ADC. Para você ver, temos muitos atletas, disputando nacionalmente e levando títulos. Acho que isso é muito importante para ADC e para Eletropaulo, pois a ADC cresceu muito e tende a continuar crescendo. Sinto saudades daquelas épocas , sinto mesmo. A gente era muito unido, nós diretores que fomos os primeiros, os pioneiros que pegamos a ADC sem grana, batalhamos, pomos dinheiro do nosso bolso. Éramos eu, o Takeo, o Mizo, o Marcos, o Arnaldo e o Otávio. Éramos sempre nós, aqueles cinco ou seis que ficavam ali lutando e batalhando, sabe? Arrumando dinheiro daqui e dali. Tinha até época que chegava o mês, nós não tínhamos dinheiro para pagar os salários dos funcionários da ADC, nós fazíamos uma vaquinha do salário entre nós e pagávamos. A gente valorizava aquilo que a gente fazia . E hoje, a ADC tá enorme, com muitos funcionários, muitas coisas, bastante sócios e ajuda. A Eletropaulo mesmo dá uma subvenção para ADC e tanto é que .você vê o Clube da Praia do Sol, que com muito suor, muita luta muita batalha nossa, conseguimos fazer uma piscina, não é? Já está funcionando a sede social lá. Então eu acho que isso tudo fomos cada um de nós, não só diretores, mas também associados, que lutamos e acreditamos principalmente no Takeo. Porque ele sempre foi o cara que gostou do esporte, merece ser presidente da ADC por muito tempo ainda. Porque foi ele que lutou também, que batalhou junto com a gente, que nos incentivou. Porque não é fácil, às vezes dava vontade de desistir, mas sempre ele estava do nosso lado: “não, vamos à luta que a gente consegue chegar lá". Eu acho que conseguimos, está aí o resultado, a vitória de um trabalho enorme. Hoje em dia se vê muitos diretores novos na ADC que não sabem o sufoco que nós passamos. Mas tudo bem, eu acho que tem mais é que continuar, progredir e construir mais coisas para 22 mil associados. P/1- 22? R- 22, acho que deve estar com 22 mil associados e hoje tudo mundo fala bem. Antigamente nós não tínhamos e hoje nós já temos subsede em Mogi, São José dos Campos, Pirapora, ABC; temos muitas subsedes agora e que na época só tínhamos vontade e projeto, mas que com o tempo foi conseguindo e eu espero que consiga muito mais. Agora a luta da Zona Leste é pelo nosso clube aqui, que eu já tinha falado. Vamos ver o que nós vamos conseguir. Agora na Olimpíada já foi feito. O pessoal fez os agasalhos e pelo menos nós estamos ajudando; compramos agasalho e você arrecada dinheiro daqui, dali e vamos embora. Só que tem muita gente da ADC da diretoria agora que não sabe a luta que nós tivemos, o esforço que fizemos. Então, às vezes você chega, olham para você e não sabem quem você é. Por isso que é bom fazer essa multimídia né, porque as pessoas ficam conhecendo a história da gente, o sofrimento que a gente teve para hoje eles serem os diretores, que são competentes, mas que saibam como foi duro, para eles hoje estarem neste cargo. Eu sinto muitas saudades da ADC e dos meus colegas de antigamente. Mas por enquanto não dá. Quando meu nenê nascer, eu vou fechar a fábrica e vou voltar . P/1- Vai voltar? R- Vou voltar, se Deus quiser, para continuar a luta junto com eles. P/1- Lucione, fala um pouco mais das coisas que você gosta. Você disse que gostava de esporte, mas que também você gostava de passear e de ler. R- Gosto de ler um pouco, não sou muito chegada, mas gosto de ler alguma coisa. Eu gosto de teatro, praia, sítio...não gostava muito de sítio, mais de praia. Sempre fui de sair muito com o pessoal da Eletropaulo. Em feriados e finais de semana íamos acampar. Aprendi a gostar muito de sítio depois que eu conheci meu marido, porque ele é mais chegado a sítio e a cavalo, essas coisas mais para você descansar mesmo. Então aprendi a gostar, sempre nós estamos indo para Poços de Caldas, porque é uma cidade gostosa, o pessoal fala que é uma cidade de velho, mas não é não. Não é mesmo. É uma cidade gostosa, tranquila, onde você vai, leva as crianças, solta as crianças lá na pracinha, elas saem correndo, brincando sabe. Eles ficam livre, não é como aqui. P/1- E por que Poços de Caldas ? R- Porque foi onde eu passei a minha Lua de Mel. Então eu guardo ela com muita lembrança, sempre que posso estou indo para lá e as minhas crianças também gostam, pois eles andam de charrete, de cavalo e de bondinho. E o que faço mais? Gosto muito de jogar uma cartinha, um baralho em casa. Só que agora não tenho tempo, mas a gente gosta. Gosto de teatro, um bom teatro. Cinema não sou muito chegada porque eu durmo, não consigo ficar acordada. É que nem televisão: não consigo, começo a assistir uma coisa e daqui a pouco estou cochilando. Gosto muito de música também. P/1- Você organizava concurso de música sertaneja também lá no... R- No sindicato tinha o Nogueira, um diretor que gostava muito dessas coisas. Então ele falava: “Ah, Lucione, vamos organizar um festival de música sertaneja?” “Vamos Nogueira”. Então, a gente junto com a ADC organizava, fazíamos festa junina também lá dentro do sindicato com música sertaneja, colocava uma coisa na outra. Então ele convidava, eu fazia e vendia os convites, organizava o palco, as coisas e ele convidava os cantores porque ele conhecia muito mais, era mineiro também e gostava dessas coisas. Organizava para encher também o sindicato, sempre a gente gostava de fazer um trabalho em conjunto, Sindicato e ADC, porque o Takeo, além de ser presidente da ADC, ele também era presidente do Conselho Fiscal do Sindicato. A gente organizava o Festival de Música Sertaneja e, dentro do Sindicato, além desse primeiro Congresso Nacional da Mulher Trabalhadora, nós fizemos no Departamento da Mulher seminários, Semana da Eletricitária para comemorar o dia 8 de março, a gente chamava médicos para falarem...é teve logo o negócio da AIDS, então chamamos um médico para falar sobre a AIDS, nós chamamos a Sílvia Pimentel para um seminário para falar sobre as leis, chamamos a Dra. Albertina, que era uma ginecologista na época para falar para mulherada como que eram as coisas e como não eram, como se prevenir. Então, a gente fazia esse tipo de coisa dentro do sindicato. Isso tudo começou depois que eu fui para lá porque os homens não iam se interessar em fazer. Aliás, foi muito duro no começo você enfrentar uma mesa de reunião de 23 homens. Era assim, começava a reunião e eles começavam a falar, todo mundo falava, todo mundo falava e eu só escutava, quando eu ia falar alguma coisa eles começavam a falar entre eles. Aí um dia eu me invoquei, levantei e dei um murro na mesa e falei: "Escuta aqui, ou vocês me escutam como eu escuto vocês com atenção ou pego as minhas coisas e divulgo na base que vocês são todos uns machistas. Então o Magri falou: "Nós temos que escutá-la”. Aí começaram a ver que eu era uma mulher, mas que fazia as coisas, que eles também tinham que me escutar do jeito que eu escutava eles. A partir daí começou aquele respeito profissional porque você conversava tudo agora na hora de tomar as decisões... Você joga do lado? Não pode ser assim, tem que tomar as decisões em conjunto. Eles ficavam com medo porque eu era muito de falar e eu nunca esperei, nunca deixei barato as coisas, o que tem que falar eu falo, goste se gostou, às vezes se eu falar alguma coisa que eu fui rude com a pessoa, eu me arrependo, posso voltar pedir desculpas, mas não retiro; falei e é assim. Até dentro de casa eu sou dessa forma. Sou muito nervosa ainda: às vezes você chega cansada do serviço tal, meu marido briga muito comigo porque fala que eu grito muito com as crianças, mas eu acho que eu não grito, é meu jeito de falar, eles se acostumaram já. Só que eles obedecem mais ao pai que a mim, mas é assim e a gente está levando. P/1- Eu gostaria que você fizesse uma avaliação do seu trabalho. Na ADC, você falou. Mas no sindicato? Todos esses anos, que você disse que conseguiram tanta coisa. Você continua com essas atividades no sindicato? R- Não, agora não continuo mais, né. Ainda por cima porque eu fui diretora da gestão Magri e saí do sindicato formando uma chapa de oposição, que no entanto era chapa 3 em 1989. Teve as eleições e formamos uma chapa: juntamos eu mais quatro diretores. Depois teve aquele negócio de negociação, essas coisas e não deu mesmo. Então, a chapa 1 que era a chapa, que o Magri tava apoiando, ganhou as eleições, que é hoje o presidente ____. Mas, eu não sou contra o sindicato, sou a favor. Converso com todos os diretores do sindicato, não saí de lá por oposição. Eu saí por uma causa justa, uma coisa que você tem que fazer. Então eu acho que cumpri em partes a minha função. Eu deveria ter feito bem mais coisa pela mulher eletricitária, só que eu não tive condições, nem apoio da diretoria, então eu não fiz tanto. Mas eu acho que dei de mim, não tudo, mas dei um pouco, dei um empurrão. Hoje em dia quem está lá que continue o barco porque graças a minha gestão, foi o que eu te falei, tivemos um auxílio-babá, que nós não tínhamos, aumentou o auxílio creche, tivemos a licença de 20 dias que não era regularizada pela Constituição, que agora foi. Quando saiu na Constituição a licença paternidade de 5 dias, a Eletropaulo já dava. Então, sempre me esforcei para dar de mim o melhor, só que não deu. Mas eu sou amiga dos diretores do sindicato, sempre que eu preciso eu vou lá, debato e converso com eles. Tenho o apoio deles e sempre que precisarem também terão o meu apoio, porque eu gosto do trabalho que eles estão fazendo. Não estão fazendo um trabalho errado, estão fazendo um trabalho que não está prejudicando a classe trabalhadora. Sempre vai diretor do sindicato no meu setor de trabalho e a gente conversa, discute, o que eu acho que tenho que falar para eles eu falo. Mas, sempre com aquele negócio, que a gente está sempre lutando por nós e pelos outros. Eu acho que eu gostaria de ter feito mais no sindicato. Só que não deu. P/1- Mas você pretende voltar ao sindicato? R- Não, para o sindicato eu não pretendo mais. Para ADC sim, mas para o sindicato não. P/1- Agora, a gente está começando a finalizar. Eu gostaria que você fizesse uma avaliação pessoal: o que você achou da entrevista; primeiro que se você tem alguma coisa que você queira acrescentar e depois que você se sentisse à vontade para fazer comentários acerca da entrevista. R- A entrevista foi boa. Eu acho que foi uma ideia magnífica, maravilhosa do pessoal da ADC junto com vocês entrevistadores. Porque eu acho que deveria... Isso tinha que constar um dia, da história da ADC, as pessoas tinham que contar. Porque muita gente não sabe como nasceu a ACEL/ ADC, como foi o sofrimento da gente lá dentro para chegar aonde é hoje. Para valorizar o presidente que a ADC tem porque o Takeo, ele pode ser tudo, mas é uma pessoa competente e que entende da coisa. Ele luta muito porque é uma coisa que ele gosta. Desde que eu conheci o Takeo dentro da Eletropaulo, ele sempre está lutando pelo esporte dentro da empresa, acho que ele até merece ficar como presidente por mais uns anos da ADC. Ele tem que acabar o projeto que tem na cabeça para depois passar para outra pessoa. Tinha que ficar isso registrado. Eu acho que foi ótimo essa forma multimídia porque em livro você faz e muitas pessoas não lêem, você deixa lá na biblioteca da ADC e muita gente não se interessa. E você tendo um vídeo, uma fita, vai com seus amigos, ou então dentro dos departamentos da Eletropaulo, sempre passa filme, né? Sobre CIPA [Comissão Interna de Prevenção de Acidentes], sobre isso e aquilo. A gente tem a televisão e tem o vídeo. Você pede um dia essa fita emprestada da ADC e passa para o teu setor de trabalho para o pessoal conhecer a história. Não as pessoas porque nós já somos conhecidos até demais. Mas acho que para conhecer um pouco da história da ADC, que muita gente não conhece. Eu acho que foi válido isso, vocês entrevistadores estão de parabéns. O Takeo está de parabéns. O Arnaldo também porque a ideia também acho que foi do Arnaldo por ser o jornalista brilhante que ele é. Acho que estão todos eles de parabéns. E foi muito boa a entrevista. Agradeço a todos por terem lembrados de mim. E acho que é isso. P/1- Por nada, à disposição. Sempre que precisar, estamos aí. R- Nós que agradecemos. Muito obrigada pela sua colaboração.Recolher
2023-01-27T17:02:13Z
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Projeto Ponto de Cultura Depoimento de Orlando D'Agostinho Entrevistado por Eduardo Barros e Anahi modeneis São Paulo, 22/01/2010 Realização: Museu da Pessoa Orlando D'Agostinho Revisado por Paulo Ricardo Gomides Abe P – Bom, Orlando, a gente sempre começa nossas entrevistas aqui no Museu d...Continuar leitura Projeto Ponto de Cultura Depoimento de Orlando D'Agostinho Entrevistado por Eduardo Barros e Anahi modeneis São Paulo, 22/01/2010 Realização: Museu da Pessoa Orlando D'Agostinho Revisado por Paulo Ricardo Gomides Abe P – Bom, Orlando, a gente sempre começa nossas entrevistas aqui no Museu da Pessoa com uma apresentação básica, que é: a gente pergunta o nome completo, o local de nascimento e a data de nascimento do entrevistado. R - Orlando D’Agostinho natural de São José do Rio Pardo interior de São Paulo oficialmente em 23 de dezembro de 42, mas registrado somente em 03 de janeiro de 43. P – Certo, Orlando. E o nome dos seus pais? R - Pedro D’agostinho e Catarina Parúçulo D’agostinho. P - O senhor tem irmãos? R - Tenho atualmente só uma irmã. Nós éramos quatro: Irineu, Antônio, Madalena e agora eu. P - E a única que está viva agora, além do senhor, é a Madalena? R - Perfeito. P - O senhor sabe a história dos seus pais? O seu pai, por exemplo... Quais são os ascendentes dele? A família vem de onde? R - O meu pai tem uma ascendência italiana, vieram da Itália naquela leva de... Eu não me lembro precisamente o período, mas eles vieram para cá de navio, onde começaram a trabalhar na roça numa fazenda em São José do Rio Pardo e se conheceram ali. P - A família da sua mãe também? R - Do meu pai. P - E a da sua mãe? R - Não, ela é brasileira realmente. P - E o senhor sabe como exatamente se deu o encontro deles? A história envolvendo... R – Ah, meu querido, eu não... Os meus pais eram muito fechados. Eles não davam esse tipo de conversação que existe hoje entre pais e filhos. Essa informação eu não tenho, não. P - E o pai do senhor era lavrador? Trabalhava na... R - Lavrador e, no final de semana, ele cortava cabelo entre... Enfim, os trabalhadores ali da fazenda. P - E ele seguiu a profissão tanto de barbeiro quanto de lavrador até muitos anos? R - Não, com os meus dois anos de idade, ele veio para São Paulo. Viemos morar na casa de um parente no bairro do Ipiranga. P - Só um segundo. Antes da gente chegar aqui em São Paulo, vamos tentar destrinchar a primeira parte da sua infância lá no interior. O senhor tem alguma lembrança, já que veio tão cedo pra São Paulo lá da vida no interior? R - Querido, eu não tenho lembrança porque eu saí de lá. Eu deveria ter no máximo dois anos, um ano e pouco, dois anos. Então realmente eu não me lembro nenhuma passagem, a não ser quando eu retornei lá pra visitar as minhas tias. Então, eu me lembro de passagens. P - E em São Paulo quando o senhor chegou aqui, o senhor consegue identificar uma lembrança mais remota da sua infância? R - A única lembrança que eu tenho é que... Isso dito pelos meus pais e meus irmãos que nós fomos morar no bairro do Ipiranga num curto período e depois meu pai arrumou emprego na Companhia Antártica Paulista e alugou uma casa no bairro de Vila Matilde. Eu comecei a ter um pouco de noção... Eu era garoto de três, quatro anos e meu pai comprou um terreno próximo, onde os nossos finais de semana eram carregar tijolos também e ajudar o pedreiro a construir a nossa casa. P - Então essa primeira casa onde vocês moraram na casa do seu tio, você também não tem lembrança? R - Não tenho lembrança, algumas coisas me contaram, mas eu mesmo não tenho muita lembrança, não. Eram tios. P - Orlando, eu me esqueci de perguntar qual é a sua posição entre os quatro irmãos? Você era o mais novo? R - Eu era o caçula tanto é que meus dois irmãos tinham uma bicicleta na época, uma Monark muito antiga com breque no pedal e raramente eu conseguia andar nessa bicicleta até que meu pai me levou pra comprar uma bicicleta em meu nome. Eu devia ter uns dez, 11 anos, ele foi o meu fiador e eu trabalhando próximo de casa nas horas pós-aulas, eu consegui pagar a minha bicicleta Caloi 10. P - Olha só. Voltando um pouquinho ainda, vocês foram então alugar essa casa na Vila Matilde e em paralelo vocês começaram a construir a própria casa. R - Exatamente. P - Como era essa casa? Não a que vocês construíram, mas a primeira casa lá da Vila Matilde, qual é a lembrança que você tem dessa casa? R - Era uma casa humilde, simples próxima ao lote onde meu pai comprou e vamos dizer assim a palavra que se usa hoje é cortiço, uma família aqui, outra família ali num corredorzinho e nós moramos ali. Eu me lembro vagamente talvez uns dois ou três anos que moramos ali. P - E como era a relação sua com os irmãos? As brincadeiras? R - Eram boas, mas o filho caçula, o irmão caçula sempre sofre um pouquinho. É o último a falar e o primeiro a apanhar, eu me lembro disso. Eu lembro, mas só que a gente tinha um pouquinho também de determinação. A minha irmã uma ocasião deixou cair um casaco dela dentro do poço onde nós residíamos e pra pegar isso aí? Eu negociei com minha irmã: “Se você quiser eu vou lá buscar desde que você me dê um dinheiro”. Eu não lembro valores da época. E lá fui eu dentro do balde lá no fundo pegar o casaco dela. P - E como era a rua da casa? Existiam muitas crianças na rua? R - Bastante. Ali foi onde eu vivi até os 26 anos mais ou menos. Isso era rua de terra onde você tinha defronte a sua casa um largo onde você brincava de carrinho de rolimã, bicicleta - é lógico -, de pipa, de pião, jogávamos malha, embora pequeno na época a gente já jogava malha. E ali foi a minha infância, curiosamente eu comecei a namorar desde pequeno, uma amiga dos meus pais que moravam defronte a minha casa, minha primeira namoradinha. P - Existia então uma vida em comunidade? R - Existia uma vida em comunidade. P - Qual é o nome da rua? R - A rua que eu residia era Rua Tomaz Vita número 17, eu lembro até hoje. P - E os pais do senhor nesse meio tempo, já nessa casa alugada na Vila Matilde... O seu pai trabalhava na Antártica? R - Na Antártica. P - E a sua mãe? R - Doméstica. P - O senhor se lembra de alguma passagem do seu pai? Algum episódio do trabalho? R - Lembro um episódio do trabalho quando o coitado numa ocasião foi trabalhar até com o braço engessado também não sei por quê. Foi trabalhador de fábrica das oito até tal hora e sempre cumprindo com seu trabalho e depois já um pouquinho idoso, eu não sei o que ele faria dentro da Companhia Antártica, mas ele virou ascensorista de elevador manual. Eu me lembro disso. E uma passagem curiosa que eu me lembro na época quando pela primeira vez a minha mãe e ele me levaram no Hospital Santa Helena, porque o Hospital Santa Helena tem uma fundação que prestava assistência para seus empregados. E eu nesse hospital queria ir ao banheiro e lá vou eu no banheiro sozinho. Eu devia ter uns dez anos e depois de urinar eu apertei um botão e saí correndo do banheiro de medo, porque até então eu não conhecia o que era aquele botão de descarga. P - Senhor Orlando, nessa época com oito anos de idade na infância, o senhor se lembra da cidade de São Paulo? Como você vivia na cidade de São Paulo? Era restrito ali naquela região, naquela rua? Ou você já conseguia viver a cidade, andar pela cidade. ter conhecido outros bairros se não me engano era comecinho da década de 50 por aí? R - Isso. Meu querido, nessa época você tinha realmente prazer em fazer as coisas e descontraído. Tanto é que eu me lembro de Praça da Sé, Praça Clovis quando você ia lá passear sem problema nenhum, claro. Existia o bonde pela Celso Garcia, você tinha uma vida em comunidade descontraída e muito responsável, eu me lembro de um fato, de sair do Cine São João caminhando pela rua sem a carteira profissional, fui abordado por um policial e fui obrigado a subir no camburão pra ir até a delegacia, porque estava sem a carteira profissional naquele instante. P - Mas ainda na infância nesses oito, nove anos de idade quando você saía da sua rua ali na Vila Matilde, você deveria estar com seus pais, com seus irmãos mais velhos e tal. Tinha algum lugar que você costumava ir mais, algum passeio de família? R - Eu tenho aí resumido o diário onde a gente fazia piquenique, nós chegamos a descer também em piquenique pra Santos, no Horto Florestal. Na época meus pais eram muito devotos, me levaram em Aparecida do Norte em excursões, porque na época não tínhamos carro. Então em nível de família foi mais ou menos assim, em nível de colegas, a gente viveu junto ali durante uma infância muito sadia e gostosa sem saber o que eram armas nem brancas e nem pretas, e sem saber o que era droga. Tinham bailinhos todo final de semana, eu lembro que eu estudei na Escola Municipal 19 de Novembro. Na época era um galpão de madeira e nós escorregávamos naquele barranco tipo esquibunda, desculpa a expressão, eu acho que é isso mais ou menos que usam. Uma infância bastante simples e na época, como eu já havia dito, tinha essa deficiência, mas conseguia superar toda essa brincadeira de apelido, vai. P - Quando eu pergunto pro senhor assim da infância, quando eu menciono a infância, o que é uma cena ou uma imagem que simboliza pra você... Assim que vem logo de cara na sua cabeça que resume a sua infância? R - A infância? Um cachorro que eu tive e as brincadeiras com os coleguinhas com a mesma faixa de idade, porque os meus irmãos, por serem um pouco mais velhos, as amizades deles eram diferentes da minha. Por incrível que pareça, no início de vida, três anos dá uma diferença enorme em relacionamento. E foi isso que aconteceu, então eles tinham a vida deles e eu pegava a minha bicicleta no final de semana, enfim durante o dia e ficava brincando em torno do bairro quando muito ia até a Avenida Itaquera treinar um pouquinho a dicção foi quando eu perdi aquele vício que eu tinha de ser gago. E era esse o lazer nosso, o cinema, parque de diversões lá onde eu resido passaram vários parques e quando não eu ia até o Parque Dom Pedro que tinha o Parque Xangai, eu não sei se vocês já ouviram essa palavra onde tem o INSS agora lá sempre montavam parques e esse Parque Xangai era o mais fixo, permaneceu lá durante muito tempo. Então na minha infância a gente dava um pulinho até lá também. P - E o que você brincava nesses parques? R - Ah, roda gigante, que é elementar, aquela balança que tem uma corda de cada lado que um puxa de cá e ela cruzava. Carrinho não existia, o que eu me lembro mais são esses dois, o carrossel acho que nem existia nessa época, a roda gigante e a balança Dangle Dangle, era esse nome. P - Eu não conheço, _____ é o Dangle? R - Como que é? Agora você me pegou, mas esse nome ficou gravado em mim, era uma brincadeira que tinha no parque de diversões. P - E esse cachorro, Orlando? Esse cachorro foi marcante pra você? Como ele chamava? R - Norte, um cachorro preto, eu brincava com ele, a gente corria junto pela rua de terra ou barro, marcou bastante minha infância. P - Como ele apareceu na sua vida? R - Não lembro, não sei como ele apareceu. P - Mas foi marcante? R - Foi. P – Orlando, e a escola? Você mencionou a escola 19 de Novembro, foi a primeira escola sua? R - A primeira escola minha, logo nesse período de primário chegava em casa, eu poderia até brincar, mas eu também tinha que trabalhar um pouquinho. Eu comecei a trabalhar na época já em fábrica de lamparina, eu não sei se vocês sabem o que é isso. E fabriquinha de bala também próximo à residência. Lembro-me de uma ocasião, o primeiro pagamento que eu recebi a moeda eu lembro que foi 20 cruzeiros, isso 50 e poucos anos atrás e no meio do caminho brincando no meio do barro onde fui escorregando, acabei perdendo o dinheiro, o meu pai eu não lembro se me bateu, mas que devo ter sido repreendido, sim. Eu me lembro disso que perdi os 20 cruzeiros da época. P - Mas e a escola? Como você se lembra dela assim? A imagem dela? R - Um galpão de madeira, inclusive o piso também de madeira, eu falei que ela era suspensa, o que mais eu podia lembrar? É claro tinha o banheiro, eu me lembro da professora dona Vilma, uma professora que gravou naquele período, eu não sei qual deles, mas era uma escola muito simples. P - Pequena com poucos alunos? R - Poucos alunos. Poucos alunos eu não digo porque não dá pra me posicionar em cima disso, mas uma escola bem simples. P - E teve alguma amizade especial? Algum colega que foi mais próximo nessa época? R - Eu até hoje mantenho, porque eu ainda resido no bairro. Embora quando eu me casei, comprei a minha casa, mudei, ali próximo, mas mantive relacionamento ainda com inúmeros amigos daquela época. Tanto é que eu sou um dos organizadores da turma dos anos 60. Isso é o quê? Há 14 anos que nos encontramos uma vez por ano, alguns você vê toda semana e outros não, vêm até de fora de São Paulo. Houve um ano que veio pessoa de fora do país pra reencontrar aquela turma que tiveram a infância naquela época. P - E essa professora Vilma, ela marcou por algum motivo especial? R - Nenhum motivo, apenas a rigidez. Me lembro de varinha na mão, me lembro de bronca, lembro-me de bilhetinho pros pais coisa que tudo isso parece que é proibido hoje. Principalmente puxãozinho de orelha, a escola era rígida pelo padrão de hoje, mas foi muito construtiva na época, porque você tem que aprender a respeitar quem tem poder, seja ele em todos os níveis. E hoje pelo que eu percebo não existe bem esse respeito, não. P - O senhor entrou lá logo quando criança na primeira escola e ficou lá quanto tempo? R - Até me formar no quinto ano, na época era quarto ou quinto? Desculpa, eu sei que eu tenho o diploma se for preciso, mas me formei. E logo após isso baseado em colegas do meu pai, ele me colocou no SENAI, onde lá eu fiz um primeiro passo ali no Brás na Rua Monsenhor Andrade se não me engano o nome da rua, eu fiz o curso vocacional. Nesse curso o meu pai, porque foi ele que me acompanhava na época, definiu que eu ia ser cortador de calçados, sapateiro. Eu fui transferido pro SENAI da Rua Oratório lá na Mooca, fiquei seis meses no SENAI e seis meses no meu primeiro emprego já com 12 anos de experiência, onde logo em seguida terminando o curso, eu fui efetivado na empresa com autorização do juizado de menores. E eu comecei a trabalhar com 13 anos de idade. P - 13 anos já tinha feito esse curso do SENAI e já estava trabalhando? R - Já. Na primeira fábrica que fui trabalhar foi na Vila Maria Zélia, vocês sabem onde fica? P - Não, não conheço. R - Lá no Belém, Celso Garcia, Rua Catumbi num bairro tradicional e tombado até e o meu primeiro emprego foi ali com 13 anos. P - Orlando e esse curso no SENAI com 12 anos de idade ainda criança. Qual a impressão que ficou desse curso ao longo da sua vida? Qual era a sua postura diante de um curso profissionalizante? Você tão novo ali. R - Olha, você quando é jovem, você não tem ainda... Não focou ainda o que você quer ser e eu achei esse curso excelente por quê? Ali eu fui um pouco marceneiro, mecânico, sapateiro, eu não me lembro mais quais foram as atividades. Porque você por algum período você foi desenvolvendo até que quando terminou esse curso que seria vocacional pra ver a minha vocação, a escola falou: “Olha, o seu filho pode ser isso, isso, isso, ele tem vocação para várias atividades”. “Não, então ele vai ser cortador de sapatos.” Foi onde meu pai determinou e naquela época eu fui aprender a profissão de cortador de calçados, foi até interessante. P - E nessa época vocês já estavam morando na casa de vocês. R - Já na casa que nós construímos nos finais de semana. P - Como foi esse processo de construção anos antes? Porque quando vocês mudaram você tinha uns três, quatro anos e vocês começaram a construir, não foi isso? R - Isso. Comprou o terreno e em seguida é claro que meu pai deve ter arrumado um pedreiro de confiança que ia trabalhando e nós no final de semana. A casa era próxima de onde a gente pagava aluguel, nós íamos até lá pra ajudar a carregar tijolos, areia e por aí a fora. P - Mas tinha um pedreiro contratado que... R - Sim, porque a gente... Somos braçais, serventes. P - E quanto tempo demorou essa construção? R - Eu posso falar uma coisa? Somando tudo demorou acho que uns 15 anos, eu explico por que, primeiro meu pai fez quarto, sala, cozinha e banheiro, aonde nós todos mudamos pra lá e em seguida meu pai com mania de construir, fizemos... O terreno era bem grande e fizemos mais um cômodo e cozinha e banheiro no fundo e depois mais um cômodo, banheiro e cozinha no fundo e depois mais um cômodo, cozinha e banheiro, porque ele tinha três filhos. Então ele queria deixar aquela casa do fundo para os três filhos dele e ele morando na frente. P - Isso tudo demorou 15 anos? R - Mais ou menos isso, eu me lembro que um 7 de setembro e eu louco pra ir assistir os militares desfilando e eu não consegui sair. Fiquei carregando tijolo e areia e depois os coleguinhas lá jogando bola me chamando pra jogar e eu falava: “Não, eu só vou poder ir a hora que meu pai deixar”. Curiosamente dois desses amigos foram meus inquilinos depois. P – Ah, é? E seus irmãos nesse meio tempo, Orlando? Você disse três, mas na verdade eram quatro. R - Não, quatro comigo. P - Três irmãos e você já lá trabalhando no primeiro emprego com 12, 13 anos de idade, eles já eram mais velhos. Onde eles estavam nessas alturas do campeonato? R - O meu irmão, um deles coitado, ele se formou mecânico e trabalhava numa indústria metalúrgica e, curiosamente, não sabemos até hoje o que aconteceu, ele casou e morou numa dessas casas, o primeiro a casar. E teve um filho, um sobrinho que a gente tem um bom relacionamento até agora e com a mãe dele também. Esse irmão mais velho faleceu sem mais e sem menos, houve um enfarte fulminante que na época... Quando foi que ele faleceu? Faz bastante tempo, uns 40 anos talvez, por aí, eu sei que eu tinha uns 17 anos, uns 50 anos faz isso. Jogamos malha na rua até escurecer, porque na rua não existia iluminação, ele foi para seu quarto, cozinha e banheiro, subiu na escadinha e quando foi de madrugada, a minha cunhada desceu e chamou os meus pais e eu garoto de 17, 18 anos fomos todos lá ver o que aconteceu e ele tinha morrido sem mais sem menos. Curiosamente ele jogava bola e uns dois anos antes ele foi no caminhão jogar bola lá próximo e esse caminhão capotou e morreram uns três ou quatro e meu irmão saiu ileso, isso uns dois anos antes. E logo em seguida aconteceu esse fato sem explicação, foi feita a autópsia e era morte natural, enfarte, mas nunca tinha problema nenhum, esse era o mais velho. O segundo irmão na época meu pai colocou ele na Companhia Antártica Paulista, estudou um pouco lá, aprendeu a ser gráfico, entrou numa gráfica lá na Rua Uruguaiana no Brás e nunca mais saiu de lá e se aposentou ali. Quer dizer operário que entrou e se adaptou e lá permaneceu até se aposentar e depois foi embora também. P - E a irmã? R - E a irmã sempre doméstica, casou... O meu cunhado era na época vendedor e morava também próximo, eu não sei exatamente qual foi o início do relacionamento, mas existia uma ligação até de família onde começaram a namorar e chegaram a casar. P - E a sua mãe? Você tinha uma relação boa com a sua mãe? Como era? R - Tinha uma relação boa de todo dinheiro que eu ganhava quando trabalhava tinha que dar na mão dela pra ela me dar um troquinho pra eu poder ir ao cinema no final de semana. P - Ela cuidava da casa. R - Cuidava somente da casa. P - Descreve a sua mãe pra gente assim? Como é que ela era? R - Veja bem, uma senhora coitada do lar, nunca teve prazeres tipo shopping, cinema, viagem, uma mulher realmente dentro das quatro paredes, simples, rígida. Quando eu falo rígida, eu não falo ao ponto de bater, mas assim: “O que você fez hoje? Onde você foi? Por quê? Onde você vai?”. Lembro-me de uma ocasião o meu pai me pegou no pé porque eu ia ao baile e não ia namorar com a menina que morava em frente. Meu pai me deu um puxão de orelha e disse: “Seja homem na vida. Se for ficar indo a bailinhos já desmancha o namoro, não faz o que você está fazendo, não, desmancha o namoro e vai embora. Esse negócio de você ir pra bailinho e voltar às cinco da manhã está errado.” Lembro-me outra passagem, o meu pai disse em uma ocasião que o homem sem dinheiro não é homem, nessa época eu devia ter meus 17 anos aproximadamente. Eu achei ridículo aquilo: “Como deixar de ser homem porque não tinha dinheiro?” Eu tinha amigos, só que depois numa casa que eu comprei, eu passei um período tão difícil financeiramente que eu tinha vergonha de ir ao bar, então eu me toquei e falei: “Meu velho, filho da mãe tinha razão, eu deixei de ser homem”. Por quê? Eu podia ir lá, o amigo pagava a cerveja hoje ou o café ou o refrigerante e amanhã quem paga? E depois de amanhã quem paga? Eu falei: “Meu velho tinha razão, eu deixei de ser homem no sentido amplo”. Como que era a vida? P - Bom, e nós te deixamos lá com 13 anos de idade trabalhando como sapateiro depois de fazer o curso do SENAI? R - Perfeito. P - A essa altura você já estava virando um adolescente ali. R - Sabe o que aconteceu? Nessa época adolescente comecei a ir a bailinhos, comecei a praticar esportes lá no Belém halterofilismo, isso trabalhando em fábrica de calçados, até que uma dessas fábricas tinha uma academia de boxe, Clube de Boxe na Avenida Celso Garcia ao lado do Cine Roques. Eu cismei de entrar e praticar boxe e lá fiquei durante uns dois anos e pouco, três anos treinando boxe e adorei. É um esporte que disciplina o homem e te dá reflexo e te dá... Enfim disciplina o homem, porque há muito respeito entre os atletas, eu me lembro disso. P - E como era essa academia? Ela fazia parte da fábrica? R - Não, não tinha nada a ver com a fábrica por ser próxima a empresa, eu não me lembro exatamente qual foi o vínculo, eu sei que eu saía da Rua Silva Jardim lá no Largo do Belém e ia até a academia que era na Rua Bresser quase esquina com a Celso Garcia e eu ia a pé treinar quase todos os dias, treinar meu boxe. Lembro que naquele período que eu treinava boxe meu pai ia junto várias vezes, fizemos várias exibições, disputei a Forja de campeões, você já ouviu esse nome? Existe até hoje, promovido pela Gazeta Esportiva e o que é Forja de Campeões? Forjou campeões, então nas academias todo ano existe esse torneio organizado pela Gazeta Esportiva e eu participei de um deles, um só porque é só o primeiro, depois você já vai pra outro nível de esporte. Lembro que participei e lembro também que naquela ocasião, eu cheguei a fazer uma luta no Ginásio do Ibirapuera. P - Olha só E como foi isso? Conta pra gente? R - Isso foi uma luta de reflexo na época DVD ou vídeo cassete e nem máquina fotográfica meu pai tinha senão me engano não tinha, não, então eu não consegui documentar isso daí, eu me lembro disso aí de passagem. P - Mas essa luta aconteceu em que contexto? Você saiu lá da zona leste veio pro Ibirapuera, era campeonato? R - Era contexto de disputa entre academias, a gente fez as lutas preliminares. Eu não me lembro se nesse dia o Eder Jofre chegou a lutar ou não, eu não me lembro exatamente se isso aconteceu, embora ele fosse a pessoa mais importante na época dentro desse esporte. Eu não me lembro o que eu me lembro desse fato que lá estive numa ocasião. P - Interessante. Agora quando não estava lutando boxe, estava nos bailinhos? R - Nos bailinhos, festinhas e por aí a fora. P - Descreve pra gente, eu fico curioso pra saber como é que eram essas festinhas de adolescentes naquela época década de 60? R - Mais ou menos isso. P - Final de 50? R - No início de 60, você entrava em um baile inteiro, quando eu falo inteiro é sem droga e sem álcool e você ia tirar as meninas pra dançar, pegava na mão, saía, dançava, devolvia. Lembro-me dos boleros daquela época. Olha foi uma infância gostosa, todo final de semana era bailinho, lembro-me de um fato curioso que aconteceu nesse período, eu costumava chegar em casa de sábado pra domingo às três, quatro horas da manhã. Nesse período eu dormia na sala e meu pai tinha aquela vitrola com aquelas duas tampas que abria assim, adorava música sertaneja e eu tinha bronca naquela época. Ele levantava às seis da manhã e pegava seus discões e botava bem alto: “E aí, filho, estava bom o baile ontem? Agora é minha hora, eu quero ouvir as minhas músicas.” Eu era obrigado a levantar. P - E os bailinhos então iam até as três, quatro horas da manhã? R - Mais ou menos isso. P - E quem frequentava era o público ali do bairro, da rua? R - Normalmente o público da região, normalmente não existia tanta mídia quanto hoje que traz público de fora. Lá no meu bairro já promovi vários eventos, inclusive teve um agora em dezembro 87 aniversário no bairro de Vila Matilde e quem promove é esse meu amigo Mário Borges que ele tem um jornal e em parceria com a Transcontinental, desculpa eu fui lá e saí rapidinho e falei: “Isso não é local pra uma pessoa como eu, desculpa.” Porque era uma bagunça geral, antigamente não existia isso. Lembro-me que eu sempre participei de atividades do meu bairro, quantos desfiles eu promovi de 7 de setembro ou carnavalesco na Rua Dona Matilde que é a rua principal nossa. Lembro-me de um 7 de setembro onde as fanfarras da região... Existia na época a fanfarra, estavam desfilando e o diretor da escola, eu me lembro até hoje da escola e o nome do diretor, o senhor Pedro passou por mim, porque eu estava segurando a fita pra ninguém invadir tentando fazer alguma coisa lá, ele falou: “Vocês não tem coração. Deixar as crianças desfilarem debaixo de chuva”. Eu falei: “Senhor Pedro, o senhor quer que eu faça o quê? É o programa”. Várias escolas faziam essa apresentação na rua. Lembro-me de festa junina que nós fazíamos também e acabamos com isso, a última que fizemos voltando na escola 19 de Novembro, eu fui presidente lá um período da APM faríamos festa junina pra arrecadar um dinheirinho pra comprar instrumento pra fanfarra, certo? Lembro-me disso, o que mais eu poderia citar desse período aí? Me ajuda, você fez uma pergunta e eu fuji do foco agora. P - Não, o que eu queria... O senhor pode ficar à vontade pra falar o que quiser, mas nesse período você já estava trabalhando, já estava na adolescência. Tinha esse hobby do boxe, ia sempre pra bailinhos e foi nessa época que o senhor conheceu sua primeira namorada? R – Não, foi bem antes. P - Mas foi bem antes quando? Com que idade era? R - É o que eu falei agora, meu querido, é uma menina que morava defronte a minha casa e meus pais tinham uma boa amizade e eu comecei a namorar com ela. P - Quantos anos o senhor tinha? R - Eu tinha uns 10, 11 por aí. P - O senhor era bem novinho mesmo. R - Mas era aquele namorinho de: “Estamos namorando?”. “Estamos”. Aquela brincadeira de criança que durou, eu acho que uns seis anos. P - Com a mesma menina? Seis anos? R - A mesma menina só que nesse período eu comecei a me libertar daquele local que eu morava, entendeu? Eu comecei a me libertar e o que é libertar? Outros amigos ir ao parquinho, ir ao bailinho, ir a outros clubes dançar, enfim... Eu comecei a levantar as asinhas, vamos dizer assim, onde felizmente eu comecei a ver realmente a juventude, porque até então a minha juventude foi restrita entre aqueles amigos daquele trecho que eu tinha na época. Era pipa, era pião, era malha, era carrinho de rolimã, enfim aquela era uma vidinha gostosa sim. P - E conta pra mim qual foi a cidade de São Paulo que você descobriu nessa época quando seus horizontes foram além ali da Vila Matilde? Como era a cidade que você descobriu? R - Cidade de São Paulo? Que coisa linda você pegar o bonde, inclusive dois tipos de bonde, um era Camarão porque ele era fechado e o outro era aberto. Esse fato, o bonde quantas vezes vinha o motorneiro puxar a alavanquinha pra registrar quando você pagava, vocês sabiam disso? Não ouviu isso? Na Celso Garcia o bonde Rangel Pestana e Celso Garcia e vinha até a Penha esse bonde. O aberto, ele rodando você conseguia subir nele e quando vinha o cobrador você pulava. Também poderia fazer isso. Se não me engano é Camarão, ele já era fechado, abria as portas e você entrava e tinha, eu não lembro se catraca ou o cobrador que vinha cobrando essa passagem. P - E você pegava o bonde de onde lá na Vila Matilde? R - Ia até a Penha, na Vila Matilde tinha um ônibus que ia até a Penha e lá eu pegava o bonde pra poder vir para o Centro. P - E qual era o trajeto que você mais fazia? Onde você ia passear? Onde você frequentava na cidade de São Paulo nesse período? R - Poucos lugares, Museu do Ipiranga, eu havia falado sobre isso, se não me engano eu fui até lá, Aparecida eu já havia dito, o Horto Florestal lá na Anchieta no... Aquele parque que tem lá como chama? Na Anchieta, até estão criando caso lá agora o Estoril também ia fazer esses tipos de passeio e quando não os meus pais iam visitar os parentes em São José do Rio Pardo, ficávamos lá alguns dias e também era um passeio gostoso. P - Eu já vou te perguntar de São José do Rio Pardo porque eu estou curioso, mas antes disso quando o senhor tomava o bonde você costumava frequentar o centro da cidade de São Paulo? R - Sim, costumava como eu havia dito agora há pouco Cine São João, Cine Piratininga, Cine Aladim tudo naquele trecho pra ir ao cinema e quando não, ir à academia lutar boxe. P - E que filme você viu nessa época que te marcou? R - Ah, você falar de cinema, eu não sei se estaria falando correto, mas naquela época talvez eu vá misturar um pouco o cinema ou TV Rin Tin Tin eu adorava, Johnny Vany eu adorava, filme de televisão O Combate de guerra, eu adorava também, mas esse eu acho que era de televisão. De cinema mesmo mais marcante, eu não me lembro deles, eu sei que vira e mexe era cineminha e de mãozinha dada. P - Isso que eu queria saber, como era o programa de ir ao cinema? Tomava o bonde lá na Penha e vinha pro centro. R - Isso. P - Como é que eram as construções, as pessoas que frequentavam? Como era o hábito de ir ao cinema? Com quem você ia? Conta pra gente? R - Normalmente com companhia às vezes até com colegas, por que não? Mas normalmente era com uma menina, ia ao cinema, saía tomava um suco e entregava a menina na porta da casa dela, entendeu? Ou às vezes não, enfim nada assim tão gritante. P - Bom, Orlando, você estava contando pra gente dos seus programas no centro no final dos anos 50 e começo dos anos 60. R - 60 o mais marcante que foi com 17, 18 anos por aí que foi que eu consegui me encontrar, porque até então a juventude... Eu costumo... Eu tenho eu costumo costumo dizer que é muito cedo pra você encontrar o seu foco, o que você quer ser. A minha infância foi até os 15 anos mais ou menos, levado, depois você começa a montar a sua personalidade, eu me lembro que eu era operário de fábrica e saiu um anúncio de uma empresa pegando vendedores iniciantes pra vender assinaturas de jornal Shopping News, conhece esse jornal? É um jornal que acho que ainda é distribuído gratuitamente só que na época, isso nos anos 60, um pouquinho antes por aí, eles queriam cobrar uma mensalidade. Então lá vou eu pedir conta da empresa, porque no tempo que eu fui cortador de calçados, eu passei por umas cinco fábricas se aqui me pagava. Eu tenho o meu caderno que eu fiz um pequeno diário ali, pagava 300, na outra 350, então eu ia pra lá, na outra era 400 eu ia pra lá sempre procurando... P - Subir de vida. R - E curiosamente na época existia o que a gente chamava de envelope de pagamento, pegava o envelope de pagamento dava pra mamãe e fim de papo. Você pedia no final de semana algum dinheirinho pra ir ao cinema e jogar um bilharzinho, até na época quando eu comecei a jogar um pouquinho, nessas mudanças de emprego, a empresa que eu mudei não tinha mais envelope de pagamento, entendeu? Eu acho que você não captou a mensagem. P - Porque você era dono do seu dinheiro. R - Não, se eu ganhava 400, eu mudei pra lá pra ganhar 450, então era: “Mãe, o salário lá é o mesmo só que não tem envelope, aqui está os 400”. E ficava com os 50. P - Você começou a cuidar da sua renda. R - Sim. P - E agora que você começou a ser mais dono do seu dinheiro. O que você fazia? O que você comprava? Você se lembra de alguma coisa que você tinha muita vontade de comprar e não podia e conseguiu? R - Lembro-me de uma ocasião que eu fui a loja da Sears lá na Avenida Pacaembu e comprei uma bela de uma camisa e de marca, que puxão de orelha eu levei em casa. “Como é que você comprou essa camisa?”. “Eu não sei, eu paguei baratinho”, entendeu? Porque meus pais nunca tiveram esses tipos de prazeres e sofisticação. Nunca tiveram então você falar que comprar um Pierre Cardim por cinco reais, eles acreditam, ou melhor, acreditavam. Comprei uma bela camisa pra poder aparecer um pouco mais. Outro fato também dessa época que eu participei bastante do carnaval da minha região, blocos carnavalescos. Se você entrou no blog, você deve ter visto lá umas três ou quatro fotos de bloco carnavalesco e o que é isso? Um grupo de amigos assim que faziam a fantasia de Tarzan. “Está bom”, então todo mundo fantasiava de Tarzan e vamos cantar aquela música do Tarzan, lembro-me que quando saiu aquela música Mamãe eu quero nós fizemos um bloco com todo mundo de chupeta e fraldinha, entendeu? P - E como chamava o bloco? R - Bloco do chupeta, até naquela época teve um apelido meu aqui de chupeta, deixa pra lá. P - Isso tudo na Vila Matilde? R - Tudo na Vila Matilde. P - E como era esse carnaval na Vila Matilde? R - No sentido interno ou externo? P - Como assim? R - De rua era lindo de morrer o de rua, porque você também participava de qualquer jeito, tinha os blocos e o povo ao lado onde a gente às vezes era obrigado a levar com corda pra não se misturar, não atrapalhar quem estava indo ali e tal, era lindo. Carros alegóricos, dois clubes mais marcantes que faziam carros alegóricos lá o Clube Atlético Ipiranga que está no meu blog, o trenzinho Maria Fumaça que tem lá Adeus Maria Fumaça, na época tinha acabado e começou a surgir o trem elétrico. Outro do dragão que eu ainda não pus, mas qualquer hora eu vou colocar o dragão, normalmente as fantasias eram em cima das músicas da época, a gente fazia o bloco carnavalesco. P - Eram vários blocos? R - Sim, vários blocos, vários clubes, eu citei bastante já a Vila Matilde, mas tinha Vila Esperança também o RUV Recreativo União Vila Esperança, o RUV e mais uns dois ou três clubes da Vila Esperança que também faziam isso, blocos carnavalescos. Só que existia uma rixa esse negócio de bairrismo entre Vila Esperança e Vila Matilde, abaixo dos trilhos é Vila Esperança e pra cá é Vila Matilde, nós não atravessávamos nos trilhos, porque existia uma rivalidade. Os nossos blocos desciam até a estação de Vila Matilde na época que tinha uma escadaria que você descia pra poder pegar o trem e ali se dissolvia. Depois de alguns anos nós começamos a fazer o contorno e ir até a Vila Esperança, isso quando começou a surgir a escola de samba Nenê de Vila Matilde, a mais tradicional de São Paulo, o qual me lembro do Largo do Peixe, eles eram uns... P - O senhor estava falando do trajeto dos blocos. R - Isso, então os blocos começaram a descer e conseguiam porque existia uma escadaria onde você descia e passava pelos trilhos. Tinha uma cancela e ia até a Vila Esperança. Isso no sentido a pé da Vila Matilde para a Vila Esperança ou de ônibus, o ônibus descia a Dona Matilde contornava a esquerda, virava a direita e passava pelo pontilhão pra ir até a Vila Esperança. Lembro-me dessa época com um ônibus lotado descendo a Dona Matilde e virando pra ir a Vila Esperança. Uma colega minha que morava defronte a minha casa pendurada no ônibus, bateu a cabeça no poste, porque não fazia curva, o ônibus inclinou e bateu a cabeça no poste e veio a falecer ali mesmo, eu me lembro desse fato. P - Mas voltando ao carnaval então os blocos desciam e existia essa rivalidade. Cada ano... Não existia um bloco com o mesmo nome? Era uma coisa informal, não é isso? R - Informal e orientado pelas músicas da época. P - E quais eram as músicas da época? Fala algumas pra gente, você consegue lembrar? R - Bom, eu já havia dito uma agora há pouco. P - Bom, as músicas carnavalescas da época? R - Eram as músicas da época... Eu me lembro: “Estrelinha linda, me responda, por favor”. Era uma música que também marcou, quer dizer eu estou falando em nível de música, não em nível de cordão também que era feito os blocos. Agora recapitulando um pouco mais pra eu poder me lembrar dessas músicas da época, eu participei tanto de organizações de bailes internos na Sociedade Amigos da Vila Matilde onde na época a gente punha camisa de diretor e ficava rodando o salão pra ver se não havia ninguém sem camisa, quando tirava a camisa: “Você põe a camisa ou você é colocado pra fora.” Isso naquela época quantas vezes eu fiz isso. P - Isso nos bailes de carnaval ou qualquer baile? R - No baile que eu era diretor na época. P - Mas no carnaval ou não? R - No carnaval. P - Então tinha o carnaval lá de rua com os blocos e os bailes? R - E os bailes. P - E os de rua ficavam cheios de gente vendo os blocos passar? R - E os blocos passando como diz aquela música do Chico Buarque: “Pra ver a banda passar” e coisa assim e o povo ficava lá vendo. P - E ao mesmo tempo lá na Vila Esperança acontecia a mesma coisa e ninguém se bicava? R - Não, eles desciam. A rivalidade, o bairrismo. Era tão marcante. P - E foi nessa época que a escola de samba foi criada? A Nenê de Vila Matilde? R - A Nenê de Vila Matilde foi criada... Você me pegou agora, em 50 e pouco, eu acredito que sim, talvez em 52. Eu não me lembro exatamente, mas é uma das mais antigas de São Paulo. P - E você se lembra do... Embora não se lembre o ano, você se lembra da movimentação, de como se deu essa criação da escola? R - Lembro, porque no Largo do Peixe, eu residia ali próximo. Então quantas vezes eu ia até lá pra vê-los, tocar descontraidamente pandeiro, chocalho, enfim eles faziam a rodinha com cavaquinho e eu ficava vendo eles tocarem, ensaiarem, cantarem, isso daí. Isso bem antes de formarem o bloco. Então é o que eu te falei agora em 50 mais ou menos, na década de 50 quando foi fundada a Nenê de Vila Matilde. P - E o primeiro desfile deles como foi? R - Não me lembro exatamente como foi o primeiro desfile e foi ali no bairro na Vila Esperança e a Vila Esperança conseguiu se promover e organizar muito mais o carnaval de rua. Na Vila Matilde, ele era mais na raça entre três ou quatro clubes que existiam lá, na Vila Esperança eram mais clubes e eles conseguiam se organizar e pegaram mais nome. Então todo mundo no dia X, normalmente dois dias no período carnavalesco, é que aqui tinha desfile e lá tinha mais público, isso quando o carnaval de rua existia. Agora não existe mais, é uma pena. P - E nesse meio tempo você já estava com uns 18 anos de idade? R - Mais ou menos isso, um pouco mais até. P - E você disse que passou por umas quatro ou cinco fábricas de sapato aumentando o salário e já começou a cuidar do dinheiro até que foi trabalhar com vendas. R - Com vendas, vender jornal, assinatura do Shopping News. P - E como foi essa experiência nova? R - Foi excelente, foi aí que realmente eu comecei a me firmar mais como cidadão, como organizador, com respeito e por aí a fora. Eu me lembro de um fato curioso, essa empresa que eu fui vender a assinatura do jornal Shopping News, ela pegou um evento pra construir um estádio lá em Mogi Mirim, o estádio de Mogi Mirim e levou pra lá toda a sua equipe de vendas no qual nós fomos lá em 20 homens e vender o quê? Cadeira cativa no estádio de futebol que iam construir e lá eu ficava durante a semana inteira e só vinha embora sexta-feira feliz da vida porque estava ganhando dinheiro. Lembro-me que nesse trabalho meu de vender e bater de porta em porta ou em bar, de uma passagem curiosa que marcou bastante, eu querendo vender pro dono do bar, e o dono do bar falou: “Escuta, vai lá e oferece para aquele senhor ali que está sentado ali de chinelo havaianas e fumando o cachimbinho, se você conseguir convencer ele, ele pode te comprar umas cinco ou seis cadeiras. Está vendo aquela terra toda lá é toda dele.” Aí é que eu percebi que a aparência muitas vezes engana, isso foi uma lição de vida também, então eu fui lá e conversei com o velho, eu tinha até anotado o nome de todos que eu vendi cadeira cativa na época. Depois a empresa quebrou e não conseguiu construir mais, mas isso durou o quê? Uns seis meses talvez que nós ficamos lá e aí fui vender ações, ações... Inclusive vendi ações da Cássio Muniz se lembra dessa loja? Já quebrou faz tempo. Esse cunhado meu que era vendedor de papelaria me convidou: “Você não quer vender material de escritório?” Elá fui eu e comecei a vender material de escritório. P - O senhor morava com seus pais ainda? R – Isso, morava com meus pais na Rua Tomás Vita número 17. P - Seu pai já tinha se aposentado? Ou ainda estava trabalhando? R - Não, meu pai trabalhava ainda sim, ele trabalhava. P - E como foi essa experiência... Como era o dia-a-dia de trabalho como vendedor de material de escritório? R - Olha, foi um aprendizado também e tudo na vida é aprendizado, isso aqui também é um aprendizado. A gente está aí trocando ideias, ou melhor, só eu que estou falando, mas é um aprendizado. Você pegava a pastinha de manhã, pegava ônibus, pegava o bonde e ia até a Vila Maria visitar indústria pra vender material de escritório papel carbono, grampeador, clipes, enfim esse tipo de material de escritório. Uma das coisas que eu aprendi identificar quando é uma indústria pela entrada de fiação elétrica. Às vezes você vê um paredão e você não sabe o que tem ali. Às vezes é uma boa indústria. Lembro-me que pegava o bonde e ia pra Vila Maria trabalhar com a pastinha pesada visitar uma fábrica aqui, outra lá e por aí foi feito, vamos dizer assim a minha experiência profissional em vendas. P - Como era a Vila Maria nessa época? R - Vila Maria, a Avenida Guilherme Gotner era paralelepípedo, o bonde descia ali e andava a Rua da Gávea, a Rua Guaranésia ia até lá em cima no Parque Novo Mundo visitar uma indústria de alimentos que tinha lá e tudo praticamente a pé, porque na época não tinha carro, não. P - O senhor se lembra de uma grande venda que o senhor fez assim especial? R - Nessa época eu não me lembro de uma grande venda, não, eu me lembro do tipo indústria de tambores, uma indústria metalúrgica na Vila Maria, eu vendia sempre pra eles, eu me lembro da AMF do Brasil uma empresa americana que tinha na Vila Maria que eu vendia pra eles. E mais algumas assim, lembro-me de vender numa fundição que pra vender eu acabei entrando até na indústria onde saíam aqueles ferros num calor violento. “Ele está lá em baixo, vai lá visitar”. Isso aquele departamento que não tinha nada a ver. Então essas passagens, esses focos que vão acontecendo no dia-a-dia da gente. P - Orlando, nós estamos agora na década de 60 que foi uma década de muita transformação social etc. Como você presenciou essas transformações na sua vida ali na zona leste? Quais foram as transformações que chegaram até lá, de hábitos, costumes? Eu tenho a impressão que esses bailinhos que o senhor frequentava deve ter transformados também? R - Isso. P - Como a década de 60 chegou na sua vida na prática? R - Ah, como chegou? Puxa vida, eu havia dito agora há pouco sobre os bailes, isso foi fantástico, praticamente a única alegria que nós tínhamos exceto ir até o Centro, ir ao cinema e tal. Fundamos um clube lá chamado Creasy Clube onde nós promovíamos baile todo final de semana e praticamente foi essa vida que marcou ali essa passagem durante esse período aí de alguns anos cinco ou sete anos ou um pouquinho mais talvez lutando boxe em 62, onde eu praticava isso e simultaneamente os bailinhos. Até que eu comecei a me desviar um pouquinho do esporte. Lembro-me dessa época que chegava em casa, isso voltando um pouquinho no tempo do pugilismo chegava em casa com a toalha suja de sangue e minha mãe me dava a maior bronca. “Para com isso”, e não sei o que. Onde você começa a perder a motivação por aquilo que você está fazendo. Lembro-me de uma passagem curiosa no boxe, o técnico ia levar alguns pupilos, eu me lembro o nome dele era Arnaldo Tagliatti, um italiano muito enérgico. Também ia levar uns quatro ou cinco pugilistas pra Itália pra fazer uma exibição lá e naquela época por eu ter iniciado minha vidinha de baile, eu não estava muito bem preparado porque ele me deixou de fora, mas eu sabia que ele ia me levar porque tinham falado pra mim. Ir pra Itália praticar pugilismo, lembro-me um fato curioso dessa época, o nome inclusive, tem coisas que marcam mais, isso é normal. Ah, vou retroceder um pouquinho mais, campeão do Quatro Centenário quando São Paulo fez 400 anos, eu vibrei muito na época, o Corinthians foi campeão do Quarto Centenário, eu dei uma fugida um pouquinho do foco aí, eu estava no pugilismo. O que eu estava falando do pugilismo? P - O senhor estava falando o que estava mudando na sua vida na época que a vida do baile te afastou um pouco do pugilismo. R - Exatamente me afastou um pouco. O técnico levou esses quatro ou cinco pugilistas e um deles que ele levou se tornou campeão do mundo na Itália chamado Pedro Carrasco. Eu me lembro disso que por sinal esse Pedro Carrasco quando ele começou a praticar boxe na minha academia, eu digo minha onde eu estava é lógico, ele era magrinho, franzino e eu que já estava na academia há mais tempo. Você quer queira ou quer não, você manda nele. “Ô, meu, faz direito isso aí.” Então nós chegamos a fazer boxe juntos, a treinarmos juntos e nesse período talvez um ano, um ano e pouco onde ele também evoluiu lógico e acabaram indo esses seis atletas lá pra Itália. Eu me desliguei, eu não sei o que houve que eu me desliguei totalmente de boxe, embora adorando, eu não sei por que razão talvez os bailinhos talvez, o casamento depois, talvez até... Mas eu cheguei a ler a matéria que ele foi campeão mundial de boxe na categoria dele lá, peso meio pesado coisa assim, eu não me lembro bem. P - Orlando, eu ia perguntar agora justamente da esposa quando e como o senhor conheceu a sua esposa? R - Um fato curioso aconteceu com a minha esposa. Ela trabalhava numa tecelagem próxima à residência dela e eu tinha outra namorada, a gente não se conhecia, até que um dia eu andando de bicicleta no meu bairro, uma coleguinha brincando comigo e nós demos uma trombada e claro caímos no chão e me machuquei, isso foi num sábado. No domingo, eu acho que foi... Bom, eu não fui ao bailinho esse dia porque eu estava com o olho inchado ou qualquer coisa assim e domingo de manhã não tinha nada pra fazer. Eu fui à missa com a minha mãe, me levou à missa, meu pai junto e coisa assim, eu me lembro desse fato. E nessa missa eu vim a conhecer a minha esposa você acredita? Onde começamos: “Oi”. “Oi”. Ela morava ali perto, lembro-me que um dia eu fui namorar na casa dela de sapato branco e ela me deu a maior bronca, me mandou embora trocar de sapato, porque quem usava sapato branco era malandro. Lembro-me de uma das primeiras vezes ir ao cinema, tinha que levar o irmãozinho dela pequeno, chegava no cinema comprava uma balinha dava pra ele, ele ficava do outro lado e você ficava aqui namorando com beijinhos e abraços, entendeu? Coisa que hoje não existe mais isso, mudou totalmente. P - Isso o senhor tinha o quê? Uns 18 anos? R - Não, isso eu já tinha... Isso foi em... Eu casei em 66, eu namorei com ela dois anos e dois meses. P - Estava no meio da década ali. E o senhor trabalhando como vendedor na mesma empresa de material de escritório? R - De material de escritório, eu fiquei com ela talvez uns dez anos, então um cliente numa indústria que eu visitava fazia uma tecelagem, tecido pra estofamento, esse chenille aqui, isso é chenille, me convidou se eu queria vender tecido. “Tecido? O que é tecido? Como é que chama? O que é?” Então eu peguei e comecei a vender tecido e ia muito pra São Bernardo do Campo vender rolos de tecidos pra móveis, eu vendi muito para aquela região lá, eu fiquei lá também se não me engano 12 anos vendendo pra essa empresa e em seguida me convidaram pra ser representante da Teka cama, mesa e banho. Aí eu fui pra lá e fiquei até 2004, eu fiquei 20 anos com Teka. P - Mas espera só um minutinho, vamos voltar um pouco daqui a pouco a gente chega na Teka. Então no meio da década de 60 o senhor se casou? R - Perfeito. P - Conta essa história do casamento pra gente? R - Que história eu poderia contar? Tem uma foto aí sobre... P - Como foi o casamento? R - Como foi o casamento de igreja? Ah sim, eu entendi agora a sua pergunta, eu já respondo já. O casamento na igreja dentro da formalidade, só que naquela época eu era, não digo rebelde, mas questionador e eu costumo ser um pouquinho questionador. Na época do casamento, um pouquinho antes tinha que fazer um testemunho com o padre e como foi esse testemunho? Eu lembro que quando eu entrei pra conversar com o padre, o padre começou a me questionar e eu virei as costas e fui embora de raiva. Eu sentei, a minha noiva perguntou: “O que houve?”. Eu disse: “Deixa pra lá, o padre me encheu a paciência.” Mas foi um casamento bonito e como foi a festa? União de ambos os pais, tanto o meu quanto o dela. Um pagou a bebida o outro pagou a comida, a minha mãe fez 400 salgadinhos, a mãe dela fez o bolo, a festa foi feita onde? Na casa dela que era uma casa que tinha mais espaço e fizemos a nossa festa de casamento na casa da minha noiva, dos pais dela. Simples, mas que rolou até não sei que hora porque era... Eu não me lembro exatamente a hora, tipo meia noite, me levaram pra pegar o trem, porque eu fui de trem passar minha lua de mel no Rio de Janeiro onde eu fiquei no Hotel Novo Mundo durante uma semana, eu não me lembro bem, mas o casamento foi em casa. P - Qual é o nome da sua esposa? R - Clarisse. P - O nome completo? R - Clarisse Pascoalino D’Agostini. P - Foram passar uma semana de lua de mel no Rio? R - No Rio de Janeiro. P - Você já conhecia o Rio? R - Não conhecia o Rio até onde me lembro. É claro, tirei várias fotos, fomos assistir o jogo do Fla/Flu, é lógico tinha que visitar. O Maracanã e depois subi lá também pra ver aquela visão fantástica do Cristo. O bondinho, eu me lembro dessas passagens todas durante uma semana que a gente passou lá foi fantástico. P - E o senhor saiu da casa dos seus pais? R - Sim, veja, como eu havia dito, existia a casa de meu pai e mais três casas, os meus irmãos mais velhos moraram lá muitos anos e eu morei dois, quando eu consegui arrumar um dinheirinho queria comprar um carro e minha esposa falou: “Não, vamos comprar a nossa casa primeiro.” Quem manda é a mulher, mas entre aspas. Bom, eu acabei comprando uma casinha simples e lá vamos nós no final de semana, nessas alturas eu já tinha a minha filha mais velha, a Elaine e final de semana eu pegava o carrinho de bebê e ia visitar os meus pais lá próximo, eu comprei uma casa próxima. Até que consegui comprar o meu carrinho, um fusquinha 62 canela seca, você sabe o que é canela seca? Você não engata a primeira com o carro andando, você é obrigado a passar com ele parado e pra você mudar de marcha você tem que dar o tempo certinho se não cria dificuldades, mas pra você sair, você tinha que parar o carro pra poder colocar a primeira. Eu comprei esse carro de um japonês, eu tinha tirado a carta há pouco tempo e pedi pra ele: “O senhor me leva até em casa?” Ele me levou até em casa botou o carro na minha garagem, cuja garagem eu... O meu irmão mais velho... O outro já tinha ido, o meu pai e meu cunhado e eu fizemos uma garagem nos finais de semana. Bom, comprei o carro do japonês, ele enrolou um pouquinho, mas tudo bem, ele me levou o carro até em casa e chegou à noite. Eu ansioso pra pegar o carro e mostrar pros pais e no tirar da garagem eu já esfolei o paralama. Então cheguei na casa dos pais com aquela alegria toda. Que hoje isso infelizmente se tornou rotina, mas todo ano você já faz isso. P – Agora, Orlando, você se lembra do primeiro passeio... Dessa primeira vez você foi lá mostrar o carro pro seu pai era pertinho. Mas você se lembra do primeiro passeio de carro que você deu com a sua esposa? Pra onde você foi? R - O primeiro passeio foi... Eu já havia dito sobre isso foi Aparecida do Norte benzer a chave, benzer o carro e coisas assim, entendeu? P - Por São Paulo por onde você costumava andava? R - Por São Paulo eu não me lembro de nada marcante assim... Ah, eu fui a Poços de Caldas já com os dois filhos pequenos, por sinal já estão aí na foto, Itu, Águas de Lindoia, Serra Negra, São Pedro, quer dizer praticamente passagem, ali... Mas me lembro de vários passeiozinhos que nós fazíamos às vezes no final de semana. Lembro-me de chegar a Poços numa sexta feira procurar pousada e ficar lá dois dias com a família. P - Em São Paulo nessa época já tinha bem mais carro. A gente começou contando do bonde e aproximando da década de 70 já era uma cidade que tinha passado por aquele processo de crescimento. Devia ter muito carro, por onde você andava aqui? Você trabalhava com o carro? R - É lógico que quando eu comprei o carro foi uma alegria, eu consegui trabalhar de carro. Que gostoso, só que nessa época isso já foi em 70 e poucos eu nessa indústria que eu já vendia tecido. Depois desse carro, eu troquei e comprei uma Brasília zero e no ano seguinte mais uma outra, quer dizer troquei a Brasília zero, um Passat onde com esses carros eu fazia o meu trabalho que ia muito pra São Bernardo do Campo, inclusive pra entregar também tecido, eu vendi e ora eu entregava também. P - Agora voltando um pouquinho, Orlando, quando você disse que a sua esposa disse: “Não, vamos primeiro comprar casa”. Nessa época você já tinha tido a sua primeira filha. Fala das suas filhas, a primeira chamava Elaine? R – Elaine, chama-se Elaine. P - Ela nasceu quando você estava na casa dos fundos ali do seu pai? R - Não, eu já... Espera aí você agora me confundiu... Não, nasceu quando eu estava na casa dos fundos dos meus pais e depois nós fomos pra essa casa que eu comprei, ela já era pequenininha. Eu lembro que no começo eu morava no cômodo e cozinha, a casa que eu comprei tinha sala, mas só tinha sala, entendeu? P - Era pequenino o resto? R - Não, não tinha nada na sala. P – Ah, só tinha a sala, não tinha nada dentro da sala? R - Exatamente. P - Você foi equipando aos poucos? R - Isso era vida difícil. P - Viviam você, a sua esposa e a sua primeira filha? R - A primeira filha. P - E quantas filhas mais você teve? R - Depois da Elaine, dois anos mais ou menos veio a Adriana e daí mais uns três, quatro anos veio o Fabiano e eu e meus três filhos... Eu tive uma sorte fantástica também, porque todos os três tiveram condutas exemplares, a minha filha mais velha na época se formou professora, mas depois mudou ainda bem. Pra línguas e começou a dar aula de inglês na época e depois arrumou emprego na Dal Química empresa multinacional, onde ela está há 20 anos e muito bem realizada profissionalmente e dá um suporte pra toda América Latina, enfim teve essa ascensão também. A minha segunda filha, a Adriana se formou em Química na época queria ser nutricionista, eu cheguei até fazer inscrição na faculdade, mas depois ela mudou pra Química fez no Mackenzie Química e se formou, não chegou a doutor, mas fez Mestrado e profissionalmente ela agora está cuidando do meio ambiente. O trabalho dela é análises ambientais, ela está muito bem realizada ali. E esse filho meu que eu não sei se cheguei a comentar, mas acho que não já com 13 anos eu o registrei na minha empresa, porque houve um período eu era pessoa jurídica representante comercial pessoa jurídica, eu o registrei na minha empresa pra poder usufruir do INSS num prazo mais curto. Mas ele no colegial técnico, como é que fala? Eletricista? Não, bom, daqui a pouco a gente lembra, ah, é eletrônica. Logo em seguida arrumou estágio na Kodac do Brasil. Do estágio ingressou na faculdade e já foi efetivado na Kodac. Com 18 anos ganhou o carro da Kodac e saiu pra rua pra consertar essas máquinas Xerox de fotocópias, onde várias vezes eu saí com ele pra ver como era o trabalho dele. Tem aquelas máquinas enormes, não é essa que você levanta a tampinha, essas máquinas enormes, e ele consertava tudo aquilo lá pela Kodac do Brasil até que eu me lembro dele com 22 anos, eu já tinha dado o inglês pra ele, voltando um pouquinho mais, eu dei inglês para os três filhos. E pras duas eu fiz questão de dar um carro quando tirava a carta. 18 anos um Fiat 147 zero, mas dei pras duas. Quando chegou o filho 18 anos, eu falei: “E agora?”. “Pai, eu não preciso de carro, eu tenho o da empresa, eu fico com ele no final de semana também, põe o dinheirinho na poupança.” Eu botei o dinheirinho do carro na poupança pra ele dentro dos valores compatíveis. Ele com 22 anos falou: “Pai, eu já entrei em contato e vou me especializar nos Estados Unidos, vou pra Califórnia.” Nessa época eu estava lá na sede do Lions e fiz até uma festa de despedida com os amigos da Kodac dele, os amigos do Mackenzie e os amigos do bairro, uma festa despedida que cantamos aquela música: “Garoto eu vou pra Califórnia...” E lá foi ele pra Califórnia e nos deixou, desculpa eu fiquei agora um pouquinho emocionado. E ficou lá três anos, na verdade nesses três anos, dois finais de ano ele veio passar o Natal conosco, porque eu ainda mantenho uma tradição que eu herdei Natal família unida, final de ano se puder vai todo mundo pra praia e eu ainda consigo manter isso. Um final de ano a gente se comunicando ele falou: “Pai, esse ano eu não vou passar o Natal com vocês, não”. Deu as suas explicações e ele lá na Califórnia, filho da mãe, não é que chegou dia 22, 23 de dezembro. Começam a chegar amigos dele na minha casa pra me cumprimentar pelo Natal. Eu falei: “Você veio, muito obrigado, mas o Fabiano não veio”. E de repente o filho da mãe começa a subir com outros amigos fantasiado de Papai Noel, entendeu? P - Pregou uma peça em você. R - Pregou uma peça que eu e a esposa... Enfim, é lindo, lindo e houve um ano que nós fomos lá visitá-lo, ele bolou um roteiro. Eu peguei a esposa e as duas filhas e fomos lá visitar. E cometi um erro fantástico nessa época, eu saí daqui do Brasil de Cumbica pra Los Angeles e eu falei: “Eu vou ficar dez horas sem fumar...”, e eu sou fumante. “Eu não vou levar cigarro, não”. E de Los Angeles outro avião até São Francisco e quando chegamos a São Francisco que descemos assim ele estava lá fora com o carro que ele tinha alugado, ele não chegou a comprar carro lá não me deu aquele abraço e tal, eu falei: “Filho, eu estou louco pra tomar café e comprar cigarro.” Então meu filho me deu uma bronca. “Você não parou com essa droga ainda?”. Eu falei: “Infelizmente ainda não”. “Aqui não é igual o Brasil que cada esquina tem um boteco, deixa ver onde eu acho isso”. Então andando um pouquinho mais pra frente tinha uma loja de souvenir, pediu um café, um cigarro Marlboro botou uma nota de dez dólares no balcão e vi ele pegar o troco dois dólares e meio. Eu falei: “O que é isso?”. “Pai, o cigarro é cinco dólares e o café é dois dólares e meio”. “Eu vou jogar essa porcaria fora”. E já fui abrindo, desculpa eu não sei se tem algo a ver... P - Pode falar o que quiser. Só vamos trocar a fita. O senhor estava contando dessa viagem pra Califórnia e depois do cigarro caríssimo como foi essa viagem? R - Foi fantástica, olha, com o devido respeito ao nosso Brasil, porque eu sou brasileiro e defendo, mas nós somos realmente uma nação bem diferenciada do primeiro mundo, não vou usar o termo que eu tenho em mente porque existe respeito lá, disciplina inclusive. Eu, fumante, tinha até receio de jogar ponta de cigarro no chão, lembro-me... Porque meu filho montou um roteiro onde durante algumas horas a gente rodava, parava pra comer onde paramos em Santa Mônica a terra em que faleceu agora o Michael Jackson, Santa Mônica, Santa Bárbara. Eu fui conhecer o parque Jellystone, o parque do Guarda Belo, eu não sei se você se lembra de um seriado que tinha na televisão sobre o Guarda Belo, o guarda que guardava os ursos naquela reserva lá. Lembro-me que a gente parava, almoçava e sempre pegava um lanche, um biscoito alguma coisa e também umas latinhas cerveja. Lembro-me um dia nós paramos pra fazer um piquenique e falei: “Vamos almoçar por aqui mesmo”. Abri o porta-malas do carro e peguei uma cerveja e tomei. Meu filho me deu uma baita de uma bronca: “Pai, não pode”. “Eu não sabia”. E fui obrigado a pegar o lenço enrolar e continuar tomando minha cervejinha, entendeu? Lembro-me que ele nos levou lá em São Francisco no culto evangélico lá onde a Sharon Stone, aquela atriz famosa, costumava cantar e acabou que o dia que nós fomos lá, ela foi lá cantar o culto dela só que nós cinco entramos. É claro, eu procurei um banco que cabia os cinco, não estava preocupado com quem estava na frente e tal. Na hora do abraço quando viraram pro nosso lado pra dar aquele abraço, eu percebi que tinha uns quatro ou cinco gays na minha frente. Eu falei: “Tudo bem, faz parte, paz de Cristo”. Coisa assim, mas foi lindo. Lembro-me em Las Vegas, desculpa aquilo é a ilha da fantasia, mas sem o Tatu. Não sei se vocês já assistiram o filme, aquele seriado que tinha Ilha da Fantasia. Bom, voltando à ilha da fantasia chegamos em Las Vegas você entra naturalmente em qualquer hotel sem estacionamento, mas com total controle você põe o seu carro, tranca e vai embora e entra nos cassinos. E nosso objetivo lá era fazer turismo e não conhecer jogos, eu me lembro que eu trouxe uns 15 copos de plásticos onde eram colocado as moedas e quando você vai num caça-níquel você pega um copinho plástico e joga as moedas ali e cada copinho desse tem identificação do cassino. E eu trouxe pra casa como lembrança, souvenir uns 15 copinhos desses. São fantásticas as recepções que existe em cada cassino, não sei se deve me estender mais sobre isso, porque o foco mais acho que seria... P - O foco é a sua vida pode contar. R - E foi algo fantástico. Lembro-me de dois fatos curiosos dentre outros porque quando entramos nós cinco no cassino de Veneza, cujo teto parecia realmente um céu, mas era pintura e vieram cantando pra nós o rei e a rainha em fantasias, lógico que em italiano e nos abraçando, dando boas-vindas, que recepção fantástica. Em cada cassino que você entra é um tipo de recepção de acordo com o país, eu visitei também o cassino do Brasil, tem um cassino lá, eu não me lembro exatamente o nome. E outro cassino que me marcou barbaridade foi que determinada hora ia ter um show entre piratas e os barcos ingleses, como que chama? Os barcos têm um nome específico, mas como é isso? Bom, na frente do hotel um grande largo que fazia uma volta e contornava esse cassino, Corsários... Corsários eram os piratas e a fragata francesa, inglesa, eu não me lembro bem, conclusão: de repente sai do barco um pirata escondido atrás do cassino, começa aquela simulação de guerra com binóculo, os piratas e começam a trocarem tiros e nós numa passarela, nós cinco e trocam tiro. E de repente o barco consegue derrubar os piratas e afundam o navio deles, afunda quase que inteiro, todo mundo bate palma e aplaude e de repente o navio começa a subir outra vez e ele se esconde lá atrás para um show daí a mais duas ou três horas. P - Isso foi em 2000? R - Não, em 99, lembro-me um 7 de setembro em que nós estávamos lá em São Francisco e fomos passear no centro. Conheci um pouquinho o que é homeless, homeless é o favelado igual nós temos aqui. Nós andamos num prédio, andando numa praça e eu vi a bandeira do Brasil hasteada e eu falei: “Filho, que prédio é aquele ali? Com bandeia do Brasil hoje?”. Eu não estava me lembrando que dia era, porque eu estava fora. “Ah, vamos lá ver o que é”. Fomos todo mundo ver lá e quando entramos houve coincidência, em inglês eu não sei nada, mas meus três filhos sabem tudo. Subimos e ele falou: “Pai, hoje é 7 de setembro e São Francisco homenageia o Brasil”. Por algum fato que eu não estou bem a par de qual foi esse fato, mas São Francisco em 7 de setembro, era o prédio da prefeitura, e eles colocam a bandeira do Brasil lá. P - Então isso foi 7 de setembro de 99? R - Isso. Lembro-me nós rodando na rota 66 e felizmente era o meu filho que estava dirigindo, eu na frente, as três indo atrás e de repente na rota 66 surgiu um carro de polícia com sirene. O filho encostou, quando meu filho encostou o carro, nós estávamos rodando já por uma questão de uma ou duas horas. Então ele encostou e a viatura atrás, eu abri a porta do meu carro e saí pra calçada e o policial atrás fez assim pra mim. Como quem diz: “Volta e senta”. Eu sentei no carro e bateram boca o filho com o policial e assinou uma multa. Lá era 80 milhas se não em engano, o filho estava a 80 e poucas milhas e ele foi obrigado a assinar uma multa. E pra devolver o carro teve que pagar a multa. É o critério deles. P - Bom, a gente deu um pulo grande na sua vida porque o senhor contou um pouco a trajetória dos três filhos. Agora eu queria voltar um pouquinho ainda no final da década de 70 porque eu tenho a impressão que você já estava estabelecido já com os três filhos e morando na sua casa lá na Vila Matilde onde você sempre morou. R - Perfeito. P - Eu queria que você falasse um pouco da sua trajetória profissional ao longo dessa década seguinte, a década de 80 que foi uma década muito complicada do ponto de vista econômico. Como foi a sua vida de vendedor vendendo tecido e depois indo pra Teka? R - Meu querido, essa sua pergunta eu já havia dito antes, algo bem próximo da sua pergunta quando eu falei que meu pai disse numa ocasião que o homem sem dinheiro não é homem. Nessa fase que você citou em vendas não conseguia... Tive enfim aquela depressão violenta porque não conseguia vender e ganhar onde eu falei que meu pai tinha razão, eu tinha vergonha de ir a padaria pra tomar um café porque eu não tinha dinheiro e comprar sabonete era um só. Foi uma fase muito difícil. Na época eu tinha um carrinho e falei: “Fazer o que agora? Profissionalmente não existia como sapateiro, certo? Em vendas o que eu vou fazer agora? Vou ver se transfiro meu carro pra taxi”. Eu estava pensando o que fazer, mas no trabalho dia-a-dia começou a melhorar, foi indo e eu continuei em vendas até agora, mas foi um período difícil. P - Isso você já estava na Teka? R - Não, ainda não estava, eu entrei na Teka em 86 se não me falha a memória em 86, 84 coisa assim. P - E como foi esse convite pra mudar de emprego? Como aconteceu? R - Nessa empresa que eu trabalhava e vendia tecido, a Teka também fabricava tecido, então um colega me deu a dica: “Orlando, está surgindo uma vaga lá e tal pra ser preposto”. Eu fui ser preposto de um representante titular de um nome famoso, eu não sei se devo citá-lo ou não, mas eu não vou citá-lo, não. Uma pessoa famosa, eu fui preposto dele, sabe o que é preposto? P - Não, eu sei que o preposto é o representante da empresa ou não? R - Não, eu representava a empresa indiretamente, mas era ele que me organizava, ele que me pagava as comissões e ele recebia da sua empresa. Então ele recebia tipo cinco por cento e me dava dois ou três por cento de comissão, então eu era preposto. Mas foi um convite, eu fui e topei e trabalhei um período até que na época a Teka resolveu modificar o seu quadro de vendas em vez de ter só um representante, quis ter vários representantes. Só que pra você ser representante da empresa você tem que ser pessoa jurídica e na época eu era um autônomo, sabe o que é um autônomo? “O senhor tem que abrir uma jurídica”. Eu falei: “Tudo bem”. Então peguei o contador e abri uma empresa jurídica em 84, 85 onde eu comecei a vender Teka diretamente nas lojas, vendia pra supermercado, o Carrefour, vendia pra grandes empresas também e pequenas. P - E o senhor tinha uma área de atuação em São Paulo? Ou era a cidade toda? Como que era? R - Aí é que vem um detalhe. Empresa grande é complicado. Houve um período que eu tinha clientes. A partir do momento que eu abria o cliente ele era meu e assim funcionava, tanto é que no Brás eu tinha só uma meia dúzia de clientes, porque o titular que era tinha todos e eu só tinha uma meia dúzia de empresas novas que foram abrindo, enfim... E eu não tinha zona, eu fazia Brás, 25, zona leste prioritariamente, mas ia também pro ABCD só que depois chegou um período que a Teka começou a acabar com isso, me tirou o alto-serviço e o que é alto-serviço? Supermercado, me tirou o Carrefour, me tirou o Dabob, me tirou Master empresas que eu me lembro... Supermercados que é alto-serviço, o consumidor chega, pega e vai embora e houve esse acidente enorme com o filho, eu não sei se cheguei a comentar, mas acho que ainda não. Em 2002, o filho morando lá... Desculpa talvez um pouquinho fora de ordem... P - Fique a vontade com a sua história. R - O filho morando lá e depois do Bin Laden ele veio embora, lembro-me que 18 de agosto a 18 de janeiro de 2002 passou uma matéria no Jornal Nacional sobre jovens estudantes que foram para o exterior nos Estados Unidos e o Fabiano D’agostinho meu filho conta a sua história no Jornal Nacional dia 18 de janeiro de 2002. Então o filho conta na minha primeira entrevista: fiquei três anos nos Estados Unidos e no meu retorno na primeira entrevista aqui no Brasil já arrumei emprego e aparece ele no computador que foi a área que ele se especializou lá. Isso dia 18 de janeiro de 2002, quando foi 27 de março do mesmo ano retornando do seu trabalho com seu carro, o meu filho pra entrar na garagem parou um carro atrás e quando ele vai olhar... Bom, resumindo leva um tiro e meu filho vive sobre cadeira de rodas, isso ele tinha 26 anos foi pra lá com 22 e com 26 anos aconteceu essa desgraça com ele. Até nesse dia eu tinha uma reunião na qual eu sempre participei do meu bairro no CONSELHE, conselho de segurança, eu não sei por que eu não fui à reunião nesse dia, estava em casa e quando escutei o barulho, saí eu e a esposa e o filho estirado lá no chão quase morrendo. E aí foi aquele baque, um transtorno na nossa vida em 2002. Eu e a esposa é que sofremos mais, ele ficou lá comigo. Chorávamos todos os dias com psicólogo e fisioterapeuta em casa dia sim e dia não, chorávamos todos os dias. Eu me lembro de uma passagem curiosa, desculpa, está onde ele não queria tomar o remédio, não queria fazer sonda, queria morrer: “Me mata, eu quero morrer.“ Eu fui obrigado... Porque quem mais convive com esse tipo de drama são as mulheres, elas têm mais jeito pra isso ou mais sofredoras eu não sei bem... Eu ouvi aquele bate-boca que ele não queria tomar nada e nem fazer sonda, entrei no quarto dele e dei um tapa na mesa e falei: “Se você quiser se matar, vai se matar lá fora, aqui dento você vai obedecer sua mãe, vai tomar remédio sim, senhor”. Dei uma de machão, saí foi num cantão e chorei igual besta, por quê? Uma pessoa quando está em parafuso, que era o caso, o psicólogo conversando conosco, inclusive falou: “Vocês não podem jamais chorar perto dele e falar: “Que pena, que dó”. E vai por aí a fora. Isso foi o psicólogo que deu essa coordenada e a gente na frente dele dava uma de machão, entendeu. Isso passou 2002 com essa história toda, o sofrimento nosso todo, a família também, mas quem mais conviveu com ele fui eu e a esposa. Aí eu chorando comigo falei: “Meu Deus agora a vida está redonda pra mim sem grandes ambições somente viver, não vou comprar mais tijolo, eu quero é trocar de carro e viver bem, baile com a esposa, viajar, aproveitar a vida, a gente já está indo para aquele caminho, o que eu vou fazer pra cuidar desse filho agora? E agora, meu Deus, como eu faço?” E a Teka cortando clientes e por aí a fora, eu consegui colocá-lo na AACD, onde foi bastante útil, e logo em seguida surgiu uma peça de teatro promovida pelo Osvaldo Montenegro cuja peça era Noturno, onde o filho começou a conviver com as pessoas em comum e viu que cadeirante também vive, cadeirante também tem prazer. E ele fez esse teatro, algumas apresentações onde ele começou a levantar, porque até então ele... Tanto é que ele escreveu uma matéria, cujo título é Será que voltarei a viver? E voltou tanto é que em 2002. No finalzinho de 2002, naquelas idas a médicos, fisioterapia, AACD e por aí a fora, psicólogos, INSS que ele tinha os direitos e o INSS queria aposentá-lo por invalidez, isso após algumas perícias feitas em médicos contratados, a última palavra tinha que ser do posto do INSS e a chefe das médicas não quis dar alta pra ele. Nós fomos obrigados a mandar a correspondência até Brasília pra que dessem alta pra ele: “Eu não sou inválido", inclusive com a médica chefe do posto: “Escuta, aposentado por invalidez pode voltar ao trabalho profissional?“. “Não”. “A senhora quer que meu filho vá fazer o quê? Vender tênis no Largo da Concórdia, o meu filho não vai fazer isso, não, uma que ele não quer, não sou só eu, não”. “Não, mas de acordo com a lei...”. “Eu não estou preocupado com isso, meu filho tem capacidade”. “Não, mas eu vou aposentá-lo por invalidez”. “Não vai.” Resumindo enviei a correspondência a um amigo lá de Brasília e conseguimos que ele tivesse alta médica e recebe o benefício do INSS por acidente de trabalho e retornou a trabalhar na empresa que nesse período de 2002 a empresa adaptou-se para o cadeirante e o que é isso? Botar corrimão, ampliar porta, quer dizer a empresa fez tudo para que ele retornasse ao trabalho, houve um período de adaptação dele com os colegas sobre cadeira e aquela senhora vem dizer pra ele que ele não pode voltar ao trabalho? Isso não tem cabimento. Lembro-me uma ocasião nessas idas e vindas, uma delas foi para a empresa, a minha casa tem um patamar mais alto ali na garagem em baixo, eu tenho 12 degraus, quando saiu do HC pra ir pra casa, enfim... Uma das saídas de casa eu chamei o meu sobrinho pra ajudar descer com a cadeira de rodas 12 degraus e a esposa atrás de repente, eu não sei o que houve e nós rolamos lá em baixo nós três, eu, meu sobrinho e meu filho. Caiu óculos, celular pra tudo enquanto foi lado. Então a esposa perguntou: “Machucou, filho?”. “Mãe, onde eu sinto tudo bem, agora onde eu não sinto não sei.” Subimos no carro e fomos embora se não me engano fomos até pra empresa dele, eu saí do meu bairro até a Avenida Ibirapuera lá em baixo próximo ao supermercado Ibirapuera, o Shopping Ibirapuera sem falar uma palavra, fomos lá na empresa pra ele começar a se reintegrar com os amigos. Período difícil. Bom, e em casa agora? Eu preciso botar um elevador aqui, então lá vou eu procurar elevador pra colocar em casa, eu fui a um teatro que tem elevador e vi como funciona, aquela plataforma que você desce, põe a cadeira e... 40, 50 mil reais e vai por aí a fora até que um amigo, três, não, dois amigos e um sobrinho que é engenheiro do metrô, o Sérgio é meu sobrinho desse irmão que faleceu quando ele era pequeno. Ele falou: “Orlando, vamos fazer o seguinte: vamos comprar uma torre de carro...”. Aquela que levanta carro pra escapamento. “A gente fura aqui a laje, põe a torre e a gente faz um elevador.” Resumindo: fizemos um elevador em casa graças a um amigo que tem uma indústria metalúrgica que entregou lá a torre, ele dobrou a chapa pra fazer toda a parte. Outro amigo que é engenheiro do SESC, não o SESI, é professor, me ajudou na parte estrutural e esse sobrinho meu que me ajudou na parte eletrônica. Instalei um chamado monta carga, eu montei um elevador que serve agora felizmente quando vem do mercado ou feira sei lá, põe ali e sobe ali e vai pra sala e pronto. Isso em 2002 que eu tive que botar o elevador lá e de 40 mil eu acho que não gastei oito mil e tem elevador lá em casa. Na época eu corri muito atrás de delegacia e seccionais com o retrato falado de um dos três bandidos, a delegacia minha lá do bairro, a 21ª delegacia, o delegado... Eu já tinha amizade porque eu sempre participei da minha comunidade, inclusive ajudei até a reformar a delegacia e quando eu falo ajudei, não foi eu sozinho é em virtude da entidade que é Lions Clube e por aí a fora, não fui eu Orlando que fui lá e ajudei. Mas enfim eu fui lá também e botei um pouquinho de mão de obra... Com retrato falado em seccionais e três delegacias até que o delegado lá da 21ª falou: “Orlando, você tem o retrato falado, você mora lá, os bandidos eram três.” “Eram”. “Você mora na mesma casa?”. “Entendi o que o senhor está querendo dizer, caiu a ficha”. Ele falou: “Vai pra casa, esquece isso aí, cuida do seu filho. É a melhor coisa que você faz.” Eu falei: “O senhor tem razão". Na época eu estava pensando realmente em vender a casa e mudar, mas eu falei: “Meu Deus do céu, eu moro aqui nessa casa há 30 e poucos anos, morei dez ali e mais 20 lá, eu vou fugir daqui por quê?”. Então eu acabei assimilando e felizmente em seguida o filho começou... A namorada que ele tinha na época foi embora, aí apareceu essa garota, a Cíntia divorciada, mas sem filho e começaram a se dar bem, a se dar bem e vai indo, eu fui conhecer os pais dela, eles vierem em casa nos conhecer, pra ver raízes coisas assim. Um dia o filho chega em casa e fala: “Mãe, arruma toda a minha roupa aí que eu vou morar com a Cíntia". Essa garota que ele veio a conhecer. Ah, voltando um pouquinho, essa garota vinha de casa e minha esposa tenta explicar pra ela o que é um cadeirante: “Olha, vocês estão juntos, mas cuidar de cadeirante é complicado, porque tem isso e tem aquilo.” Ela muito assim descontraída: “Dona Clarisse, eu quando era jovem eu cuidei de um primo que era cadeirante, então eu sei tudo que é um cadeirante.” Bom, eu sei que em seguida o meu filho falou: “Mãe, arruma toda a roupa minha, o que der porque eu vou morar com ela.” Eu cheguei pra ele e falei: “Filho, você vai morar? Você conheceu ela faz um ano, você não acha que é um pouco cedo pra você ir morar com ela?”. “Pai, você não me falou que o homem tem que tomar sua decisão? Eu estou tomando minha decisão e eu acho que está certa.” Eu até falei um palavrão. “Vai... qualquer pepino você volta aqui, estamos aí”. Ele foi embora, isso já faz quantos anos? Isso foi em 2003, faz sete anos, casou e me deu um netinho agora dia 9 de agosto passado dia dos pais, me deu mais um netinho que não está na foto, porque tem seis meses só. E está feliz da vida, já voltou pros Estados Unidos, já foi lá esquiar, já foi rever os amigos que ele deixou lá. Você vê curiosamente, eu já havia dito sobre participação comunitária. Um dia por telefone, ele falou: “Pai eu estou com a mão cheia de bolhas de água". Eu falei: “O que é isso? Bolhas d’água? Você está em São Francisco fazendo computação?”. “É que a empresa nesse final de semana foi fazer um trabalho social e eu fui lá trabalhar, pintei parede, arrumei parte elétrica, fiz isso...”. E contando o que ele fez lá de benemerência para os favelados americanos. A minha participação no bairro como Lions Clube no Brasil 500 anos, eu lancei uma campanha no meu bairro, “Brasil 500 anos Lions Vila Matilde 500 cadeiras de roda” e o que é isso? Queria doar 500 cadeiras de roda, eu não atingi a meta só doei 300 pra você ter uma ideia da minha participação na comunidade sempre lembrando quando eu falo: “Eu doei”, eu me refiro ao grupo de pessoas, não sou eu Orlando pessoa física. P - Orlando, ouvindo a sua história de vida fica muito claro que você é um homem da cidade. Você veio do interior cedo, mas você é um homem de São Paulo, você não simplesmente passa por aqui como um cidadão, você exerce a sua cidadania em São Paulo. Sobretudo no seu bairro. Você está lá toda a vida tirando o pedacinho de vida da infância que você viveu no Ipiranga a vida toda, na Vila Matilde. Então agora que nós já estamos começando a caminhar pro final de entrevista eu gostaria de começar a fazer alguns balanços, sobretudo, por essa perspectiva de você ser um homem de São Paulo, um homem da Vila Matilde. Uma coisa que eu queria saber é como você... Eu gostaria de ouvir um testemunho seu da transformação da Vila Matilde ao longo dessas décadas de vida sua ali? Porque você não é só uma pessoa que mora ali, você vive a realidade da Vila Matilde, como você pode relatar essa transformação assim desde a rua de terra lá atrás até agora? R - Eu me lembro quando rua de terra os primeiros comícios políticos que eu ouvia onde eu morava, eu não vou citar nome de político, não é o caso que eu achava que esse país aqui era lindo, maravilhoso. Lembro-me do primeiro asfalto quando veio, lembro-me de uma passagem, houve um período da minha vida antes de ser vendedor, eu fui prestar exame pra guarda-civil, a antiga guarda-civil daquela farda azul. Eu me lembro que o governador era, eu tenho quase certeza Ademar de Barros, aquele período lá de 60 e pouco por aí. E eu prestando exames até quase o ponto de pegar a fardinha amarela que era tipo experiência, mas só que quando eu cheguei ao final no exame médico, eu era obrigado a operar uma varize que eu tinha, uma pequena varize na perna que falaram: “Pro senhor pegar farda vai ter que operar essa varize.” Eu falei: “Tudo bem”. Acabei operando da varize, lembro-me que quando cheguei em casa na rua de barro, meu Deus do céu. Pra descer, pra chegar até em casa que sacrifício e eu operado andando todo enfaixado e atrapalhado, foi uma passagem curiosa. E logo depois parece que o Ademar de Barros suspendeu tudo que era efetivação de novos militares, houve um período que ele bloqueou onde eu reiniciei, não, eu iniciei o trabalho de vendas, isso foi com uns 20 e poucos anos. Outra passagem curiosa que havia passado despercebido comigo, transformação rua de terra que coisa linda quando vinha o asfalto, lembro-me que pra ir tomar o trem pra poder ir trabalhar, pegar o Maria Fumaça muitas vezes eu era obrigado a ir no engate dos dois vagões onde tem aquele engate, não sei se você sabe? Era ali em pé com marmitinha pendurada aqui pra ir trabalhar na fábrica. Lembro-me uma ocasião que descendo a escadaria de Vila Matilde, eu estava lá com uma garota e de repente passaram uns quatro ou cinco rapazes naquelas disputas de: “O que está olhando? Aqui não é seu bairro”, coisa assim e eu com uma garota, na época eu treinava boxe e quando começamos a bater boca à distância já mandei a garota passar por debaixo do trem e correr, eu falei: “Se manda, vai embora”. Então ela passou por debaixo e foi embora. Vieram uns quatro ou cinco pra cima de mim e um deles era... Ele estava servindo o Exército com aquele cinturão, com aquela fivela enorme e veio pra cima... Eu só me lembro exatamente que eu cobri e dei em dois e os dois caíram e eu falei: “Deixa ir embora, eu já ganhei a briga”. A garota já foi embora, eu já ganhei a briga o que mais eu quero? Comecei a subir a escada da estação correndo e por coincidência vinham descendo vários amigos: “O que foi?” Conclusão: aí inverteu a corrida. Eu me lembro dessa passagem que é curiosa também. A evolução como é que eu poderia citar sobre o progresso? Além do asfalto, o cinema na época já existia, uma praça que não era praça, era um terreno abandonado onde domingo eu costumava fazer exibição de boxe com mais dois colegas que treinavam boxe na mesma academia e moravam no mesmo bairro. A gente em dia de domingo ia fazer o que a gente chama de exibição, ia fazer sombra, uma luta, brincar ali só cujo terreno uma ocasião onde tinha os parques de vez em quando vinham, montavam e ficavam lá um período e iam embora. Construíram uns seis sobrados tudo geminados nessa praça, nessa época eu já era diretor da Sociedade Amigos de Vila Matilde e o nosso vereador da época nós brigamos muito com ele pra demolir aqueles sobrados que foram construídos em uma praça pública e conseguimos. Demoliram os cinco sobrados e assim foi feito uma praça cujo nome fizemos um acordo com o vereador: “O nome vai ser Praça da Conquista”, porque foi uma conquista, uma briga da sociedade, comunidade onde a gente venceu e foi feita a praça o nome da conquista. “Quando o senhor falecer a gente coloca o seu nome na praça.” Depois que ele faleceu convidamos a esposa dele e tornou-se Praça Vereador João Aparecido de Paula, um dos progressos que houve no bairro no qual eu participei, eu me lembro disso. P - Como o senhor se envolveu na associação de lá? Quando foi isso? R - Quando eu trabalhava nessa gráfica um amigo um pouco mais velho do que eu que já era diretor me convidou: “Orlando, você não quer participar da diretoria lá da Sociedade Amigos da Vila Matilde?”. “Diretoria eu não entendo bem, eu já fui da PM, posso ir”. Então fui. Lembro-me que de início houve uma coincidência ali, a Sociedade Amigos de Vila Matilde estava inaugurando o ginásio de esportes onde Olavo Setúbal foi lá inaugurar o ginásio de esportes nosso. E lá fiquei como diretor vários anos, fui presidente do conselho fiscal, depois me afastei e fui presidente de mais três ou quatro entidades e em 99, 2000 eu retornei pra endireitar algumas coisas que não estavam nos conformes, vamos dizer assim. E fiquei lá por mais três anos até perceber que eu devo mudar o meu foco tem hora que você... Como é trabalho de paixão, como é trabalho de raça, você não pode ter muita coisa que não aceito ficar me envolvendo, eu não concordo, não compactuo com esse tipo de comportamento por duas razões: primeira, não tenho poder pra mudar; segunda: pra ver algo que não condiz com a minha personalidade e terminou o mandato: “Tchau e benção, eu vou embora”. E foi o que eu fiz. Mudo pra outro, porque eu tenho uma dificuldade de andar lá no meu bairro, advinha qual é? “Orlando, vem cá, vamos tomar um café”. “Vamos tomar uma cerveja”. “Você foi lá ontem?” Entendeu? Desculpa a modéstia. P - É conhecido por todo mundo. R - Eu não sei se cheguei a falar sobre o encontro da turma dos anos 60, no qual eu sempre vibrei, participo. Pra você ter uma ideia eu montei 50 cartolinas com história do bairro com cartolina 66 centímetros multiplica isso por 50 e vê quantos metros têm de história do bairro e dos anos 60, não fotos minhas se for começar a pegar as minhas então e começar a... O filho quando voltou dos Estados Unidos você acredita que ele demorou um mês pra organizar suas fotos, trouxe mais de duas mil fotografias que ele tirou lá dos países que ele ficou visitando inclusive da Espanha que ele ficou lá em Salamanca durante um mês e pouco fazendo espanhol. Sei lá não sei se é raízes ou o que é se assimilou ou enfim é o jeito nosso. P – Bom, Orlando, você estava contando do trabalho lá com as histórias da década de 60 com a turma da faculdade, perdão com a turma da escola de fundamental na época do colégio, então você disse que fez uns 25 metros mais ou menos... R - Uns 30 metros, 60 por cinco dá 30 e poucos metros. P - Uns 30 metros com histórias e fotos do bairro na década de 60? Algumas delas você deve ter mencionado aqui contando a sua própria história, mas tem alguma marcante que está ali nesse painel de histórias que você não contou pra gente? R - Alguma marcante nesse painel de história? O que seria marcante? Tantas garotas que passaram por essa passagem que fica difícil você relembrar, o mais marcante não documentado foi esse acidente que eu tive com a bicicleta com uma garota, houve uma trombada. Que ela ficou brincando assim onde no dia seguinte, no domingo eu vim a conhecer a minha esposa, essa seria uma das marcantes o que mais poderia ser? P - Essa história está lá na cartolina? R - Não, essa aí não. Está lá onde? No blog? P - Não, nas cartolinas lá. R - Não, porque isso aí não está documentado. P - Conta uma pra gente que ficou nessa exposição que você fez de histórias? R - Você fala com relação a documento? Foto? Matéria? P - Não tinham muitas histórias lá nessas cartolinas? Histórias especiais que aconteceram com as pessoas da turma lá no bairro? Eu queria ouvir uma delas, eu fiquei curioso, uma dessas histórias que você incluiu no painel? R - No painel não incluí porque não tenho documento pra anexar, porque pelo menos no meu ponto de vista quando eu coloco uma foto, eu tenho que colocar alguma coisa e de preferência uma matéria curta, porque ninguém hoje em dia quer saber de ler. Então se eu não tenho uma foto que é minha... Eu coloquei a foto da primeira indústria do meu bairro, coloquei uma foto peguei os dados e coloquei ali em baixo curto umas cinco ou seis linhas só. O colégio do meu bairro Externato São José de Vila Matilde também coloquei a foto e uma pequena matéria dos formandos da época sem citar nome, porque também não vou me lembrar. Então dessas passagens minhas eu não tenho, vamos dizer algo que eu possa colocar escrever é só na memória, eu lembro-me saindo do cinema e indo para um baile com metais. Eu não sei se vocês conhecem metais em baile com trombone, sax, pistões, surdina. Lembro-me de um desse baile que eu estive que foi fantástico um dos bailes que mais gravou assim no sentido: o baile em si, dançar gostoso, bacana e depois sair com a garota também bacana, entendeu? Ou não? Você ter tido uma noite alegre e feliz, eu me lembro disso. Lembro-me de um... Dos carnavais de um deles que eu dancei as quatro noites e três matinês, sabe lá o que é isso? Lembro-me não na Sociedade da Vila Matilde outro clube ali próximo como eu havia dito existia uns quatro ou cinco clubes ali que tinham salão fora os campos de futebol, porque lá tinha vários e um desses bailes de carnaval eu lembro que vim a conhecer Dexamil, vocês sabem o que é isso? O chamado rebite que eu acho que caminhoneiro ainda usa hoje, não era craque, não era maconha, não era nada disso, eu não me lembro como isso surgiu na minha vida, mas um comprimidinho de Dexamil, meu Deus do céu Você dança 48 horas eletricamente sem parar, entendeu? Então são esses fatos que claro faz parte do museu, mas não é nada pejorativo, fez parte da minha vida num curto período isso daí, finais de semana bailes quando tinha... Na época eu já trabalhava então já me administrei financeiramente, não precisava mais dos pais, mas sempre dando satisfação em casa dos meus atos onde foi, porque foi. Eu contei a história da vitrola. “Estava bom o baile ontem? Que horas você chegou?”. “Quatro e meia”. “Então agora deixa eu ouvir o meu Tonico e Tinoco”. “Está bom, fazer o quê?”. P - E hoje, Orlando, a vida hoje o senhor ainda continua trabalhando? R - Continuo trabalhando em vendas. P - Quando está fora do trabalho, o que o senhor gosta de fazer hoje lá na Vila Matilde? R - Veja bem, como eu havia dito eu sou presidente de uma sociedade Amigos do Bairro, eu dou uma parada lá no final do expediente um pouco mais cedo. Sem muito compromisso e jogo minha bocha, jogo minha tranquinha, tomo minha cervejinha e chego em casa tranquilo com uma cervejinha na cabeça, até a mulher de vez em quando pega no pé. Eu falo: “Enquanto eu estiver tomando a cerveja, está bom, o pior é quando tiver tomando Diabinese ou Isordil e por aí a fora”. E esses remédios todos aí. Ainda dá pra aguentar um pouquinho, porque a vida é pra ser vivida. Você acredita que eu tive um fato marcante há três anos ou um pouco mais, por aí dois anos e pouco, eu como presidente lá da Sociedade de Vila Talarico. É uma equipe de 20 jogadores fora os que não são atletas, mas que frequentam. Tinha um senhor idoso que começou a jogar bocha lá conosco, simpático, bacana, beleza e tal e de repente a mulher lá que toma conta do barzinho, da lanchonete falou: “Senhor Orlando, o fulano está internado”. Citou o velhinho que estava no hospital. “E parece que não está nada bem, parece que vão ter que amputar a perna dele e coisa assim”. Contou aqueles dramas todos de saúde. Eu procurei a ficha dele e falei: “Não é possível, ele mora na minha rua”. Morava na minha rua e eu não sabia. No dia seguinte no final do dia, eu fui até a casa dele, bati palma, saiu uma senhora velhinha esposa dele e eu falei: “Como é que ele está?”. “Não está bom, está ruim, mas parece que vai ter alta, mas vão cortar a perna dele e eu não sei agora como é que eu faço, eu fui até arrumar cadeira de roda na igreja aqui em cima e lá não tem.” Eu falei: “Olha, a senhora esquece o assunto e amanhã cedo eu lhe trago uma cadeira de rodas”. “O senhor traz?”. “Trago, amanhã cedinho eu trago uma cadeira e por sinal nova”. “Tudo bem, um abraço, até amanhã”. Eu fui embora, fui à sede do Lions Clube peguei uma cadeira de roda, botei no meu carro, acho que passei no clube... Eu sei que no dia seguinte de manhã quando eu ia saindo pra entregar a cadeira e visitar alguns clientes me ligam e falam: “Orlando, o fulano faleceu”. “Faleceu? O enterro vai ser hoje mesmo?”. “O enterro vai ser tipo três, quatro horas...”. Eu não me lembro bem. “Onde é que está?”. “Está na Vila Formosa”. “Está joia, obrigado por ter me avisado.” O que eu fiz? Saí com o carro fui à sede do Lions, peguei a cadeira, devolvi e falei: “Eu não preciso mais”. E lá vou eu até o cemitério, entrei, são vários boxes, vários locais e procurei até achar o caixão com uma velhinha encostada, eu vi, entrei, cumprimentei e fiz lá o trabalho normal. De repente chegou um rapaz, rapaz não, ele devia ter uns 40 e poucos anos, não o conhecia: “Muito prazer”. “Esse é meu filho”. Eu fiquei lá uns 40 minutos, uma hora, então eu falei: “Vou até o bar tomar um café. Vocês gostariam de tomar um café comigo? Vamos lá a senhora”. “Não, eu vou ficar aqui ao lado dele”. Eu peguei, saí e fui embora. Já tinha feito o trabalho prazeroso, vai, porque eu me sinto na obrigação disso daí tudo por ser representante de uma entidade. Quando chegou à noite, eu cheguei no clube, os colegas lá falaram: “Orlando, você não foi no velório do fulano de tal? No enterro?” Eu falei: “Eu não fui no enterro, mas no velório eu fui, nove horas da manhã eu estava lá e fiquei lá até umas dez e pouco, então eu tinha um compromisso e saí, por quê?”. Ele falou: “É que, Orlando, na hora de levar o caixão, rapaz, que sufoco". “Por quê?”. “Tivemos que pedir ajuda no velório do lado, porque não tinha seis homens pra levar o caixão”, entenderam? Eu costumo falar isso que você plantou, enfim foi seu estilo de vida, viveu, cada um tem um critério. Tem sua postura. Sabe lá o que é isso? E o velhinho morava na minha rua há mais tempo que eu e a mulher dele ainda mora lá. Depois comentando com a minha esposa, ela falou: “Conheço ela, eu já vi, mas de oba, oba, nada de...”. Morou lá 50 anos e eu moro há 30, mas tudo bem vai. P – Então, Orlando, pra terminar eu queria te fazer duas perguntas e você fique a vontade pra comentar o que quiser ou acrescentar outras coisas depois, a primeira das últimas perguntas é: eu queria te perguntar o seguinte: o que falta pra ser feito na Vila Matilde? Qual é o seu sonho que você tem pro seu bairro? Pra sua comunidade depois de tantos anos, de uma vida vivendo ali? R - Dois, um eu iniciei em 95 se não me engano, eu tenho dados pra isso uma casa de cultura no meu bairro, o secretário estadual, municipal de cultura esteve lá e examinou o prédio, era pra ser feito uma casa de cultura, mas não consegui infelizmente. Você por ser um voluntário, um sonhador você não está propenso todo dia, toda hora a ir num órgão público cuidar desse assunto por várias razões dificilmente você encontra um funcionário público que te veja como cidadão e sonhador, ele te vê como cidadão normal fala: “espera aí que depois eu vejo” entendeu. Então eu perdi essa batalha e uma outra é um hospital decente no meu bairro, porque ainda não tem, mas até outro dia eu assinei novamente o abaixo-assinado para que no meu bairro tenha um hospital decente. Tem o Hospital Santa Marcelina um pouquinho longe lá em Itaquera, eu não sei se vocês conhecem a região? Nós temos um hospital medíocre cujo nome é Doutor Alberto Zaidro, hospital da Vila Nhocuné onde meu irmão ficou internado um ou dois dias e veio a falecer, o meu segundo irmão. Não temos hospital e não temos uma casa de cultura, área de lazer eu ajudei a fazer algumas inclusive o CDM UNILEST onde eu participei na época e estava muito lindo, mas mudou totalmente. O que mais poderia faltar pra Vila Matilde? Eu acho que mais nada, porque a hora que você sonha com um grande shopping ou grandes lojas, você traz problemas e Vila Matilde eu considero mais um bairro residencial. Temos lá o Shopping Aricanduva se não me engano o maior da América Latina. É o que me parece ou próximo disso. É muito bom. Temos o Shopping Penha também e Vila Matilde não tem mais o que você poderia pedir, pelo menos eu de momento não vejo nada exceto casa de cultura e um hospital e sem falar - lógico – em escolas mais decentes. Ah, outra briga minha também é posto de saúde, hospital ou posto de saúde, quer dizer hospital é uma coisa e posto de saúde de emergência é outra. Numa primeira passagem posto de saúde e depois hospital, isso Vila Matilde é carente sem contar a insegurança também. Nós temos essa praça cujo nome oficial agora é Vereador João aparecido de Paula que na verdade é mais conhecida como praça da Toko. Toko foi uma equipe de discoteca muito famosa na época, ganharam muito dinheiro, fizeram sucesso trabalharam e o apelido dessa praça é Praça da Toko. Parece que eu fugi um pouquinho do raciocínio que eu estava indo... P - A falta de segurança. R - A segurança? Ok, você me lembrou cuja praça é defronte à delegacia, mas nos finais de semana, quinta, sexta e sábado é uma baderna, inclusive não só de lixo como outro tipo de lixo falando assim mais francamente. Por coincidência ontem a minha gerente do banco me liga: “Senhor Orlando, está havendo uma movimentação estranha na sua conta, eu acho que o senhor usou internet e deve ter dado alguma abertura”. Eu falei: “Estou indo aí”. Então fui até lá e realmente houve algo estanho na minha conta bancária, mas ela já conseguiu bloquear tudo, conseguiu reaver quase tudo porque foi ontem dia 21. Conversando com a gerente, peguei os dados inclusive do cidadão que fez a transferência pra conta dele coisas assim. Então conversando com a minha gerente, ela me deu todos os dados, anotei e falei: “Quer saber de uma coisa, eu vou à vigésima primeira delegacia do meu bairro”. Entrei na vigésima primeira e falei: “Ficou bonito aqui agora. Parabéns, que bela reforma e tal”. Eu também já ajudei a reformar a minha delegacia, a delegacia do meu bairro que é a vigésima primeira. “Pois não, o que o senhor deseja?”. “Eu sou fulano de tal e estou com um problema aqui e queria fazer um BO.” Ele me fez igual São Pedro fez pra vendedor: “Senta aí e espera um pouco”. “Escuta, será que demora muito?” “Isso aqui não tem hora, moço”. Respirei fundo, chegou um militar e eu o cumprimentei, porque o batalhão da polícia militar é encostado. Então o militar entrou e falou: “Oi, tudo bem?”. Me cumprimentou porque eu já o conhecia e eu perguntei: “E o Capitão Carasec, como está?” “Orlando, ele não é mais capitão, ele foi promovido, não está mais aqui. O que o senhor veio fazer aqui?”. “Vim fazer um BO aqui, mas pelo que eu estou vendo vou sofrer, mas eu não gosto de sofrer, eu vou embora, prazer em vê-lo”. Virei as costas e fui embora, eu vou fazer isso hoje ou amanhã via internet. Veja só a que situação está chegando o cidadão. Segurança, saúde, educação, eu venho falando já há algum tempinho e eu tenho pena de quem tem filho na faixa de 15 a 25 anos, eu tenho pena se não tiver cuidado o futuro vosso vai ser triste, infelizmente é o sistema que a gente vive hoje. No meu clube, eu escrevi lá uma frase curiosa que eu peguei... Há pouco tempo tinha uma propaganda na televisão a cabo, porque eu tenho a Telefônica, eu não me lembro exatamente como é a propaganda “Eduque pelo exemplo” e tinha um azinho, mas ele era craseado assim, eu botei esse símbolo num quadro branco que eu tenho lá no meu clube e escrevi: “Eduque pelo exemplo”. E logo na pauta embaixo: pai, professor e político. Que exemplo estamos tendo hoje? Fala pra mim? O pai coitado não tem mais domínio sobre seus filhos, os professores coitados não têm nem autoridade pra dar bronca nos alunos e os políticos então nem se fala. Curiosamente cada desgraça política que acontece no Brasil existe outra pra abafar essa daqui, que nem o Haiti agora está abafando os Arrudas da vida e vai por aí a fora. Os Sarneys da vida por aí a fora e vai abafando até cair no esquecimento, infelizmente é isso que nós estamos vendo hoje. P – Orlando, e a sua vida pessoal, você que tem os filhos bem criados. O seu filho que teve esse problema está superando como você mesmo disse, qual é o grande sonho que você tem na vida depois de conseguir deixar tudo aparentemente bem encaminhado? R - Graças a Deus, eu me considero já um homem realizado com tudo já encaminhado com os três filhos, os dois netos inclusive uma dormiu em casa essa noite, eu tenho certeza que estão indo para um ótimo caminho que é a escola que eu não tive na época, está indo pelo mesmo caminho. Honestamente meu sonho agora o que eu quero é continuar fazendo aquilo que eu gosto e o que é? Participar, ter prazeres, trocar o carro e viajar e passear, no final do ano os filhos me deram um passeio pra Águas Quentes, eu e minha esposa ficamos lá alguns dias, eu quero ver se esse ano aqui eu faço dois passeios, inclusive um de navio como eu já havia dito. Comprar tijolo, eu não vou comprar mais, o que eu tenho dá pro gasto. Então o meu sonho é ver agora... Claro, os filhos já estão encaminhados, os netos também encaminhados e citar o que um político e grande empresário falou uma ocasião sobre o nosso problema, o problema do Brasil: “Eu tenho a solução pro Brasil”. E qual é a solução? “Aeroporto, estou indo embora”. Teve um empresário que falou isso numa ocasião, eu não vou citar o nome dele. E é verdade, queridos, é uma verdade. Eu sinto pena e por que eu sinto pena? Lembro-me uma passagem curiosa quando eu estava me aposentando, um pouco antes de me aposentar eu pedi direito meu na época, o que chamavam de pé na cova, era uma antecipação da aposentadoria, você tirava com... Eu não lembro exatamente a idade, mas tipo com 30 anos de contribuição você tinha direito de pedir um benefício do INSS, chamado na época pé na cova, quer dizer você está indo pro pé na cova. Recebi esse benefício durante alguns meses e depois alguns meses ou anos, eu não lembro exatamente, eu sei que em 91 eu entrei com o pedido de aposentadoria, me aposentaram e eu fiquei uns três meses, por um período recebendo os dois. O pé na cova e a aposentadoria, isso não está correto, isso não é justo qualquer hora vão me pegar, não é legal. Então lá vou eu no INSS cancelar aquele benefício que eu tinha de pé na cova, mas já fui preparado, puxaram lá e tal e falaram: “O senhor está recebendo faz três meses o pé na cova, o senhor vai ter que devolver”. “Querido, eu vim aqui pra resolver o problema, como é que eu resolvo?” Enfim fez um DARF, um documento de pagamento e eu devolvi 200 e poucos mil para o INSS, mil quando eu falo, eu acho que é em cruzeiro velho. Fui ao banco, devolvi ao INSS e voltei lá e falei: “Está aqui é isso aqui?”. “É”. “O senhor vai dar baixa?”. “Agora eu dou baixa”. Eu fiquei só com a minha aposentadoria. Eu entrei com ação duas vezes contra o INSS, porque eu contribuía sobre sete... Eu cheguei a contribuir sobre 12 salários mínimos quando o teto era 20 e depois caiu pra dez. O teto hoje é dez, eu na época contribuía sobre 12 salários mínimos. Então caiu pra seis e eu me aposentei com sete, entrei com uma ação no juizado federal e tudo e nada, nem satisfação dão. É um respeito que tem pelo trabalhador. Lembro uma ocasião que eu estava na fila do INSS pra me aposentar e encostou um idoso atrás de mim e perguntou: “É aqui a fila pra se aposentar?”. Eu falei: “É aqui mesmo”. Ele falou: “Você já está se aposentando?”. Eu falei: “Tio, eu comecei a pagar essa tranqueira aqui eu tinha 13 anos e nunca parei até agora.” Veja bem, quando você é empregado como eu fui, dos 13 até os 20 anos, sete anos de registro em carteira, você recebe o seu pagamento líquido, você já está pagando pro INSS, mas quando eu passei pra autônomo, você tinha aquele carnê. Na época era uma caderneta azul, depois virou laranja, enfim todo mês você era obrigado a ir lá e dar 20% pro INSS. Aquelas dificuldades que eu falei que não tinha dinheiro nem pra comprar dois sabonetes, comprava um, mas paguei o meu INSS e doía. Então é por isso que... Desculpa, eu falo mesmo. Foi duro chegar aonde cheguei. É por isso que eu dou muito valor quando eu cortava sapato pra ganhar um troquinho a mais pra poder ir ao cinema, nada caiu do céu. Fui usar relógio quando eu já tinha os meus 15 anos. Então o que mais eu quero hoje? Eu costumo brincar que é saúde, paz e amor e quais as metas? Vai ter baile sexta-feira que vem “tudo bem legal o baile”. “Tem um jantar essa semana da empresa você vai comigo?”. “Vou”. Entendeu ou não? O que mais eu quero? Você tem que ter aquilo que te dá prazer, você tem um castelo, aquilo vai te dar prazer? Eu te pergunto, eu acredito que não, o prazer seria você se desvencilhar dele e viver a vida igual àquele castelo daquele cidadão lá que nem conhece o castelo, aquilo te deu prazer ou é ganância? Ganância patrimonial, eu tenho clientes que eu cheguei até a falar com o devido respeito: “Para, homem, de trabalhar, vai cuidar da sua esposa, o senhor está aqui no balcão há 40 anos, relaxa um pouquinho, vai pra casa”. “É meus filhos não querem nem saber aqui da loja”. “Senhor Antônio, vende a loja”. Ele fala: “Ninguém paga o preço que vale”. E o que é valor pra você? Desculpa pelo Lions Clube nós temos lá uma sede própria cuja sede foi comprada com festa junina e por aí a fora. É uma casa antiga adaptada, reformada, derruba uma parede aqui e outra ali. Então nós temos um salão há cinco anos, eu numa reunião eu dei uma opinião, falei pro pessoal: “Nós estamos aqui com um patrimônio nosso, o nosso prédio está deteriorado, deformado é casa antiga e vira e mexe tem problema e temos também um zelador cujo zelador deve ser um problema futuro...” Porque mora ele, a mulher e a filha lá já há 20 e poucos anos, 25 anos por aí. Isso é um problema futuro. “Vamos chamar uma empreiteira e fazer um projeto do que nesse terreno de 12 por 30 pode ser feito no centro de Vila Matilde.” Então vêm aqueles... “Isso foi comprado com muito sacrifício, com muito amor, nós não vamos vender isso daqui”. “Meu querido, eu não estou falando vender, eu estou falando em administrar, eu não estou falando em pegarmos dinheiro e dividirmos entre nós, estou dando uma sugestão: pegar um dinheiro e chamar o zelador. Pega um advogado e o indeniza de acordo com a lei e a empreiteira constrói aqui alguns sobrados, uma sala pra nós ou duas salas e a gente vê o que pode ser feito aqui.” Quer dizer, na minha opinião, uma mentalidade muito conservadora, porque só porque foi comprado com muito suor ele acha que não pode ser nem modificado, inclusive tem... Eu não vou falar a relação o cidadão que não tem condição de ter um carro e tem um fusca porque é herança do pai e não tem condições de ter um carro, mas tem o fusca: “É do meu pai.” Lembro-me que quando morreu o pai, ele queria colocar a camisa do São Paulo no caixão, eu falei: “Não vai pôr, seu pai precisava de você em vida e não pós-morte, você querer dar uma homenagem pra ele, quando estava vivo você nunca deu um abraço nele.” Desculpa é história de vida e eu... P - É mesmo final, eu queria saber dos seus sonhos e dá pra ver que seus sonhos é o melhor do mundo que é viver bem. R - É viver bem, trocar de carro, estou reformando... Eu ia mudar de casa realmente, botei pra vender, mas não consegue preço quanto vale ou não vale, enfim... “Sabe de uma coisa, mulher, vamos reformar e ficar quietinhos aqui”. Reformei e até hoje o pião parece que ia terminar tudo hoje, pintar e mais não sei o que e não sei o que lá, espera agora fevereiro ou março pra pegar um carro mais novo e vamos passear e vamos curtir. Daqui a pouco eu vou tomar a insulina, até agora não tenho diabetes, minha mãe morreu de diabetes, ela tinha diabete e deu piripaque e de repente houve um piripaque enorme e acabou morrendo. E meu pai na Companhia Antártica Paulista tinha problema cardíaco, fez acho que duas pontes de safena quando ficou viúvo, ele continuou morando na mesma casa passou um ano e pouco arrumou uma mulher com quatro filhos. É o destino. Sei lá curiosamente. E ia morar dentro da casa que a gente já morava, fomos criados ali, a minha irmã não quis. “Onde já se viu morar na mesma casa da minha mãe”. Meu pai alugou uma casa próxima a minha e eu fui o fiador dele pra ele alugar a casa. Ele falou: “Filho, o patão é o dono do imóvel e precisa de um fiador”. Eu falei: “Dá aqui que eu assino”. E ele veio morar aqui com a mulher nordestina com quatro ou cinco filhos. Ficou lá de aluguel até nós vendermos a nossa mansão que foi dividido em quatro, porque nós éramos quatro. Meu pai pegou uma parte e nós quatro até esse irmão um pouquinho mais velho fez questão de ter uma parte um pouquinho maior, porque por eu ser o caçula eu não dava muito dinheiro em casa, eu dava menos, ele dava mais, mas tudo bem. Meu pai morou lá e de repente ele comprou um apartamento, entrou na COHAB e foi morar com essa mulher e esses quatro filhos, até me lembro que um dia eu estava mexendo no meu carro, limpando dando uma olhada no pneu, enfim... Um homem falou: “Senhor Orlando, meu pai está te chamando”. Eu estava meio de lado assim e falei: “Quem é seu pai?”. “O meu pai é o seu pai”. O molequinho falou isso pra mim, era um garoto com sete ou oito anos que ele tinha na época, você acredita nisso? E até hoje esses quatro, uma era mulher e acho que os três homens, até hoje mudaram pra Bahia e até hoje a gente se fala, quando vem pra São Paulo visitar um parente ela faz questão de passar lá em casa e nos cumprimentar, eu e a minha esposa. Essa passagem de quem é seu pai, de que meu pai é seu pai é algo que... Você consegue imaginar uma coisa dessas? Bom, desculpa se eu falei demais, mas é essa história que eu teria pra contar pra que fique registrado os dados de uma pessoa que vocês também chegarão lá... Trabalharam, lutaram, saíram do quase nada, mas se sente realizado familiarmente e socialmente também, financeiramente dá pra quebrar o galho, o pedidinho de hoje é uma água de coco e uma pedra de gelo. P - Que coisa boa. Parabéns, a gente agradece muito o seu tempo, a sua história, a gente aqui e o Museu da Pessoa, nós todos agradecemos você por ter vindo aqui compartilhar a sua história com a gente, foi um prazer. R - O prazer foi meu de estar aqui com vocês e o mais importante é que vocês... Parabéns pelo trabalho vosso, porque um povo sem memória é um povo criança e facilmente conquistado pelos outros, eu venho falando isso aí já faz tempo, povo sem memória é um povo criança. Eu acho um desrespeito quando você está contando a sua história e eu conto não estou preocupado e já muda de assunto e falo da história do fulano ou do tempo, eu acho isso uma tremenda falta de respeito. Isso eu estou falando no barzinho, no dia-a-dia da vida. “Hoje eu fui, meu carro furou o pneu...”. “Isso não é nada, você precisa ver o meu que...”. Ele não quer saber do drama dele, você quer contar é o seu o resto que se imploda, honestamente falando, eu acho isso uma tremenda falta de respeito: “O que houve? Você está triste?”. Eu costumo fazer isso. “Orlando, hoje eu...”. “Mas o que houve?” Inclusive outro dia eu fiz questão de ligar pra pessoa: “Ô, meu, eu estou precisando da sua ajuda, eu vou aí te pegar daqui a pouco”. Fui lá peguei e levei ao meu clube, eu estava jogando bocha, eu saí rapidinho e voltei. É tudo ali próximo, eu peguei uma mesa e duas cadeiras. “Celeste...“, a moça que toca o bar lá: “Traz a minha cerveja, você vai tomar alguma coisa? Refrigerante?”. “Não, tio, eu não vou tomar nada”. Eu já falei quem era. “Escuta, eu estou ouvindo falar que você está com problemas e qual é realmente o problema? O que você precisa?” Ele contou, contou: “Onde eu poderia te ajudar? Vê se você muda um pouquinho os ares, você está vivendo dentro de umas quatro paredes fechado sem abertura, porque você não pega metrô e vai passear? Vai andar ali em baixo”. Enfim eu fiz isso domingo passado, entendeu? P - É isso aí o que a gente tenta aqui é criar um espaço pra ouvir as outras pessoas. E foi um prazer. R - O prazer é meu e parabéns pra vocês pelo trabalho e tomara que vocês consigam ter histórias reais. De vida realmente e que possa ir crescendo cada vez mais e divulgue o vosso trabalho, porque eu vi isso pela CBN. Então eu pensei: “Deixa eu ligar pra lá, porque eu acho que tenho um pouquinho de história.” P - Foi muito legal ouvir a sua história, foi prazeroso e foi um aprendizado também parabéns. Obrigado, a gente agradece muito. R - Obrigado a vocês.Recolher
2023-02-06T12:18:30Z
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O cantor, Netinho, fiel escudeiro do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem sido alvo de polêmica nas redes sociais desde que foi anunciado como atração do Bloco ‘Por Amor ao Iate’, organizado pelo Iate Clube de Aracaju. O clube tem recebido diversas críticas pela contratação do artista, que declarou apoio aos atos antidemocráticos que culminaram em cenas de terrorismo em Brasília-DF. Nas redes sociais do Iate Clube é possível ver uma enxurrada de críticas e questionamentos sobre a participação do artista nos festejos. “Netinho como atração? Então o iate é cúmplice de toda a baderna extremista que está acontecendo?”, apontou um seguidor. “Netinho não representa mais a música brasileira a partir do momento que integra atos democráticos”, disse outra. Em meio à polêmica, sem mencionar o artista, o Iate Clube emitiu uma nota afirmando que não compactua com os atos antidemocráticos. “Em respeito à sociedade, o Iate Clube vem a público esclarecer que não compactua e nem apoia atos antidemocráticos e não irá permitir jamais qualquer ação dessa natureza dentro da nossa instituição. Reiteramos aqui o nosso compromisso em realizar o tradicional bloco ‘Por Amor ao Iate’, na intenção de fomentar a geração de emprego e renda, desenvolvimento do turismo e da cultura carnavalesca, trazendo momentos de alegria e descontração a todos que irão prestigiar o evento”, declarou. Fonte: Bnews
2023-02-05T10:58:40Z
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# Coletivo Derrubando Muros: “Derrubar Muros é reforçar as pontes da democracia” *Derrubando Muros é uma iniciativa da sociedade civil que reúne mais de 100 pessoas, entre ativistas, cientistas, comunicadores, acadêmicos, empresários e políticos com o objetivo de defender a democracia, a tolerância e o diálogo entre opiniões diferentes. O manifesto abaixo foi publicado originalmente no site do grupo e foi assinado, entre outras personalidades, pela presidente do Instituto Humanitas360 Patrícia Villela Marino.* O Brasil sofreu neste domingo, 8 de janeiro, uma tentativa de golpe de Estado meticulosamente organizada e posta em prática com violência ímpar. Uma horda de baderneiros expôs nosso país ao mundo como se, aqui, a democracia fosse mambembe. Pois erraram ao subestimá-la. Um grupete de siderados, por quatro anos atiçados pelo ex-presidente, não instabilizará o Brasil. Agora é a hora de a democracia mostrar suas armas. A lei. Os responsáveis precisam ser identificados e punidos. Neste momento, o que menos conta são os custos materiais. O que necessita de reparo imediato é o custo político, institucional e simbólico. Por isso, perguntamos e sugerimos: Por que o GDF não cumpriu com sua obrigação de preservar a ordem quando as evidências de ameaças eram claras? O Governador do DF precisa responder por sua irresponsabilidade. Irresponsabilidade seletiva, deve se registrar. Afinal, a massa de desordeiros era composta por brancos bem nutridos. Como tratariam se fossem favelados reivindicando melhores condições de vida? Ou negros e indígenas reclamando a reparação de direitos? Ao mesmo tempo, é importante registrar que os atuais ocupantes do governo federal, depois de uma longa transição, não deveriam estar mais no módulo de campanha eleitoral. Dezenas de observadores da articulação da extrema direita estavam informando que a ebulição dos grupos terroristas se acentuou pós eleição. Como as autoridades da Defesa, a Abin e a Polícia Federal não se anteciparam aos fatos assistidos hoje? Como não informaram ao Presidente da República que se encontrava em um roteiro dissociado do drama e dos riscos da situação, no interior de São Paulo? A agressão cometida contra a democracia repercutiu no mundo e precisa de uma resposta condizente e proporcional. Uma CPI pode ser um caminho que dê tempo e ferramentas para o escrutínio, detalhando tudo que diz respeito à erupção terrorista. Quem organizou? Quem financiou? Quem comandou? Quem apoiou? São algumas das perguntas que precisam de respostas para retomarmos a normalidade democrática. Parte da conspiração extremista, é sabido, acontece no submundo das redes sociais. Se o Governo não entende ou não consegue monitorar os riscos, criados e amplificados nas redes, aos quais está exposta toda sociedade, deve ter a sensatez de pedir ajuda. Muitos observadores vinham alertando há semanas para o que se articulava e acabou eclodindo neste domingo. Há centenas de estudiosos e muitas instituições com tal capacidade. O Governo precisa saber como obter essa colaboração. Para concluir, em nome de nossa iniciativa, o Derrubando Muros, mas em larga medida em nomes dos democratas, declaramos que não aceitamos o clima de chantagem fascista promovido pelo ex-presidente e seu séquito doentio. Democracia, eles precisam aprender pela palavra ou pela força da lei, não é um regime de fracos. Democracia é ordem e respeito à lei e às instituições. Os eleitos democraticamente não têm a opção de protegê-la, essa é uma obrigação que lhes cabe, inarredavelmente. E é isso que esperamos dos atuais governantes. *Assinam representando o Derrubando Muros:* *Abilio Baeta Neves* *Adalberto Luis Val* *Alessandra Petraglia* *Ana Toni* *Andre Neves* *Andréa Aguiar Azevedo* *Andrea Gouvêa Vieira* *Armínio Fraga* *Benjamin Sicsu* *Bia Saldanha* *Carlos Alberto de Melo* *Carlos Henrique de Carvalho* *Christian Kieling* *Christian Lynch* *Claudinei Biazoli* *Daniel Pinheiro* *David Zylbersztajn* *Eduardo Wurzmann* *Estêvão Ciavatta* *Fabio Alperowitch* *Fernando Abrucio* *Fernando Lottenberg* *Fersen Lambranho* *Flávio Bartmann* *Helena Backes* *Hélio Santos* *Horácio Lafer Piva* *Hussein Kalout* *Ilona Szabó* *Israel Gottschalk* *Jerson Kelman* *Joana Monteiro* *João Alziro Jornada* *José Cesar “Zeca” Martins* *José Pedro Goulart* *Jose Pedro Goulart* *Josivaldo da costa dantas* *Juan Carlos Castillo-Rubio* *Juliano Assunção* *Luana Genot* *Lucia Hauptman* *Luiz Barroso* *Marcello Brito* *Marcelo Madureira* *Marcelo Trindade* *Márcio Fortes* *Marco Menezes* *Marcus Barão* *Marisa Moreira Salles* *Marluce Dias* *Marta Arretche* *Matheus Drummond* *Maurício Moura* *Maurício Rands* *Mauricio Vianna* *Mauro Dorfman* *Mauro Dutra* *Melina Risso* *Michele Prado* *Milton Seligman* *Natalie Unterstell* *Olavo Nogueira Filho* *Orlando Thomé* *Patrícia Villela Marino* *Pedro Dória* *Pedro Hallal* *Philip Yang* *Priscila Cruz* *Rafael Parente* *Renata Piazzon* *Ricardo Piquet* *Ricardo Rangel* *Roberto Alvarez* *Roberto Freire* *Roberto Waack* *Robson Capasso* *Rodrigo Tavares* *Rogerio Studart* *Rosana Seligman* *Samuel Pessoa* *Sérgio Besserman* *Sergio Fausto* *Silvio Meira* *Tasso Azevedo* *Thais Kornin* *Tomas Alvim* *Vitor Knijnik* *William Ortiz* *Yacoff Sarkovas* Brasil, 09 de janeiro de 2023
2023-01-30T01:05:14Z
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# Ailton Krenak – culturas indígenas 21/09/2017 - 08:01 O escritor e ambientalista Ailton Krenak conta um pouco da história de seu povo, impactado brutalmente pelo rompimento da Barragem do Fundão, no município de Mariana/MG, responsável pela morte do Rio Doce – um dos principais elementos da cultura e de sobrevivência do povo Krenak. Segundo ele, não há interesse por parte de editoras em publicar sobre o assunto, mas destaca a importância da literatura produzida por indígenas. O autor fala sobre o processo de produção de seu livro O Lugar Onde a Terra Descansa, escrito a partir de 40 horas de entrevista. E alerta, através da cosmologia Yanomami, sobre o impacto ambiental causado pelo ser humano. Depoimento gravado durante o evento Mekukradjá – Círculo de Saberes de Escritores e Realizadores Indígenas, em setembro de 2016, em São Paulo/SP. Leia **mais sobre o evento**. Assista a outros vídeos sobre **culturas indígenas.** Leia sobre **a edição 2017 ** **do Mekukradjá**. Outros depoimentos de escritores brasileiros na **playlist Encontros de Interrogação**. Créditos Presidente: Milú Villela Diretor-superintendente: Eduardo Saron Superintendente administrativo: Sérgio Miyazaki Gerente do Núcleo de Comunicação e Relacionamento: Ana de Fátima Sousa Coordenador do Núcleo de Comunicação e Relacionamento: Carlos Costa Entrevista: Thiago Rosenberg Gerente do Núcleo de Audiovisual e Literatura: Claudiney Ferreira Coordenadora de conteúdo audiovisual: Kety Fernandes Nassar Produção audiovisual: Ana Paula Fiorotto e Caroline Rodrigues Captação: Bela Baderna Edição: Ana Lucchese (terceirizada)
2023-01-27T21:29:15Z
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# Véio – Prêmio Itaú Cultural 30 Anos (2017) 21/06/2017 - 10:28 Com um nome escolhido em homenagem ao Padre Cícero, figura mítica no cenário religioso nordestino, Cícero Alves dos Santos (Sergipe, 1947) ganhou ainda criança o apelido de Véio porque gostava muito de andar com pessoas mais velhas para escutar suas histórias. Foi assim que ele ficou conhecido como artista, um dos mais importantes da arte popular brasileira. Autodidata, fez suas primeiras obras na infância, usando cera de abelha. Com mostras já realizadas no Brasil e no exterior, Véio cria esculturas em madeira com dimensões muito variadas (indo de 1 milímetro a 12 metros de altura), feitas com restos do que ele encontra na mata perto do sítio onde vive, no município sergipano de Feira Nova. Neste vídeo, Véio traça um paralelo da relação entre o ser humano e as árvores, matéria-prima de sua criação. Para ele, ao olhar para a madeira é possível identificar as possibilidades presentes naquela peça. O Prêmio Itaú Cultural 30 Anos faz parte das comemorações das três décadas do instituto. Reconhece dez pessoas ou coletivos que atuaram de forma relevante e sinérgica, intervindo significativamente na vida artística e cultural do país nesse período. Os contemplados foram divididos em cinco categorias que dialogam com programas fundamentais do Itaú Cultural: Aprender – Ana Mae Barbosa e Mestre Meia-Noite; Criar – Lia Rodrigues e Véio; Experimentar – Hermeto Pascoal e Teatro da Vertigem; Inspirar – Eliana Sousa Silva e Niède Guidon; e Mobilizar – Davi Kopenawa e Sueli Carneiro. Verbete sobre **Véio na Enciclopédia Itaú Cultural**. Saiba mais sobre o **Prêmio Itaú Cultural 30 Anos**. Confira outros **vídeos sobre os premiados**. Créditos Presidente: Milú Villela Diretor-superintendente: Eduardo Saron Superintendente administrativo: Sérgio Miyazaki Gerente do Núcleo de Comunicação e Relacionamento: Ana de Fátima Sousa Coordenadores do Núcleo de Comunicação e Relacionamento: Carlos Costa e Jader Rosa Gerente do Núcleo de Audiovisual e Literatura: Claudiney Ferreira Coordenadora de conteúdo audiovisual: Kety Fernandes Nassar Produção audiovisual: Paula Bertola Direção, captação e edição: Bela Baderna (terceirizado) Roteiro: Paula Stuzan (terceirizada) Pesquisa: Adriana Yanez e Heverton Lima (terceirizados) Som direto: Tomás Franco (terceirizado)
2023-01-27T20:29:14Z
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# Viola, Minha Viola – Ocupação Inezita Barroso (2017) 29/09/2017 - 08:00 Aloisio Milani, produtor musical e roteirista por oito anos do programa Viola, Minha Viola, transmitido pela TV Cultura, fala dos esforços de Inezita Barroso em dialogar com diferentes gerações, convidando artistas jovens e duplas caipiras mais velhas e consagradas para se apresentar juntas no programa. No vídeo, também participam Mary, da dupla sertaneja As Galvão, o violeiro, compositor e pesquisador musical Roberto Corrêa e o músico Renato Teixeira. Com curadoria do violeiro Paulo Freire e da equipe do instituto, a exposição fica em cartaz entre os dias 27 de setembro e 5 de novembro de 2017. **Acesse o conteúdo virtual criado especialmente para a exposição.** Créditos Presidente: Milú Villela Diretor-superintendente: Eduardo Saron Superintendente administrativo: Sérgio Miyazaki Gerente do Núcleo de Música: Edson Natale Coordenadora do Núcleo de Música: Andrea Schinasi Produtor do Núcleo de Música: Vinicius Murilo Gerente do Núcleo de Enciclopédia: Tânia Rodrigues Coordenadora do Núcleo de Enciclopédia: Glaucy Tudda Produtores do Núcleo de Enciclopédia: Elaine Lino, Letícia Santos (estagiária) e Moisés Mendoza Baião (estagiário) Entrevista: Fernanda Castello Branco Pauta: Fernanda Castello Branco e Jullyanna Salles (estagiária) Gerente do Núcleo de Audiovisual e Literatura: Claudiney Ferreira Coordenadora de conteúdo audiovisual: Kety Fernandes Produção audiovisual: Paula Bertola Captação de imagem: André Seiti, Bela Baderna (terceirizada), Richner Allan e Sacisamba (terceirizada) Som direto: Rafael Bonifacio e Tomás Franco (terceirizados) Roteiro e edição: Richner Allan Interprete de Libras: Lívia Motta (terceirizada)
2023-02-03T20:34:00Z
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**Após ataques, Lohanna volta a ser alvo depois de criticar manifestantes** **Parlamentar registrou boletins de ocorrência por crimes cibernéticos e contra idosa que a xingou** **Bruno Bueno** Vereadora e deputada estadual eleita, Lohanna França (PV) foi alvo de diversos ataques nos últimos dias. As investidas verbais, físicas, digitais e presenciais aconteceram após ela criticar as manifestações realizadas na porta do Tiro de Guerra (TG), que defendem a intervenção das Forças Armadas para reverter o resultado das eleições presidenciais deste ano. A parlamentar disse que os atos promovem baderna e atrapalham o sossego dos moradores do entorno. Além dos ataques cibernéticos, Lohanna precisou ser escoltada pelos seguranças da Câmara na reunião desta semana. Ela foi insultada por manifestantes que estavam no local para acompanhar um pronunciamento em resposta às críticas da parlamentar. A vereadora voltou a chamar os manifestantes de “baderneiros” em uma publicação nas redes sociais após o ocorrido. Lohanna também disse que registrou dois Boletins de Ocorrência. **Entenda** Após denúncias de perturbação do sossego, Lohanna usou a tribuna da Câmara no último dia 29 para criticar as manifestações. — Essas pessoas têm que fazer o que todo derrotado faz: vai pra casa, lambe as feridas e na próxima eleição faz melhor — afirmou. Logo depois da fala, comentários de baixo calão foram recorrentes em portais de notícia que divulgaram o pronunciamento, além das próprias postagens da vereadora. Os xingamentos incluem “vaca”, “vagabunda”, “ordinária” e “desgraçada”. **Escoltada** A situação escalou para pior na reunião desta semana. Manifestantes compareceram na sede do Legislativo para acompanhar o pronunciamento do promotor de Justiça aposentado Expedito Lucas. Ao sair da reunião para registrar um Boletim de Ocorrência contra os crimes cibernéticos, a parlamentar foi alvo de novos ataques e precisou ser escoltada pelos seguranças da Câmara. A reportagem esteve no local e registrou imagens do ocorrido. Os vídeos estão disponíveis nas redes sociais do **Agora**. Uma idosa foi contida pelos seguranças após encostar na vereadora e chamá-la de “vagabunda”. **Boletins** O **Agora** teve acesso aos boletins feitos pela vereadora. Um deles é contra a idosa que agrediu a vereadora verbalmente. O documento afirma que a senhora foi secretária da administração do governo de Galileu Machado (MDB) entre 1989 e 1992. — Nesse momento de escolta, a vereadora foi abordada pela senhora (...) que lhe atacava com os dizeres "você é uma vagabunda", com gestos enérgicos e ameaçadores em direção à vereadora, inclusive dirigindo-se violentamente em sua direção, sendo contida pelos seguranças da câmara dos vereadores — consta o relato de Lohanna no boletim. O outro B.O. foi lavrado contra os crimes cibernéticos sofridos pela deputada estadual eleita. **Lamentou** Em entrevista concedida à reportagem após o ocorrido, Lohanna lamentou os ataques e questionou se o mesmo teria acontecido com um homem. — O clima de polarização de ódio na política atinge principalmente as mulheres parlamentares. Com frequência, as pessoas deixam críticas na internet e têm muito mais coragem de destilar ódio contra uma mulher — frisa. Mesmo com a perturbação, ela garante que não se arrepende das críticas. — Após visualizar os ataques bolsonaristas feitos contra o patrimônio público em Brasília, percebo que o termo baderneiros foi uma palavra gentil que usei (...) — afirma. Lohanna acredita que a situação deve ser normalizada após a posse do presidente eleito Lula (PT). A parlamentar ressaltou que respeitar a democracia é essencial para uma sociedade civilizada. — Se você ficou satisfeito com as eleições, celebre. Mas, se não ficou, prepare-se para as eleições de 2024 e eleja vereadores e prefeitos do seu campo político — pontua. **Visita** Expedito Lucas disse à reportagem que o intuito da visita foi apenas dar uma resposta para a vereadora. — Ela chamou a gente de malucos e baderneiros. Somos cidadãos de bem. Estamos apenas na luta há mais de um mês pelo nosso país. É um direito nosso de manifestação e liberdade. Vamos continuar fazendo — ressalta. O promotor de Justiça aposentado ressaltou acreditar no país e nas autoridades. — Essa resposta precisava ser dada para que ninguém acreditasse que somos baderneiros e criminosos. Na verdade, nós somos cidadãos que lutam pelo direito de ter um país livre, onde possamos dar um futuro melhor para nossos, filhos, netos e famílias — finaliza. **Apoio** A reportagem também conversou com o vereador Eduardo Azevedo (PSC). O parlamentar apoiou a presença dos manifestantes na Câmara. — É uma expressão de revolta pela forma como eles foram tratados. A vereadora no seu pronunciamento os chamou de baderneiros. São pais, mães, avós e pessoas de respeito. (...) Eles estão exercendo um direito constitucional. O que mais me intriga é que várias outras manifestações que foram feitas na cidade, como a Marcha da Maconha, foram respeitadas — disse. Em sua avaliação, Lohanna realizou uma manifestação que fechou parte da avenida Paraná e, mesmo assim, foi respeitada. — Nós permanecemos em silêncio, porque isso é um direito constitucional. Agora, por que eles ganham esse adjetivo negativo [baderneiros] só por estarem lutando por algo que eles querem? — questiona. Por fim, o deputado eleito preferiu não opinar sobre os motivos da manifestação. — Questão de suposta fraude a gente não pode falar nada. Eles estão aqui para manifestar sobre algo que eles acreditam. A manifestação é garantida pela Constituição — concluiu. **Repercussão** Lohanna recebeu apoio de muitas pessoas nas redes sociais. — Essa senhora só cabe o processo. Obviamente seu jurídico já está tomando frente nisso, né? É preciso colocar esse povo no lugar deles. Intervenção psiquiátrica é necessária. Não é mais brincadeira — opinou uma internauta. Outros comentários também manifestaram amparo à vereadora. — O que esse povo está querendo? Mudar o resultado de uma eleição porque o candidato deles não ganhou? Me poupe, nos poupe de tamanha ignorância. Força, Lohana! E dá-lhe processo! — declarou outro internauta. **Comentários** **Agora nas Bancas** **Coberturas de Eventos** Todas as Coberturas
2023-01-31T03:57:04Z
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Oi, gente! Tudo bem? Recentemente, a **Impala**, conhecida por seus esmaltes e itens para as unhas, lançou uma linha de maquiagem. Desde então tenho procurando alguns deles para comprar e testar, mas claro que aqui em SBC não tem ( *mimimi moro no limbo)*. Aí que no mês passado o **Brandsclub** estava com os produtos em um dos dias e aproveitei para comprar. Escolhi dois deles ( *estava certa que havia colocado mais um item no pedido, acho que me enganei)* e aqui estão: Pedi pouca coisa por causa do frete, mas acho que escolhi bem: O **Pente para Cílios** pode ser uma coisa boba, porém no dia a dia se torna bastante funcional. Você passa o rímel e depois penteia os cílios com esse acessório, assim tira os gruminhos que às vezes ficam nas pontas, além de deixar as pestanas separadas. Viram que ele vem dobradinho? Ao contrário da versão gringa que tenho, a da Impala tem os dentes todos em plástico ( *a da Tweezerman é de metal, então fica mais dura e pontuda, precisa tomar cuidado para não se espetar)*. Ainda não o usei para saber se funciona mesmo. Paguei R$ 4,99, mas não sei se o valor condiz com o mercado. Lá na Beauty Fair a Fernanda e eu nos encantamos por um batom da Impala que dizia ser matte, porém sem ser seco. A cor era muito bonita e que substituiria facilmente o **Rosa Antigo**, da **Avon**, que nós duas gostamos. Na baderna que estava o espaço da Ikezaki, o caixa não nos cobrou o produto, que deveria ser retirado em um balcão extra, nem o registrou. Só percebemos mais tarde, mas como não estávamos desesperadas, desencanamos. Quando o Brandsclub estava vendendo Impala, vi os batons e perguntei à Fe qual era a cor. Nenhuma de nós lembrava ( *memória para que, né?)*, então arrisquei pedindo o **Rosa Antigo**. Gostei muito da apresentação dele, nessa caixinha preta com o fundo aberto, para vermos a cor. Ele também vem todo lacrado, mas as informações importantes ( *lote, cor, validade, fórmula, SAC e afins)* estão todas na caixa. Aí corri para abrir e testar. E *fué fué fuéééé*, pedi a cor errada! Assim, não que tenha odiado, mas não era a que vi na feira. Levei um susto porque ele está mais para pink do que para rosa antigo. No swatch acima ( *com o super delineador do Boticário ao lado)* dá para ver que a cor não “grita”. Usei em um domingo e gostei. Ele me parece realmente mais opaco, mas sem ficar seco. Ao contrário, a sensação dele ao aplicar é gostosa. Por outro lado, acho que teve a mesma duração de um batom hidratante. Almocei e ele saiu. Engraçado que batons matte costumam deixar meus lábios mais ressecados, pedindo por hidratação. Esse não, nem senti nada. Acho que ele sendo assim consigo usá-lo mais facilmente do que se ele fosse realmente opaco, o que é ótimo para mim. Ele custou R$ 12,99 e agora quero achar onde vende os produtos da marca, para reencontrar o rosinha que me encantei. Hahahaha *Ô Impala, vamos vender em SBC, por favor?* Gata na Renner do shopping em SBC tem prá vender, eu vi lá! Tem? Que ótimo saber, há tempos não vou nas unidades da Renner daqui. Vou lá ver! Beijos!
2023-02-01T12:12:26Z
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Oi, gente! Tudo bem? Assim como contei ontem sobre a saga para encontrar a sombra da **Maybelline**, também havia uma outra, em paralelo, sobre esmaltes. Ok, sei que prometi comprar menos ( *e estou levando isso realmente muito à sério)*, mas esses eram produtos que queria há algum tempo e sei que vou usar. E que foram meio que meu “ *agora chega, já tenho muitos”*. Vamos ver como será daqui para frente. hahahahaha O fato é que estava procurando uns vidrinhos em específico e como vocês sabem, infelizmente não vivo em uma cidade que recebe novidades com frequência. Depois de quase dois meses procurando na região ( *sim, vocês leram certo, DOIS MESES)*, finalmente encontrei o que queria: E como podemos ver, nem eram itens tão absurdos, né? Imapala, Colorama, Maybelline e Alfaparf naõ são tão difíceis de serem encontrados. Quer dizer, a menos que falemos daqui. Hahahaha Minha câmera, como sabemos, tem a mania de transformar o roxo em azul, então a imagem em que o vidrinho da Impala teve a cor mais próxima da real é essa acima, ok? Ainda assim, diminuam o azulado. Não quis alterar a cor em editores de imagens para não forçar a barra, prefiro ser honesta mesmo. Pois bem, vocês se lembram **desse post** sobre a linha feita entre a marca e a atriz Isis Valverde? Pois bem, de todas as cores, me interessei pelo **Laura**, o roxo cremoso da foto acima e o Carolina, um fúcsia perolado. Na época minha mãe encontrou o segundo e trouxe para mim, pagando R$ 5,99 nele ( *caro, não?)*. Quinta passada precisei ir ao centro da cidade e em uma passadinha pela **Perfumaria 2000** vi a linha toda, a R$ 3,99 ( *ainda caro, mas já melhorando)*. Trouxe para ver qual é. A coleção ficou bonita, porém as outras tonalidades me pareceram comuns, além de o escorpião em meu bolso falar mais alto, então encerrei minha cota. Hahahahaha Na mesma loja encontrei o **Jura?**, da coleção **Papo de Salão**, da **Colorama**. Esse eu procurava desde o começo de dezembro também e nada de encontrar. Aliás, as vendedoras aqui sequer sabiam da existência dele, para terem noção do atraso *cosmético* da minha cidade. Gosto bastante dessa família dos magentas cremosos porque eles são mutantes, cada tom de pele fica com uma cor diferente dele. E cria aquele contraste legal com minhas mãos branquelonas. Vale lembrar que todos os esmaltes da Colorama são hipoalergênicos e possuem preço muito camarada ( *paguei R$ 1,99 nesse, coisa boa mesmo!)*. No mesmo quarteirão há outra perfumaria, a **Padron**. Essa é super conhecida aqui, seja pelo tamanho, os preços até que bons, como também pela baderna lá dentro, a falta de organização e a nem sempre boa vontade no atendimento. Quando vou lá, ignoro parte desses problemas, respiro fundo e sigo direto à prateleira dos esmaltes, lá no fundão. Foi lá que encontrei o **Vinho Viola**, da **Alfaparf**. Fiquei tão impressionada com a minha experiência com um esmalte deles que quis experimentar outro ( *contei A* *Minha câmera também alterou a cor aqui, mas podem imaginar que é vinho mesmo. Adoro a cor, acho fácil de usar e aqui em casa todo mundo gosta.* **QUI**, lembram?). Paguei R$ 6,59, o que pode nem ser barato, mas como vem bastante no vidro e se o produto for bom mesmo, vou achar um ótimo e justo investimento. Vamos ver. Agora esses dois… Foi bem na linha da saga da sombra de ontem, com os diferenciais de quase não encontrar swatches deles em sites/ blogs e não conhecer nenhum *e-commerce* que os vendesse. Não os achava no ponto de venda da Maybelline daqui, cheguei a ir até a famosa Ikezaki ( *sem sucesso também)* e já estava bem naquelas “ *quando conseguir, compro, senão deixa para lá, fazer o quê?*“. Até que, milagrosamente, tinha lá na Padron. E nas cores que queria, yeeey! Na verdade minha vontade foi trazer mais, mas nem posso ( *dá para ter um leve surto com a cartela de cores)*. hahahaha O objetivo era testar o **Pink Bikini**( *esse da esquerda)*e o **Lavender Lies**, à direita. A embalagem deles me lembrou às da quem disse, berenice? e os mais recentes da Hits, é redonda e mais gordinha. Ainda não testei nenhum, mas claro que quando os fizer, posto aqui, Cada um custou R$ 8,99, o preço estipulado pelo fabricante mesmo. Eu sei que agora nem posso mais reclamar de falta de opções *esmaltísticas*, minha caixa parece um arco-íris de tantas cores e acabamentos. Alguém quer dar uma sugestão para o post de domingo? Pode ser acabamento, tonalidades, marcas… ## 3 Respostas para “Agora sim! Novos esmaltes Colorama, Impala e Maybelline Color Show”
2023-02-01T12:48:33Z
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Em Junho de 2013, o vlogueiro PC Siqueira postou em seu canal no youtube um vídeo bastante esclarecedor sobre o que é ser de “esquerda” ou de “direita”. Seu objetivo, na verdade, era analisar os motivos que levaram a grande mídia (que, inicialmente, classificou os manifestantes como vândalos e baderneiros) a apoiar as manifestações que aconteceram por todo o país. O vídeo ficou bem bacana, porque mostrou as diferenças entre as propostas de sociedade defendidas pelos grupos políticos de esquerda e de direita, abordando questões como a qualidade dos serviços públicos, a concentração de renda e a exploração de classe. PC e Diego Quinteiro também explicaram o interesse da grande mídia em destacar determinadas reivindicações (ser contra a corrupção e contra a PEC 37), enquanto outras foram deixadas de lado (como a gratuidade nos transportes, a divulgação do lucro das empresas de ônibus e a revisão de seus contratos, a realização de uma auditoria nas contas da Copa etc), mostrando como essa atitude da mídia pode ser considerada uma opção política de direita (porque despolitizou o debate, já que ninguém é a favor da corrupção e que poucas pessoas têm clareza do que seja tal PEC). O conteúdo do vídeo é bem didático, mas se relaciona pouco com outras questões políticas presentes em nosso cotidiano, que são muito importantes para a definição de nosso posicionamento político, mas que não são tão óbvias quanto aquelas que o PC abordou. Questões como a diversidade sexual (igualdade de direitos para homossexuais), a emancipação feminina (igualdade para as mulheres) e a luta contra o racismo ou pela inclusão de pessoas com necessidades especiais, por exemplo, também podem nos ajudar a definir se alguém é de esquerda ou de direita. É claro que essas não são classificações rígidas – você pode concordar com a maior parte das propostas de esquerda, mas concordar com algumas de direita e vice e versa – mas são pistas muito esclarecedoras sobre o projeto de sociedade defendido por alguém. Saber o que significa ser de esquerda ou de direita é muito importante, para que façamos nossas escolhas políticas com consciência. E identificar o posicionamento político de alguém (ou de nós mesmos) é muito mais complexo do que a simples observância de sua condição social, como se aqueles que têm uma boa situação financeira fossem necessariamente de direita e aqueles que vivem menos confortavelmente fossem necessariamente de esquerda. O objetivo desse texto, portanto, é debater o significado histórico e social sobre o ser de esquerda ou de direita. E como boa professora de história que sou, vou fazer isso recuperando a origem histórica desses dois termos (“esquerda” e “direita”). Todo mundo que passou pela escola deve ter ouvido falar da Revolução Francesa – processo revolucionário influenciado pela filosofia iluminista, que marcou o início da era contemporânea, por substituir a monarquia absolutista pela república como forma de governo. Logo no início da Revolução, durante a Assembleia Nacional Constituinte, quando os representantes do povo elaboravam as leis que deveriam ser impostas ao Rei, aqueles representantes que defendiam as propostas políticas mais radicais (ou seja, que traziam mudanças de maior impacto para a sociedade do Antigo Regime) sentavam-se do lado esquerdo do salão, enquanto aqueles que defendiam as propostas mais conservadoras sentavam-se do lado direito. A partir daí, as ideias políticas passaram a ser associadas à “esquerda” ou à “direita”, dependendo do quanto essas ideias representavam mudanças para a sociedade. Ao longo do século XIX a burguesia consolidou sua posição de classe dominante, ao mesmo tempo em que a classe trabalhadora começou a elaborar um projeto de sociedade diferente daquele criado por/para a burguesia. O projeto de sociedade defendido pelos trabalhadores – em oposição ao liberal, da burguesia – se baseava em ideias filosóficas como o Socialismo, o Comunismo e o Anarquismo, que, desde então, passaram a ser classificadas como ideias de esquerda. Enquanto isso, os ideais da burguesia – principalmente o Liberalismo, mas também ideais mais autoritárias, como o Fascismo – passaram a ser associados à direita, porque tinham como objetivo conservar as relações sociais que beneficiavam a burguesia. Como eu disse antes, identificar-se com uma tendência política (à esquerda ou à direita) não depende, necessariamente, de sua origem de classe, pois, se assim fosse, a grande massa de trabalhadores em todo o mundo seria de esquerda e lutaria por uma sociedade diferente daquela em que vivemos hoje. Isso não acontece porque a burguesia – como classe social dominante – controla os canais de difusão dessas ideias (destaque para a mídia, que propagandeia um padrão comportamental típico da sociedade burguesa), oferecendo sua própria visão de mundo como a melhor opção de vida em sociedade. Desse modo, as pessoas acabam sendo convencidas de que os valores morais da burguesia são os mais corretos e que a melhor forma de organização social que existe é a atual. É por isso que muitas pessoas desconfiam de ideias que propõem mudanças profundas na sociedade, pois já estão tão habituadas às relações sociais que conhecem, que acabam achando que essas relações fazem parte das características biológicas dos seres humanos (aquelas famosas frases que escutamos, como “isso é assim desde que o mundo é mundo”, ou “isso faz parte da natureza humana”). Esquecemos que as relações socais são historicamente construídas e, por isso, acabamos aceitando a realidade como ela é, porque somos convencidos por quem controla os canais de formação de ideias. É por isso que, muitas vezes, vemos pessoas oprimidas reproduzindo a opressão como algo natural, como é o caso do negro que é racista, da mulher que é machista ou do trabalhador explorado que defende as mesmas estruturas sociais responsáveis pela sua exploração. Dito isso, é bom lembrar que todos os indivíduos possuem interesses políticos na sociedade – mesmo que nem todos tenham consciência disso. Nossas opiniões sobre quaisquer temas são posições políticas que podem ser mais ou menos próximas às ideias de esquerda ou de direita, independentemente da nossa vontade. Nossas opiniões, portanto, contribuem para fortalecer um projeto de sociedade, mesmo que nós não tenhamos consciência disso. Quem controla os canais de difusão de ideias (como as grandes empresas de comunicação, as grandes gravadoras, os estúdios de cinema, as editoras, as galerias de arte etc) certamente possui interesses políticos e faz uso de seus meios para convencer as pessoas de que seu próprio projeto de sociedade é o melhor para todos. E como quem controla a maior parte desse aparato comunicativo é a burguesia (por que esta tem o poder econômico para isso), as ideais políticas que beneficiam essa classe social são predominantes em nossa sociedade. Resumindo: todas as nossas atitudes são políticas e elas reforçam algum projeto de sociedade, à esquerda ou à direita. Normalmente, associamos as ideias políticas que favorecem a burguesia à direita porque – assim como os deputados que se sentaram do lado direito do salão, durante a Assembleia Nacional Constituinte – seu principal objetivo é manter o funcionamento das relações sociais que a beneficiam (conservando sua posição de classe dominante). Enquanto isso, todas aquelas ideias que questionem minimamente a posição dominante da burguesia e que são comprometidas com a transformação e o progresso da sociedade são consideradas ideias de esquerda. Podemos considerar de esquerda, então, todos aquelas ideias que defendam, por exemplo, o fim da desigualdade social e da exploração do homem pelo homem; que defendam que todos os seres humanos sejam igualmente livres, por possuírem os mesmos direitos e por terem suas características particulares respeitadas; que tragam um projeto de sociedade no qual a burguesia não seja mais a classe dominante, porque todos teriam as mesmas condições financeiras e o mesmo poder de decisão e administração sobre o que é importante. Recentemente, muitas pessoas andaram afirmando por aí que essa divisão política entre esquerda e direita é ultrapassada, porque vivemos num tempo em que o mundo e as relações sociais seriam complexos demais para caber em apenas duas tendências políticas. Como encaixar, por exemplo, as lutas dos homossexuais, das mulheres e dos negros por mais direitos, se essas lutas não vão levar ao fim da desigualdade social? Como já disse Paulinho da Viola, eu aceito o argumento, mas não me altere o samba tanto assim! Explico: todas as ideias que busquem romper o padrão comportamental imposto pela sociabilidade burguesa (sociabilidade que proporciona mais direitos ao homem, branco, heteronormativo, cristão, monogâmico e proprietário) são de esquerda, pois têm o objetivo de libertar da opressão aqueles que não se encaixam em tal padrão. No entanto, é perfeitamente possível que uma pessoa de direita seja a favor disso tudo, enquanto defende a desigualdade entre classes sociais. Então, o que diferencia essa pessoa de uma pessoa de esquerda? A diferença é que para uma pessoa de direita, essas mudanças representam um fim em si mesmas – ou seja, são aspectos da vida em sociedade que podem ser aperfeiçoados, sem que se questione a posição dominante da burguesia. Já para uma pessoa de esquerda, essas mudanças – embora não acabem com o domínio da burguesia – devem servir para construirmos um caminho que nos leve a uma sociedade em que não exista nenhum tipo de opressão – nem a opressão de classe. Portanto, essa afirmativa (de que não existe mais direita ou esquerda) beneficia a quem já está no poder, porque dificulta que as pessoas reconheçam as tendências políticas das ideias que defendem. Por fim, cabe lembrar que nem a esquerda, nem a direita são dois blocos homogêneos. Existem muitas tendências políticas dentro da esquerda e dentro da direita, mas debater essas diferenças já seria papo para outro texto. ;) Ótimo texto, professora. ;) ESSE TEXTO FEZ UM ESCLARECIMENTO BEM OBJETIVO DO QUE É SER DE DIREITA E DE ESQUERDA. É CONTEXTO TORNOU_SE UMA LEITURA DE APRENDIZADO E PRAZEROSA. OTIMO TEXTO. Curti, Juliana. Parabéns Jú, excelente texto. Didático, mas sem perder a qualidade! Só achei triste os comentários terem moderação aqui. Cara, decidimos fazer isso só pra evitar aquelas pessoas muito sem noção que comentam com agressões, recismo, homofobia e tal. Seguimos a experiência da Bárbara que já teve que lidar muito com isso no blog dela. Mas aprovamos todos eles no fim das contas. Acho que ainda não apareceu nenhum maluco. Claro Mari, entendo perfeitamente. Quando falei da moderação não havia parado para pensar, poderia ter falado isso com vocês por outros meios. Não foi na intenção de colocar uma crítica, no sentido negativo do termo. Abraços e parabéns a todos vocês pelo blog. É bom aparecer a crítica em público. É uma questão difícil mesmo, acho que ninguém gosta de fato de ter moderação. Mas provavelmente é por causa disso que ainda não apareceram os lunáticos rss Que bom que gostou do blog! Muito bom mesmo saber que está lendo! (E creio que falo por todos aqui.) Excelente texto! Parabéns! gostei, mas com ressalvas. Entendo o propósito didático do texto, mas acho que ele acaba justamente onde o debate se faz mais necessário. Eu sou do que questionam a legitimidade dessa divisão sim e não acho que isso necessariamente mantenha quem está no poder. Talvez justamente atitudes do tipo “não altere o samba tanto assim” sejam a causa disso. Sim, nem a esquerda, nem a direita são dois blocos homogêneos, assim como a vida não é homogênea. E é a partir dessa premissa que talvez a gente deva iniciar o debate. De qualquer forma, parabéns pela iniciativa do texto, historicamente bem coeso. Pedro, sem dúvida que debater as tendências dentro da esquerda e dentro da direita é importante, mas acho que pra que esse debate seja feito é preciso que a gente tenha clareza do significado histórico e social de ambas as tendências políticas. E, infelizmente, muita gente não tem tanta clareza em relação a esse tema, principalmente depois que o PT chegou ao poder, porque era um partido com discurso de esquerda mas que acabou fazendo um governo muito próximo ao projeto de sociedade da direita (apesar das concessões feitas à parcela economicamente mais frágil da classe trabalhadora). Meu propósito foi justamente recuperar esse significado, pra que, a partir daí, a gente possa chegar a esses temas. Só não entendi quais são as possíveis consequências de atitudes do tipo “não me altere o samba tanto assim” a que você se referiu… Muito, muito bom mesmo! Me fez recordar instantaneamente porque gostava tanto de História na escola. Excelente material, professora, muito obrigado… Seu blog foi um achado para mim, afinal, nem tudo está perdido. É muito bom reacender esse debate, pois eu não suportava mais ouvir o jargão de que esquerda e direita já estavam foram de contexto… Enquanto existirem as desigualdades sociais, em todas as suas formas, todos terão que assumir suas verdadeiras posições, mas para isso, acredito que precisamos derrubar as muralhas da Grande Mídia, que protege fortemente o castelo da burguesia, para que o povo tenha a real noção do quanto é manipulado, o quanto uma ingênua música de três acordes pode lhes alienar… Acho que a questão das ideologias de esquerda (socialismo) e direita (liberalismo) não devem ser vistas como empecilhos para se atingir a união em prol de uma sociedade melhor. Vou ser bem categórico: querer qualquer um dos dois extremos no nosso mundo de escassez é absolutamente irreal, utópico. Se implementarmos o socialismo conforme Marx o idealizou (através da violência extrema de uma ditadura do proletariado), as pessoas sofrerão com o autoritarismo extremo (tal qual na URSS), e se implementarmos o liberalismo idealizado por Adam Smith, Mises e outros, os pobres se foderão cada vez mais até um ponto onde os padrões de vida sejam intoleráveis. A natureza humana não é unicamente um construto social, há diversas características inerentes. O bom selvagem nunca existiu e nunca existirá: a nossa natureza egoísta não é produto da “manipulação burguesa”, o máximo que a classe dominante faz é simplesmente reforçar essas tendências egoístas. O capitalismo não é um bicho feio que só serve para oprimir os pobres: quando bem regulado e temperado com políticas de welfare state, por exemplo, o capitalismo é capaz de trazer grande prosperidade (veja o exemplo da Suécia). Acho muito difícil nossa sociedade ter algo diferente de um sistema capitalista, seja num futuro próximo ou distante, portanto, lutar contra ele é perda de tempo, em minha opinião. O máximo que podemos fazer, é lutar para que não haja liberalismo total e que assim seja mantido o máximo de justiça social possível. Sidnei, Acho que discordamos em alguns pontos. Em primeiro lugar, não creio que a gente viva num mundo de escassez. Estudos (http://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0CCgQFjAA&url=http%3A%2F%2Fsrv.emc.ufsc.br%2Fnepet%2Ftecdev%2F20121%2Fseminarios%2Falimentacao_a.pps&ei=AX_4UdrbMpOK9QT80YDoCg&usg=AFQjCNGQPvWtzQM_pX1Zip_y02fJVErM8g&sig2=8G7PCoHEYPdZxBtz54ED5w&bvm=bv.49967636,d.eWU) indicam que a quantidade de alimentos produzidos no mundo é mais do que suficiente para alimentar toda a população humana. O problema é que a apropriação da produção (de alimentos e das riquezas em geral) é feita de maneira desigual. E essa desigualdade na apropriação se autorreproduz no tempo, já que a concentração de riquezas sempre reforça a posição de quem é beneficiado pela desigualdade (ou seja, o de cima sobe e o debaixo desce!). Além disso, não acho que Marx defenda uma sociedade baseada na violência extrema, no autoritarismo ou na falta de liberdade. Quando ele utilizou o termo “ditadura do proletariado” (em suas obras de caráter mais político), entendo que ele tenha se referido à instituição de um Estado dirigido pela classe trabalhadora – o que, para ele, só seria possível a partir do enfrentamento com a burguesia. A consequência da instituição desse Estado seria a abolição da propriedade privada burguesa dos meios de produção e da terra, que se tornariam coletivos. Não conheço nenhuma referência, na obra de Marx, à limitação de liberdades, como ocorre em formas autoritárias de governo. Sei que existiram (e existem) governos autoritários que se reivindicaram marxistas, socialistas ou comunistas, mas antes de apontarmos a teoria de Marx como causa desse autoritarismo, devemos avaliar o contexto histórico de consolidação desses governos, procurando saber, por exemplo, se os meios de produção foram totalmente socializados (o que não foi o caso da URSS) e se as decisões relativas ao Estado são realmente coletivas (o que também não era o caso da URSS). E vale lembrar que um governo pode se caracterizar da forma como ele quiser sem corresponder ao que é verdadeiramente. Também não acredito que exista uma natureza humana biológica que determine as características de nossa socialização. É claro que temos instinto de sobrevivência, mas acho complicado associar as características psicossociais de nossa sociedade a esse instinto. Primeiro porque se isso fosse real, as sociedades humanas e as relações sociais não sofreriam quaisquer alterações e a gente sabe que, desde a pré-história, as sociedades e as relações entre os seres humanos já mudaram bastante. Depois, dizer que nossas características biológicas determinam nosso comportamento social pode levar a ideias perigosas, como as teorias racialistas do século XIX, que afirmavam que os negros e os asiáticos eram seres naturalmente incivilizados que deveriam, portanto, aceitar de bom grado a civilização europeia. Acho que o egoísmo é causado pela sociabilidade egoísta e individualizada que é gerada pela/sustenta a sociedade burguesa, na qual a apropriação dos alimentos e das riquezas produzidas ocorre de maneira desigual. Desigualdade, aliás, que é causada pela posição que cada indivíduo ocupa na sociedade: aqueles que são os donos dos meios de produção se apropriam de mais alimentos e riquezas do que aqueles que não são proprietários. E essa é a base do sistema capitalista, que pode até ser mais palatável para a classe trabalhadora (como na Suécia ou no caso do Estado de Bem Estar Social), mas que é, sim, causador de desigualdade social (que, como eu disse, tende a se atuorreproduzir no tempo). Nesse sentido, uma reforma no sistema capitalista pode até garantir uma vida mais digna para aqueles que não possuem os meios de produção, mas uma reforma não pode alterar essa condição. Quer dizer, é impossível acabar com a existência de não-proprietários (dos meios de produção) no sistema capitalista, pois para que alguns poucos sejam proprietários é necessário que outros não sejam proprietários e se sintam, então, compelidos a trabalhar nos meios de produção de outra pessoa. Nesse caso, creio que seja impossível acabar com a desigualdade social sem destruir o sistema capitalista. E acho que também não custa lembrar que essa situação de maior conforto para a classe trabalhadora só existe enquanto a acumulação de riquezas pela burguesia progride em alta. Nos momentos em que essa acumulação entra em crise, a primeira atitude da burguesia é tentar retirar os direitos que garantiam uma melhor condição de vida para a classe trabalhadora. É a isso que estamos assistindo, nesse exato momento, na Europa (com o desmonte do Estado de Bem Estar Social) e no Brasil (com a precarização/privatização dos serviços públicos), elevando-se a idade mínima necessária à aposentadoria, flexibilizando direitos trabalhistas ou reduzindo a oferta de serviços públicos. Também não podemos esquecer que nunca existiu uma situação de pleno emprego no capitalismo, o que significa que, nesse sistema, sempre haverá uma parcela da população que passará por algum tipo de privação. Por fim, entendo que seja difícil vislumbrar uma sociedade diferente daquela em que vivemos. Eu mesma me questiono se é mesmo possível viver numa sociedade onde todos sejam iguais e livres. Mas aí eu penso que pra um camponês da idade média também seria impossível imaginar que pessoas totalmente desconhecidas debatessem ideias sem se encontrarem fisicamente. Eu gosto de pensar que eu sou algo parecida com esse camponês medieval aí…. “Também não acredito que exista uma natureza humana biológica que determine as características de nossa socialização.” Muito pelo contrário, as características que permitem que nos socializemos e que nos caracterizam, justamente, como seres sociais, foram formadas pelo mesmo processo evolutivo que explica a complexidade de nossas características morfofisiológicas. Há muitos anos já se estuda o comportamento humano através da perspectiva evolucionista (através da psicologia evolucionista), e essa abordagem tem lançado luz à aspectos comportamentais que antes eram explicadas por definições apriorísticas e inconsistentes (e.g.: “o ser humano é uma tábula rasa”). A natureza humana não é estática: ela é extremamente adaptável à cultura, porém, é importante estressar que “adaptável”, não é o mesmo que “moldada pela”. A cultura humana é um produto da nossa natureza, não o contrário. Se a cultura moldasse a psique dos indivíduos, teríamos um grande problema: definir de onde veio a cultura, o que não se encaixa com uma percepção evolutiva da história da vida na terra e da humanidade. Temos características inerentes advindas de nossa história evolutiva: inteligência, criatividade, empatia, etc. Nossa natureza biológica nos permite apreciar uma sinfonia de Schubert, pintar um belíssimo quadro, escrever poemas e livros, dar origem as mais diversas culturas, costumes, comidas que tanto nos descrevem como humanos. No entanto, infelizmente também temos um lado negro. Somos propensos à violência, tendemos a discriminar e odiar aqueles que não gostamos ou não entendemos, somos muito egoístas, etc. É esse lado negro que nos impede de conviver harmoniosamente enquanto sociedade. Machismo, racismo, xenofobia, homofobia e etc não são construções culturais, nem criações da classe dominante, mas apenas um sintoma desse nossa lado negro. Não estou dizendo que o fato desses defeitos fazerem parte de nossa natureza os justificam, mas é necessário que as pessoas saibam que possuem essas mesmas características se elas desejam tornar-se pessoas melhores, simplesmente negá-las não adianta nada. “Nesse caso, creio que seja impossível acabar com a desigualdade social sem destruir o sistema capitalista.” Concordo plenamente. Eu acho que o capitalismo deve ser superado se a humanidade deseja atingir um estado de sociedade mais justa. Mas, eu continuo discordando dos métodos defendidos pelos socialistas mais ortodoxos (revolução, ditadura, etc…). Acredito que é necessário uma outra abordagem. Existem duas maneiras de acabar com o capitalismo: 1 – acabando com a propriedade privada e impedindo a acumulação de capital (o que, em minha opinião, é uma atitude autoritária e ineficiente); 2 – acabando com a escassez de recursos, já que essa é a causa da desigualdade social, e, portanto, do conflito social. Você falou que há alimentos suficientes no mundo para alimentar toda a população terrestre. Eu não duvido, mas não só de alimentos vive o homem: o homem também vive de diversão, computadores pessoais, livros, videogames, aparelhos celulares, televisões e etc. Não é possível ainda atingir um nível de produção tão alto em todos os setores produtivos da sociedade (embora já seja em alguns), e a tecnologia deve avançar mais para isso ser possível um dia. A URSS falhou em fornecer a produção necessária para que seus habitantes pudessem ter um padrão de vida superior aos países capitalistas, justificando, assim, a seu fracasso espetacular (sem contar o autoritarismo extremo). É necessária uma abordagem do socialismo que recorra à métodos não violentos e eficientes para acabar com o capitalismo. A tecnologia e a ciência são as únicas forças capazes de tornar a sociedade de pós-escassez possível, portanto, deveriam ser um dos focos da teoria socialista. Em minha opinião, o socialismo precisa ser reformulado: Marx viveu outros tempos, com outras concepções, é necessário modernização. “Por fim, entendo que seja difícil vislumbrar uma sociedade diferente daquela em que vivemos. Eu mesma me questiono se é mesmo possível viver numa sociedade onde todos sejam iguais e livres.” Apesar de tudo que disse aqui, eu sou bastante pessimista. A sociedade não vai se alterar do status quo atual, estamos muito dormentes para isso. Enquanto o sonho do pobre for tornar-se bilionário, enquanto estivermos tão ocupados competindo uns contra os outros ao invés de percebermos o quanto estamos sendo fodidos pelo 1% da sociedade, jamais vamos dar um passo à frente, e, infelizmente, não vejo como isso pode melhorar. O engraçado é colocar Karl Marx como exemplo do que voce fala, logo um individuo que defendia os trabalhadores mas nunca trabalhou na vida,nunca usou de trabalho braçal, era sustentando pelo dinheiro da familia, quando isso tudo acabou, ele passou a ser sustentado pelo dinheiro do amigo. Esse video explica muita coisa :https://www.youtube.com/watch?v=dlQG02mwTD0 Sidnei, Em relação à natureza humana, concordo quando você disse que alguns aspectos de nossa socialização são possibilitados pela nossa evolução morfofisiológica – afinal, o fato de sermos seres sociais (e conscientes disso) se relaciona diretamente ao nosso desenvolvimento biológico. Mas acho que querer explicar as características de nossa sociabilidade a partir de nossa evolução biológica é o mesmo que querer determinar a cor de uma flor com base na cor do solo em que esta foi plantada. Uma flor que nasce num solo vermelho não será necessariamente vermelha. Ela pode até possuir, em sua composição bioquímica, alguns dos elementos que fazem com que esse solo possua uma coloração avermelhada, mas isso não determinará a cor da flor. Ou seja, ainda que nossas características biológicas sejam fundamentais para possibilitar a nossa socialização, não creio que essas características sejam os únicos fatores determinantes de nossas características psicossociais. Pelo menos eu nunca vi nenhum estudo com credibilidade científica que aponte um gene específico causador de egoísmo, de vilania, de bondade, solidariedade ou quaisquer outras características. Mas se a cultura não pode ser explicada unicamente por nossa biologia, o que mais poderia explicá-la? Pra mim, o que a explica são as relações materiais e simbólicas entre os seres humanos e entre estes e a natureza em que vivem ao longo da história. Além disso, não acho que esse nosso lado ruim (não gosto de dizer lado negro porque acho que isso é meio racista, mas nada contra quem usa a expressão) seja provocado unicamente pela manipulação midiática, não. Acho que todos nós contribuímos para a reprodução dessas características porque somos criados por uma sociedade que estimula em seus indivíduos esse comportamento individualista, competitivo e preconceituoso. E isso ocorre porque vivemos numa sociedade que nos estimula a querer ter mais riquezas e mais direitos do que os outros. Por último, concordo que os seres humanos não vivem só de alimentos. É claro que eu não defendo que a gente viva só com mínimo necessário para garantir nossa sobrevivência. Também acho que o modelo de distribuição de riquezas da URSS foi ineficiente (embora tenha alguns pontos positivos), mas acho que o modelo de distribuição capitalista não é tão melhor assim do que o soviético. Você disse que a URSS não foi capaz de propiciar aos seus cidadãos um padrão de vida semelhante ao que se verifica nos países capitalistas, mas acho que faltou levar em consideração que não todos os países capitalistas que atingiram esse nível de vida confortável ao qual você se refere. Basta pensar nos muitos países africanos, asiáticos e americanos que nunca passaram por um governo socialista (e não vale considerar aqueles que se reivindicam socialistas só no nome), mas que nunca atingiram um padrão de vida semelhante ao de um cidadão da Europa Ocidental, por exemplo. Isso sem contar que nem todas as pessoas que vivem nos países capitalistas desenvolvidos possuem esse padrão de vida tão confortável ao qual você se refere. Meu ponto é o seguinte: é claro que o capitalismo gera, para algumas pessoas, um padrão de vida muito confortável (e, provavelmente, superior ao que se tinha na URSS), mas esse conforto é limitado a uma parcela muito pequena da sociedade, que pode se apropriar dessas riquezas justamente porque a grande maioria das pessoas não pode se apropriar delas. Embora a produção de bens materiais não seja suficiente para atender a todos os seres humanos (na verdade, nem sei se concordo com isso, mas vamos dizer que isso seja verdade), acho que isso não é motivo para fazer com que a grande maioria da população mundial viva em condições de vida precárias e desumanas. Se os bens materiais que produzimos são insuficientes para todos, o mais justo, na minha opinião, seria pensar numa forma de apropriação coletiva que satisfizesse ao máximo as necessidades dos indivíduos. E pra mim, repito, isso só será possível com a superação do capitalismo. Quanto a isso, você disse que abolir a propriedade privada burguesa dos meios de produção e impedir a acumulação de lucro seria uma atitude autoritária e ineficiente, mas acho que, na verdade, autoritário é impedir que as pessoas estudem ou desenvolvam alguma habilidade por falta de dinheiro; é impedir que os mesmos trabalhadores que produzem – com seu trabalho – bens materiais fantásticos possam usufruir desses mesmos bens; é obrigar as pessoas a trabalharem muito para viverem uma vida mesquinha, enquanto outras podem viver confortavelmente sem trabalhar. Abolir a propriedade privada dos meios de produção não é uma atitude autoritária. Ao contrário, é uma atitude libertadora, não só porque permite que coloquemos um fim na exploração de seres humanos por seres humanos, mas também porque, uma vez livre da exploração, os seres humanos poderiam dedicar seu tempo no desenvolvimento de estratégias de produção que atenderiam nossas necessidades. Necessidades, aliás, que também seriam bem distintas das que temos hoje, já que a socialização capitalista nos impõe desejos que reproduzem a própria lógica do capital. “Mas acho que querer explicar as características de nossa sociabilidade a partir de nossa evolução biológica é o mesmo que querer determinar a cor de uma flor com base na cor do solo em que esta foi plantada.” É claro que existem características de nosso comportamento social que são explicadas pela cultura e pelo ambiente, não há dúvidas disso. Não estava defendendo uma espécie de determinismo biológico. A cultura é muito importante para a formação do indivíduo, mas a natureza é que produziu os mecanismos pelos quais o indivíduo responde e modifica essa mesma cultura. Por exemplo: vergonha, arrependimento e empatia são sentimentos pró-sociais, mas a maneira pela qual cada cultura é capaz de lidar com esses três sentimentos varia e influencia de maneira diferente cada indivíduo nela inserido. Viver em uma sociedade que estimule o indivíduo a ser muito individualista e egoísta provavelmente lhe tornará egoísta e individualista – não que isso possa ser afirmado de forma determinística. Quanto à questão dos genes, não posso lhe responder se esses comportamentos são causados por genes específicos, mas dá para determinar uma correlação entre a genética e o comportamento. Estudos de gêmeos, por exemplos, são bastante emblemáticos nesse sentido: normalmente eles apresentam comportamentos similares mesmo quando criados longe um do outro. Tem algumas palestras no youtube de um psicólogo evolucionista bastante respeitado chamado Steven Pinker. Vale a pena conferir. “Se os bens materiais que produzimos são insuficientes para todos, o mais justo, na minha opinião, seria pensar numa forma de apropriação coletiva que satisfizesse ao máximo as necessidades dos indivíduos.” Aí é que está: como vamos apropriar essa propriedade? Eu acho muito difícil a classe dominante abrir mão de suas riquezas espontaneamente. Normalmente, isso significa revolução – pegar em armas, ou, estabelecer medidas governamentais extremamente radicais. Além do mais, como definir como ficará a distribuição dessas riquezas e meios de produção após elas serem retiradas da classe dominante? Distribuiremos tudo igualmente? Serão todas as propriedades privadas tomadas e socializadas, ou só dos ricos e poderosos? Suponha que mesmo tomando todos os meios de produção da classe dominantes, ainda assim eles não são suficientes para satisfazer as necessidades de toda a população, o que fazer neste caso? Suponha que as pessoas comuns, de classe média, não queiram participar dessa socialização em massa de bens privados? É justo obrigá-las a fazê-lo? Eu concordo que a única maneira de libertar o homem de trabalhar para viver e fazê-lo alcançar o máximo de seu potencial é acabando com o capitalismo, mas, os meios pelos quais se chegariam a esses fins também importam muito. Em minha opinião, uma sociedade estruturada de forma socialista deveria vir através da democracia (de preferência, democracia direta), do fortalecimento das cooperativas e sindicatos, do avanço das tecnologias capazes de libertar o homem do “trabalho em troca da vida”, da disseminação de tecnologias open-source, etc. Ao meu ver, essas seriam maneiras bem mais razoáveis de atingir um socialismo duradouro, e que seja capaz de gerar verdadeira prosperidade para todos. Me intrometendo um pouco no debate. Sidney, a meu ver sua argumentação toda gira em torno de dois pressupostos, o de uma herança biológica dos seres humanos, a existência de uma natureza humana dotada de um “lado negro”, e o de que a riqueza é constituída por recursos escassos. Acho que a Juliana já respondeu bem ao primeiro ponto (só comentaria que você evocou a teoria do Rousseau sobre o bom selvagem — contrapondo o tal lado negro natural –, mas um ponto fundamental do Rousseau é justamente o de que os homens NÃO são determinados a partir de sua pura natureza, mas antes a partir do desvio a esta imposto pela cultura e pela história). E recomendaria você ler algumas das críticas a essa tendência teórica que você tá usando como base. Alguns textos: http://universoracionalista.org/psicologia-evolutiva-ciencia-ou-pseudociencia/ e http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2010/02/psicologia-evolucionista-so-rindo.html Em relação à sua segunda premissa, eu acrescentaria que supor que a riqueza é composta de recursos finitos só serve para quem quer chegar à conclusão que só existem as alternativas “desigualdade de repartição” ou “socialização da miséria”. Essa suposição capta algo de real, que a riqueza é sempre a cada momento uma determinada quantidade de valor, e portanto só pode ser repartida dentro desse limite quantitativo. Mas, de resto, é uma suposição sem qualquer validade. A riqueza social está sempre em todo momento parcialmente fixada em bens determinados (recursos, se bem se quiser), mas é também em parte mantida em formas mais voláteis, como reservas de dinheiro, nas quais podem se converter em bens do primeiro tipo. Essas conversões, que podem ocorrer várias vezes para cada bem, aliás, constituem o movimento pelo qual os recursos se redistribuem, dentro de uma divisão geral que não é, portanto, de recursos, mas de riqueza. E, mais importante, do fato de que a riqueza é sempre definida, limitada, não decorre que ela seja absolutamente escassa. A riqueza não é constituída de recursos, mas de trabalho, e por isso mesmo ela pode crescer indefinidamente. A atual massa de trabalho passado é já o suficiente para uma repartição que não seria de miséria. A renda mensal per capita no Brasil, sem contar os estoques de capital já acumulados, é de mais ou menos 1800 reais. Isto é, no atual nível produtivo o rendimento dos trabalhadores poderia crescer muito significativamente em uma repartição mais justa. Quanto a como uma outra repartição poderia ser feita, é importante deixar claro que o que se considera que é necessário socializar são as fontes de riqueza, não qualquer bem ou qualquer volume de riqueza. Por isso, meios clássicos defendidos pelos socialistas para transformar a sociedade foram, além do controle pelos trabalhadores das empresas, fábricas e terras, também a estatização dos bancos e grandes fundos privados, isto é, do capital em suas variadas formas. Em que medida e em que passo o capital deve ser socializado é uma questão prática, na qual deve ser pesada a revelância econômica de pequenos empreendimentos. Há diferenças bastante substanciais entre um dono de padaria, empregando poucos funcionários, e o dono de um banco. Por isso mesmo, outra forma clássica de impor uma redistribuição de renda é com tributação progressiva, que cobre consideravelmente mais dos que tem mais renda. Dessa forma, parte da mais-valia apropriada pelos proprietários pode ser recuperada no custeio dos gastos sociais. Essas formas, tal como as lutas diretas por aumento de salário, não pressupõem por si só uma tomada violenta do poder, mas pressupõem coerção, que pode ser executada pelo Estado ou por órgãos de poder direto como conselhos. As condições em que um processo como esse pode se dar, com a forma de coerção que ele desenvolve, são definidas pelo processo histórico. Não temos como simplesmente cagar uma regra de como as coisas devem ou irão acontecer. O que podemos fazer é pensar esses problemas, pensar em alternativas e estudar experiências passadas. Ola professora! Transformar a matéria prima sem reutiliza la e, por último, recicla la, juntamente, com o aumento da população e dos bens de consumo duráveis pode sim ser um obstáculo para o sucesso e progresso de toda a população humana. Esse e o grande desafio. O instinto humano, infelizmente, e destrutível e autodestrutivo, porém, toda regra tem exceção. Pingback: O que significa ser de “esquerda” ou ser de “direita”? : Blog Onhas Ivan. Eu evoquei o mito do bom selvagem para ilustrar o seu maior equívoco: partir do pressuposto de que o homem é bom e que a sociedade é a única responsável pela sua corrosão moral. Se fossemos puramente bons, estaríamos todos vivendo uma utopia hippie onde todos são bons e gentis o tempo todo. Infelizmente, não é o caso. O homem não é determinado unicamente por sua natureza, isso é óbvio. Não defendo determinismo biológico, somos dramaticamente afetados pela cultura também. Mas, não adianta negar essas características inerentes que foram produzidas pelo longo processo de seleção natural que deu origem a toda a complexidade da vida. O blog da Lola está longe de ser uma fonte confiável, ponderada e racional de informações e opiniões. As críticas dela à psicologia evolucionista foram descaradamente superficiais e mostram uma falta de conhecimento colossal sobre o assunto. Em minha opinião, ela é só uma feminista fundamentalista e não a levo muito a sério. Não quero ser pedante, mas, devo dizer que se quer realmente saber um pouco mais a fundo sobre o que de fato a psicologia evolucionista estuda, procure ler os livros do Richard Dawkins (“o gene egoísta”), do Steven Pinker (“tábula rasa”, “como a mente funciona”), ou então, se quiser um canal de divulgação científica da psicologia evolucionista, procure um canal no youtube chamado “TVCChannelNews”. A crítica do universo racionalista é simplesmente a questão da explicação teleológica. A ciência, de uma forma geral, utiliza desse artifício. Na física, por exemplo, temos vários modelos teóricos que nos ajudam a entender fenômenos complexos. Um exemplo é o big bang: tenho certeza que nenhum ser humano presenciou o big bang, no entanto, aceitamos essa explicação como sendo a mais plausível para descrever a realidade. O conceito fundamental das teorias científicas é a falseabilidade: as teorias são aceitas como verdades até que sejam refutadas. Portanto, a psicologia evolucionista pode sim ser encarada como ciência. “A riqueza não é constituída de recursos, mas de trabalho, e por isso mesmo ela pode crescer indefinidamente.” Não, mesmo que seja o trabalho que gere a riqueza, os recursos da terra são finitos, portanto, não é possível haver crescimento indefinido mesmo com a socialização dos meios de produção. Por exemplo: se não há ferro, não há como como fazer aço, e todos os trabalhos dependentes desse recurso serão instantaneamente paralisados. Um exemplo bastante prático daquilo que é um fator limitante para a produção de recursos é a energia. Há escassez de energia no mundo, o que a encarece e limita a produção. Somos uma civilização tipo zero na escala Kardashev: retiramos nossa energia de recursos escassos e poluentes (carvão, gasolina, biomassa, etc.), o que prejudica a produção e, consequentemente, contribui para a perpetuação da escassez no mundo, que, consequentemente, torna necessário o sistema monetário e o capitalismo. Concordo que, para eliminar a pobreza, é necessário fazer as pessoas terem acesso aos meios de produção, mas só isso não adiantará de nada se não houver abundância de recursos iniciais necessários a operação desses meios de produção (como dito anteriormente: energia, matérias primas, etc). Além do mais, é necessário avaliar a produtividade desses meios de produção: não adianta muito socializar meios de produção que não são capazes de produzir recursos em quantidade suficiente para eliminar a escassez. Caro Sidnei, Boa parte das questões que você coloca aqui são bastante pertinentes para se pensar a realidade política, contudo, creio que existem alguns problemas nas suas formulações – problemas que não credito diretamente a você como “sujeito” de um determinado discurso, mas que são intrínsecos à “leitura de divulgação científica” que você recomendou no post acima. A primeira questão, que atravessa todo o seu discurso (como bem salientou o Ivan) é que você coloca a problemática de “uma natureza humana” como atuante no espectro sócio político – uma natureza humana marcada por aspectos individualistas e egóicos. Daí você trazer à tona o paradigma rousseuaniano “do bom selvagem” para nos mostrar a utopia e a fragilidade de tal posição. Além disso, você apoia tal ponto não com um discurso filosófico arcaico, mas com a ciência atual e a tese de Dawkins dos “genes egoístas”. O segundo ponto que você traz é a questão da “escassez”, que impediria em vários pontos, um reajuste da sociedade, ou uma socialização dos objetos de consumo e dos meios de vida para todos os indivíduos. Com relação a primeira questão, começo com sua crítica à concepção rousseauniana do “bom selvagem”. O mito do bom selvagem, na verdade não é um mito (como boa parte das análises ideológicas liberais ou moralistas de Rousseau se esforçou por construir), mas um recurso metodológico muito comum nos séculos XVII e XVIII, chamado “hipótese por absurdo” – que visa construir um discurso diametralmente oposto a uma perspectiva que visa desconstruir no sentido de mostrar o absurdo do mesmo. De maneira mais clara, o que Rousseau visa ao propor a idéia de que o homem é bom por natureza (no Segundo Discurso) é mostrar o quão absurda é a concepção de que o homem é essencialmente mal – egoísta, predatório, criminoso: um ser que luta desesperadamente com seus semelhantes pela sobrevivência num mundo de recursos escassos (conjunto de idéias propostas no famoso capítulo XIII de O Leviatã – e sim, Hobbes já justificava a necessidade de uma determinada ordem social, mesmo que ela produzisse desigualdade, legitimando-se na idéia de que os recursos eram escassos). Contudo, o mais interessante é o que Rousseau começa a construir após descartar o “mito do bom selvagem” – pois o filósofo francês em momento algum leva essa ideia à sério, na verdade o que ele quer demonstrar é que o homem não tem “uma natureza individual” nem boa, nem má: mas que o comportamento humano é produzido de uma maneira hipercomplexa (relações sociais, linguagem – que é social – e até mesmo fatores biológicos – quando para pensar a habilidade de manufatura, faz uso da hipótese aristotélica de que nossas mãos podem ter provindo de garras animais, e que graças ás mãos produzimos a civilização). Nesse sentido, Rousseau é um dos poucos modernos que abandona o modelo de explicação metafísico-essencialista e vai na direção daquilo que poderíamos chamar de uma ontologia social que precede às ciências humanas – ou, como dizia Levi-Strauss: foi Rousseau quem criou as ciências humanas, ciência que desejou e anunciou um século antes dela vir ao mundo. A questão que Rousseau coloca não é que a cultura torna mal um homem que é por natureza bom, mas longe de uma perspectiva moral, que nossos comportamentos são produzidos, em grande parte, pela estrutura relacional de nossa sociedade em todos os níveis – jurídico, político e econômico. E que os desequilíbrios e males presentes em nossa sociedade são oriundos da desigualdade produzida nesses níveis: sobretudo no econômico: a instauração da propriedade privada e daí a luta que esta produz entre os homens (que querem superar uns aos outros pelas posses). Mas o problema fundamental para Rousseau era desigualdade econômica: “O primeiro que, ao cercar um terreno, teve a audácia de dizer isto é meu e encontrou gente bastante simples para acreditar nele foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerras e assassinatos, quantas misérias e horrores teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas e cobrindo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: “Não escutem a esse impostor! Estarão perdidos se esquecerem que os frutos são de todos e a terra é de ninguém”. Aqui é Rousseau antecipando Proudhon. Sidnei você me desculpe não por as referências das citações, mas além de eu não ter como colocar notas de rodapés, encontro-me á um Atlântico de distância dos meus livros. Mas, no que se refere a Rousseau diretamente, tudo isso você encontra lendo o Segundo Discurso. Além disso, se você me permite e quiser constatar a veracidade do que eu escrevi aqui, gostaria de te sugerir duas das leituras que me embasam (além do Lévi-Strauss): Crítica e utopia em Rousseau, de Carlos Nelson Coutinho (o texto é bom, mas quando ele vai apontar as insuficiências de Rousseau – que existem várias! – aponta precariamente), e Questão Jean Jacques Rousseau de Ernst Cassirer. Porém, essa questão não se esgota aqui, afinal, não é sobre filosofia política que estamos discutindo aqui. O problema não é Rousseau, mas duas “concepções de realidade” que se chocam e duas “metodologias científicas” que pensam o homem de maneira diversa: tendo implicações políticas reais que podem ser terríveis. O mundo moderno ( a partir dos séculos XVI-XVII) é marcado por um crescente avanço técnico e intelectual que procura cada vez mais perceber o que é o homem e a natureza, e controlar eficazmente ambos. A chamada Revolução Científica produz uma metodologia de análise da natureza que logo se tenta aplicar ao domínio da política e das relações humanas: vê-se isso claramente no problema Hobbes. A metodologia científica surgida durante o século XVII produzia um “método de isolamento” das partes para as relações , entendiam-se suas partes mínimas, e se recompunha a totalidade do fenômeno no final. Não sei se consegui explicar bem, mas a metáfora hobbesiana contida no prefácio do Leviatã cria uma imagem que nos ajuda a compreender esse problema: Hobbes nos diz que vai analisar a política como faz a ciência com os fenômenos naturais, assim como para sabermos como funciona um relógio desmontamos ele, percebemos como cada parte se estrutura e o montamos novamente; o filósofo inglês diz que fará o mesmo com o campo político. E desmontando o campo político, qual a mínima parte que ele encontra? O indivíduo. O projeto hobbesiano era partir das ciências naturais para explicar o homem e a sociedade: do De Corpore, para o De Homine, terminando enfim com o De Cives. Transposição dos métodos científicos disponíveis na época (método geométrico, física galileana, Química – se é que podemos chamar os experimentos rudimentares de Boyle de química – e observação empírica) para analisar o comportamento humano e a sociedade. Não vou me delongar muito mais sobre isso, mas sabemos qual foi o resultado teórico das investigações de Hobbes: a defesa de um poder soberano totalitário que controlasse absolutamente o comportamento dos homens para que eles não destruíssem-se a si mesmos. Na verdade, o que Hobbes queria era a manutenção da realidade política monárquica tal como estava antes da Revolução de 1640, e que as pessoas compreendessem que a ordem monárquica era necessária para o seu próprio bem – pois os seres humanos são violentos, invejosos e são capazes de matarem-se uns aos outros pelos escassos bens que existem na natureza. Felizmente, ninguém ouviu a “ciência hobbesiana”, que era escandalosa para seu tempo, mas ao longo de nossa história essas transposições de métodos científicos geraram os problemas mais absurdos, como o salto do darwinismo, para o darwinismo social, a eugenia, a psiquiatria antes de sofrer reformas sociais (que produziam uma extrema violência manicomial) etc. – sabemos que essa problemática relação entre ciência e políticas sociais geraram grandes problemas no século XX não é? (Para uma análise mais refinada disso, recomendo o livro de Bruno Latour, Nunca Fomos Modernos, que analisa muito bem o problema da relação entre essa transposição de métodos entre Ciência e campo sócio-político do século XVII aos dias de hoje. Outra importante obra que toca nesse ponto é o curso de Michel Foucault no Collége de France: Em defesa da sociedade). Onde eu quero chegar com isso? Você disse que é próprio da ciência desenvolver hipóteses explicativas para que possamos compreender melhor certos fenômenos, como a Teoria do Big Bang, para explicar a certos fenômenos astronômicos. Ok, sem problemas, estou de acordo. Só que este tipo de teoria não tem implicações diretas sobre a nossa a vida, se estiverem erradas, ninguém vai sofrer física ou psiquicamente por causa disso. Contudo, se algumas teorias genético-comportamentais forem levadas para a formulação de práticas sociais de controle e organização isso pode acontecer (me refiro aqui principalmente às pesquisas atuais em genética, neurologia,criminologia e psiquiatria desenvolvidas no mundo anglo-saxão – principalmente nos EUA, onde a cultura do individualismo está lado a lado com uma ciência metodologicamente individualizante). Acho muito complicado pensar a elaboração de teorias científicas pensando-se através de uma concepção determinística da ciência: foi o erro de Hobbes, mas foi também isso que produziu acontecimentos terríveis em nossa história recente. Essa ciência determinista-social nos EUA, da qual Dawkins é um dos seus representantes, já faz alguns estragos: principalmente no campo da genética comportamental. Bem, como o meu post já está longuíssimo, e passei muito tempo escrevendo, vou postar depois uma explicação melhor, e mais técnica, com alguns artigos científicos que tenho aqui sobre esse assunto. E ainda queria falar um pouco sobre essa questão da escassez a qual você se refere. Antes de tudo, concordo plenamente com a explicação que o Ivan colocou acerca da socialização dos meios de produção, contudo, acho que por ele ter sido muito “técnico”, acho que você não o compreendeu bem. Assim, queria pegar um pouco de uma discussão que eu acho muito interessante baseado nas reflexões de Mike Davis e de David Harvey acerca do que poderíamos chamar aqui de “uma produção da escassez que seria interna ao próprio fortalecimento do capitalismo”. Bem, por enquanto é isso. Desculpe pelo post longuíssimo, mas adianto que o próximo não será menor! Ah, me desculpem os acentos ao contrário em alguns lugares, e alguns outros erros. Por estar escrevendo pouco em português estou ficando com alguns “bugs” na minha escrita. Creio, que apesar disso, o texto está inteligível. O que o autor do comentário disse e puramente científico e biológico. Mas, claro, você tem todo direito de discordar. E uma pena sermos tão rudes como humanos. E o pior e que se a espécie humana continuar aqui com mais de 7 bilhões espalhados pelo planeta, a terra não vai aguentar. Só se entrarmos em guerra colossal para diminuir drasticamente a nossa quantidade. Muito legal! Tu criou um mundo paralelo com entendimentos absurdos para tentar provar tua tese. Conseguiste distorcer todas as definições. Nota 10 em criatividade! abs Caramba, Henrique! Como você esbanja maturidade crítica. Sempre bom debater com quem tá disposto! Sou militante e me identifico bastante com a esquerda, tenho uma formação política básica, mas não completa. Uma pessoa pode ser de esquerda mas concordar apenas em partes com o socialismo? Sou a favor da diminuição máxima da desigualdade social e da estatização total de áreas como saúde e educação e uma forma de política que gere moradia para todos, por exemplo, mas não sou a favor da total estatização e de um governo tão poderoso. Thiago, não vejo problemas na total estatização, desde que isso signifique a gestão pública e coletiva dos meios de produção e de tudo aquilo que seja necessário para a vida em sociedade (educação, cultura, saúde, transporte etc). Também não sou favorável a um “governo tão poderoso”, mas acho que essa não é, necessariamente, uma característica do Socialismo. É claro que isso acabou acontecendo em algumas experiências históricas, mas isso não quer dizer que o Socialismo tenha que ser dessa forma sempre. Eu tenho alguma leitura sobre “teoria socialista” (sei lá como eu classifico Marx, Lênin, Engels, Gramsci, Thompson, Williams, Hobsbawm etc….) e nunca vi nada que apontasse para o estabelecimento de um governo forte, no sentido que você colocou. Quem costuma dizer que o Socialismo é necessariamente isso são aqueles que pregam uma sociedade livre que de livre não tem nada, já que a imensa maioria das pessoas não tem condições reais de fazer escolhas livremente (Exemplo: um favelado pode escolher ser médico porque não há nada que o impeça de fazer isso. Talvez, ele até consiga ser médico, com muito esforço pessoal. Mas será que todos os favelados que escolherem ser médicos vão ter o mesmo êxito?) O que a senhora acha dos modelos socialistas de países como China e Coréia do Norte? O do governo do PT como um governo de esquerda? Cara, acho que nem a China, nem a Coreia do Norte seguem modelos socialistas. No máximo, esse países se apropriam de um discurso que privilegia o socialismo como meta (o que eu também nem acho que seja o caso, especialmente na China), mas a prática é bem outra. De todo modo, não podemos esquecer que as experiências históricas representam exatamente o que você disse: modelos. E esses modelos não vão se repetir no futuro tal qual eles aconteceram no passado. Pensar isso é ignorar o potencial de agência humana. Ah, também não acho que o PT faça um governo de esquerda, não. Acho que o governo do PT foi o primeiro que se preocupou, de fato, em melhorar minimamente as condições de vida de quem vivia na miséria, mas, ao mesmo tempo em que fez isso, deu rios de dinheiro pros empresários (banqueiros, construtoras etc). Ou seja, apesar de reduzir a quantidade de pessoas que viviam numa situação de calamidade, o governo do PT contribuiu pra reforçar as relações sociais capitalistas, na medida em que incluiu essas pessoas via consumo – o que também serviu pra reforçar os lucros dos empresários. *E o governo do PT… Pingback: Um marxismo interseccional é possível? Pontapé inicial para um debate. | Capitalismo em desencanto Ótimo texto. Esclarecedor e informativo, adorei! Pingback: É de esquerda mas tem ipod | Capitalismo em desencanto “Isso não acontece porque a burguesia – como classe social dominante – controla os canais de difusão dessas ideias (destaque para a mídia, que propagandeia um padrão comportamental típico da sociedade burguesa), oferecendo sua própria visão de mundo como a melhor opção de vida em sociedade. Desse modo, as pessoas acabam sendo convencidas de que os valores morais da burguesia são os mais corretos e que a melhor forma de organização social que existe é a atual.” É por causa desse tipo de pensamento paternalista que o marxismo tem fracassado. Como se a dominação cultural fosse assim, tão simples. A burguesia produzindo uma ideologia como “máscara” da realidade, de um lado, e a população imbecil e incapaz de pensar, do outro, aceitando tudo como se fosse um livro em branco. Os marxistas tapam os olhos pra toda produção intelectual e pra História do século XX. Por isso nunca saem dessa mesma lenga lenga maniqueísta de “malvados dominadores versus estúpidos dominados”. Por isso que sou anarquista. Tiago, Em nenhum momento eu afirmei que a população é um livro em branco enganada pela burguesia malvada. Acho que você foi reducionista com meu texto. Eu disse, apenas, que a burgueisa possui os mecanismos necessários para convencer (palavra que não significa enganar, ludibriar ou manipular) as pessoas de que seus próprios padrões morais e estéticos são os melhores ou os mais corretos para toda a sociedade. Isso não significa mascarar a realidade; significa apresentar a realidade a partir da perspectiva da burguesia. Mas diz aí como o anarquismo explica a atuação da indústria cultural. Pingback: A desmilitarização das polícias e o questionamento às bases da dominação de classes no capitalismo contemporâneo | Capitalismo em desencanto Professora, a senhora poderia exemplificar algum pais ou sociedade em que as ideias de esquerda tenham sido implantadas com sucesso, preservando a liberdade de expressão, pensamento, culto, locomoção e de meritocracia pela força do trabalho honesto? Ou tenham dado certo com eficácia sem preservação de direitos civis? Pingback: Por que “De Esquerda”? | Georgia Martins Faust Amei o texto Professora! (y) Bom trabalho! Ótimo texto, leitura muito prazerosa de ótimo esclarecimento! :D Excelente texto. Enfim consegui compreender o que significa ser de esquerda/direita. Meus amigos vivem dizendo que sou esquerdista, mas nunca entendi ao certo o significado da definição. Graças ao texto limpo e super objetivo, entendi. E abriu novas questoes e possibilidades de pesquisas. Vou me aprofundar mais no assunto. Obrigado pelos esclarecimentos. Então e isso? Eu não entendo, então, por que meus pais que são sociólogos são de esquerda (já que defendem o direito dos trabalhadores, da evolução, do desenvolvimento social e igualitário), mas sempre votam em partidos elitistas. Agora fiquei mais que confuso. Ótimo texto! 1 imagem vale mais do que 1000 palavras: http://esquerdaxdireita.blogspot.com.br/ Pingback: “Mais de esquerda”? Para uma compreensão dos governos petistas | Capitalismo em desencanto caramba, texto perfeito muito bem explicativo. eu nem ia ler pelo tamanho kk mas depois dos comentarios mudei de idéia Pingback: “Deixa estar”: fé e ação interessada no banquete da Direita | Capitalismo em desencanto Poxa! Belo texto! Fiquei muito feliz de ter encontrado um blog com tamanha qualidade! Continuem assim. Obrigado! Parabéns pelo texto inteligente, claro e esclarecedor!
2023-02-06T09:54:39Z
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No episódio de ‘Louco por Elas’ desta terça-feira, dia 28, é a vez de Léo (Eduardo Moscovis) e Giovana (Deborah Secco) viverem a ressaca da comemoração dos 15 anos da primeira noite de amor juntos. Só mesmo os resquícios da noite anterior podem mostrar que a festa foi decisiva para a vida do casal, já que eles tomaram uns drinques além da conta e não lembram tudo o que fizeram juntos. Vestidos com roupas de noivos dentro de uma kombi enfeitada com latas e dizeres de “recém-casados”, o técnico e a apresentadora acordam sob os olhares de um padre (Antonio Fragoso) e um policial (Ricca Barros), que os repreendem pela baderna causada há algumas horas. Depois de despistarem a dupla, Léo e Giovana percebem que não têm dinheiro sequer para fazer uma ligação a cobrar. Como todos os pertences do casal sumiram, eles não conseguem pedir ajuda e nem ser achados pela família e pelos amigos. Desavisados, Dorothy (Luana Martau) e Diego (Gregório Duvivier) chegam à casa da escritora e se deparam com Juca (Fábio Lago) e Cibele (Ludmila Dayer), que se apresentam como os novos donos do pedaço. Os tais proprietários contam que conheceram os apaixonados Léo e Giovana na noite anterior e trocaram com eles a kombi que usavam para vender pamonha pelo cantinho da mãe de família. Enquanto Dorothy e Diego tentam encontrar os amigos, Juca e Cibele já dão um toque pessoal ao novo lar. O paradeiro de Theodora (Laura Barreto) também é desconhecido. Carolina (Raquel Bonfante) percebe que a amiga não está em casa e desconfia que ela possa estar na companhia de Soraya (Fabiana Motta). A menina segue, então, para o trabalho da mãe da colega de escola delas, Tati (Aninha Lima), em um estúdio de tatuagem e piercing. Lá, ela descobre que Theodora e Soraya estão sumidas. Apesar da primeira impressão intimidante dos funcionários do espaço, Carolina vai ganhar Tati como aliada na procura pelas amigas. Já Violeta (Glória Menezes) e Vitório (Arlindo Lopes) seguem em busca de aventura. Mas a relação dos dois vira alvo de ciúmes de Gregório (Silvio Mattos) e desgosto de Loreta (Lady Francisco), avó do rapaz que não aceita o envolvimento do neto com alguém cinco décadas mais velha. E Bárbara (Luisa Arraes) continua a fantasiar um namoro com Théo (Rafael Infante). Só que, agora, o romance não mais tem ares de proibido, pois o professor confessa que só pensa nela. O que paira sobre eles é o fantasma da relação passada dela com Felipe (Fabrício Belsoff). *Divulgação Globo*
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No episódio de ‘Louco por Elas’ desta terça-feira, dia 28, é a vez de Léo (Eduardo Moscovis) e Giovana (Deborah Secco) viverem a ressaca da comemoração dos 15 anos da primeira noite de amor juntos. Só mesmo os resquícios da noite anterior podem mostrar que a festa foi decisiva para a vida do casal, já que eles tomaram uns drinques além da conta e não lembram tudo o que fizeram juntos. Vestidos com roupas de noivos dentro de uma kombi enfeitada com latas e dizeres de “recém-casados”, o técnico e a apresentadora acordam sob os olhares de um padre (Antonio Fragoso) e um policial (Ricca Barros), que os repreendem pela baderna causada há algumas horas. Depois de despistarem a dupla, Léo e Giovana percebem que não têm dinheiro sequer para fazer uma ligação a cobrar. Como todos os pertences do casal sumiram, eles não conseguem pedir ajuda e nem ser achados pela família e pelos amigos. Desavisados, Dorothy (Luana Martau) e Diego (Gregório Duvivier) chegam à casa da escritora e se deparam com Juca (Fábio Lago) e Cibele (Ludmila Dayer), que se apresentam como os novos donos do pedaço. Os tais proprietários contam que conheceram os apaixonados Léo e Giovana na noite anterior e trocaram com eles a kombi que usavam para vender pamonha pelo cantinho da mãe de família. Enquanto Dorothy e Diego tentam encontrar os amigos, Juca e Cibele já dão um toque pessoal ao novo lar. O paradeiro de Theodora (Laura Barreto) também é desconhecido. Carolina (Raquel Bonfante) percebe que a amiga não está em casa e desconfia que ela possa estar na companhia de Soraya (Fabiana Motta). A menina segue, então, para o trabalho da mãe da colega de escola delas, Tati (Aninha Lima), em um estúdio de tatuagem e piercing. Lá, ela descobre que Theodora e Soraya estão sumidas. Apesar da primeira impressão intimidante dos funcionários do espaço, Carolina vai ganhar Tati como aliada na procura pelas amigas. Já Violeta (Glória Menezes) e Vitório (Arlindo Lopes) seguem em busca de aventura. Mas a relação dos dois vira alvo de ciúmes de Gregório (Silvio Mattos) e desgosto de Loreta (Lady Francisco), avó do rapaz que não aceita o envolvimento do neto com alguém cinco décadas mais velha. E Bárbara (Luisa Arraes) continua a fantasiar um namoro com Théo (Rafael Infante). Só que, agora, o romance não mais tem ares de proibido, pois o professor confessa que só pensa nela. O que paira sobre eles é o fantasma da relação passada dela com Felipe (Fabrício Belsoff). *Divulgação Globo*
2023-02-05T23:28:35Z
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**HELENA SINGER*** As manifestações que tomaram conta do país nos últimos meses têm aglutinado grupos e demandas das mais diversas, mas certamente há pontos em comum importantes para que elas tenham se espalhado com tamanha força a ponto de conquistar a redução da tarifa de ônibus nas diversas cidades e o compromisso da Presidenta, governadores e prefeitos com uma agenda de debates e mudanças. Já que agora os governantes estão anunciando que vão ouvir as ruas, é melhor atentar para estes pontos comuns ao invés de tentar desqualificar o interlocutor alegando ausência de lideranças. **Por uma nova Democracia** O primeiro destes pontos comuns é que de uma atitude de passividade e alienação que tem sido característica da população brasileira por décadas, passou-se para uma clara demanda por participação. Uma demanda tão explícita que está superando inclusive a nossa paixão pelo futebol – a população parece dizer que até preferiria que a Copa não fosse aqui, já que não há transparência nos processos decisórios relativos aos investimentos feitos. O estopim da crise, o aumento das passagens, já trazia a mensagem: não importam argumentos de que o reajuste seria inferior à inflação, o que importa é que a decisão foi tomada sem que tenham sido ouvidos os principais interessados – ou seja, os milhões de usuários do sistema. Deste aspecto já deriva o segundo ponto comum: o conflito claro e contundente entre democracia direta e democracia representativa. Todos os partidos e representantes eleitos pelo povo – prefeitos, governadores, Presidenta, vereadores, deputados, senadores, bem como suas equipes, foram acuados. Tiveram que sair pelas portas dos fundos, escapar de agressões, ficaram atordoados, reagiram de forma equivocada dando declarações que supostamente agradariam uma maioria conservadora ou simplesmente se calaram por tempo demais. A mensagem mais uma vez é nítida: passadas mais de duas décadas de retomada da democracia, a população já não se sente mais representada pelos que são eleitos em processos que dependem de vultosas “doações” e alianças partidárias que incluem os posicionamentos mais antagônicos para garantir a continuidade do poder nas mãos dos mesmos grupos. **Comunicação em Rede** O terceiro aspecto que unifica as manifestações refere-se a sua estratégia de organização. Aqui entra a força avassaladora das redes sociais que pegou a todos, sobretudo os mais velhos, de surpresa. As ocupações são chamadas por diversos grupos para pontos comuns ou pontos diversificados e se espalham de forma viral pelas redes. Ao se encontrarem nos pontos indicados, a comunicação continua pelo celular já que não há carros de som. A informação para os que não estão no encontro continua de forma descentralizada: as pessoas filmam, fotografam, comentam e enviam para as redes sociais. E para as redes de televisão que, percebendo a riqueza deste material, passaram a estimular que seus telespectadores lhes enviassem os registros. Ou seja, as manifestações estão também mandando um recado sobre o poder das novas tecnologias para o acesso, a criação, modificação e distribuição do conhecimento. Neste aspecto, é preciso atentar para o principal ator das manifestações: os jovens. São sempre questionáveis definições generalizantes sobre a juventude. De qual juventude estamos falando: a da classe média ou da classe trabalhadora? Dos bairros centrais ou da periferia? Das cidades grandes ou pequenas? Mas, hoje, há, de fato, um traço comum à grande maioria das pessoas do mundo com menos de 25 anos de idade: elas compõem o que alguns chamam “geração net”, aquela que está conectada continuamente, usando a rede mundial para desenvolver amizades, pesquisar assuntos de seu interesse, expressar-se em diversas mídias, criar. Esta geração está em profundo descompasso com a instituição que lhes é destinada em nossa sociedade, a escola. Os jovens de hoje usam as novas tecnologias intensamente, mas, sobretudo fora da escola: baixando livros eletrônicos, aprendendo idiomas, participando de redes sociais, chats e grupos em que exploram assuntos de seu interesse de forma colaborativa. Em contraposição, a escola – e também a universidade – é marcada pela desmotivação provocada por exames e notas, pela rotina maçante, pela ausência de novidades. Os estudantes que não têm seu potencial reconhecido ficam ainda mais desmotivados, não se sentem inteligentes e, aos poucos vão perdendo a capacidade de acompanhar as aulas. Claro que a inadequação do modelo escolar para a educação é muito anterior a estas novas tecnologias, mas, com elas, o descompasso se acentuou fortemente e agora, mais do nunca, precisamos superar o modelo atual por escolas que se organizem com base na participação ativa dos estudantes, que façam uso das novas tecnologias para a produção crítica do conhecimento, que promovam a apropriação da cidade. Talvez não esperássemos desta geração que parece ensimesmada com seus aparelhos digitais que valorizasse a capacidade de pensar no coletivo para superar o comodismo individual. Mas é isso que estamos testemunhando desde que se iniciaram os movimentos que vem derrubando as ditaduras no mundo árabe, a ocupação das praças nos países do hemisfério norte que naufragaram pela a crise causada pelo capital financeiro, no movimento cultural das periferias de grandes cidades brasileiras e, agora, nas mobilizações que se iniciaram em junho. São juventudes diversas, mas juventudes em movimento, com garra e desejo de transformação das cidades, dos países, do mundo. Assim como na primavera árabe e nas praças ocupadas pelos indignados dos países ricos, o ambiente é de conexão, troca, solidariedade. Diferente do que dizem as definições generalizantes que de tempos em tempos ocupam as capas de revistas, os jovens de hoje não estão genericamente acomodados, alienados, despolitizados. Eles estão reinventando a política para derrubar ditadores, desafiar os mais ricos e inverter a lógica do mercado cultural. **Pelo Direito à Cidade** Por fim e não menos importante, é preciso perceber a forma escolhida para a manifestação: a ocupação das ruas. Em São Paulo, são tão espalhadas as manifestações que dá a impressão de que a cidade toda foi tomada. Neste aspecto, a conexão com o ponto inicial de todo este processo é fundamental: a questão do transporte urbano. As manifestações reivindicam o direito à ocupação da cidade. No início, quando a mídia e os governantes ainda achavam que a “maioria pacífica” não iria concordar com esta “bagunça” – ruas fechadas, tráfego interrompido etc. – mandaram as forças policiais com toda sua truculência contra os supostos “baderneiros”. Mas, depois, ficou claro que a maioria concordava com esta estratégia. A ocupação das ruas coloca em xeque o fato de que o direito à circulação é na realidade um privilégio nas grandes cidades do Brasil hoje. A agenda dos anos 90, de universalização do acesso aos serviços, parece ter se esgotado, principalmente nas grandes cidades. Há certa generalização do acesso aos principais serviços públicos, como saúde educação, água encanada, rede de esgoto, coleta de lixo, energia elétrica, transporte público, ruas asfaltadas e iluminadas, delegacias, rondas policiais, parques, praças e quadras esportivas. No entanto, as cidades permanecem extremamente desiguais e a insatisfação se generalizou. Por exemplo, dados de pesquisa lançada pela Rede Nossa São Paulo no início deste ano indicam que os proprietários de automóveis costumam reclamar do trânsito, mas os 70% dos paulistanos que utilizam os ônibus aguardam, em média, 21 minutos até que chegue o seu. Só depois deste tempo é que se inicia sua jornada pelas ruas engarrafadas da cidade. Os usuários dos serviços públicos de saúde são, em sua grande maioria (86%), pessoas com renda familiar de até cinco salários mínimos. Estas pessoas aguardam, em média, 66 dias por uma consulta, 86 dias por um exame e 178 por procedimentos mais complexos. Já os 29% dos paulistanos que possuem planos de saúde privados não aguardam nem um quarto deste tempo. Dentre os usuários dos serviços educacionais públicos, 88% tem renda familiar de até cinco salários mínimos. Estes não avaliam mal os serviços recebidos. No entanto, o conjunto da população da cidade está insatisfeito com a educação: as famílias estão apenas medianamente envolvidas na educação, as condições de trabalho dos profissionais da educação também são apenas medianas. Ruim mesmo é a formação oferecida para o acesso ao mundo do trabalho, a promoção da cidadania e da democracia. O paulistano critica a abordagem das instituições em relação aos jovens: na pesquisa da Rede Nossa São Paulo, em uma escala de 0 a 10, 4,2 foi a nota dada para a forma como os policiais os tratam e 4,6 foi a nota para o nível de atratividade das escolas. As crianças e adolescentes não estão em situação melhor. A nota geral sintetiza a insatisfação dos moradores desta cidade com o funcionamento do sistema de garantias de direitos e a proteção oferecida a esta população. O morador está ainda insatisfeito também com seu acesso ao lazer e à cultura, cujas notas mal passaram de 4. Na cidade com maior oferta do país, lê-se pouco, frequentam-se poucos clubes e espaços de recreação, viaja-se pouco, menos ainda se vai ao cinema. Por aqui também é difícil ir a bibliotecas, centros culturais, teatros, shows, museus e exposições. A segurança também foi mal na avaliação dos paulistanos, com nota 4,1. Mas, é interessante notar que a visão da população sobre assunto se sofisticou e já não é maioria os que simplesmente pedem mais repressão. Entre as medidas sugeridas para diminuir a violência na cidade, os paulistanos citaram o combate à corrupção na polícia e nos presídios e as ações voltadas para a criação de oportunidades de trabalho para os jovens. Estão dois temas muito presentes nas manifestações: corrupção e juventude. Mas é a na área que recebeu a pior a avaliação que encontramos a maior conexão com o movimento iniciado em junho: a da transparência e participação política, que recebeu a nota 3,5. Os moradores daqui não estão satisfeitos com seu nível de conhecimento sobre os espaços de participação política, o acesso a informações úteis, o nível de participação nas subprefeituras, o acompanhamento das ações dos políticos eleitos, a transparência dos gastos e investimentos públicos, a punição à corrupção e com o nível de honestidade dos governantes. Enfim, se os governantes nos seus diversos poderes de fato ouvirem as ruas passarão agora a priorizar agendas referentes a criação ou fortalecimento de espaços de participação popular, especialmente da juventude, transparência na gestão administrativa, reforma política, acesso e distribuição das tecnologias da informação e mobilidade urbana. Os que evitarem esta agenda correm sério risco de precisar continuar escapando pelos fundos. * **HELENA SINGER** é socióloga, membro fundador do Núcleo de Psicopatologia, Políticas Públicas de Saúde Mental e Ações Comunicativas da USP e diretora pedagógica a Cidade Escola Aprendiz. ## Um comentário sobre “Ouvir as ruas: Juventude, Participação Política e Direito à Cidade” uau! grande balanço do movimento de junho e esclarecedoras reflexoes sobre as possibilidades abertas por ele. parabéns, professora e obrigada pelas informaçoes bem fundamentadas que nos passou. mas é justamente o seu artigo, pela objetividade, que me faz pensar que a passagem da apatia à dinâmica de açao e manifestaçao por toda uma populaçao e por toda uma juventude certamente esta’ ligada a uma década em que a esperança de existir e pesar socialmente se abriu para todo um povo. sei que nao é um comentario oportuno, mas também tem que ser dito.
2023-01-30T20:47:16Z
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Se existe um técnico na Europa que adora aceitar um desafio que poucos em sua situação teriam a coragem de topar, esse seria Didier Deschamps. Em pouco mais de dez anos na função, o francês trabalhou em três equipes turbulentas e de grande exigência pública, agora poderá ter uma visibilidade maior ao treinar a Seleção Francesa, que pelo terceiro torneio seguido, decepcionou e aumentou sua lista de brigas internas. A carreira de Deschamps como técnico iniciou-se em 2001. Ele assumiu o Monaco, recém campeão francês e pegaria um time em reconstrução. Claude Puel, comandante no título de 2000/01, deixou o clube após a conquista nacional. As principais referências do time na época tomaram mesmo rumo: Fabien Barthez se transferiu para o Manchester United, Willy Sagnol partiu para o Bayern, Sabri Lamouchi foi para o Parma, enquanto o artilheiro da equipe, David Trezeguet foi escrever sua brilhante história na Juventus. As primeiras temporadas da “era Deschamps” não foram boas e o Monaco se limitou a manter-se na primeira divisão francesa. Em 2003, a evolução foi gigantesca e o time, 15º colocado na edição anterior do Campeonato Francês, foi vice-campeão nacional. Naquele momento, o time que mesclava os jovens Évra, Adebayor e Plašil com os experientes Giuly e Pršo começava a despontar. O ápice desta geração e de Deschamps no Monaco foi na temporada 2003/04, onde chegaram a uma inesperada final de UEFA Champions League. Após passar por equipes poderosas, como Real Madrid e Chelsea, o time monegasco parou diante do Porto de Deco e Carlos Alberto. No Campeonato Francês, Deschamps obteve resultados satisfatórios desde então, terminando duas vezes em 3º lugar. Em 2005/06, o Monaco largou mal na temporada e o comandante ‘pagou o pato’, sendo demitido antes da metade do primeiro turno da liga. Deschamps deixou a charmosa cidade do Principado com o título da Copa da Liga de 2003. No ano seguinte, o francês topou mais um grande desafio: tirar a rebaixada Juventus da Série B. Assim como quando assumiu o Monaco, Deschamps contou com uma debandada dos principais jogadores. Ainda assim, possuía em seu elenco nomes como Del Piero, Trezeguet e Buffon que, por amor, ficaram na *Juve*. A equipe de Turim conseguiu aliviar os nove pontos negativos que tinha antes do início do campeonato e subiu para a primeira divisão. Muitos queriam sua permanência na Juventus, mas o relacionamento conturbado com o diretor Alessio Secco fez com que deixasse o clube. Ainda assim, Deschamps teve na Itália, seu melhor aproveitamento na carreira, com 66.7% de vitórias. Em 2009, ele voltou à ativa! Didier Deschamps foi a aposta do novo presidente do Olympique de Marseille, Jean-Claude Dassier, para tirar o time da fila de mais de quinze anos. Para sair de lá foram dois toques: em 2010, o OM conquistou dois títulos seguidos – Copa da Liga e Campeonato Francês – e o torcedor pôde, após 17 anos, tirar o incômodo grito de “é campeão” da garganta. Na temporada seguinte, o Marseille almejava sonhos maiores na Europa e acabou dando bobeira no campeonato nacional, onde deixou o troféu cair no colo do Lille. Na temporada mais recente, Deschamps, já dando sinais de desgaste com o diretor esportivo, José Anigo, acabou deixando o Marseille no meio da tabela, com uma campanha medíocre. Ainda assim, o time obteve um satisfatório rendimento continental, chegando às quartas-de-final da UEFA Champions League. Após incessantes negociações, clube e treinador chegaram ao acordo de encerrar a relação. Ao assumir a Seleção Francesa, Deschamps terá, de novo, um desafio e tanto, porém, nada comparado a reconstruir o Monaco, tirar a Juventus da segunda divisão ou recolocar o Marseille no caminho das vitórias. O problema francês é crônico. Os jogadores que atuam fora do país se sentem no direito de cobrar e questionar tudo e todos, enquanto os que jogam na França parecem estar acuados no ambiente hostil, sem ter uma alma protagonista. A grande vantagem que Deschamps parece ter em relação os seus antecessores – Laurent Blanc e Raymond Domenech – estão em dois pontos: – Deschamps é durão! O grande exemplo é Andre Pierre Gignac, que é um atacante de mediano pra bom, mas no Marseille foi muito papo pra pouca bola. O comandante sempre questionou esse autoritarismo do atleta e chegou a afastá-lo do elenco no final de 2011. – Deschamps conhece alguns atletas de outros carnavais. Hatem Ben Arfa e Patrice Évra, dois dos ‘baderneiros’ mais recentes já trabalharam com o novo comandante *Bleus* e sabem o que podem ou não fazer e vice-versa também. Acredito que este seja o único acréscimo que exista. Basicamente, o elenco será o mesmo que Blanc estava usando, assim como o esquema e talvez o estilo de jogo também permaneçam intactos. O presidente da FFF, Noël Le Graët, buscava alguém de mais pulso firme, que evitasse as confusões internas e acabou escolhendo o melhor nome. Entre as hipóteses levantadas, Deschamps levava ampla vantagem em relação Jean Tigana, Jean Fernandez, Paul Le Guen e até Francis Smerecki, treinador das seleções de base. É um desafio novo para Deschamps. Antes, bastava reconstruir um elenco desfeito e tentar trilhar um caminho vitorioso, agora, o time parece estar armado, com alguns ajustes a serem feitos, mas com uma construção inteira para ser concluída de fora das quatro linhas.
2023-01-27T13:33:06Z
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O que esses jogadores têm em comum? Todos eles são os maiores artilheiros da história de suas seleções. Mas qual desses você chegou a ver jogar em alto nível por seus países? Talvéz só Thierry Henry. Com um pouco mais de sorte, Batistuta também. Mas é pouco, para quem, que como eu, gosta de revirar a história e estar presenciando também. Quantas vezes você teve curiosidade de saber quem era o maior artilheiro de determinado time ou seleção e acabava descobrindo que esse jogador só havia jogado nos anos 50, 60? É só pegar os exemplos citados acima. Pelé jogos nos anos 50 até os anos 70, Scarone jogou dos anos 20 até os anos 30. Gerd Müller dos anos 60 até início dos anos 80, Bobby Charlton dos anos 50 até os anos 70, enquanto Luigi Riva jogou dos anos 60 até os anos 70. Quais desses você chegou a ver jogar ao vivo, sem que seja por vídeos? Acredito eu que nenhum! Hoje podemos presenciar a história sendo escrita na Seleção Espanhola. Desde o jogo da Espanha contra a Escócia, em outubro do ano passado, em que David Villa fez um gol, ele ficou empatado com Raúl na artilharia geral da Fúria com 44 gols. Só que hoje, o camisa 7 tomou conta de vez da artilharia histórica. A Espanha perdia para a República Tcheca por 1×0, até que Villa, o melhor jogador espanhol em campo recebeu na entrada da área, cortou o marcador, finalizou entre as pernas do zagueiro, tirando de Cech, empatando e peleja e se tornando o maior artilheiro da história da Espanha: Villa: 46 gols em 72 jogos (AFP) Só para aumentar um pouquinho mais a vantagem dele em relação a Raúl, Villa fez mais unzinho de pênalti… Mas voltando ao tema principal, estamos presenciando a história sendo escrita diante de nossos olhos. Não custa falar que Villa assumiu a artilharia geral tendo disputado 30 jogos à menos que Raúl. O atacante do Barcelona tem média 0.63 gols por jogo na Seleção Espanhola, enquanto o atacante do Schalke teve média de 0.43 gols por jogo. Pelo menos eu, costumo valorizar muito esses feitos individuais que alguns jogadores conseguem, de chegarem a x gols, a y jogos por determinado time, z recordes batidos, etc.. São coisas que a gente pode contar para alguém mais tarde, pois se não vivenciamos de perto, pelo menos vivos, soubemos na hora. Se Villa se manter como maior artilheiro espanhol por muito tempo, poderemos partilhar com mais gente que vimos o camisa 7 fazer o gol que lhe deu a liderança do ranking de artilheiros. Para completar, veja o Top 5 de maiores artilheiros da Espanha: David Villa – 46 gols em 72 partidas Raúl – 44 gols em 102 partidas Hierro – 29 gols em 89 partidas Morientes – 27 gols em 47 partidas Fernando Torres – 26 gols em 83 partidas Você pode dizer que foi a França, última colocada em seu grupo na fase final, com apenas um ponto. Pode dizer também que foi a Grécia, que com o rótulo de “atual campeã” terminou com zero ponto. Mas pra mim, a grande decepção da última Eurocopa não chegou nem na fase final… A Inglaterra, de Steve McLaren caiu na fase qualificatória. Um verdadeiro vexame! O English Team terminou em 3º lugar no Grupo E, com 23 pontos, atrás de Croácia e Rússia. O pior de tudo foi perder a vaga em Wembley, em uma trágica derrota por 3×2 para o selecionado croata. (Não custa lembrar que se a Inglaterra vencesse, se classificaria, deixando a Rússia – que foi a grande surpresa da competição – fora). Os tropeços daquela época foram simplesmente tolos. 0x0 com a Macedônia em casa, 0x0 com Israel fora não são tropeços dos mais comuns, assim como não é nenhum pouco bom dos quatro confrontos diretos – dois contra Croácia e dois contra a Rússia – ter somente uma vitória e três derrotas. Não à toa caiu fora… Os tempos hoje são outros. A vaga pode ser garantida com mais calma, tranquilidade e por que não, com soberania. É fato, esse atual time inglês é muito criticado, talvéz até igualmente ou mais que o time anterior que fracassou na última Euro, mas as atuais críticas vem graças a boa fama que os comandados de Fábio Capello criaram nas Eliminatórias para a última Copa do Mundo, mas decepcionando na África do Sul. A atual Inglaterra não encanta e nem convence, porém, a chance do fracasso ser evitado é muito grande. O English Team está no Grupo G das Eliminatórias e mesmo não liderando o grupo, o time soma duas vitórias e um empate, tendo um jogo à menos que o líder do grupo, Montenegro. A distância pra Suíça e Bulgária, times mais próximos é de 4 pontos e todas as três equipes tem o mesmo número de jogos. Inglaterra se prepara para enfrentar País de Gales (Getty Images) Essa vantagem pode aumentar. A Inglaterra travará nesse próximo fim de semana um duelo britânico contra o País de Gales fora de casa. O time adversário nunca teve uma grande história. Sua “grande história” é um jogador, Ryan Giggs e ainda não venceu nenhum dos três jogos que disputou nesse qualificatória. Embora o jogo seja disputado em Cardiff, no Millenium Stadium, não dá para dizer que o time de Capello jogará “fora de casa”. Certamente, muitos ingleses darão “uma passadinha” por lá. No mesmo dia, Bulgária e Suíça se enfrentarão em Sófia e só um seguirá numa perseguição mais próxima, se der empate então…. O que quero dizer com esse post que essa é “A Rodada” pra Inglaterra. O time pega o frágil time de Gales, que se limita a alguns artifícios como esse pra criar um frisson no estádio, que tem de se virar com o que tem de jogadores, no caso, o promissor Ramsey, o problemático Bellamy e a realidade Bale e… mais quem? Além de não ter nenhum mísero ponto. Em contra-partida, a Inglaterra terá a disposição jogadores como Ashley Cole, John Terry, Lampard, Wilshere e Rooney e a chance de começar a confirmar a vaga na próxima Euro. Os torcedores ingleses querem mais momentos como esse (Getty Images) A rodada será perfeita pro English Team caso vença País de Gales e veja búlgaros e suíços empatando. A Inglaterra chegaria a 10 pontos, empatando com Montenegro e ainda veria os times mais próximos com apenas 4 pontos. O problema, que pode vir a ser solução, é que logo após esse jogo contra País de Gales, a Inglaterra, no dia 4 de junho, pega a Suíça – jogo em casa – e a Bulgária, no dia de 4 de setembro. Será problema se não vencer nenhum dos dois jogos, ou se por acaso perder pro time que vencer o duelo entre Bulgária e Suíça deste sábado. Será solução se vencer os dois jogos. Deixará ambos para trás e Montenegro que se vire segurando-os. Não querendo ser o portador de más notícias, mas não custa lembrar também: Nos três primeiros jogos da Inglaterra nas últimas eliminatórias da Euro, o time somou os mesmos 7 pontos, com o mesmo histórico, começo com duas vitórias e empate no terceiro jogo. No quarto jogo daquela época, o English Team perdeu pra Croácia por 2×0, será que a história se repete? No grande jogo pelo Grupo C das Eliminatórias – Eurocopa 2012, Polônia e Ucrânia, Itália e Sérvia acabaram não se enfrentando, graças a cenas de pânico cometida pelos ultras sérvios, que seriam os radicais. A confusão já havia começado na sexta-feira, quando a Sérvia foi derrotada pela Estônia. Esses “torcedores” não gostaram nada disso e acharam um culpado: o inseguro goleiro Stojkovic, que chegou a ser ameaçado e ontem pediu dispensa do jogo. Ele se dirigia ao estádio Luigi Ferraris junto com os demais atletas, acredito eu que ficaria no banco, e uma bomba foi atirada ao ônibus, e o goleiro foi atingido de raspão e foi encaminhado a um hospital. Antes do jogo, em três pontos de Gênova, 15 sérvios se feriram em combate com a polícia. No estádio, esses “torcedores” fizeram baderna atrás de baderna, com sinalizadores sendo arremessados no gramado. A polícia, acho eu, até que fez certo, não partiu pro confronto, se não o pior aconteceria. O jogo se iniciou com mais de meia-hora de atraso, com 6 minutos, dois sinalizadores foram arremessados no gramado, na grande área do goleiro italiano, Viviano, não teve jeito, o árbitro Craig Thomson suspendeu a partida. Mas ele fez certo, estaria arriscando os atletas. Uma punição severa deve ser tomada. O comentarista dos canais ESPN, Leonardo Bertozzi lembrava em seu twitter, do incidente de anos atrás que proibiu os times ingleses de disputarem a Champions League. É claro que na época os clubes não tinham culpa, mas algo tinha de ser feito, para que coisas desse tipo não aconteçam mais. Se a UEFA proibir a Sérvia de jogar a Eurocopa, eu aplaudo Michel Platini e “seus amiguinhos” de pé. Para que explicar mais sobre esse episódio lamentável? As imagens abaixo explicarão tudo. Pelo mesmo grupo, Ilhas Faroe e Irlanda do Norte ficaram no 1×1, enquanto a Eslovênia venceu a Estônia por 1×0. P Seleções Pt Jg Vt Em De Sg 1 Itália 7 3 2 1 0 6 2 Eslovênia 7 4 2 1 1 4 3 Estônia 7 4 2 0 2 1 4 Irlanda do Norte 5 3 1 2 0 1 5 Sérvia 4 3 1 1 1 1 6 Ilhas Faroe 1 4 1 0 4 -13 Podolski foi decisivo (Getty Images) – No Grupo A, falaremos do que gostamos, futebol. A Alemanha teve certa dificuldade, mas venceu o Cazaquistão. Após um primeiro tempo onde o time alemão perdeu um caminhão de gols, na etapa final, o time acordou com Podolski. O atacante deu assistências pros gols de Klose e Gomez, além de marcar o 3º. A Alemanha tem 12 pontos e lidera o grupo, com cinco pontos à mais que a vice-líder Áustria. Vice-líder essa, que protagonizou um jogo maluco diante da Bélgica, 4×4. A zebra do dia foi a surpreendente vitória de Azerbaijão sobre a Turquia, 1×0. P Seleções Pt Jg Vt Em De Sg 1 Alemanha 12 4 4 0 0 12 2 Áustria 7 3 2 1 0 5 3 Turquia 6 4 2 0 2 0 4 Bélgica 4 4 1 1 2 0 5 Azerbaijão 3 3 1 0 2 -7 6 Cazaquistão 0 4 0 0 4 -10 – Pelo Grupo B, a Rússia fez sua tarefa, bateu a Macedônia. O único gol foi marcado pelo artilheiro Kerzhakov. Os russos lideram com 9 pontos, mas vê três times com 7 (Irlanda, Armênia e Eslováquia). Eslovácos e irlandeses ficaram no 1×1. Para a Eslováquia, Durica marcou, Ledger fez para a Irlanda. Até a Armênia goleia Andorra, 4×0. P Seleções Pt Jg Vt Em De Sg 1 Rússia 9 4 3 0 1 3 2 Irlanda 7 4 2 1 1 2 3 Armênia 7 4 2 1 1 2 4 Eslováquia 7 4 2 1 1 0 5 Macedônia 4 4 1 1 2 0 6 Andorra 0 4 0 0 4 -10 – No Grupo D, a França chegou a terceira vitória nas Eliminatórias diante do “pojeto” de Luxemburgo. Na primeiro etapa, Karim Benzema abriu o placar, na etapa final, Gourcuff deu números finais. Os franceses têm 9 pontos e lideram, seguidos pela Bielorússia que tem 8 e que hoje bateu a Albânia, por 2×0. P Seleções Pt Jg Vt Em De Sg 1 França 9 4 3 2 0 5 2 Bielorússia 8 4 2 2 0 3 3 Albânia 5 3 1 2 1 -1 4 Bósnia 4 3 1 1 1 1 5 Romênia 2 3 0 2 1 -2 6 Luxemburgo 1 4 0 1 3 -6 Laranja imbatível (Getty Images) – No Grupo E, a Holanda segue imbatível. A Laranja Mecânica derrotou nesta terça-feira a seleção da Suécia e disparou na ponta. Os holandeses fizeram quatro gols com dois jogadores. Huntelaar e Afellay fizeram dois gols cada. Granqvist descontou pros suecos. Quem, assim como eu, acompanhou o Mundial Sub 20 do ano passado, viu que a Hungria fez uma bela campanha, e esses valores estão mostrando que podem levar a Hungria de volta ao topo da Europa. A vitória por 2×1 sobre a Finlândia, com o gol da vitória conseguido aos 49 do segundo tempo com Dzsudszak, deixa os húngaros na 2ª colocação, com 9 pontos, três atrás da Holanda e três à frente da Suécia. A Moldávia venceu San Marino por 2×0 e começa a se assanhar no grupo. P Seleções Pt Jg Vt Em De Sg 1 Holanda 12 4 4 0 0 10 2 Hungria 9 4 3 0 1 8 3 Suécia 6 3 2 0 1 5 4 Moldávia 6 4 2 0 2 2 5 Finlândia 0 3 0 0 3 -4 6 San Marino 0 4 0 0 4 -21 – Quem lidera o Grupo F é a campeã de 2004, a Grécia, que bateu Israel. Os gregos saíram na frente num gol “meio-espírita” de Salpingidis, mas Spyropoulos fez contra e empatou, mas Karagounis fez o gol da vitória grega. A Grécia lidera com 8 pontos. Pelo mesmo grupo, Letônia e Geórgia ficaram no 1×1. P Seleções Pt Jg Vt Em De Sg 1 Grécia 8 4 2 2 0 2 2 Croácia 7 3 2 1 0 4 3 Geórgia 6 4 1 3 0 1 4 Israel 4 4 1 1 2 0 5 Letônia 4 4 1 1 2 -2 6 Malta 0 3 0 0 3 -5 – No Grupo G, a Inglaterra decepcionou de novo, ficou no 0x0 com a sensação Montenegro. Será que teremos mais uma Eurocopa sem o English Team? E o “retrancado, defensivo, anti-futebolístico” time da Suíça goleou País de Gales, por 4×1. P Seleções Pt Jg Vt Em De Sg 1 Montenegro 10 4 3 1 0 3 2 Inglaterra 7 2 2 1 0 6 3 Suíça 3 3 1 0 2 0 4 Bulgária 3 3 1 0 2 -4 5 País de Gales 0 3 0 0 3 -5 Paulo Bento ajeitando o time (Getty Images) – No Grupo H, Portugal venceu mais uma, mas não lidera. Diante da Islândia, os portugueses abriram o placar com Cristiano Ronaldo de falta. Os islandeses empataram com um gol polêmico. Helguson cabeceou, a zaga de Portugal tentou afastar, mas ela entrou. Não houve um angulo que esclarecesse o lance. Raúl Meireles, num petardo e Postiga, aproveitando rebote infantil do goleiro fecharam em 3×1. A Dinamarca venceu o Chipre em casa por 2×0. P Seleções Pt Jg Vt Em De Sg 1 Noruega 9 3 3 0 0 3 2 Portugal 7 4 2 1 1 3 3 Dinamarca 6 3 2 0 1 1 4 Chipre 1 3 0 1 2 -3 5 Islândia 0 3 0 0 3 -4 – No Grupo I, a Espanha suou mais do que esperava, mas derrotou a Escócia fora de casa. Os espanhóis abriram 2×0, com Villa de pênalti e Iniesta. Naismith e Piqué contra empataram. Llorente, que saiu do banco e fez o gol da vitória. A República Tcheca venceu Liechtenstein fora de casa, por 2×0, com gols de Necid e Kadlec.
2023-02-06T06:32:52Z
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O ativista Kevin Young, da Organização por uma Sociedade Livre, dos EUA, uma das organizadoras da marcha “Ocuppy Wall Street”, relembrou o ensinamento de antigos militantes, segundo os quais "primeiro, eles ignoram você. Depois, eles riem de você. Em seguida, eles atacam você, e então você os vence". Antonio Lassance O que há de comum entre as mobilizações da Tunísia, Egito, Iêmen e Síria, com as do Reino Unido, Itália e Chile; Portugal e Grécia; as da Espanha com as dos Estados Unidos? Muita coisa, mas vamos com calma. A lista de diferenças é ainda maior. Mesmo na Primavera Árabe, a Revolução Jasmim, da Tunísia, e a Revolução de Lótus, do Egito, floresceram em um mesmo terreno, mas são espécimes diversos. Respeitadas essas diferenças, o que há de semelhante pode e deve ser considerado global. Há questões econômicas, sociais, políticas e culturais comuns. A mais evidente é a indignação contra as desigualdades econômicas e sociais e a dominação política que as mantém e as faz aumentar. O slogan novaiorquino “somos os 99%” estampou a sensação de que a maioria vive no mundo da carência por se deixar dominar politicamente pelo 1% que vive no mundo da opulência. A mesma ideia ganhou diferentes expressões em todo os cantos. É um sentimento global compartilhado. A crise internacional é um fator comum. Ela tem gerado a revolta contra o mundo das finanças, que mandou as pessoas desocuparem suas casas hipotecadas, nos Estados Unidos, que demitiu servidores públicos na Grécia, que desempregou em massa na Espanha. A inflação mundial, com tendência de crescimento, tem como uma de suas vertentes o encarecimento dos alimentos, que afeta mais diretamente a população pobre. Este foi um problema de fundo na Tunísia, no Egito e no Oriente Médio. A estagnação econômica elevou o desemprego e todos se perguntam por que os governos ajudam os bancos, mas não ajudam as pessoas em pior situação. A maneira como os manifestantes foram tratados também tem traços em comum. Primeiro eles foram tidos por vozes isoladas; depois, provocadores, baderneiros, criadores de confusão. O governo sírio chamou os revoltosos de gangues. As autoridades britânicas também. O Partido Conservador cogitou criar um esquadrão especial antiprotestos e restringir o uso da internet, o que, convenhamos, são propostas para ditador algum botar defeito. O ativista Kevin Young, da Organização por uma Sociedade Livre, dos EUA, uma das organizadoras da marcha “Ocuppy Wall Street”, relembrou o ensinamento de antigos militantes, segundo os quais "primeiro, eles ignoram você. Depois, eles riem de você. Em seguida, eles atacam você, e então você os vence". Há uma revolta global contra a esclerose das referências políticas tradicionais. Isso vale para a Tunísia, o Egito, a Líbia, o Iêmen, mas também para a Europa, os Estados Unidos e o Chile. No caso das ditaduras, a esclerose estava associada à figura dos próprios ditadores. Ocorre o mesmo com Berlusconi, na Itália. Nos demais países, a esclerose é dos partidos, que não se renovam ou não empunham projetos alternativos, menos capazes ainda de encampar a defesa da igualdade. As manifestações tiveram referências espontâneas, mas contaram com o apoio e o ativismo de várias organizações, algumas mais, outras menos consolidadas, mas todas essenciais para que a indignação tomasse as ruas. O desafio é justamente conseguir canalizar a energia de sua espontaneidade para referências políticas capazes de montar coalizões governantes e disputar projetos de poder em seus países. Há mudanças demográficas globais em curso afetando principalmente jovens, mulheres e idosos. Surgiram novas formas de expressão cultural e novos hábitos de consumo de informação. Há uma revolta contra a velha mídia por conta da deturpação ou omissão de informações, do sarcasmo contra os pobres e da celebrização dos opressores. As marchas desmentiram aqueles que por aí diziam que havia acabado a época das grandes mobilizações populares, e que as novas maneiras de protestar eram cada vez mais individuais e virtuais. A comunicação eletrônica, ou autocomunicação de massa (como diz Manuel Castells), deu fôlego às manifestações, facilitou a mobilização, protegeu ativistas, disseminou a revolta. O feitiço virou-se contra o feiticeiro, e a tão propalada globalização agora ganha a forma de protesto, com cores muito diferentes, mas com um leve toque de jasmim. Antonio Lassance é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e professor de Ciência Política. As opiniões expressas neste artigo não refletem necessariamente opiniões do Instituto. ## Deixe um comentário
2023-02-03T09:24:47Z
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## Por que Jabor e os blogueiros da Veja mudaram de opinião sobre os protestos? Paulo Nogueira 20 de junho de 2013 Os insultos dos primeiros dias sumiram. Os três blogueiros da Veja e mais o professor Vila (segundo da esquerda para a direita) A revista Veja parece estar sob nova administração, poucas semanas depois da morte do proprietário e editor Roberto Civita. A capa de José Dirceu parece ter sido a última de uma era em que a revista foi, quase sempre, detestável. O sinal de mudança está na cobertura dos protestos, primeiro no papel e depois na internet. Na internet, nos primeiros dias, a revista pareceu seguir inercialmente a orientação anterior de reacionarismo inflamado e desconectado da realidade. O blogueiro Reinaldo Azevedo comandou a cobertura inicialmente, e logo foi seguido por seus colegas Augusto Nunes e Ricardo Setti, como o Diário notou anteriormente. Azevedo chamou os manifestantes de vagabundos, celerados, remelentos, terroristas e vândalos. Ele parecia ecoar o promotor Rogério Zagallo, que pedira à Tropa de Choque que atirasse nos “bugios” porque eles estavam provocando um congestionamento no local em que ele estava com seu carro. Nunes seguiu na mesma linha. Setti também. Ele chegou a republicar um artigo do publicitário aposentado Neil Ferreira no qual este, como Zagallo, sugerir passar fogo nos manifestantes, parte de uma “guerra suja”. Parece claro que Azevedo e companheiros, como Zagallo, cometeram um erro de avaliação monumental: associaram o MPL ao PT. A mudança veio na edição impressa. A Veja, para surpresa de muita gente, não rosnou como seus blogueiros. Os jovens nas ruas já não eram vagabundos. O que ocorreu? Provavelmente, uma conversa. Não mais que isso. Os herdeiros de Roberto Civita, Gianca (área administrativa) e Titi (conselho editorial) devem ter dito que não estavam de acordo com aquela visão que vinha se propagando no site. A reputação da revista já tinha problemas antigos. Mas a deles ainda não. Quem conhece as cúpulas das empresas jornalísticas sabe bem que quinze minutos de conversas são suficientes para conversões profundas em editores que pareciam fanáticos. O que se viu, depois que a Veja da semana passada chegou às bancas, foi uma mudança de tom veloz nos blogueiros. O momento mais icônico – e divertido – foi um texto em que Setti dizia, do nada, que sabia que tinha “exagerado” ao chamar os manifestantes de baderneiros. Augusto Nunes mudou de assunto por algum tempo, e ao voltar estava bem diferente. Pelo que entendi, parecia interessado em entender o significado dos protestos. Não quer dizer, é claro, que a revista se tornará libertária. Mas é previsível que ela vá buscar um tom de conservadorismo civilizado, como a The Economist, para ficar num bom caso. Na Globo, uma conversão súbita parecida ocorreu com Arnaldo Jabor. Dias depois de fazer um pronunciamento histérico contra os protestos, tomado como se fosse Feliciano, ele se desculpou abjetamente. Quem acredita que ele não recebeu uma instrução para se desdizer acredita em tudo, para usar a máxima de Wellington. As palavras odiosas de Jabor circularam amplamente na internet e cobraram seu preço. Sempre que os manifestantes encontravam um repórter da Globo, a hostilidade era imediata. Caco Barcellos, tido como uma voz destoante no ultraconservadorismo da Globo, levou um sopapo e foi expulso vergonhosamente de uma manifestação. Num gesto de desespero e de automutilação, a Globo tirou a marca dos microfones de seus jornalistas, para preservar sua integridade física. Caco apanhou por Jabor, pode-se dizer. Nos últimos dias, o tom bem mais baixo, Reinaldo Azevedo tem repetido que seu blog bate incessantemente recordes de audiência. (Pode-se imaginar a qualidade do público atraída pela pregação de ódio obtuso de Azevedo.) Os anúncios autocongratulatórios de recorde podem ser um sinal de que ele está sentindo que os ares mudaram na Veja, sob a nova geração de Civitas. TAGS» dcm, Jabor MPL, Veja Gianca Titi Civita, Veja protestos SP Postado em» Mídia Sobre o autor:Paulo Nogueira Veja todos os posts do autor Paulo Nogueira O jornalista Paulo Nogueira, baseado em Londres, é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo. Por que Jabor e os blogueiros da Veja mudaram de opinião sobre os protestos? | Diário do Centro do Mundo ## Deixe um comentário
2023-01-28T13:24:18Z
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O ativista Kevin Young, da Organização por uma Sociedade Livre, dos EUA, uma das organizadoras da marcha “Ocuppy Wall Street”, relembrou o ensinamento de antigos militantes, segundo os quais "primeiro, eles ignoram você. Depois, eles riem de você. Em seguida, eles atacam você, e então você os vence". Antonio Lassance O que há de comum entre as mobilizações da Tunísia, Egito, Iêmen e Síria, com as do Reino Unido, Itália e Chile; Portugal e Grécia; as da Espanha com as dos Estados Unidos? Muita coisa, mas vamos com calma. A lista de diferenças é ainda maior. Mesmo na Primavera Árabe, a Revolução Jasmim, da Tunísia, e a Revolução de Lótus, do Egito, floresceram em um mesmo terreno, mas são espécimes diversos. Respeitadas essas diferenças, o que há de semelhante pode e deve ser considerado global. Há questões econômicas, sociais, políticas e culturais comuns. A mais evidente é a indignação contra as desigualdades econômicas e sociais e a dominação política que as mantém e as faz aumentar. O slogan novaiorquino “somos os 99%” estampou a sensação de que a maioria vive no mundo da carência por se deixar dominar politicamente pelo 1% que vive no mundo da opulência. A mesma ideia ganhou diferentes expressões em todo os cantos. É um sentimento global compartilhado. A crise internacional é um fator comum. Ela tem gerado a revolta contra o mundo das finanças, que mandou as pessoas desocuparem suas casas hipotecadas, nos Estados Unidos, que demitiu servidores públicos na Grécia, que desempregou em massa na Espanha. A inflação mundial, com tendência de crescimento, tem como uma de suas vertentes o encarecimento dos alimentos, que afeta mais diretamente a população pobre. Este foi um problema de fundo na Tunísia, no Egito e no Oriente Médio. A estagnação econômica elevou o desemprego e todos se perguntam por que os governos ajudam os bancos, mas não ajudam as pessoas em pior situação. A maneira como os manifestantes foram tratados também tem traços em comum. Primeiro eles foram tidos por vozes isoladas; depois, provocadores, baderneiros, criadores de confusão. O governo sírio chamou os revoltosos de gangues. As autoridades britânicas também. O Partido Conservador cogitou criar um esquadrão especial antiprotestos e restringir o uso da internet, o que, convenhamos, são propostas para ditador algum botar defeito. O ativista Kevin Young, da Organização por uma Sociedade Livre, dos EUA, uma das organizadoras da marcha “Ocuppy Wall Street”, relembrou o ensinamento de antigos militantes, segundo os quais "primeiro, eles ignoram você. Depois, eles riem de você. Em seguida, eles atacam você, e então você os vence". Há uma revolta global contra a esclerose das referências políticas tradicionais. Isso vale para a Tunísia, o Egito, a Líbia, o Iêmen, mas também para a Europa, os Estados Unidos e o Chile. No caso das ditaduras, a esclerose estava associada à figura dos próprios ditadores. Ocorre o mesmo com Berlusconi, na Itália. Nos demais países, a esclerose é dos partidos, que não se renovam ou não empunham projetos alternativos, menos capazes ainda de encampar a defesa da igualdade. As manifestações tiveram referências espontâneas, mas contaram com o apoio e o ativismo de várias organizações, algumas mais, outras menos consolidadas, mas todas essenciais para que a indignação tomasse as ruas. O desafio é justamente conseguir canalizar a energia de sua espontaneidade para referências políticas capazes de montar coalizões governantes e disputar projetos de poder em seus países. Há mudanças demográficas globais em curso afetando principalmente jovens, mulheres e idosos. Surgiram novas formas de expressão cultural e novos hábitos de consumo de informação. Há uma revolta contra a velha mídia por conta da deturpação ou omissão de informações, do sarcasmo contra os pobres e da celebrização dos opressores. As marchas desmentiram aqueles que por aí diziam que havia acabado a época das grandes mobilizações populares, e que as novas maneiras de protestar eram cada vez mais individuais e virtuais. A comunicação eletrônica, ou autocomunicação de massa (como diz Manuel Castells), deu fôlego às manifestações, facilitou a mobilização, protegeu ativistas, disseminou a revolta. O feitiço virou-se contra o feiticeiro, e a tão propalada globalização agora ganha a forma de protesto, com cores muito diferentes, mas com um leve toque de jasmim. Antonio Lassance é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e professor de Ciência Política. As opiniões expressas neste artigo não refletem necessariamente opiniões do Instituto.
2023-02-05T04:05:09Z
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O ativista Kevin Young, da Organização por uma Sociedade Livre, dos EUA, uma das organizadoras da marcha “Ocuppy Wall Street”, relembrou o ensinamento de antigos militantes, segundo os quais "primeiro, eles ignoram você. Depois, eles riem de você. Em seguida, eles atacam você, e então você os vence". Antonio Lassance O que há de comum entre as mobilizações da Tunísia, Egito, Iêmen e Síria, com as do Reino Unido, Itália e Chile; Portugal e Grécia; as da Espanha com as dos Estados Unidos? Muita coisa, mas vamos com calma. A lista de diferenças é ainda maior. Mesmo na Primavera Árabe, a Revolução Jasmim, da Tunísia, e a Revolução de Lótus, do Egito, floresceram em um mesmo terreno, mas são espécimes diversos. Respeitadas essas diferenças, o que há de semelhante pode e deve ser considerado global. Há questões econômicas, sociais, políticas e culturais comuns. A mais evidente é a indignação contra as desigualdades econômicas e sociais e a dominação política que as mantém e as faz aumentar. O slogan novaiorquino “somos os 99%” estampou a sensação de que a maioria vive no mundo da carência por se deixar dominar politicamente pelo 1% que vive no mundo da opulência. A mesma ideia ganhou diferentes expressões em todo os cantos. É um sentimento global compartilhado. A crise internacional é um fator comum. Ela tem gerado a revolta contra o mundo das finanças, que mandou as pessoas desocuparem suas casas hipotecadas, nos Estados Unidos, que demitiu servidores públicos na Grécia, que desempregou em massa na Espanha. A inflação mundial, com tendência de crescimento, tem como uma de suas vertentes o encarecimento dos alimentos, que afeta mais diretamente a população pobre. Este foi um problema de fundo na Tunísia, no Egito e no Oriente Médio. A estagnação econômica elevou o desemprego e todos se perguntam por que os governos ajudam os bancos, mas não ajudam as pessoas em pior situação. A maneira como os manifestantes foram tratados também tem traços em comum. Primeiro eles foram tidos por vozes isoladas; depois, provocadores, baderneiros, criadores de confusão. O governo sírio chamou os revoltosos de gangues. As autoridades britânicas também. O Partido Conservador cogitou criar um esquadrão especial antiprotestos e restringir o uso da internet, o que, convenhamos, são propostas para ditador algum botar defeito. O ativista Kevin Young, da Organização por uma Sociedade Livre, dos EUA, uma das organizadoras da marcha “Ocuppy Wall Street”, relembrou o ensinamento de antigos militantes, segundo os quais "primeiro, eles ignoram você. Depois, eles riem de você. Em seguida, eles atacam você, e então você os vence". Há uma revolta global contra a esclerose das referências políticas tradicionais. Isso vale para a Tunísia, o Egito, a Líbia, o Iêmen, mas também para a Europa, os Estados Unidos e o Chile. No caso das ditaduras, a esclerose estava associada à figura dos próprios ditadores. Ocorre o mesmo com Berlusconi, na Itália. Nos demais países, a esclerose é dos partidos, que não se renovam ou não empunham projetos alternativos, menos capazes ainda de encampar a defesa da igualdade. As manifestações tiveram referências espontâneas, mas contaram com o apoio e o ativismo de várias organizações, algumas mais, outras menos consolidadas, mas todas essenciais para que a indignação tomasse as ruas. O desafio é justamente conseguir canalizar a energia de sua espontaneidade para referências políticas capazes de montar coalizões governantes e disputar projetos de poder em seus países. Há mudanças demográficas globais em curso afetando principalmente jovens, mulheres e idosos. Surgiram novas formas de expressão cultural e novos hábitos de consumo de informação. Há uma revolta contra a velha mídia por conta da deturpação ou omissão de informações, do sarcasmo contra os pobres e da celebrização dos opressores. As marchas desmentiram aqueles que por aí diziam que havia acabado a época das grandes mobilizações populares, e que as novas maneiras de protestar eram cada vez mais individuais e virtuais. A comunicação eletrônica, ou autocomunicação de massa (como diz Manuel Castells), deu fôlego às manifestações, facilitou a mobilização, protegeu ativistas, disseminou a revolta. O feitiço virou-se contra o feiticeiro, e a tão propalada globalização agora ganha a forma de protesto, com cores muito diferentes, mas com um leve toque de jasmim. Antonio Lassance é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e professor de Ciência Política. As opiniões expressas neste artigo não refletem necessariamente opiniões do Instituto.
2023-02-05T03:42:37Z
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## Dona do ChatGPT lança ferramenta “imperfeita” para detectar texto gerado por Inteligência Artificial O ChatGPT é um programa gratuito que gera texto em resposta a uma solicitação, incluindo artigos, ensaios, piadas e até poesia 2 de fevereiro de 2023, 04:54, Portal 247 **TORONTO, Canadá (Reuters) – **A OpenAI, criadora do popular chatbot ChatGPT, lançou uma ferramenta para identificar texto gerado por inteligência artificial, informou a empresa nesta quarta-feira. O ChatGPT é um programa gratuito que gera texto em resposta a uma solicitação, incluindo artigos, ensaios, piadas e até poesia, que ganhou grande popularidade desde sua estreia em novembro, ao mesmo tempo em que criou preocupações sobre direitos autorais e plágio. O classificador de inteligência artificial, um modelo de linguagem treinado no conjunto de dados de pares de texto, visa distinguir o texto escrito por robôs. O programa usa uma variedade de fontes para resolver problemas como campanhas automatizadas de desinformação e desonestidade acadêmica, disse a empresa. Em seu modo beta público, a OpenAI reconhece que a ferramenta de detecção não é muito confiável em textos com menos de mil caracteres e que o texto escrito por inteligência artificial pode ser editado para enganar o classificador.Continuar lendo “Dona do ChatGPT lança ferramenta “imperfeita” para detectar texto gerado por Inteligência Artificial” Já é possível escrever e ilustrar um livro inteiro em algumas horas com inteligência artificial. O que isso significa para o mercado das ideias? PublishNews, Julio Silveira, 31/01/2023 Você talvez tenha visto, em meio às “informações” que jorram aos borbotões em suas redes, a notícia de um livro infantil escrito e ilustrado por “inteligência artificial”. O *fait divers *dava conta do fim de semana em que um certo Ammaar Reshi usou um “gerador de textos” para compor um livro infantil e um “gerador de imagens” para ilustrá-lo. No domingo à noite, o livro já estava à venda na Amazon. Reshi seria talvez o primeiro “autor” de um livro que ninguém escreveu e que ninguém ilustrou. A tecnologia não é nova, mas parece que na virada do ano alcançou o patamar da HAL 9000 de Arthur Clarke: uma entidade algorítmica que se faz passar por humano — e o excede. O “gerador de texto” chama-se ChatGPT e é capaz de escrever instantaneamente desde receitas de bolo a tratados hagiográficos. E, sim!, pode escrever livros, no gênero e estilo que o freguês pedir. Eis um video com um passo-a-passo, do título aos capítulos ao texto; da orelha às avaliações de clientes: A capa e as ilustrações podem ser feitas do mesmo modo: um “comando” obedecido em menos de um minuto por um “robô”. Em outras palavras, o que importa agora é saber perguntar, não saber a resposta. Pode-se comandar que o sistema, por exemplo, «/imagine um menino conversando com uma máquina-de-escrever-robô, ilustração de livro infantil com lápis pastel». Antes que eu chegasse ao fim desse parágrafo, o Midjourney já tinha “pintado” a imagem abaixo. O deslumbramento com o resultado acaba quando você acrescenta ao comando «ilustrado por Ziraldo». Ou «escrito por Luis Fernando Veríssimo».Continuar lendo “A obra de arte na era da dispensabilidade de artistas” POR Leonardo Foletto, Jocabin Este mês completa 10 anos que o ativista Aaron Swartz nos deixou. Militante prodígio pela internet livre, ele participou de projetos importantes para democratizar o acesso ao conhecimento para todos e fornecer meios seguros para jornalistas receberem vazamentos – o que acabou fazendo dele um alvo das Big Techs e do Estado norte-americano. Dia 11 de janeiro de 2023 completou 10 anos da morte de Aaron Swartz. Ativista pelo conhecimento livre, programador genial, pensador autodidata, “sociólogo encarnado”, como ele mesmo se chamava, se suicidou aos 26 anos depois de sofrer uma brutal perseguição judicial nos Estados Unidos. O processo veio por conta de um suposto roubo de arquivos do repositório acadêmico da JSTOR, uma das maiores organizações de compilação e acesso pago a artigos científicos do mundo, enquanto era estudante do Massachussetts Institute of Technology (MIT). Aaron foi preso pela polícia em 6 de janeiro de 2011 por acusações de invasão de domicílio, após conectar um computador à rede do MIT e configurá-lo para baixar artigos da JSTOR usando uma conta de usuário convidado emitida para ele pela universidade. Em poucos dias, baixou mais de 4 milhões de artigos científicos, que pretendia disponibilizar para todos – não se sabe de qual modo – seguindo os princípios que ele defendia do acesso aberto.Continuar lendo “O guerrilheiro do conhecimento livre – Aaron Swartz” ## Lula se emociona em encontro com reitores e afirma que “a gente não tem dimensão do retrocesso que aconteceu nesse país” “O Brasil não merecia ter passado por isso”, afirmou o presidente 247, 19 de janeiro de 2023, 12:54 **247 – **Acompanhado da ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos (PCdoB), do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), do ministro da Educação, Camilo Santana (PT), e do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo (PT), o presidente Lula (PT) se reuniu na manhã desta quinta-feira (19) com reitores de universidades. “O encontro com vocês é o encontro da civilização”, classificou o Lula, lembrando que durante seus dois primeiros mandatos fazia encontros anuais com os reitores: “eu nunca consegui compreender qual era a dificuldade que um presidente da República tinha de se encontrar com reitores uma vez por ano. Não conheço presidente que tenha recebido conjunto de reitores, e a única explicação era medo de que vocês iriam fazer reivindicações. Eu e o Haddad colocamos em prática a ideia de que todo ano a gente tinha que fazer uma reunião. Vocês sempre apresentavam uma pauta de reivindicação, a gente estudava aquela pauta e no ano seguinte a gente fazia uma reunião, avaliava o que tinha sido atendido e vocês apresentavam outra pauta”.Continuar lendo “Lula se emociona em encontro com reitores e afirma que “a gente não tem dimensão do retrocesso que aconteceu nesse país”” ## Iphan detalha prejuízos causados pelo terrorismo e divulga imagens impressionantes da destruição de Brasília Órgão divulgou nesta quinta-feira um extenso relatório sobre os danos totais referentes a destruição promovida pelos terroristas no dia 8 de janeiro 247, atualizado em 18 de janeiro de 2023, 12:29 **247 –** O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) divulgou nesta quarta-feira (18) um relatório apontando um prejuízo histórico ao patrimônio brasileiro, consequência da destruição promovida pelos terroristas bolsonaristas no dia 8 de janeiro, na cidade de Brasília. O relatório detalha os itens que foram destruídos pelos vândalos e está dividido em quatro partes. Na primeira, são descritos os principais danos aos bens imóveis e móveis, com a listagem de ações emergenciais, de médio e de longo prazo que podem ser tomadas com o objetivo de restaurar e devolver os bens a seu estado prévio. Na segunda, são enumerados os recursos que podem ser utilizados pela administração pública em razão do Conjunto Urbanístico de Brasília ser considerado um Patrimônio Cultural Mundial. Na terceira, é apresentado um levantamento preliminar de corpos técnicos que podem contribuir com etapas posteriores do processo de análise e restauro. Na quarta e última parte, estão os registros fotográficos das vistorias, com a descrição sintética dos danos encontrados. Continuar lendo “Iphan detalha prejuízos causados pelo terrorismo e divulga imagens impressionantes da destruição de Brasília” **Confira abaixo algumas imagens dos danos promovidos e a íntegra do relatório: ** ## UFSCar em defesa da Democracia e em repúdio aos atos terroristas contra o patrimônio público e os Três Poderes da República ### Comunicado CCS, 08/01/2023 Estarrecidos diante das notícias de atos golpistas nas últimas horas, que atacam violentamente o patrimônio público brasileiro e, ainda mais grave e simbólico, os Três Poderes da República e, assim, a própria democracia, Administração Superior e entidades representativas da Comunidade UFSCar – APG, ADUFSCar, SinTUFSCar e DCE Livre – vêm a público conjuntamente repudiar essas ações terroristas: invasão da Praça dos Três Poderes seguida de vandalismo no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal. Estarrecidos, porém não surpresos. As movimentações foram planejadas e amplamente anunciadas nas redes sociais nas últimas semanas, sem a devida reação do Governo do Distrito Federal, por isso agora sob Intervenção Federal decretada pelo Presidente da República. Também há indícios de conivência de forças de segurança pública do DF e de congressistas fiéis ao ex-Presidente da República. Essa movimentação, que busca repetir o que foi o ataque ao Capitólio nos Estados Unidos em 2020, é o ápice de um conjunto de ações golpistas que desrespeita o resultado das urnas e avança no seu objetivo de desmantelar os aparelhos institucionais. Ações não espontâneas, ou seja, fomentadas e financiadas por lideranças que precisam ser devidamente identificadas e responsabilizadas, que não representam a vontade da população brasileira. Essa população, portanto, deve se reunir em torno da defesa do Governo legitimamente eleito e empossado, da Constituição Federal e do Estado Democrático de Direito. Devem ser investigadas e devidamente responsabilizadas todas as pessoas envolvidas, com destaque a gestores e outros servidores públicos coniventes e, também, àqueles que financiam esses atos terroristas. Deve, por fim, ser concluída com celeridade a ação de encerramento de acampamentos e bloqueios viários antidemocráticos. Tem se tornado frequente a utilização do termo “baderna” para qualificar o momento triste de nossa história que vem se desenrolando nas últimas horas e, embora sejam, de fato, baderneiros, que depredam também o patrimônio que é de todos os brasileiros e todas as brasileiras, precisam ser caracterizados adequadamente como inimigos da Democracia e da própria liberdade que tanto afirmam defender. Ver as forças de segurança pública subindo a rampa do Palácio do Planalto para conter os golpistas apenas uma semana após a emblemática imagem do Presidente da República recém-empossado subindo a mesma rampa ladeado pelo povo brasileiro representado por um conjunto diverso e significativo de pessoas deve, ao mesmo tempo, causar, claro, indignação, mas também nos motivar ainda mais à luta e ao trabalho pela superação dos imensos desafios que temos à frente, para unificação e reconstrução de nosso país. A UFSCar está alerta e a postos para combater esses ataques. Democracia sempre, Ditadura Nunca Mais! Decreto assinado por Lula prevê a criação da Secretaria de Políticas Digitais no âmbito da Secom. Trabalho será conduzido por João Brant, sob a supervisão do ministro Paulo Pimenta * 2 de janeiro de 2023, 08:40 h Atualizado em 2 de janeiro de 2023, 09:09 * **247 – **Edição do Diário Oficial da União (DOU) deste domingo (1) elenca as competências da Secretaria Especial de Comunicação Social do governo Lula (PT), chefiada pelo ministro Paulo Pimenta (PT-RS). A Secom contará com a Secretaria de Políticas Digitais, que será dividida entre Departamento de Promoção da Liberdade de Expressão e o Departamento de Direitos na Rede e Educação Midiática. Caberá à Secretaria de Políticas Digitais, dentre outras competências: - formular e implementar políticas públicas para promoção da liberdade de expressão, do acesso à informação e de enfrentamento à desinformação e ao discurso de ódio na Internet, em articulação com o Ministério da Justiça; - apoiar medidas de proteção a vítimas de violação de direitos nos serviços digitais de comunicação, em articulação com outros ministérios; - formular políticas para a promoção do pluralismo e da diversidade midiática e para o desenvolvimento do jornalismo profissional; - formular políticas para a promoção de conteúdo brasileiro no ambiente digital, em articulação com o Ministério da Cultura; - formular e implementar políticas públicas para promoção do bem-estar e dos direitos da criança e do adolescente no ambiente digital, em articulação com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania;
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. O sistema de combate conhecido como *Jujutsu* ou *Jiu-Jitsu*, nos seus mais diversos estilos, nasceu no Japão, designando ele genericamente todos os sistemas japoneses de combate sem uso de arma ou minimamente armado, sendo o seu uso o campo de batalha. Shihan Jigoro Kano informa na sua obra *“Kodokan Judo*” que o caracter “Ju” do termo *Jujutsu* significa “gentileza”, “ceder”, ideograma *Ju-no-Michi*, tendo o termo *Jujutsu* o significado de arte (prática) de ceder, da flexibilidade, como também informa que é possível que a origem do termo *Jujutsu *tenha nascido da expressão *Ju Yoku Go o Seisu,* significando Flexibilidade controla a rigidez. Os bushis desenvolveram as artes marciais clássicas japonesas, incluindo as diversas armas, assim como também desenvolveram vários sistemas de combates armados, minimamente armados e desarmados, voltados para a aplicação em campo de batalha. Um dos primeiros registros da existência de artes combativas no estilo japonês dos tempos primitivos é encontrado no *Nihon Shoki* (Crônicas do Japão), escrito no ano 720, narrando a existência de *Chikara Kurabe* ou competições de “Comparação de Força”. Outros documentos do século X descrevem a mecânica de métodos combativos semelhantes, e essas habilidades foram transmitidas através dos tempos, utilizadas por guerreiros que constituíram um estrato social aristocrático e privilegiado da sociedade japonesa, sendo conhecidos como *bushis, *que realizaram um estudo completo de muitos tipos de lutas que empregavam instrumentos letais. A partir do século dezessete a paz doméstica no Japão marcou o início do colapso da classe guerreira (os samurais) que havia tomado as rédeas do poder a partir do século doze, com o afastamento da família imperial. Com o início da Era Meiji, a partir de 1868, os diversos estilos ( *Ryu*) de *Jujutsu* foram-se adaptando de uma forma de luta em campo de batalha para a vida civil urbana. Shihan Mifune, 10º Dan de Judô, assinala em sua obra, The Canon of Judo, que os principais registros acerca do assunto encontram-se do Período Edo (1600-1868) em diante, informando a existência de uma arte marcial parecida com o Jujutsu encontrada no *Judo Higashuko* (Registros Secretos do Judô), constando haver uma forma de luta popular desde o Período Eisei (1504-1520), existindo também a informação em uma obra intitulada *Honcho-Bugei-Shoden* (Uma Breve História das Artes Marciais Japonesas), publicada no Período *Shotoku* (1711-1715), cujo autor, *Hinatsu Shigetaka*, narra a existência de um grupo de artes marciais desenvolvido ao longo da história, incluindo-se nesse grupo o *Taijutsu, Taido, Wajutsu e o Gojutsu, *como também narram Tadao Otaki em Donn F. Draegger, em sua obra “ *Judo Formal Techiniques: a complete guide to Kodokan Randori no Kata”*, que, em sentido amplo, a partir do século XVII o termo *Jujutsu* inclui diferentes sistemas de combate *como Kumi-uchi, Kogusoku, Koshi no Mawari* e outros. No mês de junho do ano de 1532, *Takenouchi Hisamori* fundou a *Takenouchi Ryu*, referindo-se ao *Jujutsu* como *Yawara*. Do estilo ( *Ryu*) *Yoshin*, informam *Shihan Jigoro* *Kano* e T. Lindsay no Relatório da Sociedade Asiática do Japão, volume 15, que esta escola começou com *Miura Yoshin*, um médico de *Nagasaki*, nos tempos dos Shoguns Tokugawa, significando “Coração de Salgueiro” ou “Espírito do Salgueiro” e que a *Tenjin-Shino-Ryu *originou-se de *Iso Mataemon*, que estudou primeiro a *Yoshin-Ryu*, com *Hitotsuyana*gi e a *Shin-no-Shinto-Ryu *com *Homma Joyemon*. O estilo (Ryu) *Araki*, de acordo com o *Bugei-Ryusoroku* (Registro dos Fundadores das Escolas de Artes Marciais) desenvolveu-se no Período Tensho (1573-1591) por *Araki Numisai*. O *Ryoi-Shinto-Ryu*, também conhecido como *Fukuno-Ryu* foi criado por *Fukuno Schichiroemon* no século XVII, desse estilo derivou-se a *Kito Ryu*, que chegou a possuir em determinada fase de sua história cerca de três mil praticantes. Citamos alguns estilos (Ryu) de *Jujutsu: Yoshin, Kyushin, Iga, Teiho-Zan, Kuso, Jiki-Shin, Seiso, Kashin, Isei Jitoku-Tenshin, Tenshin-Shinyo, Totsuka, Takenouchi.* Por volta do século XIX, o *Jujutsu* constituía-se em uma coleção de táticas usadas contra um adversário armado ou desarmado, tornando-se os seus estilos tão números que eram contados as centenas, com a multiplicação das *Ryu. * Do estilo guerreiro e marcial passou a um uso civil, o que lhe trouxe um refinamento das suas técnicas a partir do período de paz por que passava o Japão, contudo, durante já a primeira metade do século XIX estava ocorrendo uma deturpação da arte com as atitudes de alguns praticantes de alguns *Dojos *que acreditavam ser necessário, para a aferição da efetividade das técnicas criarem uma situação real de combate no ambiente urbano que reproduzisse o campo de batalha, passando a desafiar os praticantes de outras academias, com também agredindo alguns civis de forma aleatória, provocando badernas e confusões, trazendo a má fama para a imagem do Jujutsu, assim como realizavam exibições em teatros em combates contras praticantes de *Sumô (Sumotori)*. Os diversos estilos de Jujutsu incluíam duas partes em sua prática, o *Randori* e o *Kata, *constituindo-se o primeiro em técnica livre, em que dois alunos combatiam dentro do ambiente do Dojo, enquanto que o *Kata* era uma forma de movimentação para dois participantes de maneira pré-arranjada. . **Referências:** KANO, Jigoro. **Kodokan Judo. **1 ed. Tóquio: Kodansha International. 1986. MIFUNE, Kyuzo. **Then Canon Of Judo: classic teachings on principles and techniques**. Tóquio: Kodansha International. 2004. OTAKI, Tadao; DRAEGER, Donn F. J **udo Formal Techiniques**: **a complete guide to** **Kodokan Randori no Kata**. Tóquio: Charles E. Tuttle Company Inc. 1997. http://judoinfo.com/new/alphabetical-list/judo-history/136-jujutsu-by-jigoro-kanoand-t-lindsay WATSON, Brian. **The father of Judo**: **a biography of Jigoro Kano**. Tóquio: Kodansha International.2000 . * **Marcos José do Nascimento** – Servidor Público Federal e faixa-preta em Judô pela **Higashi** e de Aikidô pela **Academia Central de Aikidô de Natal**. . **Colaboração:** . Boa noite! Não se preocupe continue fazendo o que o seu sensei te orientou... A questão do uso do hakama…
2023-02-03T02:51:24Z
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*Os tristes acham que o vento geme. Os alegres acham que ele canta. Luís Fernando Veríssimo)* **Mudança radical** 28/07/2021 – 00H38 – Atenção! O Sistema Alerta Rio informa que estão ocorrendo rajadas de ventos fortes neste momento, em alguns pontos da cidade do Rio. De acordo com o Alerta Rio, há condições para que estes ventos continuem ocorrendo durante a madrugada e manhã desta quarta-feira devido à aproximação da frente fria. Entre 23h de 27/7 e 0h de 28/7, houve registros de rajadas FORTES de ventos em alguns pontos, tendo sido aqui no município do município a segunda mais alta medição na Marambaia, com velocidade de 58,7 km/h, medida pela estação meteorológica do INMET. Além do vento, a previsão é de queda significativa da temperatura no correr do dia. **Efeito colateral** Como já informado aqui no blog, há um grupo de moradores de rua, cerca de vinte, se abrigando na área do antigo café de presidente, próximo à capitania dos portos, em Itacuruçá. Na última segunda-feira, trabalhadores lotados no Centro Cultural do distrito descobriram que, durante o final de semana houve uma tentativa de arrombamento e invasão da unidade. O azar dos invasores foi que, depois de conseguirem quebrar e abrir um buraco na madeira de uma das portas, deram de cara com uma estante cheia de livros e nenhum espaço para completar a invasão. Além do pequeno prejuízo patrimonial, nem mesmo os poucos livros que tiveram acesso eles levaram. Ficaram todos jogados no chão da biblioteca. Como já informado aqui no blog, há um grupo de moradores de rua, cerca de vinte, se abrigando na área do antigo café de presidente, próximo à capitania dos portos, em Itacuruçá. Há fortes suspeitas de que a tentativa de invasão tenha partido desse grupo. **Cultura seguindo em frente** **** Evento cancelado em virtude das condições do tempo* ## 8 comentários em “28 de julho de 2021” Jair Bolsonaro, para os europeus, é o pior presidente do mundo. O consórcio de institutos de pesquisa Euroskopia perguntou a espanhóis, alemães, austríacos, franceses, italianos e poloneses como eles avaliavam os principais líderes internacionais, com uma nota de zero a dez. Joe Biden recebeu, em média, 6,20; Vladimir Putin, 4,37; Xi Jinping, 3,96. Jair Bolsonaro chegou em último lugar, com 3,26. O derretimento de sua imagem da Europa foi ainda mais violento do que no Brasil. Por essas e outras que já estou sentindo muitas saudades do Lula… Professor . Estou CHOCADO,de verdade,sem figura de retórica, Vi os milhares de adeptos do presidente agrupados defendendo o voto impresso depois do vexame de quinta feira. Começo a duvidar da minha sanidade mental. Existe uma realidade paralela à qual não tenho acesso? Sempre temi que a idade me levasse a razão. Por favor me explique a lógica deste raciocínio para que eu me recupere. Beijos. Não estou achando esse frio tão intenso aqui no litoral. Está friozinho como costumamos ter anualmente alguns dias com baixas temperaturas de maio até setembro a ponto de ser necessário dormir com três cobertas. Mas o interessante é que se dizia há uns 30 ou 45 dias que o inverno de 2021 seria quente e seco… https://extra.globo.com/noticias/rio/inverno-no-rio-tera-temperaturas-mais-quentes-que-media-para-estacao-25078939.html Em todo caso, soube de que, nas cidades serranas fluminenses, houve temperaturas em torno de zero grau, com muito frio abaixo de zero no Itatiaia, como ocorre todos os anos, bem como temperaturas negativas em cidades serranas catarinenses, gaúchas e paranaenses, havendo nevado em alguns municípios do Sul. Ainda assim, o que me preocupa é a situação das pessoas sem teto nos lugares frios e também se teremos chuvas suficientes para evitar falta d’água e elevação da conta de energia elétrica. Professor Vosmicê não parece tirar vantagens indevidas destes governos criminosos. Nem que lhe falte inteligência e discernimento. Poderíamos atribuir a um desvio patológico de personalidade seu apoio a estes crápulas ? Professor. Aqui e ali notei um certo bolsonarientismo tóxico em vosmicê. Não acredito em tamanha falta de discernimento ,embora seu charlinismo incompreensivel seja inconteste. A minha descrença em deus advêm desta imbecilidade humana… A obra de Mao Tsé-Tung não tornou Hitler um monstro menor. Eduardo Jair Bolsonaro provou que está demente. As imbecilidades sobre fraudes eleitorais disparadas no picadeiro montado no Palácio da Alvorada, ontem à noite, só podem ser interpretadas como o gesto desesperado de um homem doente que, no fundo, espera ser interditado. O derretimento de sua popularidade obrigou-o a passar do autogolpe para o autoimpeachment. Ele deve imaginar que, se o STF o afastar, seus apoiadores aloprados vão tacar fogo nas ruas, e que a baderna pode resultar, com uma mãozinha divina, num contragolpe militar. Estou especulando porque ninguém sabe com certeza o que circula pela mente de uma pessoa assim – burro e doido.
2023-02-07T17:14:39Z
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*A vitória pertence a quem acredita nela, especialmente àquele que acredita nela por mais tempo! (Anônimo)* **Barco furtado ** Incidente que não acontecia em Itacuruçá já há algum tempo, voltou a ocorrer no dia de ontem. O barco abaixo foi furtado na madrugada de ontem no canal de Itacuruçá. O barco de trabalho pertence ao morador Glaucio que, desesperado com a perda do meio de sustento dele e da família, pede a atenção de todos para qualquer informação que possa localizar a embarcação. **Baderna no mar** Ainda na questão da segurança no mar, moradores e turistas publicaram, no último final de semana, vídeos de um grupo de motonautas literalmente *“apavorando”* pessoas que passeavam em saveiros e embarcações menores realizando manobras arriscadas, em alta velocidade, ao redor deles. **Segurança pública ** Já em terra, a prefeitura de Mangaratiba anunciou, ontem, após reunião, com o secretário da Polícia Militar do RJ, que conseguiu a garantia do aumento de mais 25 policiais para o quadro efetivo de Mangaratiba. **Meio ambiente** Mangaratiba acaba de conquistar o 7º lugar no Ranking Estadual do ICMS Ecológico 2021. E além de ficar em posição de destaque entre os 92 municípios do Estado, a cidade ainda conseguiu progredir em sua colocação, deixando para trás o 15° e o 11° lugares conquistados em 2019 e 2020, respectivamente. A nova classificação foi divulgada pelo Diário Oficial do Estado na última quarta-feira. O Ranking do ICMS premia as cidades do Estado de acordo com as ações ambientais adotadas pelas prefeituras para a proteção do meio ambiente, investimentos em projetos ambientais e restrição do uso do território. Dentre os critérios observados estão: ações de gerenciamento de resíduos, educação ambiental, controle do meio ambiente, proteção de unidades de conservação, entre outros. **Meio ambiente II** O ICMS Ecológico foi criado a partir da Lei Estadual n° 5.100/2007, que acresce aos critérios estabelecidos para o repasse dos recursos aos municípios, a conservação ambiental. O cálculo considera as áreas pertencentes as unidades de conservação, a qualidade ambiental dos recursos hídricos, além de outros critérios referentes ao saneamento básico. Os valores totais, repassados aos municípios através do ICMS ecológico, correspondem ao percentual de 2,5% do total de ICMS arrecadado pelo Estado. **A solucionar** Noutra ponta da questão ambiental, continua sem solução a questão do descarte do lixo doméstico. Apesar de todos os esforços levados a efeito até agora, como a implantação de jardins em pontos onde havia descarte de lixo; a passagem diária (em alguns locais duas vezes ao dia) do caminhão de recolhimento; a determinação de dias e horários para coleta sob pena de multa para quem a descumprir, ainda continuam existindo *“monturos”* de lixo em locais os mais inusitados, como esse abaixo, em plena avenida principal da Brasilinha, a atrair cães vadios, pombos, ratos e urubus, especialmente nas primeiras horas da manhã. Segundo alguns moradores, ao menos deveriam retornar as grandes caçambas de coleta nesses pontos. ## 6 comentários em “20 de agosto de 2021” Domingo de sol lindo. Caos estacionamentário (essa é minha). Será que um dia vamos aprender à votar? Acho que não vou ver isto acontecer. Zé Antonio está me olhando com olhares lucrativos… Ministro da Educação diz que diploma de universidade não adianta porque não tem emprego O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) comentou em entrevista ao Congresso em Foco a escalada golpista do presidente Jair Bolsonaro. “Ele acredita que o caminho autoritário é melhor. Bolsonaro realmente mostra um absoluto desapreço pela democracia, pelas instituições e não quer fazer um esforço pela democracia de negociar, dialogar, ouvir a sociedade. Isso aponta para uma postura golpista, então eu acredito que Jair Bolsonaro possivelmente tentaria um golpe.” Vieira afirmou ter certeza de que Bolsonaro não será bem-sucedido em sua tentativa. “Tentar é possível, sim, e acredito que vai gerar um trauma nacional muito grande. Acredito que nossas instituições são robustas o suficiente para suportar esse desafio. São poucos crimes que são mais graves que uma tentativa de golpe. A consequência é a cadeia.” Bolsonaro visita mãe: “Pode ser a última vez” Bolsonaro tem mãe? Curioso que as águas da baía de Sepetiba situadas no Município estão dentro da APA Marinha Boto Cinza. Cadê a fiscalização da Prefeitura?! “Bolsonaro, vá procurar o que fazer! Nós estamos com mais de 14 milhões de desempregados, 19 milhões de famintos, inflação descontrolada! Cuide dos problemas reais do país e não fique arranjando mais problemas do que o nosso povo já tem!”
2023-01-27T13:40:30Z
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**Jeferson Miola ** Há oito dias, desde o dia 1º de novembro, falanges fascistas que atentam contra a democracia obstruem vários trechos de ruas do centro histórico de Porto Alegre onde estão localizados o Comando Militar Sul do Exército Brasileiro, a Capitania Fluvial da Marinha do Brasil e, ainda, o Quartel do Comando Geral da Brigada Militar. Além dos comandos policiais e militares, naquela área também está sediado o Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, órgão auxiliar da Assembléia Legislativa. Quem passeia por aquela microrregião da cidade, convertida em quintal de fascistas inconformados, se depara com patriotas fervorosas orando em voz alta no portão da Igreja Nossa Senhora das Dores, situada cerca de 30 metros distante do Comando Militar Sul, em linha diagonal. Ardorosamente e clamorosamente, as patriotas em oração pedem a intervenção divina para que as Forças Armadas salvem o país! Uma delas, ajoelhada no primeiro degrau da escada do portão da igreja, e trajando bandeira do Brasil à moda “capa do Batman”, suplica com choro copioso pela intervenção militar. O caminhão de som toca hinos cívicos. Algumas dezenas de “canarinhos patrióticos”, horas a fio em pé, repetem *ad nauseam* palavras de ordem contra o TSE e “Xandão”, de apoio a Bolsonaro e com pedido de “socorro” às Forças Armadas. As faixas com inscrições antidemocráticas, golpistas e inconstitucionais adornam o ambiente. Uma verdadeira balbúrdia. Os patriotas têm cozinha, instalações sanitárias, barracas, comida, bebida e um eficiente sistema de provisionamento e abastecimento. Tem até ambulância e serviço de atendimento médico. Não é coisa de amador, não. É coisa de profissional do ramo de locaute contra a democracia. Tampouco é algo improvisado, porque planejado com antecedência. Gradis foram providenciados para proteger a horda. Não está claro qual instituição providenciou o cercadinho de proteção. É uma estrutura onerosa, que requer robusto financiamento e profissionalismo. Como revelou Mario Luiz Sarrubbo, Procurador-geral de São Paulo, “há uma grande organização criminosa por trás” do levante dos fascistas naquele Estado da federação. Um esquema empresarial criminoso. Financiado por criminosos nacionais e estrangeiros. Ali é uma farra permanente. A ocupação mantém um número regular de patriotas durante as 24 horas do dia, que se revezam em turnos e plantões. Aquela área da cidade se tornou um território sem lei. Embora se observe a presença apreciável de agentes de trânsito da Prefeitura de Porto Alegre [os fiscais “azuizinhos” da EPTC], de guardas municipais, de brigadianos e de soldados da Polícia do Exército, a algazarra transcorre em absoluta normalidade, sem ser molestada pelas amigáveis autoridades policiais. As ruas, que ostentam placas indicando “infração grave”, “proibido parar e estacionar”, “área azul”, “área restrita para autoridades” e, inclusive “área militar”, estão ilegalmente ocupadas por veículos embandeirados e adornados com propaganda eleitoral do Bolsonaro. Ali a “liberdade de trânsito” é total. Os patriotas usam e abusam como bem entendem do “direito” de usar a rua como bem quiserem. Nenhuma infração de trânsito, mesmo que gravíssima, é aplicada pelas autoridades que deveriam zelar pelas leis de trânsito. É nítida a omissão institucional das forças de manutenção da ordem, como a Brigada Militar, a guarda municipal e a EPTC. E, como se trata de “área militar”, é evidente a flagrante omissão também do Exército. É notória a conivência e cumplicidade de policias e militares com aqueles patriotas que o presidente do TSE Alexandre de Moraes diz que “agem criminosamente contra a democracia e que, por isso, devem ser tratados como criminosos”. Estranha o silêncio do Tribunal de Contas do Estado com a situação, mesmo que esteja sendo obrigado a enfrentar bloqueios dos acessos às suas instalações. É muito mais estranhável, no entanto, a leniência e cumplicidade do Comando Militar Sul [CMS] com a situação, que não zela pela integridade da área militar, como corresponderia fazer. O CMS do Exército está descumprindo o Decreto-Lei nº 1.001 [Código Penal Militar] de 21 de outubro de 1969, que tipifica como *, com até dois anos de prisão, “penetrar em fortaleza, quartel, estabelecimento militar, navio, aeronave, hangar ou em crime contra a administração militar* *, […]”.* __outro lugar sujeito à administração militar__ É um absurdo completo a área militar do Comando Militar Sul do Exército Brasileiro continuar servindo como quintal de baderneiros que promovem a guerra fascista contra a democracia. São criminosos, como disse o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes. E como tal devem ser tratados. ## 2 comentários em “Área do Comando Militar Sul do Exército vira quintal de fascistas baderneiros”
2023-02-08T13:06:25Z
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**Jeferson Miola ** Pressionado pela matilha fascista desnorteada e revoltada com o relatório das Forças Armadas que confirmou a lisura da eleição, o ministério da Defesa há pouco publicou nova **nota oficial** para manter e estimular a baderna dos fascistas contra a democracia. No comunicado, divulgado às 10:58h desta 5ª feira, 10/10, o ministério diz que “embora não tenha apontado, também não excluiu a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022”. Sem apresentar absolutamente nenhuma prova, o ministério repete trecho do ofício pelo qual o ministro-general Paulo Sérgio Nogueira encaminhou o relatório ao TSE e solicita, “com urgência, a realização de uma investigação técnica sobre o ocorrido na compilação do código-fonte […]”. Exorbitando absolutamente das atribuições legais e constitucionais do ministério da Defesa e dos militares, a nota sugere a criação de “uma comissão específica de técnicos renomados da sociedade e de técnicos representantes das entidades fiscalizadoras” para realizar tal “investigação técnica”. É preciso distinguir o conteúdo do ofício do general Paulo Sérgio do conteúdo do relatório das Forças Armadas. Fazendo-se esta distinção, se percebe com nitidez cristalina que o general Paulo Sérgio agiu unicamente movido por um “espírito de porco” e baderneiro para tumultuar o processo e manter acesa a suspeita sobre as urnas. As conclusões do relatório, por outro lado, são peremptórias em reconhecer que nos dois turnos da eleição “a média de BU [boletim de urna] com inconsistências, dentre todos os BU do espaço amostral, *”! é 0% (zero por cento)* O relatório sustenta, ainda, que “em ambos os turnos, * entre os quantitativos registrados no BU afixado na seção eleitoral e os quantitativos de votos constantes no respectivo BU disponibilizado no site do TSE” – ou seja, a totalização está 100% certa. não se verificou divergências* Com esta atitude irresponsável, o ministério da Defesa estimula a prática criminosa da extrema-direita bolsonarista que incendia o país para instalar uma ditadura militar. O general Paulo Sergio Nogueira desonra a farda de general do Exército Brasileiro e se assume como um líder arruaceiro das falanges fascistas que são incompatíveis com a democracia. ## 2 comentários em “ Ministério da Defesa publica nota para manter e estimular baderna contra democracia”
2023-02-08T12:52:39Z
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O professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) José Luís Oreiro diz que a proposta do ex-presidente Lula de isentar do imposto de renda quem ganha até R$ 5 mil é fiscalmente responsável e, do ponto de vista da distribuição de renda, justa. “O imposto de renda no Brasil é altamente regressivo, as pessoas mais pobres estão pagando mais da sua renda do que os ricos”, considerou. Na avaliação dele, o ex-presidente deve estar pensando numa alíquota adicional de imposto de renda para quem ganha R$ 30 mil. “Ele não falou isso na proposta, mas eu acredito que essa é a maneira pela qual ele vai financiar todo mundo que ganha menos de R$ 5mil”, afirmou Oreiro em entrevista ao Portal Vermelho. De acordo com o economista, a tabela do imposto de renda está há anos sem reajuste. “Na medida que inflação vai aumentado, as rendas das pessoas, em termos nominais, vão sendo jogada cada vez mais para alíquotas mais altas do imposto de renda, mesmo não tendo um ganho real de renda”, avaliou. Para ele, trata-se de uma proposta importante e que vai ajudar a classe média dinamizando a economia, pois haverá aumento de consumo. “Isso vai ser perfeitamente financiado com a criação de uma alíquota extra de 35% sobre quem ganha quem ganha mais de R$ 30 mil por mês. Outro ponto é a criação de um imposto de renda sobre lucros e dividendos distribuídos, isso também terá que ser feito”, explicou. Lembrou que o sistema tributário brasileiro está “muito baseado” no consumo. “Como os mais pobres são os que nais consumem alimentos, na proporção da sua renda do que os mais ricos, pagam mais impostos diretos. Além disso, o professor esclareceu que a legislação tributária atual privilegia profissionais liberais como médicos e advogados que pagam menos imposto de renda na condição de pessoas jurídicas. “Eles são isentos do imposto de renda sobre lucros e dividendos distribuídos. Profissional liberal que recebe R$ 40 mil como pj vai pagar zero de imposto de renda”, lembrou. Promessa não cumprida A campanha de Lula acusa Bolsonaro de prometer o ajuste na tabela do imposto de renda e não cumprir. Com isso, as finanças das famílias brasileiras viraram um dos maiores problemas do país. “O salário mínimo já está congelado há anos e a Saúde e a Educação se transformaram em antros de corrupção amplamente denunciados. Os impostos que a gente paga não resultam em serviços melhores: e como são caros os impostos! É por isso que Luiz Inácio Lula da Silva quer voltar: para dar fim à baderna bolsonarista, melhorar a sua vida e isentar do imposto de renda quem ganha até R$ 5 mil”, diz um trecho de nota distribuída pela campanha. “Com a proposta de Lula, as pessoas que mais precisam vão pagar menos impostos. É tudo pensado cuidadosamente para o Brasil crescer e você crescer junto, tendo mais poder de compra, o que faz a roda da economia girar e aumentando o poder de compra de todos e todas”, completou. A equipe do ex-presidente explicou que quem ganha até R$ 5 mil paga, por mês, R$ 368,23 de impostos retidos na fonte. “Esse é o valor que já é descontado do seu holerite. Se a gente multiplicar esse desconto por 48 vezes (12 meses em um ano, durante 4 anos), ele resulta em R$ 17.675. Ou seja: com a proposta de Lula, você vai economizar 17 mil reais ao longo do período de governo, de quatro nos”, observou. Cuando le preguntas por los últimos sondeos se revuelve inquieto en la silla. Las últimas encuestas apuntan a una ligera reducción de la ventaja que Lula da Silva lleva sobre Jair Bolsonaro de cara a las elecciones presidenciales en Brasil, que tendrán su segunda y definitiva vuelta el próximo domingo. Los cinco puntos de ventaja de la primera vuelta se han convertido en cuatro en las últimas encuestas. «Va a estar reñido», asegura este economista, profesor de la Universidad de Brasilia, cuyo nombre suena como candidato a ocupar un ministerio del área económica en el Gobierno de Lula. José Luis Dacosta Oreiro, cruza el charco con frecuencia para participar como profesor en un máster de la Universidad del País Vasco, en la facultad de Económicas de Sarriko. Esta semana ha participado en esa facultad el tribunal de una tesis doctoral y ha dado a los alumnos una clase, fruto de la experiencia en su país, de plena actualidad: el riesgo de que unos tipos de interés elevados para combatir la inflación duerman el crecimiento económico. – El debate económico ¿se ha convertido en el elemento clave de la campaña presidencial? – Si me lo llega a preguntar hace un año le hubiese dicho que sí, pero en estos momentos no. Desde poco antes de la primera vuelta de las elecciones, hay otros temas que han cobrado protagonismo. Asuntos religiosos, acusaciones a Lula de querer cerrar las iglesias, lo cual resulta chocante porque es católico practicante, las polémicas sobre la política de género o incluso ‘fake news’ como que en las escuelas la izquierda pretende enseñar a los niños a tener sexo. Es lo que el economista Paul Krugman definió como «armas de distracción masiva». Sacas la economía del debate y lo llevas a otro sitio. – Resulta curioso, porque es un país con problemas serios de desarrollo económico, desigualdad, pobreza… – Efectivamente. Para una población de algo más de 211 millones de habitantes, 33 millones están en situación de pobreza y 100 millones no tienen garantizado que puedan hacer con normalidad las tres comidas diarias, desayuno almuerzo y cena. Están en inseguridad alimentaria. Afortunadamente el paro no es muy elevado. Está en torno al 9% y la tasa es más baja que la española. – Sí, pero en Latinoamérica las cifras de paro son engañadoras. Hay un sector informal muy grande, que ocupa el 50% de la fuerza de trabajo. – ¿Sector informal? – Son las personas que no tienen un contrato de trabajo. Además, el 25% de la fuerza de trabajo son autónomos con un formato de supervivencia. – Hay muchas voces que alertan también sobre el riesgo de un gasto público desmedido en manos de Lula, que puede provocar las reticencias del sector financiero y con ello la dificultad para financiar el endeudamiento. – En realidad creo que lo que sucede es que cuando los periodistas buscan una opinión sobre economía recurren mucho a los economistas de la banca… Reforma fiscal – En el debate de estas elecciones también ha aparecido algo que en España es recurrente. La necesidad de una reforma fiscal. – En nuestro caso es porque tenemos una reforma pendiente desde hace veinte años. La industria paga muchísimos impuestos. El 47% de la imposición indirecta es aportada por la industria. Junto a ello, el Impuesto sobre la Renta es absolutamente regresivo. Hace diez años que la tabla no se ajusta a la inflación y los profesionales liberales pueden escudarse tras una sociedad mercantil, con una presión fiscal muy baja. En la actualidad, quienes más pagan en Brasil son los funcionarios públicos. Yo lo soy y pago aproximadamente el 50% de mis ingresos, frente a una carga tributaria general en Brasil del 33%. Conozco gente que gana diez veces más que yo con una carga inferior. – ¿Cuál es la herencia del Gobierno de Bolsonaro en su opinión? – Bolsonaro ha destruido todas las políticas públicas en nuestro país. La fiscalización en la Amazonía; la sanidad pública en la que incluso se ha abandonada la vacunación obligatoria contra la polio; una reducción del 90% en el presupuesto de ciencia tecnología. A donde mires, es un desastre. Oposición a lula «Hay una clase media que no perdona haber perdido el privilegio de contratar barato» La población «33 millones de personas viven en la pobreza y 100 en la inseguridad alimentaria» Impuestos «En Brasil el que paga más impuestos es el funcionario. Tenemos una reforma pendiente» – La desigualdad ¿es el principal problema del país? – Hay dos problemas unidos, la desigualdad social y la desindustrialización prematura. En 1980 la producción industrial era igual a la de China, India y Corea del Sur. Teníamos el parque industrial más desarrollado de los países en desarrollo. Y desde entonces no ha dejado de disminuir. Cuando pierdes industria pierdes el sector que paga los salarios más altos y eso ha dejado a mucha gente en subsistencia. Vendiendo cosas en los semáforos, pidiendo limosna. Ahora incluso en Brasili, que es nuestro Versalles, hay gente viviendo en la calle. – ¿Cuál es su fórmula para intentar superar esa situación? – Invertir en formación y apoyar la reindustrialización del país. – Y esa desindustrialización ¿por qué se ha producido? – Ha sido por esa trampa de reducir la inflación pero a cambio de una tasa de cambio a corto plazo muy alta, que en algunos años ha llegado al 25% y una tasa de cambio con la moneda muy sobrevaluada, combinada con la liberalización comercial. Cualquier inversor pudiendo ganar el 10% prestándole dinero al Gobierno no arriesga en una empresa. Pérdida de privilegios – Voy a volver al principio de la entrevista. Los votos de la izquierda y la derecha se reparten más o menos en dos mitades. ¿A qué se debe un reparto de este tipo con más de la mitad de la población en dificultades? – Hay varias razones. La primera es el efecto ante Partido de los Trabajadores, como consecuencia de la corrupción. Lula ha sido absuelto y no se ha podido demostrar que tuviese participación en ello, pero corrupción hubo. La segunda es el alza de la iglesia evangelista, que transmite un mensaje curioso: hay que ganarse a Dios para convertirse en rico. Eso, además de relegar a la mujer a un segundo plano o no aceptar la homoxesualidad. Mire, el 10% de la población brasileña cree que la tierra es plana, no le digo más. Y hay una tercera razón… peor es bastante duro de contar. – Anímese, hágalo. – Brasil fue el último país del mundo en abolir el esclavismo y eso ha dejado un cierto poso en la sociedad. Amplias capas de la población a las que podemos identificar como clase media, profesionales o empleados con salarios aceptables, siempre han tenido servicio doméstico interno. Incluso es lo habitual que todos los edificios de viviendas tengan un portero, cuando ustedes en España tienen porteros automáticos. Pues bien, en el anterior Gobierno de Lula hubo un importante aumento del salario mínimo y muchas de esas familias ahora ya no pueden disponer de servicio doméstico en las mismas condiciones. Puede parecer curioso, pero eso ha generado un sentimiento de esa parte de la población ante Lula porque consideran que les ha quitado algo. Dacosta afirma que con Lula habrá «riesgo cero de un Gobierno comunista» en Brasil / JUAN ECHEVARRÍA El hijo de un gallego a las puertas de un ministerio JUAN ECHEVARRÍA Es hijo de un gallego, nacido en Mazaricos, una población de La Coruña, que en 1954 emigro junto a un hermano a Brasil, mientras que otro lo hacía a Alemania. Su madre es portuguesa y sus progenitores se conocieron en Brasil, donde nació, para ya en la juventud encaminar sus pasos en la senda académica de la economía. – Su nombre suena como candidato a ocupar el cargo de ministro de Economía en el caso de que Lula gane las elecciones. – (Sonríe) Puede ser pero eso nunca se sabe. En realidad un ministerio en el área económica, porque la idea de Lula es volver a separar lo que Bolsonaro unió en el Ministerio de Economía, en el que unificó Hacienda, Planificación, trabajo y Desarrollo e Industria. Ya le puedo anticipar que de Hacienda no será ministro porque ahí se necesita un político, no un tecnócrata como yo. – ¿Un político en Hacienda? – Sí, en este caso está justificado. Lula se va a encontrar con el parlamento más de derechas de la historia de Brasil. Eso va a exigir a un político para negociar cuestiones fundamentales, como el presupuesto. Y un tecnócrata en medio de políticos aguanta poco… – ¿Es mejor una voz o varias en un Gobierno discutiendo sobre medidas económicas? – Tradicionalmente en Brasil el Ministerio de Hacienda siempre ha sido más ortodoxo y el de planificación más desarrollista. El estilo de Lula es muy peculiar porque él adora la contradicción en el debate de las ideas. Esto es, cuando hay una medida en estudio llama a una persona y escucha. Luego llama a otra y le escucha. Y así hasta que tiene todos los argumentos a favor y en contra. Y luego decide. Es un tipo muy inteligente. – Si uno repasa el programa electoral de Lula y de los partidos que le respaldan en su intento de vuelta a la presidencia, puede pensar que está ante una copia exacta de lo que está haciendo Pedro Sánchez en España. Ayudas a familias, aumento de impuestos, incremento del gasto público, reforma laboral… – Es cierto. En estos momentos en Brasil la acusación fácil contra Lula es decir que es un comunista. – Bueno, la radicalización lleva a este tipo de cosas. En España cualquier que verbaliza alguna crítica contra el Gobierno es acusado de ser fascista. – Pues en lo que hace referencia al Gobierno de Brasil puedo asegurarle que jamás ha estado más lejos de caer en una tentación comunista. Lula es católico y el vicepresidente que ha elegido para acompañarle, Geraldo Alckmin, es del Opus Dei. Ya le digo, riesgo cero de un Gobierno comunista. “Bolsonaro não tem nenhum projeto de país. Ele mostrou isso em quatro anos”, afirma o economista e professor da UnB O economista José Luis Oreiro afirmou que uma eventual continuidade do governo Bolsonaro seria “um desastre” para o país. “Bolsonaro não tem nenhum projeto de país. Ele mostrou isso em quatro anos”, disse em entrevista ao HP. “Quando a gente olha o conjunto da obra, a gente observa que o crescimento da economia brasileira durante o governo Bolsonaro foi pífio. O Brasil teve um crescimento muito ruim, na média de 1% nesse período do governo Bolsonaro. Um por cento ao ano, na média, isso considerando que o crescimento de 2022 deve ser em torno de 2%. Um por cento ao ano de crescimento médio é 0,2% de crescimento da renda per capita. Com 0,2% de crescimento da renda per capita vai levar exatamente 144 anos para o Brasil dobrar a sua renda per capita. Então, o desempenho econômico é pífio”, avalia o professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB). O economista também ressalta que “a indústria de transformação está com percentual mais baixo no PIB desde 1947 e, note lá, continuou caindo no governo Bolsonaro que não fez nada pela indústria”, destacou. “O nosso processo de desindustrialização prematura continuou de vento em popa com o governo Bolsonaro, que não está minimamente preocupado com a indústria”. “Nós temos um Presidente da República que não se importa com a Educação, que não se importa com a Ciência e Tecnologia, que não se importa com a desindustrialização, que não se importa com a preservação do meio ambiente. Ou seja, não se importa com nada. Se Bolsonaro for reeleito, é a destruição do país”. O professor Oreiro declarou que a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva significará “a vitória da civilização contra a barbárie” e afirmou que, na questão econômica, o governo Lula e Alckmin precisa “se comprometer com uma agenda de reindustrialização do país ao estilo do plano de metas do Juscelino Kubitschek. Fora da indústria não há salvação. Se o Brasil não se industrializar estaremos condenados à pobreza. Essa tem que ser a agenda número um do governo”, defendeu Oreiro. Leia a entrevista na íntegra. HORA DO POVO – O governo Bolsonaro alega que com seu governo a economia do país está indo bem. Qual a sua avaliação sobre o atual quadro econômico do Brasil? JOSÉ LUIS OREIRO – Quando a gente olha o conjunto da obra – o governo Bolsonaro começou em 2019 -, a gente observa que o crescimento da economia brasileira durante o governo Bolsonaro foi pífio. Foi mais baixo do que no governo de Michel Temer, que por sua vez foi mais baixo que no governo Dilma Rousseff, que por sua vez foi muito mais baixo que o governo Lula. Isso apesar da reforma da Previdência, que diziam que ia fazer e acontecer, etc, etc. O Brasil teve um crescimento muito ruim, na média, de 1% nesse período do governo Bolsonaro. Um por cento ao ano, na média, isso considerando que o crescimento de 2022 deve ser em torno de 2%. Um por cento ao ano de crescimento médio é 0,2% de crescimento da renda per capita. Com 0,2% de crescimento da renda per capita vai levar exatamente 144 anos para o Brasil dobrar a sua renda per capita. Então, o desempenho econômico é pífio. “O Brasil teve um crescimento muito ruim, na média, de 1% nesse período do governo Bolsonaro. Um por cento ao ano de crescimento médio é 0,2% de crescimento da renda per capita. Um desempenho econômico pífio” O problema é que o governo Bolsonaro está explorando os últimos três ou quatro meses em que a inflação caiu, devido às medidas eleitoreiras e insustentáveis que o governo Bolsonaro adotou, como, por exemplo, a redução do ICMS sobre os combustíveis, a redução do IPI sobre Combustíveis e também sobre eletricidade. Quer dizer, só a redução dos impostos estaduais e federais custa por ano mais de R$ 150 bilhões, evidente que esse dinheiro vai ter que ser devolvido aos Estados no ano que vem. Os Estados não podem ficar sem essa arrecadação. Então, é uma medida puramente eleitoreira. Quando a gente soma essa redução de impostos, não é possível mantê-la, é exatamente o mesmo erro que nós vimos lá em 2013, no governo Dilma Rousseff. Então, Bolsonaro está se comportando igualzinho a Dilma.Quando a gente soma isto (a redução de impostos) com o Auxílio Brasil de R$ 600 até dezembro, você dá um estímulo fiscal importante para a economia. E, por fim, a guerra da Ucrânia, para o Brasil não está sendo ruim, porque o Brasil é um exportador de commodities, principalmente de soja e de carne, e com a guerra da Ucrânia os preços dessas commodities aumentaram, o que gerou mais renda para o agronegócio. Então, esses últimos seis meses foram de boas notícias para a economia, mas isso não é mérito do governo Bolsonaro, pelo contrário, é uma melhoria artificial da situação econômica, cujo objetivo é apenas reeleger o Bolsonaro. Nesse aspecto é similar à reeleição de Fernando Henrique em 1998, segurou o câmbio até ganhar as eleições, depois que ele ganhou as eleições soltou o câmbio. A mesma coisa vai acontecer com os preços dos combustíveis. “Bolsonaro nunca gostou de pobre, ele odeia pobre. Só aumentou de R$ 400 para R$ 600 para ver se tirava um pouco da vantagem do Lula no Nordeste, é só isso” Se Bolsonaro ganhar as eleições, o que eu acho muito pouco provável, o que vai acontecer? No ano que vem vai voltar tudo o que era dantes na terra de Abrantes. Ou seja, a gasolina vai voltar a R$ 7, os alimentos vão voltar a subir, e ele vai manter o Auxílio Brasil em R$ 400, ele não vai aumentar para R$ 600. Ele não tem nenhuma razão para aumentar para R$ 600, Bolsonaro nunca gostou de pobre, ele odeia pobre. Só aumentou de R$ 400 para R$ 600 para ver se tirava um pouco da vantagem do Lula no Nordeste, é só isso. Uma vez que sacramentar o resultado, fechar as urnas, e Bolsonaro é eleito, ele vai simplesmente fazer o que sempre fez, que é não dar a mínima para os pobres. HORA DO POVO – Em caso de uma possível vitória de Bolsonaro, quais são suas perspectivas de futuro para o Brasil e para economia? JOSÉ LUIS OREIRO – A vitória de Bolsonaro vai ser um desastre. Por quê? Bolsonaro não tem nenhum comprometimento com a questão ambiental, pelo contrário, durante o governo Bolsonaro houve um aumento exponencial das queimadas ilegais no Brasil e isso vai continuar. Isso significa que o Brasil vai ser extensamente retaliado pela União Europeia e pelos Estados Unidos na questão ambiental. Isso significa que o agronegócio brasileiro vai sofrer um profundo baque, e não adianta a gente achar que “não, a China é nosso principal parceiro comercial”. Sim, a China é, mas a União Europeia é o segundo. Então, as sanções econômicas que vão ser adotadas pela União Europeia e pelos Estados Unidos contra o Brasil vão produzir um baque muito grande no agronegócio, e esses mesmos empresários do agronegócio que hoje acham que é melhor votar no Bolsonaro no que Lula vão chorar sangue pela escolha errada, míope e burra que estão fazendo pelo projeto de Bolsonaro, que é insustentável do ponto de vista ambiental. Segundo ponto, Bolsonaro não tem nenhum projeto de país. Ele mostrou isso em quatro anos. A indústria de transformação está com o percentual mais baixo no PIB desde 1947 e, note lá, continuou caindo no governo Bolsonaro que não fez nada pela indústria. O Paulo Guedes (ministro da Economia) disse que ia salvar a indústria, porque ia dar um choque de redução de custos de eletricidade, etc. O que aconteceu? Nada. O nosso processo de desindustrialização prematura continuou de vento em popa com o governo Bolsonaro, que não está minimamente preocupado com a indústria. Bolsonaro não está preocupado com nada, só com seu próprio umbigo e com seus familiares, isso é a única coisa que Bolsonaro se preocupa. Outra coisa que vai ser um desastre, vai ser a política de Ciência e Tecnologia. O orçamento da Ciência e Tecnologia foi destruído no governo Bolsonaro e agora, principalmente, em 2022 por conta do “orçamento secreto”. Para poder bancar as emendas parlamentares, o Presidente da República praticamente zerou os recursos disponíveis para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Como que um país como o Brasil, que está muito atrasado tecnologicamente, vai conseguir se desenvolver sem ciência e tecnologia? É outro descalabro do governo Bolsonaro. Bolsonaro quer um país primitivo, pobre, atrasado, ignorante, porque só com esse país que ele consegue governar. Porque se o país for um país avançado, aberto ao exterior, etc., Bolsonaro perde, em qualquer cenário. “Temos um Presidente da República que não se importa com a educação, que não se importa com a ciência e tecnologia, que não se importa com a desindustrialização, que não se importa com a preservação do meio ambiente” Idem para a questão da Educação, Bolsonaro odeia a Educação, porque é uma pessoa muito pouco letrada. O que o governo Bolsonaro fez com as universidades federais é inenarrável. Quantas universidades federais o governo Bolsonaro fez? Ele só fez uma, que é a Universidade Federal de Jataí. Mas, na verdade, não é uma universidade nova. O campus de Jataí da Universidade Federal de Goiás foi convertido em uma nova Universidade, chamada de Universidade Federal de Jataí. Foi a única universidade que Bolsonaro fez. É inacreditável. Nós temos um Presidente da República que não se importa com a educação, que não se importa com a ciência e tecnologia, que não se importa com a desindustrialização, que não se importa com a preservação do meio ambiente. Ou seja, não se importa com nada. Bolsonaro, se for reeleito, é a destruição do país, é o caminho para este país se transformar numa Venezuela ou coisa pior. HORA DO POVO – Em caso de vitória de Lula, quais são as suas perspectivas e, na sua avaliação, que medidas seriamnecessárias para tirar o país da crise? JOSÉ LUIS OREIRO – A vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva significa a vitória da civilização contra a barbárie. Isso eu tenho dito desde o início do ano quando eu declarei meu voto em Lula, apesar de ter uma preferência pelo projeto de governo do candidato Ciro Gomes. Eu avaliei que esta eleição não era um plebiscito sobre o novo desenvolvimentismo, sobre as minhas ideias, mas sim um embate entre a civilização e a barbárie. Por isso, desde janeiro de 2022 eu declarei publicamente o meu voto em Luiz Inácio Lula da Silva, e agora com o vice-presidente, o ex-governador Geraldo Alckmin. Então, eu acho que esse é o primeiro significado, a vitória da civilização contra a barbárie. “Orçamento secreto, tem que acabar, é a legalização da corrupção” Agora não vai ser um governo fácil. O presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin vão encontrar não só um Congresso extremamente conservador, mas um Congresso que está bem cevado com o “orçamento secreto” e isso tem que acabar, porque “orçamento secreto” é a legalização da corrupção. Isso tem que acabar. Em um ano, oorçamento secreto é muito mais dinheiro do que todas as estimativas de corrupção ocorridas ao longo de 13 anos do governo do PT. Eu acho que o governo Lula e Alckmin vai precisar se comprometer com uma agenda de reindustrialização do país ao estilo do plano de metas do Juscelino Kubitschek. Recentemente fiz um post no meu blog fazendo propostas no sentido de reindustrialização do Brasil. Fora da indústria não há salvação. Se o Brasil não se industrializar estaremos condenados à pobreza. Essa tem que ser a agenda número um do governo. Passado o primeiro turno das eleições presidenciais é chegado o momento do(a) eleitor(a) averiguar qual o projeto de seu candidato para o Brasil. O maior problema do Brasil é o declínio da taxa de crescimento econômico de longo-prazo (média móvel decenal do crescimento do PIB) desde 2013, conforme podemos observar na figura abaixo. A média móvel decenal (10 anos) de crescimento da economia brasileira caiu de 3,84% a.a no terceiro ano do governo Dilma Rouseff para míseros 0,29% a.a no terceiro ano do governo Bolsonaro. A desaceleração do crescimento da economia brasileira tem início em 1977, durante o governo do General Geisel, quando a média móvel de 10 anos da taxa de crescimento atinge seu valor máximo a 8,67% a.a, caindo progressivamente até alcançar 1,64% a.a no primeiro ano do segundo mandato do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Durante o governo do Presidente Luis Inacio Lula da Silva observa-se uma breve aceleração do crescimento o qual passa de 2,55% a.a na média móvel decenal de 2003 para 3,53% na média móvel decenal de 2010. Essa aceleração do crescimento atinge seu zênite em 2013, no governo Dilma Rouseff, quando a média móvel decenal alcançou 3,84% a.a. A figura acima deixa claro a olho nu que a desaceleração do crescimento da economia brasileira coincidiu com o início do seu processo de desindustrialização, ou seja, de redução da participação da indústria de transformação no PIB. A participação da indústria de transformação no PIB em 2021, durante o governo Bolsonaro, é a mais baixa da história desde 1947, durante o governo do Marechal Dutra. Em números, em 1947 a participação da indústria de transformação era 13,06%. Em 2021 a participação da indústria de transformação havia se reduzido para 10,44%. O Brasil está se transformando num grande fazendão, incapaz de crescer e produzir emprego e renda para uma população de mais de 210 milhões de pessoas. A correlação entre a taxa média de crescimento decenal do PIB e a participação da indústria de transformação é de 0,75, valor alto e estatisticamente significativo. Apenas o candidato Luis Inacio Lula da Silva tem a reindustrialização do Brasil como proposta no seu programa de governo. O candidato Bolsonaro não trata de temas econômicos, mas apenas de temais morais e religiosos para desviar o foco de atenção dos eleitores da economia, na qual seu governo foi um desastre. Minhas sugestões para a chapa Lula-Alckimin para pôr em prática um processo de reindustrialização: (i) Programa de Renovação da Frota de Automóveis: nas periferias das grandes cidades brasileiras, como se observa claramente nas cidades no entorno de Brasília, observa-se uma grande quantidade de automóveis em circulação com até 30 anos ou mais de uso. Ao mesmo tempo a indústria automobilística brasileira opera com elevada capacidade ociosa. O governo federal deverá implantar um programa de renovação da frota de automóveis com financiamento do BNDES e do Tesouro nacional no qual os proprietários de veículos com mais de 15 anos de uso poderão vender para as concessionárias de automóveis seus carros ao preço da tabela FIPE e comprar automóveis zero quilômetro que tenham baixa emissão de CO2. O Tesouro nacional irá pagar o valor referente ao preço do carro usado vendido e o BNDES irá financiar a diferença entre o preço de compra do carro novo e o preço de venda do carro velho. Os carros vendidos serão tirados de circulação e transformados em sucata para reciclagem dos seus componentes. Esse programa terá um triplo benefício: irá reduzir as emissões de CO2 dos veículos de passageiros, irá aumentar a produção da indústria automobilística, reduzindo assim a ociosidade da mesma e gerando empregos de qualidade e, por fim, irá aumentar o bem-estar da população que poderá usufruir de carros mais novos e mais econômicos. (ii) Programa de Ampliação e Atualização Tecnológica do Transporte Público: Nas grandes cidades brasileiras como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, etc. é notória a deficiência de transporte público, barato e de boa qualidade. Milhões de brasileiros andam todos os dias em ônibus, trens e metrôs lotados e gastam, em média, 3 horas por dia no transporte público. O governo federal deverá ter como meta reduzir à metade o número de horas gastas em transporte público nas grandes cidades entre 2023 e 2026. Para isso o BNDES deverá conceder financiamento a juros subsidiados para os governos estaduais e municipais para a ampliação e atualização tecnológica do transporte público, com prioridade para trens urbanos, BRT, VLT e metro. A realização de um grande bloco de investimentos em mobilidade urbana irá criar mercado para as indústrias produtoras de equipamento de transporte e para as empresas de engenharia civil que irão executar essas obras. Milhões de empregos poderão ser criados em 4 anos. (iii) Programa de Geração de Energia Limpa. Atualmente 30% da produção de energia elétrica no Brasil advém de usinas térmicas que jogam CO2 na atmosfera contribuindo assim para o efeito estufa e as mudanças climáticas. O governo federal deverá ter como meta reduzir essa proporção a metade até 2026. Uma primeira medida nesse sentido seria criar um PL obrigando que todas as novas edificações, sejam para uso comercial ou residencial, deverão dispor de painéis solares para o atendimento de, pelo menos, 50% das suas necessidades energéticas. O governo federal deverá também construir usinas de painéis solares e parques eólicos para a obtenção da meta de redução da geração de eletricidade por intermédio de usinas térmicas. Por fim, um PL deverá proibir a construção de usinas térmicas movidas a carvão, mesmo que seja por parte da iniciativa privada. Tal como no item anterior a realização de um grande bloco de investimentos na produção de energia limpa irá criar demanda para indústrias produtoras de painéis solares e cataventos. Como se trata de uma indústria infante no Brasil e de interesse geral como forma de enfrentar as mudanças climáticas, o governo deverá introduzir um imposto de importação específico para esse equipamento, de maneira a estimular a substituição de importações por produção doméstica. Esse imposto deverá vigorar por um prazo de dez anos. José Luis Oreiro, Professor do Departamento de Economia da UnB e pesquisador do CNPq. Coordenador do Structuralist Development Macroeconomics Research Group (SDM). Luiz Fernando de Paula, Professor de Economia do IE/UFRJ e do IESP/UERJ e pesquisador do CNPq e da FAPERJ. Vice-coordenador do Structuralist Development Macroeconomics Research Group (SDM). “A dificuldade não reside tanto em desenvolver novas ideias, mas em escapar das velhas, que se ramificam, para aqueles que foram educados como a maioria de nós, em cada canto da nossa mente.” J. M. Keynes, 1936, Prefácio do livro “A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”. Na edição 97 de Insight Inteligência foi publicado um artigo de Samuel Pessoa – intitulado “Monólogo com a faca entre os dentes” – fazendo uma crítica aos escritos de André Lara Rezende (doravante ALR) nos últimos anos. Samuel faz dois tipos de crítica a ALR. A primeira é de que as divergências que ALR apresenta com respeito à teoria convencional já foram totalmente absorvidas pela “fronteira do conhecimento” da “teoria convencional”. A segunda crítica é de que o entendimento de ALR à determinação da taxa de juros real não só é incompatível com a teoria tradicional, como é essencialmente equivocado. No referido artigo, Samuel faz um percurso inusitado: começa elaborando uma razoável descrição da teoria pós-keynesiana, do qual parece aceitar algumas ideias, para em seguida propor uma síntese com a teoria convencional e, finalmente, defender a abordagem convencional da teoria monetária. Não é nosso objetivo neste artigo defender as posições de ALR. Não temos procuração ou interesse para fazê-lo. Pretendemos com este artigo, para usar a expressão inglesa “set the record straight” (deixar as coisas em pratos limpos, numa tradução livre), a discussão econômica feita no Brasil – a qual cai constantemente em problemas como generalizações indevidas – e a construção de caricaturas das posições divergentes em debate, com o objetivo de fazer o leitor acreditar que na economia existe uma única forma correta do ponto de vista científico de abordar um determinado problema (a qual Samuel Pessoa chama de “Teoria Convencional”) e que abordagens alternativas seriam, portanto, não científicas. Nesse contexto, procuraremos aqui esclarecer quais afirmações de Samuel Pessoa no seu monólogo são corretas, quais são as mistificações a respeito da “confiança racional” (para usar uma variante do termo “peso do argumento” criado por Keynes no seu “Tratado sobre probabilidade” publicado em 1919) que os economistas têm sobre certas proposições e, por fim, mas não menos importante, checar quais afirmações feitas por Samuel Pessoa naquele artigo divergem de posições que esse autor apresenta em outras publicações na grande mídia. Para iniciar nossa argumentação, é necessário definir, previamente, o termo “Teoria Convencional”, algo que Samuel não faz em seu artigo, dando a entender implicitamente que seria um conceito autoevidente e que, portanto, carece de explicações adicionais. Toda e qualquer ciência começa necessariamente pela definição adequada de termos e conceitos para que haja clareza sobre as questões que serão analisadas a partir de um determinado arcabouço teórico. O termo “teoria convencional” é vago e carece de sentido. Uma teoria científica é construída, primeiramente, a partir daquilo que o economista austríaco Joseph Schumpeter chamava de “visão de mundo”, que nada mais é do que a forma pela qual o cientista, no caso em questão o economista, enxerga como o mundo funciona. Existem diversas visões de mundo. Samuel Pessoa se encaixa, salvo melhor juízo, naquilo que podemos chamar de “princípio do individualismometodológico”, ou seja, de modo que a economia deve ser analisada do ponto de vista das escolhas racionais dos indivíduos e como essas decisões são coordenadas (ou em certos casos não) por intermédio do sistema de preços de mercado. A partir dessa visão de mundo pode-se construir uma série de teorias ou “modelos” para explicar esse ou aquele aspecto do funcionamento do sistema econômico. Esse conjunto de modelos e teorias elaborados a partir desse princípio metodológico é denominado “Teoria Neoclássica” no meio acadêmico de economia. Atualmente, o estado da arte ou a fronteira do conhecimento da “Teoria Neoclássica” consiste no modelo de equilíbrio geral estocástico dinâmico (doravante DSGE) no qual se assume a existência de um agente representativo de todas as famílias que existem e existirão na economia até o dia do Juízo Final, e que esse agente representativo é um ser onisciente capaz de definir uma lista completa de eventos futuros ou “estados da natureza” que possam afetar os resultados de suas escolhas racionais feitas de hoje até o armagedon. Essa é uma economia na qual a moeda não é essencial, ou seja, não é necessária para o entendimento do processo de tomada de decisões dos agentes, haja vista que (i) a existência de mercados contingentes completos (a ideia implícita nesses modelos de que existe um preço cotado hoje para um guarda-chuva que será entregue em Brasília no Natal de 2568, se chover) elimina a existência de incerteza e, portanto, a demanda de moeda como estratégia defensiva, face ao contexto de tomada de decisões sob incerteza (no sentido não probabilístico); (ii) a adição da moeda a esse tipo de modelo é sempre feita de forma ad hoc, por intermédio de “atalhos”, de maneira que a sua presença ou não no modelo não afeta a natureza da posição final de equilíbrio do sistema econômico. Nessa classe de modelos, a taxa de juros não é o “preço da moeda”, mas sim o “preço da espera”; ou seja, quanto que o agente representativo precisa ser recompensado em termos de aumento do consumo no futuro para desistir de consumir hoje. Em outras palavras a taxa de juros expressa o preço do consumo futuro em termos do consumo presente, refletindo assim a impaciência intertemporal do agente representativo, sendo um fenômeno não monetário. Bancos centrais não podem determinar a taxa real de juros da economia, a qual é uma relação de troca entre bens hoje e bens amanhã, mas apenas a taxa de juros nominal ou, na expressão de Kaldor (1939), “a taxa própria de juros da moeda”, a qual é definida como o retorno da moeda em termos se si mesma, constituindo-se assim na relação de troca entre moeda hoje e moeda amanhã. Os mercados financeiros permitem ao agente representativo fazer operações de arbitragem entre a taxa de juros real e a taxa de juros monetária, alocando seus recursos entre “aplicações reais” ou “aplicações monetárias”, a depender da relação entre as taxas em consideração. Em equilíbrio, deve ser igualmente vantajoso para o indivíduo “aplicar” em bens ou moeda, ou seja, as taxas próprias de juros dos bens e da moeda devem ser iguais entre si, quando medidas na mesma unidade. Aqui entra a “identidade de Fisher”. A taxa de juros da moeda medida em termos de bens será igual a taxa de juros própria da moeda menos a taxa esperada de desvalorização da moeda frente aos bens (que é a taxa esperada de inflação). A taxa própria de juros dos bens – a taxa real de juros – é determinada, como vimos, pelas preferências intertemporais do Agente Representativo. A taxa de juros da moeda em termos de bens será igual a diferença entre a taxa própria de juros da moeda em termos de si mesma menos a taxa esperada de inflação. O Banco Central pode fixar a taxa própria de juros da moeda no nível que desejar, mas não pode alterar a taxa real de juros. Nesse contexto, a taxa nominal de juros estará indeterminada, a não ser que exista um elemento externo ao modelo que “fixe” ou ancore as expectativas de inflação. Esse elemento externo é a meta inflacionária que a autoridade monetária deve buscar atingir. Se a meta inflacionária for crível, então a taxa própria de juros da moeda será igual a diferença entre a taxa real de juros e a meta de inflação. Isso posto, no modelo neoclássico da fronteira do conhecimento, o Banco Central não tem liberdade para fixar a taxa de juros em qualquer nível, embora tenha as condições técnicas de fazê-lo, porque está restrito pela obrigação institucional de obter a meta inflacionária. Quanto maior for a meta inflacionária maior terá que ser, ceteris paribus, a taxa própria de juros da moeda para garantir a igualdade entre as taxas de retorno das aplicações em bens e moeda.i Uma vez apresentada o que entendemos por “teoria convencional” passemos a análise dos argumentos de Samuel. Ele afirma que a teoria convencional não só não se apoia na teoria quantitativa da moeda, como também aceita a endogeneidade da oferta de moeda. Essas afirmações são corretas. De fato, a teoria neoclássica no seu atual estado da arte admite a endogeneidade da oferta de moeda (Woodford, 2003) e, ao fazê-lo, rejeita a teoria quantitativa da moeda, que se apoia explicitamente na hipótese de moeda exógena. Samuel também afirma que a teoria convencional aceita a tese cara a assim chamada Teoria Monetária Moderna de que o governo não possui uma restrição financeira. Essa afirmação precisa ser contextualizada. Quando o governo é introduzido nos modelos DSGE é definida a assim chamada restrição orçamentária intertemporal do governo, que estabelece que o fluxo de superávits primários obtidos pelo governo de hoje até uma determinada data futura, quando trazido para valor presente, tem que ser igual ou maior do que o valor real da dívida pública hoje. Essa é uma restrição de recursos reais, que impede o governo de comprar bens e serviços de forma ilimitada, deixando uma dívida positiva para o dia do armagedon. Em outras palavras, a restrição orçamentária do governo estabelece que a dívida do governo, em termos da capacidade de compra de bens e serviços, não pode crescer para sempre. Essa é uma restrição de natureza intertemporal, de maneira que é per se compatível com a existência de déficits primários por um período indefinidamente longo de tempo, desde que não seja infinito. Mas o que acontece se o agente representativo for um político populista com tendências autoritárias que deseja se perpetuar no poder por intermédio da distribuição de benesses para os seus eleitores? Nesse caso, o valor presente do fluxo de resultados fiscais primários pode se tornar menor do que o valor real da dívida do governo no tempo presente. Desse modo, para que a restrição orçamentária do governo seja satisfeita, é necessário que a inflação se acelere de maneira a reduzir o valor real da dívida do governo no tempo presente. Daqui se segue que, com base na teoria convencional, é impossível que o governo declare moratória da dívida que ele mesmo emite, desde que esteja disposto a aceitar a taxa de inflação requerida (mais elevada) para fazer o ajuste. Aqui pode ocorrer um conflito com a meta inflacionária. Se a inflação necessária para fazer cumprir a restrição orçamentária do governo for maior do que a meta inflacionária, então o modelo estará, na linguagem matemática, sobredeterminado, ou seja, uma mesma variável (no caso a taxa de inflação) terá dois valores distintos. A forma natural de resolver a sobredeterminação é assumir que no caso de conflito entre a autoridade monetária e a autoridade fiscal, quem prevalece é a autoridade fiscal, ou seja, a meta de inflação será ajustada para o nível necessário, no atendimento da restrição orçamentária intertemporal do governo. Isso é o que a literatura neoclássica chama de dominância fiscal. Sendo assim, o governo nunca irá se defrontar com uma restrição financeira aos seus gastos, e muito menos declarar default sobre a dívida, ainda que possa ser ao custo de uma inflação maior. Portanto, a afirmação de Samuel sobre a ausência de restrição financeira na teoria convencional também está correta. Nossas divergências com Samuel começam pela sua interpretação do princípio da demanda efetiva. Samuel corretamente coloca que o princípio da demanda efetiva estabelece que uma relação de causalidade unidirecional do investimento para a poupança, ou seja, a poupança sempre se ajusta, por intermédio de algum mecanismo, ao volume de investimento decidido pelos empresários. O princípio da demanda efetiva foi originalmente formulado por Keynes na sua “Teoria Geral” (1936) para o curto prazo marshalliano, mas estendido para o longo prazo por Kaldor (1956) e Bortis (1997). No curto prazo, a poupança se ajusta ao investimento por intermédio de mudanças no nível de emprego dos recursos produtivos; ao passo que no longo prazo o ajuste se dá por intermédio de mudanças na distribuição de renda entre salários e lucros (Kaldor) ou na relação entre a demanda autônoma e o nível de atividade produtiva (Bortis). Nessas condições, a poupança nunca será um obstáculo para o aumento do investimento, o qual poderá ser restrito apenas pela disposição dos bancos em conceder crédito, dada a sua capacidade de criar poder de compra novo, a qual depende da sua maior ou menor preferência pela liquidez. Em outras palavras, investimento requer financiamento, que por sua vez não se confunde com poupançaii (esse ponto é assinalado pelo Samuel). Qual a nossa divergência com Samuel sobre o princípio da demanda efetiva? No seu artigo Samuel afirma que: Todos os modelos empregados pelos Bancos Centrais mundo afora atende[m] ao princípio da demanda efetiva. A causalidade é do investimento para a poupança. Não é necessária poupança prévia para financiar o investimento. Os modelos usados pelos bancos centrais, exceto, mais recentemente, os modelos usados pelo Banco da Inglaterra,iii se baseiam em alguma variante do modelo DSGE. Nesse modelo, a oferta de poupança é infinitamente elástica ao nível da taxa real de juros de equilíbrio, o qual é determinada pelas preferências intertemporais do agente representativo. Supondo que o investimento seja uma função inversa da taxa real de juros, então os empresários irão investir até o ponto que o retorno real dos seus projetos de investimento for igual à taxa real de juros. Nesse contexto, um aumento da “propensão a poupar” por parte do agente representativo – isto é, uma redução da sua taxa de impaciência intertemporal – levará a um aumento do investimento, invertendo assim a relação de causalidade proposta pelo princípio da demanda efetiva. Portanto, é um mito que a teoria convencional tenha incorporado o princípio da demanda efetiva. Samuel deixa de lado o princípio da demanda efetiva e a teoria da preferência pela liquidez quando afirma que as elevadas taxas de poupança no Japão e na China – uma vez que a previdência pública tem benefícios muito baixos, o que leva as pessoas a pouparem parte substancial da sua renda – resultam numa taxa neutra de juros baixa, que permite níveis elevados de dívida pública. Nenhuma referência se faz ao papel crucial dos bancos públicos (inclusive bancos de desenvolvimento) no financiamento de longo prazo na China, resolvendo a problemática da restrição financeira do investimento, contribuindo assim para as elevadíssimas taxas de investimento no país. Seguindo a linha de argumentação de Samuel, os países nórdicos europeus, com seus sistemas públicos previdenciários abrangentes, produziriam baixo estímulo à poupança individual, resultando numa poupança agregada baixa e uma taxa neutra de juros muito elevada! Outro ponto que nos chamou atenção na argumentação de Samuel foi seu reconhecimento explícito de que a indústria de transformação é o setor de atividade econômica que está sujeito a retornos crescentes de escala. Acreditamos que Samuel não se deu conta das implicações desse reconhecimento não apenas para o seu “monólogo” com ALR, mas sobre as posições que o próprio Samuel tem assumido no debate público sobre o processo de desindustrialização do país. Se a indústria de transformação estiver sujeita a retornos crescentes de escala, conforme é atestado por vasta evidência empírica (Ros, 2013, pp. 193-196), então a indústria é o motor de crescimento da economia no longo prazo (Thirwall, 2002, cap. 3), de forma que a desindustrialização tem efeito negativo sobre o processo de desenvolvimento econômico. Essa é a posição da escola novodesenvolvimentista brasileira, da qual os autores deste artigo não só fazem parte como contribuem para o seu aprimoramento teórico e empírico, chamando em particular atenção para os problemas causados pelo processo de desindustrialização precoce, como está ocorrendo no Brasil. O problema é que em matéria publicada no Valor Econômico em 25 de agosto de 2022, quando indagado sobre a importância do processo de desindustrialização, Samuel afirma que (…) não é bom, nem ruim, é o que o mercado produziu. Aqui temos uma contradição clara com o que Samuel afirma no monólogo com ALR e o que ele afirma na matéria do Valor Econômico. Retornos crescentes de escala é uma das possíveis causas de “falhas de mercado”, ou seja, situações nas quais o mercado produz uma alocação ineficiente de recursos. Sendo assim, se o mercado produziu a desindustrialização brasileira, isso não quer dizer que seja uma situação neutra do ponto de vista da alocação de recursos: o Estado poderia melhorar o bem-estar de toda a população se tivesse adotado as medidas corretas para deter o processo de desindustrialização precoce (ou seja, de países que se desindustrializam antes de atingirem um nível de renda per capita elevado). Contudo, nossa maior divergência com Samuel se dá por conta da seguinte afirmação feita em seu “monólogo”: O fato é que o modelo de determinação da taxa de juros que vigora hoje nos livros-textos representa uma síntese do pensamento neoclássico com a contribuição de Keynes. Aqui Samuel parece querer recuperar um velho debate na história do pensamento econômico a respeito da equivalência entre a teoria dos fundos de empréstimos (a fronteira do conhecimento da teoria neoclássica nos anos 1930) e a teoria da preferência pela liquidez.iv Essa controvérsia teve origem com Hicks (1939[1987]) para quem: A taxa de juros é determinada pela oferta e procura de fundos de financiamento, ou é determinada pela oferta e procura do próprio dinheiro? (…) Espero provar que não faz a menor diferença essa forma de apresentar a questão ou se seguirmos os autores que adotam no presente momento o ponto de vista contrário. Seguidas adequadamente, as duas abordagens levam aos mesmos resultados (Hicks, 1987, p. 129). Samuel faz uma pequena inovação com respeito à argumentação de Hicks. Em vez de afirmar que ambas as teorias levam ao mesmo resultado, Samuel afirma que na teoria tradicional o juro médio da economia é determinado pelo modelo dos fundos emprestáveis, ao passo que a preferência pela liquidez determina os prêmios que títulos de dívida de diferentes maturidades pagam com relação ao juro médio ou básico da economia. O primeiro problema com essa argumentação é que a estrutura dos modelos DSGE não permite o aparecimento de preferência pela liquidez, porque a liquidez só é um atributo desejável dos ativos financeiros numa situação de incerteza, ou seja, onde os agentes econômicos não são capazes de definir uma lista completa de estados da natureza que podem afetar o resultado do seu processo de tomada de decisão. Nenhum modelo DSGE pode ser construído em tais condições. Mas esse não é a nossa maior divergência com respeito à argumentação de Samuel. O grande problema da argumentação de Samuel é que todo o seu artigo está estruturado com base na premissa de que existe apenas uma forma cientificamente correta de abordar o tema da determinação da taxa de juros na economia. Discordamos totalmente disso. E vamos além. Iremos argumentar que a Teoria da Preferência pela Liquidez é uma forma alternativa de determinação da taxa de juros, na qual é a taxa de juros própria da moeda que determina a taxa real de juros, ao invés do contrário. Keynes na sua “Teoria Geral” (TG) apresentou a determinação da taxa de juros em dois níveis de agregação distintos. Nos capítulos 13 e 15 Keynes apresenta um modelo de escolha de portfólio no qual existem apenas dois ativos: moeda e títulos. Nesse contexto, a preferência pela liquidez se reduz à demanda de moeda. Para simplificar ainda mais sua argumentação, Keynes deixa de lado todos os detalhes operacionais do processo de determinação da oferta de moeda por intermédio da escolha de portfólio dos bancos comerciais, os quais ele havia apresentado no seu “Tratado sobre a Moeda” (1930), e supõe que a oferta de moeda é exógena. Trata-se de um modelo tipo “Ford T” cujo objetivo era mostrar da maneira mais clara e direta possível que a taxa de juros é determinada pela “preferência pela liquidez”, não pela “impaciência intertemporal” dos agentes econômicos. No capítulo 17 da TG, que aparentemente não foi do agrado de Samuel, Keynes apresenta um modelo mais sofisticado no qual os agentes econômicos podem escolher entre diversos ativos com base na sua taxa própria de juros, ou seja, a taxa de retorno do ativo medido em termos de si mesmo. A taxa própria de juros é uma medida do retorno total do ativo, o qual inclui os rendimentos esperados pela posse ou uso do ativo, o custo de carregamento do ativo e a facilidade com a qual o mesmo pode ser convertido em meio de pagamento se e quando o seu proprietário assim o deliberar (ou seja, o prêmio de liquidez). Dessa forma, teremos uma taxa própria de juros diferente para cada ativo existente na economia. Para que as taxas próprias de juros possam ser comparadas, é necessário que se use um denominador comum, o qual iremos supor que é a moeda. Nesse contexto, teremos que adicionar à taxa própria de juros de cada ativo a valorização ou desvalorização esperada desse ativo em termos de moeda. Feito isso, o equilíbrio de portfólio implica a equalização das taxas próprias de juros em termos de moeda. A moeda é um ativo sui generis porque seu rendimento esperado e seu custo de carregamento é igual a zero. A valorização ou desvalorização esperada da moeda em termos de si mesmo é também igual a zero. Sendo assim, parece irracional a manutenção de moeda, exceto para a realização de pagamentos, tal como estabelecia a velha e ultrapassada Teoria Quantitativa da Moeda. Contudo, a “visão de mundo” de Keynes é diferente da visão de mundo da Teoria Neoclássica. Se nela a liquidez é um atributo pelo qual os agentes não estão dispostos a pagar, devido a onisciência do Agente Representativo, para Keynes a liquidez é fundamental, pois a posse de ativos líquidos é uma espécie de seguro geral contra eventos não só inesperados, mas que sequer poderiam ser previstos. Como a liquidez é definida como o grau de conversibilidade de um ativo em meio de pagamento, então a moeda é o ativo que possui, por definição, a maior liquidez possível em todo o espectro de ativos. Mas de que forma é a taxa própria de juros da moeda que regula ou determina as taxas de retorno de todos os demais ativos da economia? Antes de responder a essa pergunta temos que concordar com Samuel que esse ponto não está adequadamente explicado por Keynes na sua “Teoria Geral” (1936). Foi no debate com os economistas neoclássicos da sua época, após a publicação da “Teoria Geral”, que Keynes deixou mais clara a natureza da sua teoria da determinação da taxa de juros. No artigo “A Teoria da Taxa de Juros”, publicado em 1937, Keynes afirma que: Muito resumidamente, a teoria ortodoxa mantém que as forças que determinam o valor comum da eficiência marginal dos vários ativos são independentes do dinheiro (…) e que os preços variarão até que a eficiência marginal do dinheiro, isto é, a taxa de juros, se alinhe pelo valor comum da eficiência dos outros ativos, determinada por outras forças. A minha teoria, em contrapartida, mantém que é um caso especial e que, num variado leque de casos possíveis, se passa quase o contrário, isto é, a eficiência marginal do dinheiro é determinada por forças que lhe são parcialmente apropriadas e os preços dos outros ativos se alinhem pela taxa de juros. Vimos anteriormente que a taxa própria de juros de um ativo medido em termos de moeda inclui a valorização ou desvalorização esperada do ativo. No longo prazo o preço esperado de um ativo reprodutível (por exemplo, máquinas e equipamentos) deverá ser igual ao preço de oferta do equipamento de capital, o qual depende da produtividade do trabalho nas indústrias produtoras de equipamento de capital e da taxa monetária de salários. O preço de oferta é, nessas condições, o preço para entrega futura do ativo. Se o ativo em consideração puder ser transacionado em mercados secundários, ainda que pouco organizados e, portanto, com baixa liquidez, então podemos definir um preço para a entrega imediata do ativo. Se o preço para entrega futura do ativo for menor do que o preço para entrega imediata, então haverá um estímulo para a produção de unidades adicionais desse ativo; do contrário, não. Nesse contexto, o que acontece com a economia se houver um aumento da percepção de incerteza que leve a um aumento da preferência pela liquidez dos agentes? O resultado imediato será um aumento da taxa própria de juros da moeda, produzindo um desequilíbrio com relação a taxa própria de juros dos demais ativos. Para que o equilíbrio seja restabelecido, é necessário que o preço para entrega imediata dos demais ativos caia relativamente ao preço para entrega futura, o que no caso dos bens de capital corresponde ao seu preço de oferta. Como o preço do ativo de capital para entrega futura está mais baixo do que o preço do ativo de capital para entrega imediata, não há nenhum estímulo para a produção de novas unidades de bens de capital, o que gera uma retração do investimento. Dessa forma, uma variação da taxa própria de juros da moeda terá causado uma variação da taxa própria de juros dos demais ativos. Trata-se de umarelação de causalidadeinversa a da“teoria convencional”. Logo, Samuel parece se equivocar ao afirmar que a teoria da determinação da taxa de juros, tal como apresentada nos livros texto de economia, é uma síntese entre a teoria de Keynes e a teoria neoclássica. Concluindo, a diferença fundamental entre a teoria pós-keynesiana e a teoria neoclássica não se encontra no processo de criação da moeda, ou seja, na elasticidade da oferta de moeda com relação à taxa de juros, dando ensejo a uma curva de oferta de moeda mais “vertical” ou mais “horizontal”, mas, sim, como procuramos mostrar neste artigo, no papel da moeda (e ativos líquidos) para o funcionamento da economia. Isso diz respeito à teoria da preferência pela liquidez e sua relação com a tomada de decisões sob condições de incerteza, que pode afetar abruptamente o estado de expectativas dos agentes, com implicações sobre as variáveis reais da economia (produto e emprego). É nesse sentido que Keynes disse que “a moeda afeta motivos e decisões dos agentes”, ou seja, é moeda é não neutra, seja no curto quanto no longo prazo. Bibliografia Bortis, H. (1997). Institutions, Behaviour and Economic Theory. Cambridge: Cambridge University Press. Godley e Lavoie (2007). Monetary Economics: An integrated approach to credit, money, income, production, and wealth. Londres: Palgrave Macmillan. Hicks (1939[1987]). Valor e Capital. São Paulo: Nova Cultural (Coleção Os Economistas). Kaldor, N. (1939[1960]).“Keynes´s Theory of Own-Rates of Interest”, Essays on Economic Stability and Growth. Londres: Duckworth. Kaldor, N. (1956). “Alternative Theories of Distribution”. Review of Economic Studies, 23, 83-100. Keynes, J.M. (1936[2007]). The General Theory of Employment, Interest and Money. London: Palgrave Macmillan. Keynes, J.M. (1937[1984]). “A teoria da taxa de juros”. In Szmrecsanyi, T. (org). Keynes. São Paulo: Editora Ática. Oreiro, J.L. (2001). “Taxa de Juros, Preferência pela Liquidez e Fundos de Empréstimos: uma análise crítica das tentativas de demonstração da equivalência entre as teorias dos fundos de empréstimos e de preferência pela liquidez”. Revista de Economia Política, 21(2): 304-321. Paula, L.F. (2013). “Financiamento, Crescimento Econômico e Funcionalidade do Sistema Financeiro: uma abordagem pós-keynesiana”. Estudos Econômicos 43(2): 363-396. Ros, J. (2013). Rethinking Economic Development, Growth and Institutions. Oxford: Oxford University Press. Thirwall, A.P. (2002). The Nature of Economic Growth: an alternative framework for understanding the performance of nations. Cheltenham: Edward Elgar. Woodford (2003). Interest and Prices: Foundations of a Theory of Monetary Policy. New Jersey: Princeton University Press. [1] Aqui cabe um esclarecimento importante sobre a relação entre a taxa de juros e a taxa de inflação. No equilíbrio de longo-prazo do modelo neoclássico a igualdade entre as taxas próprias de juros dos bens e da moeda exige que a taxa real de retorno da moeda seja igual a taxa real de juros dos bens, determinada pala impaciência intertemporal do agente representativo. Isso significa que quanto maior for a meta de inflação definida pela autoridade monetária maior será a taxa própria de juros da moeda para que essa condição de equilíbrio seja atingida. No curto-prazo, contudo, devido a existência de custos de ajustamento de preços, a economia pode operar por vários períodos em desequilíbrio. Nesse contexto, se estabelece uma relação inversa entre a taxa de juros própria da moeda e a taxa de inflação: uma elevação da taxa monetária de juros irá reduzir a taxa de inflação até que seja atingida a meta inflacionária definida pelas autoridades monetárias. Dessa forma, a relação de curto-prazo entre taxa de juros e inflação é diferente da relação de longo-prazo, algo que nem ALR e nem Samuel Pessoa percebem em suas análises. [1] Sobre uma discussão mais aprofundada da relação entre investimento-financiamento-poupança, ver Paula (2003). [1] Após a crise financeira internacional de 2008, o Banco da Inglaterra incorporou os modelos Keynesianos de consistência entre estoques e fluxos baseados no trabalho seminal de Godley e Lavoie (2007) no seu arsenal de modelos de previsão sobre o comportamento da economia no curto e no médio-prazo. Em 2012, quando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2011 foi anunciado pelo IBGE em 2,7% (posteriormente, em 2015, revisado para 3,9%), muitos o chamaram de “pibinho”. Pois bem, o resultado do PIB no segundo trimestre de 2022 foi um crescimento de 1,2%, relativamente ao trimestre imediatamente anterior. Isso fez com que houvesse revisões nas expectativas de crescimento para a economia brasileira para o ano fechado de 2022, chegando a 2,65%, segundo as expectativas de mercado no Relatório Focus do Banco Central. Seria este um motivo para comemorar, como muitos têm feito, inclusive parte daqueles que chamavam exatamente esse crescimento de “pibinho”? Será que o país estaria “voando”? Em primeiro lugar, não é cabível pegar os dados de crescimento de um trimestre e extrapolar para o ano todo, sendo que fatores pontuais podem fazer com que a economia de qualquer país cresça mais num trimestre do que no outro, sem que isso signifique uma aceleração da tendência de crescimento da economia no médio ou no longo prazo. Além disso, há motivos importantes para que essa aceleração no crescimento não se mostre sustentável adiante. No segundo trimestre, indústria, serviços e agropecuária registraram alta, sendo que o setor de serviços, com maior peso no PIB, puxou o resultado geral. Os serviços têm respondido à normalização das atividades com o avanço contínuo da vacinação contra a Covid e aos incentivos dados pelo governo federal neste ano eleitoral. De fato, pudemos observar a antecipação do 13º salário, a liberação de saque antecipado do FGTS, a elevação da margem do crédito consignado, a manutenção do auxílio no valor de 600 reais até o final do ano, a desoneração de produtos industrializados e a intervenção nos preços combustíveis. No entanto, os efeitos dessas medidas e da reabertura da economia se diluem com o tempo, e outros problemas vão começar a se materializar nos próximos trimestres. Por exemplo, a alta no consumo veio acompanhada de índice recorde de inadimplência das famílias brasileiras, atingindo 79% delas, com grande parte sem conseguir pagar nem as contas de água e luz. O desemprego ainda atinge cerca de 10 milhões de brasileiros, e mesmo dentre os empregados, 40 milhões estão na informalidade e no trabalho precário. Ainda, nos próximos trimestres e em 2023, veremos os efeitos defasados da política monetária restritiva no arrefecimento da demanda. Outra questão é o quadro externo, com elevações de juros também em outros países, o que tende a levar a uma desaceleração global, o que impacta o Brasil de diversas formas, inclusive pelo canal do aumento da percepção de incerteza e da redução do preço de commodities. A percepção de incerteza pode inclusive se elevar durante as eleições e nos momentos subsequentes. Logo, enquanto vemos uma aceleração do crescimento para 2022, as expectativas para 2023 seguem se deteriorando. Em segundo lugar, não se pode ignorar o passado. O governo Bolsonaro não começou em 2022, mas no dia primeiro de janeiro de 2019. Dessa forma, para uma melhor avaliação, é preciso verificar o conjunto da obra e sua comparação com os dados observados em períodos anteriores. Na tabela abaixo, pode-se observar a taxa média anual de crescimento real do PIB (já descontada a inflação) desde o início do segundo mandato do Presidente Fernando Henrique (1999) até o último dado disponível, que corresponde ao ano de 2021, terceiro ano do mandato do presidente Bolsonaro. Tabela 1 – Taxa de crescimento médio por governo (1999-2021) Conforme podemos observar claramente na Tabela 1, o crescimento médio da economia Brasileira se acelera na passagem do segundo mandato do governo Fernando Henrique para o primeiro mandato do Presidente Lula. Apesar da ocorrência da maior crise da história do capitalismo desde a grande depressão de 1929, a assim chamada crise financeira internacional (2008), a economia brasileira no segundo mandato do presidente Lula (2006-2010) ganha ainda mais tração e apresenta um crescimento médio de 4,21% a.a. no período. A desaceleração do crescimento tem início no primeiro mandato da Presidenta Dilma Rousseff, em parte resultado da crise do Euro em 2012 e do fim do boom de commodities, mas também de diversos erros na condução da política macroeconômica como as desonerações fiscais sem contrapartida, a intervenção desastrosa no setor elétrico e nos preços dos combustíveis (esse filme parece conhecido) e a tentativa de acelerar o crescimento econômico por intermédio de uma política de expansão da demanda agregada, num contexto em que a economia estava sobreaquecida e perdendo dinamismo pelo lado da oferta devido à desindustrialização prematura. A combinação de todos esses elementos, os impactos da Lava Jato (sobre a economia, o ambiente político e a incerteza) e a crise hídrica fazem com que a economia brasileira entre em recessão no segundo semestre de 2014, o que não impede a Presidenta Dilma de se reeleger em outubro desse mesmo ano. O início do segundo mandato da Presidenta Dilma Rousseff foi caracterizado pela reversão completa na condução da política macroeconômica. Se no primeiro mandato, tanto a política fiscal como a política monetária foram, na média, expansionistas, no ano de 2015 o governo puxa todas as travas da economia ao mesmo tempo: redução de 35% do investimento público em termos reais, aumento da taxa Selic para 14% a.a. e “tarifaço”, ou seja, aumento rápido das tarifas de eletricidade e nos preços dos combustíveis. O resultado obtido, incluindo ainda efeitos da Lava Jato e da crise hídrica, foi exatamente o previsto em qualquer manual de macroeconomia: uma queda vertiginosa do PIB (-3,15%) e uma forte aceleração da inflação, a qual chega quase a 11% no final do ano. O desastre econômico abre caminho para o impeachment da Presidenta Dilma Rousseff e a posse de Michel Temer como Presidente da República (dando fim aos 13 anos e alguns meses do governo petista). No governo Temer, a economia sai da grande recessão de 2014 a 2016, mas apresenta um crescimento médio de 1,5%, inferior ao observado no segundo mandato do governo Fernando Henrique e muito menor do que o ocorrido nos dois mandatos do Presidente Lula. Quando Bolsonaro assume em primeiro de janeiro de 2019, a economia brasileira não se encontrava mais em recessão, embora estivesse crescendo a um ritmo médio muito inferior ao observado no período 1999-2010. Mesmo assim, no ano de 2019 a economia brasileira apresenta um crescimento de apenas 0,97%, desacelerando frente ao período anterior. A tendência de desaceleração continuava no início de 2020, de acordo com os dados de atividade antecipados pelo Banco Central para os meses de janeiro e de fevereiro de 2020, anteriores à pandemia. Em março de 2020, a Organização Mundial de Saúde decreta estado de Pandemia de Covid-19. Medidas de restrição à mobilidade social (embora malvistas pelo governo brasileiro) foram adotadas em todos os países civilizados, dada a incerteza quanto ao vírus e a ausência de tratamento efetivo e de vacinas naquele momento. Graças à iniciativa do Congresso Nacional, foi aprovada uma Emenda Constitucional que viabilizou o pagamento de um Auxílio Emergencial de R$ 600,00 por três meses para 66 milhões de pessoas. Essa medida amorteceu o impacto das medidas de distanciamento social sobre o PIB, o qual apresentou uma queda de “apenas” 3,74% em 2020. Em 31 de dezembro de 2020, expirou o “estado de calamidade pública”, o qual permitiu o pagamento do auxílio emergencial ao longo daquele ano. Mesmo com o contágio e as mortes por causa da Covid-19 ainda elevadas no Brasil e no mundo, o governo não solicitou prorrogação do estado de emergência. Nos 6 meses seguintes, o Brasil iria registrar mais de 400 mil mortes por conta do Covid-19, o dobro do que registrou no ano anterior, mesmo que em 2021 as vacinas estivessem amplamente disponíveis. Retornemos à economia. Após um tombo de quase 4% em 2020, tendo sido aprovada em 2019 a Reforma da Previdência, muitos analistas apostavam não só numa recuperação em V da economia, como ainda na retomada do crescimento econômico. Não foi o que ocorreu. A economia recuperou o que havia perdido em 2020, mas nada mais além disso. Na média do período 2019-2021, o crescimento do PIB foi de somente 0,52% a.a., patamar inferior ao observado no primeiro ano do governo Bolsonaro, o qual já havia sido menor do que o observado na média do período de governo de Michel Temer. Mesmo absorvendo os dados deste ano, apesar do crescimento de 1,2% no segundo trimestre de 2022, o PIB brasileiro ainda se encontra 0,3 p.p. abaixo do pico da série histórica, ocorrido no primeiro trimestre de 2014, durante a gestão da Presidenta Dilma Rouseff. Isso para não falar da queda no PIB per capita, sendo que a população cresceu nesse período entre 2014 e 2022. Apesar de todas as reformas feitas nos governos Temer (Teto de gastos, reforma trabalhista, reformulação do BNDES, etc.) e Bolsonaro (Previdência, marcos regulatórios, dentre outros), o fato é que a economia brasileira é menor do que era no início de 2014, o que deixa evidente o fracasso da política econômica desde então. Enfim, se for alegada apenas a Covid-19 como justificativa para o desempenho ruim do atual governo, devemos relembrar da maior crise mundial desde 1929 ocorrida durante o Governo Lula e as diversas crises durante o governo FHC. Finalmente, de acordo com levantamento do economistas Sérgio Gobetti, a partir de dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), numa amostra de 50 países, o Brasil apresentou trigésima segunda posição dentre as taxas de crescimento no período 2019-2021. Respondendo à pergunta inicial do texto: não, nada temos a comemorar. * É Professor associado do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), professor do Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade do País Basco (Bilbao, Espanha), pesquisador Nível I do CNPq e líder do grupo de pesquisa Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento (www.sdmrg.com). Contato: joreiro@unb.br. Página pessoal: www.joseluisoreiro.com.br. ** É mestre em economia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e doutorando em economia pela Universidade de Brasília (UnB). Opiniões pessoais, não institucionais. Contato: helder.laferf@gmail.com. [2] Na elaboração dessa tabela, o ano de 2016 foi excluído do cálculo das médias por ter sido um ano atípico em que o Brasil teve dois Presidentes: Dilma Rouseff (até abril de 2016) e Michel Temer (de maio a dezembro de 2016). Nem o “austericídio” nem a “porra-louquice”. O desafio é buscar um meio-termo para enfrentar os desafios econômicos e sociais do país, afirma o economista Por: Patricia Fachin | 05 Outubro 2022 A expressiva votação que o ex-presidente Lula obteve no primeiro turno das eleições presidenciais deste ano, 48,4% contra 43,2% do atual presidente Bolsonaro, indica que “há uma parcela bastante significativa da população brasileira que sente saudades da época dos governos dele” e, portanto, “se expressou pela questão econômica”, avalia o economista José Luis Oreiro, ao comentar o resultado eleitoral do último domingo. Na entrevista a seguir, concedida por telefone ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU, Oreiro discorre sobre os desafios em torno de um possível novo mandato do ex-presidente. “A última coisa que o presidente Lula vai precisar no início do ano que vem é de turbulência nos mercados financeiros. Então, ele vai ter que fazer o seguinte malabarismo: tirar o teto de gastos porque com ele é impossível fazer qualquer política econômica, de assistência social e de industrialização no país hoje, mas o teto de gastos tem que ser retirado de uma maneira que se coloque alguma outra regra fiscal que dê credibilidade ao governo de que a relação dívida pública/PIB não vai explodir no médio e longo prazo. Então, vai ter que haver uma conversa muito bem feita com as instituições do mercado financeiro para que não se imploda o governo nos primeiros meses. Esse é o principal desafio. Repito: o teto de gastos tem que sair, mas alguma coisa tem que ser posta no lugar”, assegura. Segundo ele, em termos econômicos, a reeleição do presidente Bolsonaro significa a continuidade do “projeto fazendão”, que consiste em “transformar o Brasil em uma grande fazenda de soja, de frango, uma mina a céu aberto”, a fim de “transferir a riqueza que existe no país para o estrangeiro”. Já um novo governo Lula, que anos anteriores também apostou no Brasil como grande celeiro do mundo, a perspectiva, acentua, é “a vitória da civilização contra a barbárie” e, em termos econômicos, “a chance de retomarmos a trajetória de desenvolvimento econômico”, não aos moldes de um PAC-2 sustentável, mas de um “Plano de Metas à la Juscelino Kubitschek”. José Oreiro (Foto: FGV) José Luis Oreiro é graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, possui mestrado em Economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio e doutorado em Economia da Indústria e da Tecnologia pela UFRJ. É professor associado do Departamento de Economia da Universidade de Brasília – UnB e professor doutorado em Integração Econômica da Universidade do País Basco, Espanha. Entre suas obras, destacamos: Macroeconomia do desenvolvimento: uma perspectiva keynesiana (publicado pela LTC em 2016) e Macrodinâmica pós-keynesiana: crescimento e distribuição de renda (Alta Books, 2018). Confira a entrevista. IHU – Que Brasil se expressa no resultado das eleições deste domingo? José Luis Oreiro – Um país dividido. O ex-presidente Lula conseguiu quase 50% dos votos válidos, ou seja, há uma parcela bastante significativa da população brasileira que sente saudades da época dos governos dele. Essa população, majoritariamente, está votando para retornar àquele nível de vida que tinha na época do governo do ex-presidente. Essa população se expressou pela questão econômica porque vê que a situação econômica, para ela, é muito pior hoje do que era na época do PT. Outra parte da população optou por um voto – não sei se ideológico seria a palavra correta – que mistura valores, religião e antipetismo. Ou seja, não é um voto econômico. Bolsonaro obteve um voto fundamentalmente religioso, que expressa a força das igrejas neopentecostais. Temos relatos de como alguns pastores influenciaram os votos dos fiéis no primeiro turno. Tem também o antipetismo; ele ainda existe. A migração dos votos do Ciro para Bolsonaro também é um voto antipetista. É um conjunto mais difuso daquilo que o economista Paul Krugman chama de “arma de distração de massa”. Ou seja, coisas que não estão relacionadas à economia, mas que são colocadas na eleição para atrair eleitores que, em tese, deveriam estar votando mais à esquerda, ou seja, com Lula, mas acabam votando na direita porque não conseguem associar que a direita não favorece seus interesses econômicos. Lula conseguiu quase 50% dos votos válidos… há uma parcela bastante significativa da população brasileira que sente saudades da época dos governos dele – José Luis Oreiro Tweet IHU – Quais são as luzes que se revelam a partir do resultado das urnas? José Luis Oreiro – Faltou muito pouco para Lula vencer no primeiro turno. Na verdade, faltou menos de dois milhões de votos. Ele está com 48,4% dos votos e Bolsonaro, com 43,2%. Quer dizer, ao que tudo indica Bolsonaro só conseguiu adiar a derrota. É óbvio que ainda tem muita água para rolar, mas acredito que o apoio de Simone Tebet ao Lula vai ser importante para sacramentar a vitória do ex-presidente no segundo turno, a qual, a meu ver, é absolutamente necessária para preservar a democracia no Brasil. Se Bolsonaro ganhar, com esse Congresso eleito, temo pelo estado democrático e pelo estado laico. IHU – Alguns analistas têm destacado a força da extrema-direita e do bolsonarismo, mas o percentual de votos conquistado pelo ex-presidente Lula é impressionante, considerando os últimos fatos políticos. Como avalia o resultado do primeiro turno em relação a esse ponto? José Luis Oreiro – Pensemos da seguinte maneira: em 2018, Lula estava preso, saiu da cadeia, conseguiu rever seus direitos políticos e conseguiu, no primeiro turno de 2022, quase o mesmo percentual de votos que Bolsonaro obteve no segundo turno de 2018. Naquela época, Bolsonaro teve 57 milhões e 800 mil votos. Lula teve agora 57 milhões e 200 mil votos. Então, realmente é impressionante o nome do ex-presidente Lula. Outra coisa que não deve ser desconsiderada é que o presidente Bolsonaro tem a máquina na mão e utilizou todos os artifícios possíveis para alavancar a sua popularidade nos últimos meses. Estou falando do Auxílio Brasil, que ele aumentou de 400 para 600 reais, do preço da gasolina, que foi reduzido e do orçamento secreto, que certamente está por trás de boa parte do sucesso dos candidatos bolsonaristas nas eleições para a Câmara dos Deputados e para o Senado. Apesar de todo o vento contrário, o presidente Lula praticamente liquidou no primeiro turno; considero realmente uma grande vitória. Apesar de todo o vento contrário, o presidente Lula praticamente liquidou no primeiro turno; considero realmente uma grande vitória – José Luis Oreiro Tweet IHU – De outro lado, quais são as sombras que aparecem a partir dessas eleições? José Luis Oreiro – O ponto mais negativo da eleição foi a transferência de votos do Ciro para Bolsonaro. Ciro vinha desde 2016 se apresentando como uma alternativa ao PT pela esquerda, mas se colocou como linha auxiliar do bolsonarismo. Esse foi o ponto mais negativo. Ele acabou melancolicamente: conquistou 3% dos votos válidos, muito atrás do que ele teve em 2018. Ciro sai desta eleição muito menor do que entrou. Agora, ele prestou um desserviço à democracia brasileira porque a lógica eleitoral diz que ele deveria ter concentrado “seu fogo” no segundo colocado e não no primeiro. Mas ele não fez isso. Ele alimentou o antipetismo e isso foi ruim porque deu mais votos para Bolsonaro. Agora, ele vai dizer que apoia o Lula? Acho difícil e também, a essa altura, não vai fazer muita diferença. Quem é crucial agora é a senadora Simone Tebet. No domingo, ela disse que não iria ficar omissa, ou seja, vai tomar uma posição e, pelo histórico dela na comissão da Covid-19, estou confiante que ela vai apoiar o presidente Lula. De outro lado, as eleições para o Congresso e o Senado foram um desastre. Os senadores eleitos claramente representam o bolsonarismo e a extrema-direita e não têm compromisso com a democracia. Veem a democracia apenas como um instrumento para a tomada do poder e a implementação, pela força, dos seus valores. Vimos isso no Senado, na Câmara dos Deputados e no caso de alguns governadores. O ponto mais negativo da eleição foi a transferência de votos do Ciro para Bolsonaro – José Luis Oreiro Tweet IHU – Quais as perspectivas de futuro que emergem a partir do resultado das urnas? José Luis Oreiro – Aposto na vitória do presidente Lula e, no pior cenário, em uma reprodução das eleições de 2014, isto é, 52% a 48%. Não vai ser uma vitória muito expressiva, mas vai ser uma vitória. Isso vai acontecer. Os senadores eleitos representam o bolsonarismo e a extrema-direita e não têm compromisso com a democracia – José Luis Oreiro Tweet IHU – Quais serão os desafios em torno da governabilidade, caso esse cenário se confirme? José Luis Oreiro – Uma vez o presidente ganhando, tem os partidos do centrão que não são ideológicos e querem estar com o governo. Então, ele vai ter que fazer a política de sempre com o centrão. Isso é um dado. O lado positivo é que sabemos que o ex-presidente Lula é um político experimentado e sabe negociar. O lado negativo é que talvez não dê para acabar com o orçamento secreto e essas coisas porque praticamente estaria sendo pedido para o pessoal do centrão cometer suicídio e eles não vão querer cometer suicídio. Então, realisticamente esse é o jogo que Lula vai ter que jogar. O Ministério da Fazenda vai ser ocupado por alguém do mercado financeiro ou alguém que tenha ligação com o mercado financeiro – José Luis Oreiro Tweet IHU – Como avalia o aceno entre Henrique Meirelles e o ex-presidente Lula nos últimos dias e a especulação em torno do nome do ex-ministro para ocupar o Ministério da Fazenda, num possível novo governo Lula? O que esse movimento pode indicar sobre os rumos da economia brasileira no próximo ano? José Luis Oreiro – O Ministério da Fazenda vai ser ocupado por alguém do mercado financeiro ou alguém que tenha ligação com o mercado financeiro. Não precisa ser alguém do mercado financeiro, ou seja, não estou dizendo que vai ser o Meirelles, até porque ele já tem uma certa idade e esse não é um ministério light. Mas já adianto que o presidente deve desmembrar o Ministério da Economia em Ministério da Fazenda, Ministério do Planejamento e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O ministro da Fazenda vai repetir o que foi feito no primeiro mandato do governo Lula, ou seja, vai ser alguém mais ortodoxo, mas vai ter um contraponto no Ministério do Planejamento. Sobre o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, não sei se ele vai entregar para um político ou se vai colocar algum desenvolvimentista, que seria o ideal para sinalizar de maneira clara que, sem romper com a ortodoxia financeira e a responsabilidade fiscal, o governo está comprometido com o desenvolvimento econômico. IHU – Quais serão os desafios em termos de retomada da economia, considerando o atual quadro de aumento da pobreza e toda a crítica que a esquerda faz ao mercado financeiro e à financeirização da economia? José Luis Oreiro – A última coisa que Lula vai precisar no início do ano que vem é de turbulência nos mercados financeiros. Então, ele vai ter que fazer o seguinte malabarismo: tirar o teto de gastos porque com ele é impossível fazer qualquer política econômica, de assistência social e de industrialização no país hoje, mas o teto de gastos tem que ser retirado de uma maneira que se coloque alguma outra regra fiscal que dê credibilidade ao governo de que a relação dívida pública/PIB não vai explodir no médio e longo prazo. Então, vai ter que haver uma conversa muito bem feita com as instituições do mercado financeiro para que não se imploda o governo nos primeiros meses. Esse é o principal desafio. Repito: o teto de gastos tem que sair, mas alguma coisa tem que ser posta no lugar. IHU – Somente a retirada do teto de gastos é suficiente para resolver os problemas relativos ao aumento da fome, da pobreza, da falta de moradia, da desindustrialização que perdura mais de 20 anos? José Luis Oreiro – Se retirar o teto de gastos e colocar no lugar uma regra fiscal que dê ao governo, no curto prazo, a flexibilidade para aumentar os seus gastos, sem que isso seja visto como algo que vai levar, lá na frente, a uma implosão da dívida pública, nós conseguiremos endereçar essa questão de maneira tranquila. O problema é tirar o teto de gastos, aumentar os gastos com assistência social – que precisam ser aumentados para recompor parte do orçamento que foi zerado no fim do ano pelo ministro Paulo Guedes – e aumentar o investimento público, sem dar ao mercado uma garantia de que a dívida pública não vai explodir. Esse é o ponto. Não há nenhum problema, tirando meia dúzia de radicais que sempre vão falar contra, de explicar que é preciso aumentar os gastos por conta da situação social do país, que é muito ruim, e também é preciso aumentar o investimento em infraestrutura, porque sem isso o Brasil não volta a crescer, mas estabelecer uma regra que garantirá que, no médio e longo prazo, a relação dívida pública/PIB vai se estabilizar e tenderá a cair. É esse tipo de discurso que os americanos chamam de “meio-termo” – não é nem o austericídio fiscal nem a “porra-louquice”. Tem que haver um equilíbrio entre essas duas coisas. Isso precisa ser não só bem desenhado, mas bem comunicado e negociado. IHU – O que isso significa em termos do que precisa ser diferente ou semelhante num eventual novo governo Lula em relação às políticas que foram adotadas nos outros mandatos do ex-presidente? José Luis Oreiro – Em primeiro lugar, vai haver uma retomada do investimento público no Brasil. Em segundo, o papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES como banco de desenvolvimento vai ser resgatado. Ele foi escanteado pelo governo Temer e quase destruído pelo governo Bolsonaro, mas vai voltar a ser importante. Vamos ter políticas de assistência social que realmente funcionem. Quando comparamos o Bolsa Família e o Auxílio Brasil, percebemos que o Bolsa Família era mais bem desenhado do que o Auxílio Brasil e tinha contrapartidas, quer dizer, as famílias beneficiadas tinham que manter as crianças na escola, tinham que mostrar atestado de vacinação etc. Não se trata apenas de dar o dinheiro, mas de construir e fazer uma porta de saída para o programa, que consiste em dar aos filhos dessas pessoas pobres as condições para eles entrarem de maneira produtiva no mercado de trabalho. Isso só é possível com educação, vacinação e alimentação adequada. Então, essa sempre foi a ideia do Bolsa Família, um programa barato, eficiente e eficaz que sempre foi elogiado em outros países do mundo. Bolsonaro obteve um voto fundamentalmente religioso, que expressa a força das igrejas neopentecostais – José Luis Oreiro Tweet IHU – Do ponto de vista econômico, o que significa a reeleição do presidente Bolsonaro para o país? José Luis Oreiro – O projeto do Bolsonaro e do Guedes, porque não consigo dissociar uma pessoa da outra, é o “projeto fazendão”, ou seja, quer transformar o Brasil em uma grande fazenda de soja, de frango, uma mina a céu aberto. O que Guedes disse em uma live, “que temos que privatizar as praias”, é exatamente a lógica do saque do Brasil para os estrangeiros. Essa é a lógica. Guedes não pensa em criar riqueza. Ele quer transferir a riqueza que existe no Brasil para o estrangeiro. É isso que representa, em termos econômicos, a reeleição de Bolsonaro. Portanto, Bolsonaro é a antítese do que ele prega para os seus convertidos. Seus convertidos ficam usando a bandeira do Brasil como se nacionalistas fossem. Pelo contrário, Bolsonaro é o presidente mais antinacionalista da história do Brasil. Ele sente um ódio profundo pelo Brasil, mas as pessoas não percebem isso. Ele tanto odeia o Brasil que bate continência para a bandeira dos EUA. Onde já se viu um presidente do Brasil bater continência para a bandeira de qualquer outro país do mundo? Isso não existe. Isso fere completamente o protocolo da Presidência da República. IHU – Do ponto de vista econômico, o que significa outro mandato do ex-presidente Lula? José Luis Oreiro – A eleição do ex-presidente Lula, em termos políticos, significa a vitória da civilização contra a barbárie. Em termos econômicos, significa uma chance de retomarmos a trajetória de desenvolvimento econômico. Se vamos conseguir ou não, não sei, mas é uma chance porque, com Bolsonaro, tenho certeza que não vamos ter desenvolvimento. Em termos econômicos, a eleição do ex-presidente Lula significa uma chance de retomarmos a trajetória de desenvolvimento econômico – José Luis Oreiro Tweet IHU – Em que sentido o senhor vislumbra algo diferente em um novo governo Lula, uma vez que houve uma clara opção pelo agronegócio brasileiro nos governos petistas, setor que enriqueceu muitíssimo, juntamente com as empresas consideradas à época “gigantes nacionais”? O que significa a possibilidade de retomada da trajetória do desenvolvimento econômico daqui para frente? O que seria distintivo do governo Lula em relação a ele próprio no passado e o que é feito hoje no governo Bolsonaro? José Luis Oreiro – Conversei com [Aloizio] Mercadante umas duas vezes e me pareceu que a equipe econômica do PT tem consciência da necessidade da reindustrialização da economia brasileira e que o vetor da reindustrialização seria pela retomada do investimento público, principalmente, visando também a descarbonização da economia. Então, me parece que eles estão conscientes da necessidade da reindustrialização. IHU – Concretamente, a reindustrialização seria uma aposta em um Programa de Aceleração do Crescimento – PAC-2 sustentável? José Luis Oreiro – Não sei se um PAC-2. Talvez seria melhor um Plano de Metas à la Juscelino Kubitschek. Então, acho que a equipe econômica tem essa ideia na cabeça. Agora, se vão conseguir implementar ou implementar de maneira correta, aí é outra história, porque vai depender de costura política. Graduado em Economia pela FEA-USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi pesquisador visitante nas Universidades de Cambridge UK e Columbia NY. Foi economista, gestor de fundos e CEO em instituições do mercado financeiro em São Paulo. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. Brasil, uma economia que não aprende é seu último livro. Conselheiro da FIESP e Economista-chefe do Banco Master
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por André Raboni Recife sempre foi considerada a “capital do Nordeste” – desde quando o nordeste foi inventado, em meados do século 20. Antes disso, era considerada uma das cidades portuárias mais importantes do Brasil – desde quando o Brasil foi inventado, ao longo do século 19. No período colonial, a província de Pernambuco era uma das principais forças econômicas da colônia portuguesa e, claro, Recife era o principal centro da província. Durante muito tempo, os filhos do Recife partiam para conviver durante alguns anos com as altas culturas europeias e voltavam para a província a esbanjar com mais vigor o seu nariz de senhorzinho de província. Uma viagem à Europa era um investimento familiar que rendia grandes dividendos no trato público: era a diplomação da respeitabilidade social e a garantia de um bom nome na praça. No entanto, os ~bons~ filhos das castas recifenses, se iam a Paris com a ignorância pendurada no chapéu, regressavam de Paris igualmente ignorantes mas com uma novidade na lapela: a arrogância. Essa mistura exótica da ignorância com a arrogância foi o que nos deu este doce presente: nos tornamos a cidade cosmopolita mais provinciana em linha reta do mundo. Há quem acredite com fervor que a verticalização da cidade é sinônimo de progresso. Aliás, para muita gente o maior sonho de consumo é morar num espigão de trocentos andares com azulejos de banheiro. **Novo Recife e #OcupeEstelita** O Cais José Estelita é, talvez, a área mais nobre do Recife. A afirmação pode ser absurda aos olhos da província, porque o argumento (?) de quem defende o projeto Novo Recife é de que o lugar está abandonado e abarrotado de construções velhas e inúteis, além de cercada de pobres e pobreza. Com isso se forma a frase: ** “o que vier será bom”**, e acabou-se o debate. Um consórcio entre a Moura Dubeux, Queiroz Galvão e Ara Empreendimentos comprou o terreno da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), que você vê na foto abaixo: O terreno está abandonado. Todo lascado, diria em boa linguagem Pernambucana. Mas a área é nobre porque, embora esteja completamente abandonada, se situa numa orla belíssima na melhor paisagem do Recife. Vivemos um completo abandono da prefeitura ao longo de várias gestões. Esse abandono do poder público criou o buraco perfeito para a indústria imobiliária tomar conta e decidir o futuro do Recife. O avanço da indústria imobiliária sobre o destino da cidade ficou muito fácil, porque se de um lado temos uma parcela da população que jura de pés juntos que “bairro nobre é o bairro das Graças, Jaqueira e Boa Viagem”, por outro temos uma parcela extremamente ausente do debate sobre a cidade. Com um poder público completamente inerte, fica tudo ainda mais fácil. Ontem uma multidão passou o dia no Cais José Estelita. Estive lá e vi professores, estudantes, artistas, médicos, advogados, arquitetos e urbanistas, filósofos, historiadores, sociólogos, enfim, um monte de gente que está bem longe de ser o que a jornalista Téta Barbosa chamou em seu blog de “hippie de butique com iPhone na mão”. Não sei se a moça, que mora em Aldeia e já fez trabalhos para a Moura Dubeux, estava lá na manifestação, ou se fala por mero recurso retórico. (Update 16/04 às 21h: Um amigo acaba de me informar que a jornalista não está mais morando em Aldeia, mas no bairro das Graças) Subtraindo toda a retórica apressada e sem graça da moça, dois substratos do texto valem ser citados. Primeiro quando ela afirma que não entende como pessoas que moram em prédios façam protestos contra a construção de prédios. Em seguida ela atira sem direção e diz que “é fácil ser hippie de butique e protestar tirando foto com iphone” (talvez só seja legítima nestes casos a participação via Twitpic). Faço nem ideia de quais interesses movem a publicitária que fez propagandas dos prédios da Moura Dubeux (empresa que fraudou o leilão do terreno onde estão as duas torres no Cais de Santa Rita), mas a depreender do texto, eles parecem maior que seu interesse pela cidade do Recife – que, a se medir pela sua fuga pra Aldeia (legítima, diga-se de passagem), percebe-se que não seja dos maiores. Bem. Pessoas que moram em prédios têm toda a legitimidade de serem contra a construção de, de, de… prédios – ou a moça acha que as pessoas que moram em prédios devem se sentir as mais felizes e realizadas Pollyanas Moças da face da terra? Morar em prédio não é o sonho de consumo de muita gente, pois muitas famílias moram neles por total necessidade financeira, pois não têm condições de morar num refúgio no meio do mato em Aldeia, ou numa casa no Parnamirim. Além disso, morar em prédio está bem longe de significar que se quer que toda a cidade seja uma imensa floresta de espigões com azulejos de banheiro. Descontando o desconhecimento aparente da história da cidade ao afirmar que o Cais José Estelita está abandonado há 300 anos, achei interessante quando perguntou “porque (sic) só agora que resolveram fazer alguma coisa nele, é que decidiram protestar?” É um fato que nossa sociedade vive uma desmobilização impressionante. Embora nos ensinem nas escolas que Recife é uma cidade de tradição libertária e revolucionária, sentamos nossas bundas nos sofás e nos sentimos bem com esse ensinamento. Esse bem-estar comodista nos fez a população mais apática em linha curva da América Latina, e que descobriu no “slaktivismo” (a militância de sofá) uma forma de se sentir melhor por não fazer patavina pelo bem comum. Mas a manifestação que levou mais de mil pessoas neste domingo ao Cais José Estelita foi um momento importante pra cidade na busca de tentar reverter tanta apatia e comodismo na cidade. E se havia pessoas na manifestação que desconhecem o projeto Novo Recife, talvez seja não só pela desmobilização, mas porque ele foi MUITO mal divulgado. E nada melhor para sair do desconhecimento do que se encontrar com outras pessoas que conhecem o projeto. Analiso a manifestação de ontem como uma massificação inicial do debate, que já vem acontecendo. Uma discussão muito bem fundamentada está sendo desenvolvida no blog Direitos Urbanos, desde a audiência pública que lotou a Câmara de Vereadores do Recife para discutir o ainda pouquíssimo divulgado projeto Novo Recife. Se há pessoas que não conhecem o projeto, essa é a hora de entrar na discussão e conhecer as pessoas e as ideias que estão circulando, seja para apoiar ou para contrariar. Ao longo de décadas o que vemos são manifestações estritamente estudantis nas ruas, ou no máximo protestos do MST (que as manchetes de jornais logo se horrorizam anunciando “Baderneiros do MST atrapalham o trânsito”). Aliás, eis aqui mais um retrato do nosso provincianismo pujante: Quando há um protesto na Grécia ou na Espanha, quem participa do protesto é tratado como “manifestante”. Mas quando há um protesto aqui no Brasil, não passam de vagabundos, baderneiros ou hippies de boutique a ocupar as ruas com seus iPhones para postar no seu Instagram.
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O Senado aprovou hoje projeto de lei que garante residência provisória a estrangeiros, que estejam em situação irregular no Brasil. A expectativa é de que cerca de 50 mil pessoas sejam beneficiadas. Já aprovada pela Câmara dos Deputados, a matéria recebeu emendas do relator, senador Romeu Tuma (PTB-SP), uma delas estabelecendo que terá direito a residência provisória o estrangeiro que ingressou no Brasil até 1º de novembro de 2008. Pelo texto, o requerimento de residência provisória será expedido pelo Ministério da Justiça e terá validade de dois anos. Neste prazo, o imigrante que desejar permanecer no Brasil deverá dar entrada ao processo de residência permanente. A nova legislação, por conta das modificações feitas pelo Senado, será novamente apreciada pela Câmara. Serão beneficiados pelo projeto estrangeiros que ingressaram clandestinamente no país, os admitidos regularmente, mas que estejam com prazo de permanência vencido, e imigrantes que não completaram os trâmites burocráticos necessários para obter a condição de residente permanente. O projeto prevê uma série de exigências para a obtenção do benefício. Entre elas, que o estrangeiro apresente declaração, sob as penas da lei, de que não responde a processo criminal ou foi condenado criminalmente, no Brasil ou no exterior. O requerimento de residência permanente só poderá ser efetuado 90 dias antes do término da validade da Carteira de Identidade de Estrangeiro provisória. Para a efetivação da permanência no país o imigrante terá, também, que preencher uma série de requisitos, tais como: exercício de profissão ou emprego lícito ou a propriedade de bens suficientes à manutenção própria e de sua família; inexistência de débitos fiscais e de antecedentes criminais no Brasil e no exterior; ou não ter se ausentado do território nacional no prazo superior a 90 dias consecutivos durante o período de residência provisória. A residência provisória ou permanente, de acordo com o projeto, será anulada se, a qualquer tempo, seja constatada a falsidade nas informações prestadas pelo estrangeiro. AGÊNCIA BRASIL ## Comentários Sou a favor da anistia sem privilégios a novos estrangeiros e que o imposto para estes seja mais alto. Sou a favor da proteção a nós estrangeiros de passaporte brasileiro no exterior. Protejam o nosso povo em primeiro lugar, independente da sua descendência, desde que sejam dignos de nossa pátria e que possuam todos os documentos brasileiros em dia…além do passaporte! Todos os brasileiros em geral estao indignados com esta anistia para estrangeiros como pode acontecer isso se no pais deles nos tratam como cachorro e perseguidos devido alguns brasileiros serem ilegais e nao tiverem condiçoes financeiras Nós nao somos bobos o brasileiro que ama sua patria reivindica seus direitos e pedimos ao presidente lula para dar anistia aos brasileiros este sim precisam mais do que nunca pois existem milhoes de brasileiros com situações irregulares de imoveis e que nao podem morar com condiçoes precarias reaveja o que esta fazendo pelos outros (estrangeiros) e olhe para o seu pais o Brasil que é um pais abençoado por Deus mas tem que ser justo e democratico o que nao esta sendo e infelismente o Brasil obedece a lei de governos corruptos que desviam milhoes e milhoes de dinheiros da populaçao fazendo de nós brasileiros de palhaços bobos escravos de uma lei que o governo faz e rouba em nossa caras onde este pais varonil de tanta graça é taxado de bonzinho ooh pessoas receptivas faça mil favor VAMOS ACORDAR PESSOAL TA NA HORA DE COLOCAREM GOVERNOS DEMOCRATICOS E CPIS QUE FAVORECEM A POPULAÇÃO E QUE A NAÇÃO POSSA COBRAR E A LEI DE SANÇOES (PENAIS) E ALTERA-LAS PARA QUEM NAO CUMPRIR O QUE DIZ NAS ELEIÇOES SEREM PUNIDOS CASSADOS NAO SÓ O GOVERNO MAS TODO O CRIME QUE SEJAM PUNIDOS TAMBEM FORÇA BRASIL! CONFIAMOS EM TI EM DEUS PRIMEIRAMENTE POIS ELE É JUSTO E FIEL ACREDITO NO BRASIL POIS EU COMO MUITOS BRASILEIRAS A NAÇÃO TODA PEDE A DEUS PARA HAVER JUSTIÇA EM NOSSA NAÇÃO Parabesn ao Presidente Lula pela nova lei de Amnestia para Estrangeiros. Sou Portuguesa, ainda não estou ilegal mas brevemente estarei, se esta lei não entrar em prática. Acho que entre Portugueses e Brasileiros não deveria de existir tanta restrição, so peço a Deus que Portugal faça o mesmo para os Brasileiros, pois ha mts em Portugal com as mesmas dificuldades, embora la os Brasileiros arranjem empregos e muitos deles estão melhores que mts portugueses embora ilegais. So deixo aqui um apelo, que assim que a lei esteja em vigor, nós possamos saber com clareza e onde ir buscar as informações necessarias. Mt Obrigada Presidente Lula e Mt obrigada Brasil!!!! será que a camara eo senado federal do nosso riquissimo Brasil, pensou no prejuiso que o indio amigo do lula deu quando emcampou a nossa petrobrás, aquele cocaleiro, baderneiro, e imrresponsável deveria ser deposto por aquele povo cativo, seguidores de um idiota que se diz presidente de um país, e deixa seus compatriotas virem aqui para serem explorados por alguém do seu proprio pais, que chegou antes com seu presidente que encontrou uma petrobras paga com o nosso sacrificio, e hoje o indio tomou, mande todos os ilegais de volta para suas terras porque os brasileiros nunca foram aceitos em lugar nehum, a não para lavar privadas, e para aqueles que abandonam sua terra lavar privadas esta otimo de mais, cade os dekaseseks voltaram? aqui é uma merda porque não ficaram lá no japão na terra dos seus antepassados a onde o dinheiro era facil. quando a crise chegou prá todo mundo graças a Deus, os pasteleiros quiseram vir embora e não tinhã ném o dinheiro da passagém? que pais maravilhosso esse japão, na primeira caganeira ficaram com os nativos e os descendentes que se danem, quer dizer o itamaraty que com o nosso parco dinheiro vai resgatar os descentes que foram atráz do sonho niponico.Por isso que eu acho que não tem que anistiar ninguém, pois que fiquem no seu pais façãm a revolução, ou roubem come fazem alguns paises socialistas, comunistas, ou democratas. quem é esse congresso brasileiro para anistiar alguém porque esta em situação irregular? enquanto aqui no Brasil tem milhares de pais de familia em situação irregular afinal de contas o cogresso brasileiro está do lado de quem? do estrangeiro irregular ou do brasileiro irregular, qual é a prioridade? esse congresso além de gastar muito mais que lhe é permitido esta a seviço de quem? Fico indignada quando vejo ou leio alguém falar como esse Ademir. Em toda historia do Brasil nao houve um Presidente que fizesse pelo Brasil o que o Luiz Inácio da Silva LULA, está fazendo Desde quando um assalariado podia ter uma tv nova, uma geladeira, computador e outras mais coisas como agora? Gente…..Pensem bem. Reflitam sobre tudo que escrevem. Alguns Brasileiros são INJUSTOS Lula está de Parabéns Isso sim. e por sua Sorte Ademir ele nao dá assuntos à pessoas que pensam e agem como você!. Desculpe da sinceridade mas pense, reflita por favor. Boas a todos: Sou Portugues e estou no Brasil aquase dois anos infelismente estou ilegal pois entrei no Brasil no dia 2 de dezembro de 2007. Sou confeiteiro e padeiro e vim para o Brasil pois conheci a minha noiva pela internet e nos dois decidimos viver juntos e ca estou. Tenho 9º ano de escolaridade em pt sei falar,escrever e ler 2 linguas ( frances, ingles) e nao consigo arranjar trabalho por causa nao ter decumentos, nao e por nao querer trabalhar pois quem começou a trabalhar aos 16 anos em pt agora com 39 anos eu axo que nao e ser mandriao e sim nao darem oportunidade para demostrar-mos o nosso valor. Venho de um país (portugal) aonde os brasileiros sao respeitados em alguns casos ate mais que os proprios portugueses alem disso mesmo estando ilegais em portugal sempre se arranja trabalho. O que nós ilegais pedimos e uma oportunidade para trabalhar mas um trabalho digno honrroso e nao um trabalho de escravidão. Por isso sou a favor da amenistia nao sei se me vai abranger mas sou a favor sim. Nobre, Gostaria poer me comunicar com vc para nos ajudar neste proceso de regularisacao. Meu email ggruello@hotmail.com Att, Jerome Caro conterrâneo Nobre Eu estou numa situação identica à sua. Também conheci minha esposa, Brasileira, pela Internet, há 6 anos e resido no Brasil há 5 e meio. Espero ansiosamente pela publicação da Amnistia, dado que tenho todos os documentos necessários, mas não podemos casar porque não possuo autorizaçao de residência. Não necessito arrumar emprego dado que estou Aposentado da Função Pública. Um abraço a você a a todos os irmãos Brasileiros. Sou kevin da Costa Do Marfim,sou formado em letras e enfirmagem no meui pais de origine. veio ao Brasil sobre a recomendaçao dum amigo Chines que me falou tanto desse pais, hoje estou no brasil gosto muito o povo brasileiro com seu carinho mas o problema é que uma pessoa como eu formado sou obrigado ser um camelo no 25 de março por falta de documentos,nem consigo viajar conhecer o Rio de Janeiro que era o meu sonho de infancia, nem consigo alugar um apartamento,sou obrigado morar no obergue,sou discriminado pela Policia por falta de documentos. Eu peço perdão ao Governo brasileiro para aprovar a Anistia para que nos estrangeiros na visiao dos homens beneficiamos do mesmos direitos. Somos todos iguais na frente de Deus por causa de simples documentos nos sofrimos muito. Por Favor governo brasileiro ajuda a gente. Eu gosto muito do Brasil e quero fazer minha vida aqui se Deus quiser. marcia tu é uma mulher sem cultura e sem moral tu nao é a mulher melancia tu ainda tem preconceito de brasileiro que mora na comunidade porque o americano mora na comunidade marcia maluca existe brasileiro nos estado unidos na europa na africa e na asia na antartica na australia em angola na africa do sul merda e no japao viaja depois tu vai aprender o que é a emigraçao otaria ola marcia tu nao tem cabimento de dizer isto, cara soumos todos seres humanos jogando pela logica o brasil pais de todos cara que borocracia e esta temos que ver que sou nao tem imigrante no brasil como tambem tem brasileiros fora do brasil e que tem docomentaçao legal mente sabe entao eu descordo toatalmente com asua informaçao.abraço pra quem esta desposto para legalizaçao dos emigrantes. Parabens! a todos que contribuiram para a aprovaçao desse projeto. Se nao fosse a astucia de alguns aventureiros estrangeiros, essa maravilha nao teria sido descoberta. Vamos prestigiar aqueles que tambem amam nossa terrra. E viva o Brasil!!!! Sds, Hugo Oi, Bom dia!!! Gostaria de falar que sou brasileira, mais fiquei muito feliz pelos os estrangeiros pq assim como disse freddy, somos todos diferentes, independente da nacionalidade, se eles estao no brasil é pq gostam daqui e muitos precisam trabalhar para sustentar suas familias, não seria justo ficarem ilegais sempre, sem trabalho digno, e depois da permanencia ,tbm poder sair na rua com tranquilidade…. Sou a favor sim da anistia!!!!!!!!! acho que demorou muito. Bom dia a todos!!!! Estou totalmente de acordo com o Freddy referente aos comentarios da Senhora Marcia, é muita falta de humanidade, falta de cultura diria eu. “Uma pessoa só nao faz o mundo”, todos os seres somos diferentes e somos muitos os que fazemos coisas boas nesta vida independente de sua etnia, nacionalidade, sexo, etc. Que pena Marcia , todo ese odio que tem teu coração,mas felizmente este pais es abençoado ye a maioria pensan diferente, que Deus abençoe tua vida e ilumine teus pensamentos Conheço imigrante americano que está aqui no Brasil ilegalmente e não pretende trabalhar. Anistiar vadio? Que país é este? Este americano não tem estudo, não tem profissão especializada, não trabalha, não faz nada, vive com uma coroa na periferia, e vem o governo anistiar este tipo de imigrante, visto de turista vencido a 6 anos? Faça-me o favor, os brasileiros não teem esta boca doce em outros países! Brasil seja mais exigente, não deixe que continuem pensando que aqui é a casa da mãe joana! Que brasileiro é otário! Acho muito serio,quando agente assiste,houve umas ideias reacionarias e ficam passivos,mente do tipo das marcias da vida ainda tem espaço para se manifestarem,mas espero q estao com tempos esgotados……..oh,cabecinha,tu esquece que este pais é,por exelencia pais de emigrantes,que na verdade vc é tambem!cabecinha Marcia equantos brasileiros vadios nao existem no Brasil? Vadios têem em todos os lugares e isso não é de nacionalidade e sim de Caráter Sim. Nao da para entender. Além do mais, concedem uma residência PROVISÓRIA de 2 anos. Para que o imigrante prolongue assim a agonia dentro da inestabilidade, das ameaças dos que o contratam. E depois poder negar a permanência dependendo do interesse da empresa, ou da situaçâo politica. Depois falam de direitos humanos e de liçâo dada ao mundo, de como se deve tratar os estrangeiros. Na Espanha, qualquer imigrante, legal ou ilegal, tem direito à permanência DEFINITIVA, após morar tres anos no territorio. “Lei de arraigo”. Estão legalizando os que entraram no país irregularmente e não estão legalizando centenas de profissionais, com nivel superior, que entraram no país para trabalhar dentro de sua profissão. Já cumpriram as inumeras exigências para regularização do diploma, como cursar determinado numero de matérias, etc. Há processos dormindo nas gavetas de Brasilia há mais de tres anos… Seria uma vigança porque a classe médica não aceita a regularização dos médicos que o PT mandou para se formarem em Cuba? Todas as demais categorias estão pagando por isso…
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Enquanto o blog hiberna pela saturação de compromissos profissionais, curtam oi Criminologia de Garagem # 3 – sobre as Marchas, comigo, Salo de Carvalho e Felipe Oliveira, trilha de Beirut, Rage Against the Machine e Yeah Yeah Yeahs. # Arquivo da categoria: Rocks # LANÇAMENTOS DE 2011 **ASOBI SEKSU, FLUORESCENCE – **Depois do ótimo “Citrus” (2006), onde o Asobi Seksu cunhou ao lado de outras bandas o que se passou a chamar “nugaze”, combinando os vocais nipônicos de tom delicado com guitarras na mais intensa eletricidade, a banda volta com um disco ligeiramente mais suave, quiçá mais próximo do “dream pop” e outros gêneros psicodélicos de menor intensidade. Infelizmente, isso enfraquece a energia que regava seus álbuns e aquilo que os tornava mais interessantes em canções do álbum anterior como “Thursday” ou “Red Sea”. **BEADY EYE, “DIFFERENT GEAR STILL SPEEDING”** – Sou fã de Oasis. Fã de carteirinha. Infelizmente, esse disco da banda sem seu compositor principal, Noel Gallagher, é uma imagem pálida, quase como um zumbi vagando como corpo sem alma. Todos os clichês do rock que o Oasis soube reinventar, retrabalhar, magistralmente executar aqui aparecem na sua forma mais monótona, enfadonha e previsível. **DESTROYER, “KAPPUT”** – Esse disco tem para mim a mesma característica de todos os anteriores que ouvi do Destroyer: um som competente, folk honestíssimo e com bons momentos, mas incapaz de produzir uma sensação extra, algo que atraia para si atenção, ou seja, disco excessivamente dentro de parâmetros que não produzem amor. Apesar disso, há vários bons momentos, especialmente porque a banda muitas vezes acresce ao tradicional voz/violão diversos elementos até então ausentes, enriquecendo sua sonoridade. Melhor momento é a faixa-título, “Kapput”. **JOAN AS THE POLICE WOMAN, “NERVOUS” –** O primeiro álbum de Joan as the Police Woman oscilava entre momentos em que a irrelevência era brutal, quase próxima do *easy-listening*, e outros de beleza ímpar, capazes de concentrar uma profundidade de sentimento apaixonante. É o caso de músicas como “To America” ou “Start of my heart”. Aqui, em “Nervous”, as coisas estão ainda melhores: a sonoridade está mais precisa e complexa, poucas vezes desaguando na irrelevância. Mantendo Feist como a principal influência, Joan as the Police Woman tem empolgantes momentos alegres e tristes, envolvendo o ouvinte com sua voz excelente. São destaques “The Magic”, “Nervous”, “Human Condition” e a minha preferida, “Chemmie” (com pequenos toques de Amy Winehouse), com tempo ainda para a experimental “Flash”. **MOGWAI, “HARDCORE WILL NEVER DIE”** – Lindo disco dessa banda-camaleã desse estranho gênero chamado “pós-rock”. Após levar ao limite a experimentação em disco como Young Team, o Mogwai aparece aqui *quase *melódico, bem próximo de uma estrutura mais tradicional do rock. Permanece, contudo, a característica do pós-rock: primazia da harmonia sobre a melodia, regada a boa guitarras sobretudo. Destaque para a fantástica “San Pedro”, vizinha de porta do Sonic Youth. **PJ HARVEY, LET ENGLAND SHAKE –** Ainda não tenho palavras para descrever a grandeza desse álbum. Trabalho conceitual que enfoca a Primeira Guerra Mundial, mostra como o rock pode transbordar dos seus pontos de referência e encontrar-se com o mais rico conceitual, sendo complexo, denso, profundo em letras, melodias, instrumental. Uma obra que consolida mais do que nunca a já consolidada PJ Harvey. De se ouvir todo de cabo a rabo, sem hesitação. **RADIOHEAD, “THE KING OF LIMBS”** – Já falei bastante por aqui, mas apenas repito: trabalho difícil, intrincado, que lembra os momentos mais maquínicos do Radiohead, apostando sobretudo em novas formas de compartilhamento e na reconstrução das relações entre arte, economia, política e tecnologia no nosso mundo contemporâneo. Inegável que “Lotus Flower” e, por exemplo, “Give up the ghost” são belíssimas canções, ao lado de exotismos para degustadores seletivos como “Bloom” e “Little by Little”. **SHE WANTS REVENGE, “VALLEYHEART”** – Desde o início o She Wants Revenge nada mais era que aproveita a onda de revival do pós-punk a partir do Interpol e a aplicava ao Bauhaus. No primeiro álbum, conseguiu acertar em dois singles, embora o conjunto da obra já fosse fraco. Aqui, seguindo a banda de Nova York (que o blogueiro muito aprecia) no seu último álbum, tropeçou de forma grotesca: concorrente a pior disco do ano. **THE DECEMBERISTS, “THE KING IS DEAD”** – Banda queridinha da crítica, faz um folk para lá de competente que aqui tem momentos de extrema beleza, com vocais exóticos mas que alcançam uma serenidade impressionante, causando uma sensação de inegável bem-estar no ouvinte. Belos arranjos, melodias atraentes, um conjunto que merece ser ouvido, em especial nos seus **dois melhores momentos: “January Hymn” e “Rise to me”.** **BON IVER,”BON IVER” – **Depois de uma ótima estréia (“For Emma”), a banda de Justin Vernon retorna com um álbum mais denso e complexo, que substitui o tom mais golpel do primeiro por um som mais recheado de elementos climáticos, fazendo ainda mais certeiro o conjunto da obra. Segue uma espécie de folk psicodélico de primeira linha. Certamente entre os melhores do ano, apesar do tropeço na última canção, “Beth/Rest”, quando lembram o horroroso Genesis. **EDDIE VEDDER,”UKELELE SONGS” – **Você gostaria de saber como seria o Jack Johnson se não fosse apenas o cara que toca bem o violãozinho no fim da festa? Algo como – se tivesse alma? Ouça então esse álbum. É certo que não temos aqui o Eddie Vedder mais top, mais completo e mais criativo, mas se trata de um apanhado de canções com verniz praiano e espontaneidade na sua execução, sempre regadas pelo ótimo vocal de Eddie. Permaneça sentado e sinta a brisa. **DEATH CAB FOR CUTIE, “CODES AND KEYS” – **Banda que se caracteriza por fazer um som aveludado e pop sem cair no clichê, consegue manter certo padrão de competência nesse álbum, ainda que não esteja tão inspirada quanto nos tempos de “Transatlanticism” e “Plans”. Em todo caso, trata-se de um álbum om bons momentos, especialmente a faixa-título. **FLEET FOXES**, **“HELPLESSNESS BLUES”** – Outra banda que vem mantendo um padrão de excelência impressionante. Depois de ótimas estréias com o EP “Sun Giant” e o álbum “Ragged Wood”, a sonoridade inspirada em Crosby, Stills and Nash reverbera com a mesma qualidade aqui, fazendo folk de primeira classe. Impossível não se apaixonar pela faixa-título e pelo minimalismo que combina violões com os vocais de extrema harmonia que caracterizam o som campestre do Fleet Foxes. **THE Dø, “SLIPPERY SLOPE”** – Em outro contexto poderia ter gostado mais desse álbum, um bom empilhado de músicas de dream pop que muitas vezes migram para um pop mais direto, outras para uma psicodelia mais intensa. Contudo, não sei se tenho espaço para outro Blonde Redhead. **THE RAVEONETTES, “RAVEN IN THE GRAVE”** – Das bandas queridinhas da casa, na realidade não sei se já não está igualmente exaurida. Brilhante, realmente, na carreira dos Raveonettes é a sequência “Chain Gang of Love” (2003) e “Pretty in Black” (2005), quando conseguem capturar uma leitura renovado do Jesus and Mary Chain e a colagem dos 50’s e o glamour a la James Dean com eletrificação extrema. Aqui, depois do fraco “In and out of control” (2009), que exagerou no pop, o Raveonettes quer retomar a pegada forte da guitarra, mas parece sem a mesma inspiração melódica. Ficou devendo. **YOUNGTEAM, “DAYDREAMER” –** Para terminar, uma obra e tanto. Primeiro álbum dessa banda da Suécia que retoma um *shoegaze* de alta classe e homenageia o Mogwai no disco mencionado linhas atrás, convida-nos a dançar nas nuvens com guitarras que rasgam o horizonte para que entremos nas fendas a sonhar. Álbum excelente do início ao fim, com destaque para “Daydreamer” e sobretudo a belíssima “Northern Star”, quando lembram até o The Verve. Imperdível. # DICAS MUSICAIS DE 2011 Como a semana está tumultuada e não está dando tempo para escrever, seguem algumas dicas rápidas dos melhores de 2011 que ouvi até agora: # ROCK E REVOLUÇÕES ÁRABES Lendo o ótimo dossiê da Revista Cult acerca dos países árabes e suas revoluções constatei em dois artigos a influência do rock (em especial do heavy metal) e do hip hop como elementos que *impulsionaram *a juventude dos países a lutar pela democracia e pela liberdade. Não muito diferente, aliás, do que foi o rock como força impulsionara dos movimentos do 1968 – heterogêneos entre si – mas que constituíram o último suspiro do político no século XX. Com isso, creio que lamentáveis livros como o de Finkielkraut, no qual ataca o rock como decadência da cultura, vão parar no lugar onde deveriam estar: na prateleira dos velhos nostálgicos e rabugentos. O velho nostálgico é dono daquele cansativo mantra: “no meu tempo era melhor, agora está tudo decaído, perdido”; o velho rabugento é aquele que reclama de tudo indiscriminadamente, veiculando uma espécie de pessimismo difuso que não raro se encontra com o preconceito. Livros como o de Finkielkraut e toda turma que vê fenômenos contemporâneos como o rock e a tecnologia de ponta como sintomas de decadência terão que ser revistos imediatamente a partir das revoluções árabes, embaladas pelo rock e mediadas pelo twitter e pelo facebook. É evidente que isso não significa, de outra mão, um otimismo tolo com relação a esses fenômenos. Como em tudo, a política está também presente tanto no rock quanto nas novas tecnologias. O rock é atravessado pela disputa entre o movimento de *consagração *(a separação que estetiza a política, retirando dela seu sentido vital) e o movimento de *profanação* (o novo uso que politiza a arte, transformando-a em forma-de-vida). De um lado, estão os defensores do cânone e os produtos da indústria do espetáculo (estes últimos provavelmente os alvos de Finkielkraut, que contudo banalizou demais as coisas até um ponto em que a indiferenciação se torna violenta e preconceituosa), que estetizam a dimensão *vital *do rock, transformando-o em artigo formulaico e repetitivo, ou simplesmente uma forma vazia que se vende ao lado das balas e dos chocolates. De outro, estão aqueles que buscam com o rock *transtornar *a ordem, invertendo o sagrado na dimensão do *maldito profanado*, isto é, de um maldito que não quer ser o oposto do sagrado, mas apenas desestabilizá-lo, tirá-lo da esfera separada, desfazer seu arranjo violento. Esse *maldito profanado *– que é a própria essência de algum *heavy metal *– por óbvio teve o efeito de desfazer a concentração das energias políticas do Oriente Médio na religião (que por sua vez permitiu a ascensão dos fundamentalismos) – permitindo à juventude reivindicar novos arranjos políticos. O *hip hop*, por outro lado, seguindo sua tradição, foi o próprio grito das vozes silenciadas, fazendo ecoar a alteridade que era sufocada pelas polícias diversas que organizavam esses países. Espero que, diante das revoluções árabes, as críticas de certa esquerda rabugenta possam ser capazes de perceber as sutilezas desse processo, substituindo seus preconceitos de pura rabugice por uma parceira produtiva com todas as forças subversivas que possam contestar as forças que mantém a injustiça nas nossas sociedades. # DOIS COVERS PRA MATAR O cover oscila da irrelevância até um ponto notório, às vezes superando o original inclusive. São muitos exemplos para brincarmos. Essas duas canções que coloco têm relação com minha banda predileta, o Radiohead. A primeira é uma belíssima versão da magnânima “No Surprises” cantada por Marissa Nadler em um tributo ao Ok Computer. Baixei bastante coisa da artista e nada mais está nesse nível. Em todo caso, a versão é tão boa que quase atinge a original, não fosse essa irreparável. A delicada voz de Marissa e o bem tocado violão expressam bem a melancolia extrema da canção. A segunda é uma brevíssima versão de Thom Yorke e Johnny Greenwood de “The Rip”, melhor canção do álbum “Third”, do Portishead, tocada sem o invólucro eletrônico da original. A delicadeza com que ambos conduzem a música faz jus à versão original, cantada na voz ímpar de Beth Gibbons. Recomendo aproveitarem. # CRIMINOLOGIA DE GARAGEM # 0 O Felipe Moreira de Oliveira, Professor da PUCRS, Salo de Carvalho, Professor da UFRGS e eu, por ideia do Felipe, nos reunimos com a ideia esse “programa” **Criminologia de Garagem**. O Salo já escreveu bastante e eu repito apenas: No ar: , “ Criminologia de Garagem Programa Zero“. Resolvemos disponibilizar ao público a versão “zero” ou “demo”) do programa, com intuito de receber críticas e sugestões. Assim, algumas explicações. A ideia inicial era fazer um podcast, um programa exclusivamente de áudio. Quando fomos gravar percebemos que o estúdio fornecia a possibilidade de gravar áudio e vídeo. Gravamos ambos e ampliamos o projeto. Como vocês irão perceber, a imagem é fixa e constante, circunstância que torna o programa um tanto quanto monótono. Decidimos alterar este formato e que os programas serão limitados em sua duração: cerca de 15 o 20 minutos. De igual forma, serão diminuídos os vídeos – pensamos em torno de 02 por programa. A trilha sonora, portanto, tenderá a ser a música de fundo que servirá de base à discussão. As músicas mais relevantes serão disponibilizadas em forma de clip. Neste “demo” o tema-problema é “a crise do ensino jurídico”. Em realidade, discutimos a própria motivação do programa, isto é, realizamos um programa sobre o programa, uma espécie de exposição de motivos. Bueno: divirtam-se, enviem seus comentários e “ Long Live Rock ‘n’ Roll!“ Também estou reproduzindo por aqui para críticas e sugestões. Nos primeiros dois blocos falo mais de música, do Radiohead. No último bloco, lá 39, 40min, falando sobre o ensino jurídico propriamente dito. Fiquem à vontade, mas me poupem do bullying! 😀 # AS PEQUENAS REVOLUÇÕES DO RADIOHEAD A obra do Radiohead é formada por aprofundamentos e reviravoltas intensas. Assim, The Bends (1995) leva Pablo Honey (1993) até o limite, Ok Computer (1997) leva The Bends até o limite, o mesmo acontecendo com Kid A (2000) em relação a Ok Computer e Amnesiac (2001) em relação a Kid A. De alguma forma, são álbuns que fazem o anterior tocar um ponto extremo de radicalidade que só matura com o tempo. The Bends aprofunda a rebeldia jovem de Pablo Honey; Ok Computer densifica a crítica do vazio tratado em The Bends; Kid A leva ao extremo o lado maquínico ainda amalgamado em Ok Computer; Amnesiac, por fim, eleva esse maquinismo até o limite. Por outro lado, podemos igualmente enxergar esses conjuntos de álbuns como pequenas reviravoltas: dos roqueiros Pablo Honey e The Bends para os conceituais Ok Computer e Kid A/Amnesiac, seguidos de uma intervenção política em Hail to the Thief (2003). Eu, contudo, não havia percebido o real significado artístico de In Rainbows (2007), afora um belo conjunto maduro de canções. Só agora, com esse exótico The King of Limbs (2011), entendi finalmente. Até agora, vinha interpretando a obra do Radiohead sobretudo a partir do respectivo *conteúdo*, isto é, do teor conceitual que todos os seus álbuns apresentam em menor ou maior medida. Finalmente percebi que os dois últimos discos estão com outro foco – voltados para a *forma*. Uma das principais questões do século XXI em que ingressamos é a dos direitos autorais e da circulação da cultura. Sabemos que a interpretação jurídico-liberal dessas questões está ligada sobretudo ao conceito de *propriedade*, do qual deriva inclusive a ideia de autoria (o “Eu” moderno, autor-gênio, é sobretudo um proprietário de si mesmo), traduzida como propriedade intelectual. A emergência da internet e seu evidente potencial subversivo a partir das redes piratas, do anonimato, da cultura da dádiva e dos novos arranjos políticos virtuais é, portanto, uma questão central para o nosso século. Sabemos que o Radiohead foi uma das primeiras bandas a abdicar dos seus direitos autorais permitindo o download de In Rainbows pelo preço que o ouvinte quisesse pagar (talvez a que tenha realizado isso com o gesto mais significativo). Com isso, causou um abalroamento da indústria fonográfica – parte da “indústria cultural” – deslegitimando a preponderante posição conservadora dos artistas em relação aos seus direitos de propriedade intelectual. Por essa razão, a grande revolução de In Rainbows – apesar do absoluto brilhantismo das canções – não está no conteúdo, mas na forma. O Radiohead pôde “pousar na Terra” novamente, gravando um álbum mais acessível (embora complexo e já influente), porque era na forma de distribuição que o gesto político se movimentava. Em “The King of Limbs” essa lógica é levada ao extremo. Com uma sonoridade muito menos acessível, mais quebradiça, estranha, próxima do desconforto inicial, o Radiohead *duplicou *o gesto de ruptura com a indústria cultural: além da distribuição continuar preponderamente com o mp3 via internet (o que inexoravelmente, e a banda sabe *bem *disso, provoca a pirataria), a *forma *do próprio álbum contaminou-se por essa lógica disruptiva. Assim, The King of Limbs não é propriamente nem um álbum nem um EP, mas algo entre eles (enquanto um EP costuma ter até 6 músicas, um álbum raramente tem menos de 10; King of Limbs tem 8); o primeiro single, “Lotus Flower”, não apenas foi lançado via youtube, fazendo uso da disseminação livre, como conta com uma performance paródica de Thom Yorke, em que é *indecidível* o sério e o cômico (tentem responder essa: Thom Yorke dança sozinho porque pensa que é um bom dançarino ou não?). Além disso, a própria separação entre som e imagem se esvaece, pois a performance tornou-se tão central para a própria canção que já é quase inviável a ouvir sem pensar em thom Yorke dançando. Com isso, a própria forma de definir um *single *é posta em questão (isso em um nível ainda superior ao que a MTV havia estabelecido). The King of Limbs vai ainda mais longe nessa ruptura ao traçar suas canções de forma descontínua, inorgânica, voltando a um certo estilo próprio de Amnesiac: quebradiço, inconstante, maquinal. A simbiose homem/máquina que o Radiohead explora como ninguém não ganha agora outra forma política – não o afundamento melancólico na paranóia de Kid A ou a frieza industrial de Amnesiac – mas algo como uma miscigenação alegre, a tentativa de *dançar *com a máquina? Talvez esse estranho, exótico, quase incompreensível álbum esteja a sinalar algo desse gênero (deixo para comentá-lo em maiores detalhes em outra ocasião). O certo é que o Radiohead nesses últimos dois álbuns apresenta-se, definitivamente, como a primeira banda do século XXI. # RADIOHEAD E A DESCONSTRUÇÃO DO “CARROCENTRISMO” Alguns têm dificuldade intensa de entender que em certos fenômenos pulsa uma vibração que reflete o seu tempo como um todo. É o caso do carro para a cultura do século XX e, mais do que nunca, para a do século XXI. Essas pessoas – geralmente de leitura *excessivamente literal *do que está sendo escrito – não percebem que o problema não é o automóvel em si mesmo, mas o “carrocentrismo”, isto é, a dominação de toda ecologia urbana pela figura do automóvel. A demolição das paisagens e o trânsito selvagem são os principais reflexos dessa dominação. Uma imagem de Porto Alegre expressa bem essa dinâmica: *o antigo cinema Baltimore, antes concentração cultural e espaço de convivência entre diversas “tribos urbanas”, deu lugar a um estacionamento. * Nenhuma banda soube expressar com tanta precisão a desolação de um mundo feito de fumaça, barulho e borracha do que a grande crítica da *urbe *contemporânea: o Radiohead. Evidentemente, se “Ok Computer” é o próprio espelho da contemporaneidade na sua dinâmica vazia e glacial, não poderia deixar de tratar do automóvel de forma ácida e central. Mas a crítica à cultura automobilistíca começa já com “Stupid Car”, b-side da época do longíquo “Pablo Honey”, presente no “Drill EP”, de 1992. Na canção, Thom fala de um acidente a que sobreviveu: Pouco tempo depois, a banda retorna ao tema de forma ainda mais ácida e musicalmente mais elaborada em “Killer Cars”, b-side do álbum “The Bends” (1995). É possível notar a sonoridade típica do álbum com riffs empolgantes, refrões suculentos e melancolia desiludida: E, como já disse, não poderia “OK Computer” (1997), o mais completo espelho do final do século XX, deixar de tratar da temática como inerente à frieza das relações nos nossos dias. O álbum já *inicia *com “Airbag”, uma suave ironia que se intitularia “An airbag saved my life”, como que a expressar uma vida colonizada pela tecnologia de tal forma que apenas esta ainda é capaz de lhe dar sentido. Na canção, nota-se a evolução do som para o nível supremo, mesclando elementos eletrônicos com um belíssimo riff de guitarra de Johhny Greenwood: Por fim, a melancólica “Let Down”, também de “Ok Computer”, na qual os transportes, as vias de trânsito e as lihas férreas povoam o mesmo cenário em que os solitários desencantados e vazios de sentimentos mesclam-se às garrafas, numa sufocante rotina acinzentada e opaca. Ei-la: PS: Nenhum dos clipes é oficial. # … Enquanto não vem a inspiração, e para que o blog não fique antipático, um pouco da boa música de 2011. # DISCOTECA BÁSICA # 2 – OASIS, “(WHAT’S THE STORY) MORNING GLORY” (1995) Poucos álbuns dizem tanto de uma geração quanto “(What’s the story) Morning Glory”. Tanto isso é verdade que uma pilha de leitores desse blog certamente tem muito mais a dizer sobre ele que eu, apesar da minha obsessão pelo rock e de o Oasis estar entre as minhas três bandas favoritas. Entretanto, é preciso contar algo sobre esse disco, e começarei pelo contexto. A Grã-Bretanha passava por um momento relativamente conturbado. Já eram alguns anos de prevalência do rock norte-americano, a partir do *grunge*, sobre o rock britânico. As revistas pastelonas que até hoje continuam fazendo esse papel de bobo (NME e outras) tentavam emplacar bandas, mas pouco conseguiam: Stone Roses (apesar de tudo, uma lenda em solo britânico), Suede, Elastica, Supergrass. Apesar de não serem ignoradas, essas bandas não conseguiam alcançar o nível das principais da época: Nirvana e Pearl Jam. Em termos de *mainstream*, o rock britânico agonizava. Foi então que apareceu – ao mesmo tempo em que começava o ocaso do grunge com o suicídio de Kurt Cobain – uma hecatombe chamada OASIS. Pegando emprestado o acervo melódico e a beleza dos arranjos vocais dos Beatles e atualizando-o com as influências de My Bloody Valentine, Stone Roses, Sex Pistols e toda parafernália do rock britânico do início dos anos 90, a banda cunha um estilo a opor ao *grunge*: o *britpop*. O arrojo punk combinado com baladas recuperadoras das raízes do rock inglês pode ser traduzido nos seus dois nomes: Liam e Noel Gallagher. Essa dupla explosiva de irmãos contrastava a atitude anti-hype de Kurt Cobain e Eddie Vedder com um sonoro *sim, nós queremos ser rock stars*, desde que isso signifique ser transgressor, beber e se divertir ilimitadamente, ser jovem para sempre. Todo o resto não importa. Primeira música do antológico primeiro álbum: “ **Rock ‘n’ Roll Star**“. Após verdadeiramente explodir em 1994 na Inglaterra, o Oasis vai conquistar o mundo. A polêmica com o Blur – o outro expoente do britpop – catapultou o Oasis para o sucesso. Apesar de ter perdido a disputa de *singles *com “Some might say” (onde a influência das bandas de início dos anos 90, com paredes de guitarras e violência sonora, ainda é muito nítida), o que se seguiu na comparação entre “(What’s the story) Morning Glory” e “The Great Escape” foi verdadeiro massacre. Tudo isso se potencializou com a atitude baderneira, caótica, desafiadora dos irmãos de Manchester (terra da principal agitação musical britânica no início dos anos 90). E o disco? Musicalmente, é impecável. Abre com “Hello”, a mais *shoegaze *de todas, saudando os fãs, “é bom estar de volta”, com paredes de guitarras e atitude de quem estar abrindo o jogo no ataque. “Roll with it”, “Some might say”, “Hey Now” e “Morning Glory” compõem o bloco das pesadas e eletrificadas ao extremo canções de agitar qualquer platéia. A *energia *que penetra nos poros é indizível. É como tomar um martelinho de tequila: bate aquele calor na goela e dá vontade de pular. “Wonderwall”, “Don’t look back in anger”, “Cast no shadow”, “She’s electric” e “Champagne Supernova” compõem o outro bloco: as baladas devastadoras que, recuperando o legado dos Beatles, mostram um domínio da harmonia e da melodia ímpar. A voz rasgada de Liam, em particular, somada ao perfeito *backing vocal *de Noel, dá uma feição totalmente particular a essas belíssimas canções na maioria tocadas com violão pela banda. O *back to basics *do Oasis (que não foi a mesma coisa do Strokes, alguns anos depois) é, essencialmente, um retorno às raízes do rock britânico para fazer uma sonoridade *suja *o suficiente para ser chamada de *rock’n’roll*. Abdicar das experimentações extremas para dar origem a algo simples, curto, reto, seco, direto, mas essencial: *simplesmente rock*. Esse som de, por exemplo, “Morning Glory”, merece ser chamado de POWER. “(What’s the story) Morning Glory” não é apenas o signo de uma geração pós-grunge que encontrou no Oasis a banda definitiva. É a maturidade da conciliação entre as tendências mais díspares e ao mesmo tempo fundamentais do rock britânico: os melódicos Beatles, com seus arranjos perfeitos e harmonias vocais absolutas, e os barulhentos punks, com suas guitarras simples, estridentes, sua eletricidade pulsante. Álbum essencial para quem quer entender *qualquer coisa *sobre o rock.
2023-02-04T05:34:44Z
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# Doria condena ‘vandalismo’ nas manifestações em São Paulo Equipes das polícias Civil e Militar de São Paulo investigam quem pode ter sido o autor de vandalismo nas proximidades da estátua do Borba Gato, na Zona Sul da capital paulista, na tarde deste sábado (24). Vídeos publicados nas redes sociais mostraram a estátua estava em chamas. Havia um protesto no local no momento da ocorrência e o fogo foi controlado por volta das 14h15. A estátua continua de pé, mas houve danos à estrutura. O monumento foi inaugurado em 1957 em homenagem a Borba Gato fez parte de um grupo que fazia incursões no interior do Brasil e perseguia povos indígenas no período colonial. Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, as duas polícias realizam diligências em buscas de imagens e informações que possam ajudar na identificação e localização dos autores. De acordo com as primeiras informações, por volta das 13h30, um grupo desembarcou de um caminhão e espalhou pneus pela via e nos arredores do monumento, ateando fogo na sequência. A SSP informou por meio de nota que policiais militares e bombeiros chegaram rapidamente ao local e controlaram as chamas e liberaram o tráfego. Não houve feridos e nem detidos. O caso está sendo registrado no 11º Distrito Policial (Santo Amaro). Esse distrito ficará responsável pelas investigações. *“Condeno o vandalismo nas manifestações. Quem age como vândalo é tão autoritário e violento como aquele que é alvo do protesto. Democracia significa diálogo, equilíbrio, jamais baderna. PM de SP agirá sempre que houver quebra da ordem. Ato democrático sim, violência não”*, postou o governador de São Paulo, João Doria. ## Comentários
2023-02-05T06:46:42Z
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# Pacificação do país: o equívoco da inversão de valores, por Sidney Rezende Numa das minhas palestras aos oficiais brasileiros e estrangeiros que faziam parte dos altos estudos da Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, que é um centro de formação do Exército Brasileiro, tratamos da importância de se respeitar a Constituição e o fiel cumprimento ao que estabelece as regras da disciplina e hierarquia. O artigo 1º do Estatuto dos Militares, inclusive, estabelece para o pessoal das Forças Armadas as garantias que lhe são devidas e os deveres gerais a que estará obrigado. É só cumprir. Vale o que está escrito! O capítulo I, o da finalidade das Forças Armadas, no art. 2º, diz que as Forças Armadas são instituições nacionais permanentes, organizadas sobre a base da disciplina hierárquica e da fiel obediência à autoridade do Presidente da República (art. 161 da Constituição). Portanto, sem querer ser redundante, o Presidente da República é o Comandante-Em-Chefe das Forças Armadas. Desde que assumiu o posto, Luiz Inácio Lula da Silva vem sendo acusado de não trabalhar pela “pacificação do país”. Afinal, saímos de uma eleição agressiva, recheada de exemplos de ódio. De fato, é um dos ítens mais sensíveis a serem enfrentados pelo Chefe do Governo. Mas peraí. Vamos refletir um pouco. O assunto precisa ser analisado com mais atenção depois do que aconteceu em 8 de janeiro de 2023. Não foi um acontecimento comum e, por isso, não pode ser normalizado. Foram 93% dos brasileiros consultados em pesquisa que condenaram a brutalidade selvagem daquele terrível domingo, que já entrou para a história como página sombria. Os crimes praticados por vândalos, incentivados por seus apoiadores, financiadores e uma rede que não para de crescer, não podem ser motivo agora, em nome da “pacificação”, que se pregue anistia e um grande perdão nacional. O que houve ali foi uma ação golpista. Os que o fizeram tinham o propósito de pavimentar uma ruptura institucional. As investigações preliminares já identificam alguns responsáveis, não todos. Já vários bateram em retirada depois de destruir o que viram pela frente. O que houve ali foi uma ação golpista. Os que o fizeram tinham o propósito de pavimentar uma ruptura institucional. E, mais que isso, destituir o presidente eleito e em seu lugar constituir uma ditadura militar ou qualquer outra coisa que o valha. Uma parte dos cartazes em Brasília, no dia 8 de janeiro, exigiam “intervenção militar”, mas outros defendiam que Jair Bolsonaro, derrotado nas urnas, permanecesse à frente do governo empossado pela força. A destruição de mobiliários e peças históricas dos três poderes da República já deveria ser o suficiente para nossa indignação e a exigência do cumprimento da lei contra quem o praticou. Roubaram a obra “A bailarina”, esfaquearam um quadro de Portinari, rasgaram outro de Di Cavalcanti, levaram para casa escultura de Victor Brecheret, a toga do ministro Alexandre de Moraes e a porta da sua sala. Arremessaram cadeiras do plenário do STF e arremessaram objetos até romper as vidraças dos prédios. Quando o presidente Lula e o ministro Alexandre de Moraes tomam as providências necessárias para restabelecer a ordem pública, começaram a crescer dizeres como “exageros”, “anistia para os manifestantes” e a palavra de ordem de que Lula não estaria disposto a trabalhar em favor da paz social. O ex-vice-presidente da República e senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer alimentar a crise com as Forças Armadas e em particular com o Exército ao demitir o comandante da tropa. O senador está se referindo à demissão do comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda, em meio a uma crise de confiança aberta após os ataques do dia 8 de janeiro. A decisão foi comunicada ao militar neste sábado (21). O general afastado é o mesmo que impediu a PM de Brasília de abordar manifestantes que participaram do quebra-quebra e se refugiaram em frente ao QG da capital federal.”Você não vai prender ninguém aqui”, teria dito o comandante do Exército ao ministro da Justiça, Flávio Dino. Outro fator de desgaste, segundo o Uol, foi o fato do antigo ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ter sido designado e mantido por Arruda para assumir o 1º Batalhão de Ações de Comandos, em Goiânia. Uma tropa de elite, como o Bope nos estados, só que para ações determinadas no âmbito federal. “Se o motivo foi tentativa de pedir a cabeça de algum militar, sem que houvesse investigação, mostra que o governo realmente quer alimentar uma crise com as Forças e em particular com o Exército. Isso aí é péssimo para o país”, disse Mourão à Folha de S. Paulo. Mesmo sob este argumento, a fala de Mourão ao criticar frontalmente Lula não foi bem recebida. Ao comandante-em-chefe das Forças Armadas não cabia mais engolir sapos por conta de atitudes enviesadas de um dos seus subordinados. Nem mesmo quando Bolsonaro demitiu o ministro da Defesa e os 3 comandantes militares, Mourão agiu como está se comportando agora. O que dizem os políticos com quem conversei, ligados ao governo atual, é que o senador eleito está “usando dois pesos e duas medidas”. E ele, sim, ajudando a criar “abismos” e com isso impedir a construção de pontes a serem trilhadas por Lula e militares nesta nova quadra da política brasileira. O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa deu uma resposta firme na sua rede social: “Ora, ora, senhor Hamilton Mourão. Poupe-nos da sua hipocrisia, do seu reacionarismo, da sua cegueira deliberada e do seu facciosismo político! Fatos são fatos! Mais respeito a todos os brasileiros! ‘Péssimo para o país’ seria a continuação da baderna, da ‘chienlit’ e da insubordinação claramente inspirada e tolerada por vocês, militares. Senhor Mourão, assuma o mandato e aproveite a oportunidade para aprender pela primeira vez na vida alguns rudimentos de democracia! Não subestime a inteligência dos brasileiros!” Ao comandante-em-chefe das Forças Armadas não cabia mais engolir sapos por conta de atitudes enviesadas de um dos seus subordinados. Inversão de valores não é bom exemplo de disciplina e muito menos de respeito à hierarquia. Os militares sabem disso, porque estudam a matéria nos seus cursos acadêmicos. A sensatez reina junto ao pensamento da esmagadora maioria. E que assim permaneça. ## Comentários
2023-01-29T02:02:51Z
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https://baixacultura.org/2010/09/28/revalorizar-o-plagio-na-criacao-1/
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### Revalorizar o plágio na criação (1) . Como já comentamos no post sobre o detournament algum tempo atrás, e no comentário sobre as vantagens financeiras do anticopyright, o plágio, em sua forma criativa, vem sido pouco falado atualmente, especialmente quando se tem relacionado as mudanças na cultura a partir da evolução da cultura digital. Esquece-se, propositalmente ou não, do rico cabedal de informações que a rede já hoje nos proporciona para a criação de algo novo, que potencializa enormemente, e como nunca antes, a criação. Para tentar discutir estas e outras questões, publicamos hoje uma primeira versão de uma espécie de ensaio sobre o assunto. É um texto livremente plagiado de “ *Plágio, hipertextualidade e produção cultural eletrônica*”, capítulo quatro de “ **Distúrbio Eletrônico**” do **Critical Art Ensemble** (publicado no Brasil pela coleção Baderna da Editora Conrad, em 2001), com trechos recombinados de outros textos, alguns deles destacados ao final da segunda parte como uma espécie de bibliografia, e outros sutilmente citados – tão sutis que nem lembramos mais de onde nos surgiu aquela ideia/palavra/citação. Vamos publicar em duas partes, totalmente *work in progress*; qualquer comentário/colocação/inquietação/crítica é muito bem-vinda. Depois destas duas partes do ensaio, uma outra edição – digamos, *revista, ampliada e remisturada* – será publicada posteriormente em versão impressa. * **Revalorizar o Plágio na Criação** “ Pegue suas próprias palavras ou as palavras a serem ditas para serem ‘as próprias palavras’ de qualquer outra pessoa morta ou viva. Você logo verá que as palavras não pertencem a ninguém. As palavras tem uma vitalidade própria. Supõem-se que os poetas libertam as palavras – e não que as acorrentam em frases. Os poetas não têm “suas próprias palavras”. Os escritores não são os donos de suas palavras. Desde quando as palavras pertencem a alguém?”Suas próprias palavras”, ora bolas! E quem é você?” Não é de hoje que o plágio tem sido considerado um mal no mundo cultural. Normalmente, a palavra é usada para designar algo francamente ruim, um “roubo” de linguagens, ideias e imagens executado por pessoas pouco talentosas que só querem aumentar sua fortuna ou seu prestígio pessoal. No entanto, como a maioria das mitologias, o mito do plágio pode ser facilmente invertido. Não é exagero dizer que as ações dos plagiadores, em determinadas condições sociais, podem ser as que mais contribuem para o enriquecimento cultural. Antes do Iluminismo, por exemplo, o plágio era muito utilizado na disseminação de ideias. Um poeta inglês poderia se apropriar de um soneto do poeta italiano Francesco Petrarca, traduzi-lo e dizer que era seu. De acordo com a estética clássica de arte enquanto imitação, esta era uma prática aceitável e até incentivada, pois tinha grande valor na disseminação da obra para regiões que de outro modo nunca teriam como ter acesso. Obras de escritores ingleses que faziam parte dessa tradição – Geofrey Chaucer, Edmund Spenser, Laurence Sterne e inclusive o todo-poderoso Shakespeare – ainda são parte vital de uma tradição inglesa, e continuam a fazer parte do cânone literário até hoje.O Afetado Laurence Sterne (17613-168), autor de “ *A Vida e as Opiniões do Cavalheiro Tristram Shandy”, paródia dos romances ingleses da época* ** No oriente, a idéia do plágio é ainda mais disseminada. O plágio é parte do processo de aprendizado. Todos começam a escrever, calcular, dançar e se socializar por meio da imitação e da cópia. A estrutura social, da mitologia à autoajuda, é perpetuada pela reprodução. Mesmo entre os criativos são raros os músicos, escritores ou pintores que não tenham no plágio seu ponto de partida. Ao mesmo tempo em que a necessidade de sua utilização aumentou com o passar dos séculos, o plágio foi, paradoxalmente, sendo jogado na “clandestinidade”, acusado de ser um crime de má fé contra à sobrevivência dos autores. Passou, então, a ser camuflado em um novo léxico por aqueles desejosos de explorar essa prática enquanto método e como uma forma legitimada de discurso cultural.Chineses riem com “Fonte”, de Marcel Duchamp, criados dos ready mades . Assim é que, durante o século XX, surgem práticas como o *ready-made* *, colagens, * *intertextos, remix* *, mashup* *, machinima *e *detournement* *, *todas elas representando, em maior ou menor grau, incursões de plágio. Embora cada uma destas práticas tenha a sua particularidade, todas cruzam uma série de significados básicos à filosofia e à atividade de plagiar, pressupondo que nenhuma estrutura dentro de um determinado texto dê um significado universal e indispensável. A filosofia manifestada nestas ações ainda hoje subversivas é a de que nenhuma obra de arte ou de filosofia se esgota em si mesma; todas elas sempre estiveram relacionadas com o sistema de vida vigente da sociedade na qual se tornaram eminentes. A prática do plágio, nesse sentido, se coloca historicamente contra o privilégio de qualquer texto fundado em mitos legitimadores como os científicos ou espirituais. O plagiador vê todos os objetos como iguais, e assim horizontaliza o plano do sua ação; todos os textos tornam-se potencialmente utilizáveis e reutilizáveis. * O post seguinte está aqui. *Créditos imagens: 1,2, 3.* #### Comments: - - ##### Catatau ah sim, vendo o nome da editora Conrad, um exemplo: no “plágio” de Hakim Bey para o termo “terrorismo”, ele o cunhou com outro termo, “poético”. Assim ele “plagiou” (apropriou-se? agenciou? bricolou?) um termo, mas de que modo? Ele extraiu do “terrorismo” alguns de seus “traços”: uma invasão súbida e arrebatadora da alteridade, provocando um deslocamento das relações cotidianas do objeto-alvo do “terror”; isto é, não sei se plagiou propriamente o termo “terrorismo”, ou se ele tentou fazer algo mais do tipo do Guattari e do Deleuze (se o que eles fazem é diferente de plágio), no sentido de compor virtualidades novas a partir de coisas antigas, mais ou menos como o texto do post pretendeu situar. E ao mesmo tempo ele utilizou aquele conteúdo extraído cruzando-o com “poético”. O terrorismo poético não é terrorismo, é outra coisa; e também não é propriamente arte institucionalizada, é outra coisa. É a tentativa de trazer, por meio de algo semelhante a um assalto, um arrebatamento, um deslocamento das relações familiares e cotidianas para o cultivo de, digamos, “devires poéticos’. Seria essa operação de apropriação um plágio? Ou chamá-la de plágio faz juz à apropriação? Não seria interessante ou retirar a denotação plágio, ou compô-la como fez Bey? É mais ou menos o problema que tentei colocar acima. No mais, parabéns pelo blog! abraço, - ##### Baixacultura Catatau, Obrigadíssimo pelas excelentes colocações, que nos fizeram muito pensar para te responder à altura. Desistimos quando nos demos conta que não conseguiríamos, mas igual, aí vão alguns comentários: _ É um problema a não se desprezar o fato de que a palavra plágio carrega fortes conotações ruins, e não de hoje, como tu bem explicou. Mas é fato também que não podemos – ou não queremos – usar outra palavra justamente porque ela tem um, digamos, rico histórico de negatividade que não há como desprezar na hora da significação. _ Talvez palavras como apropriação, bricolage, etc sejam mais apropriadas do que o plágio para usar em textos como esse. Seria mais fácil, inclusive, usar estas palavras. Mas talvez não teria graça – além de forçar uma proximidade que não é tão interessante quanto desmitificar a ideia negativa do plágio. Enfim, agrademos tua contribuição, Catatau, que desde já nos trouxe um ponto de vista até então não havíamos pensado com a devida atenção. Quem sabe não continuemos a conversa? abraço! - ##### Pingback: A estreia de “La Remezcla” | - ##### geny de jesus dos santos guedes CREIO QUE NADA SE CRIA TUDO SE COPIA E SO OBSERVAR A NATUREZA E CONSTATAR. ## Catatau Creio que deve haver muito cuidado nessa hora porque o texto parece fazer passar por baixo do tapete também conotações ruins de plágio. Em primeiro lugar, de repente não poderia ser escolhida outra palavra? Por exemplo, só para dar um chute, “bricolage”, “apropriação”, etc.. O texto pretende passar a idéia de que os autores não são donos de suas palavras, que as palavras possuem uma autonomia própria, e assim portanto é uma arte criar novas direções a partir das possibilidades “poéticas” das coisas. Assim, diversos “autores” tentaram na história do mundo encerrar essas possibilidades poéticas dentro de nomes, como se a criação pertencesse a alguma autoridade autoral. Isso tudo é correto, mas… o uso predominante de plágio é o mau uso, é uma reedição daquele uso que o próprio texto pretende criticar. O plagiador, e especialmente o plagiador de nossa época, rouba a ‘idéia’ (digamos assim, e entre aspas) de outra identidade autoral para afirmar a sua própria identidade autoral. Não se retira a ‘idéia’ de seu cárcere autoral; apenas se transfere o cárcere e até sob uma certa degenerescência (pois pelo menos o primeiro autor, mesmo errado, tentava criar). Assim o termo “plágio” parece não ser uma escolha muito feliz, pois é tentar positivar um termo em si mesmo negativo. Os plágios históricos descritos acima, no ocidente e no oriente, não são plágios, mas apropriações. Plágio, por definição, é o roubo da idéia de outro, e seria necessário um trabalho retórico a mais para deixá-lo positivo. Trabalho aparentemente desnecessário, visto outros termos muito interessantes para dizer a mesma coisa. Não por acaso “plágio” tem a etimologia de “roubo de escravos” – e não no sentido de “libertação” deles.
2023-02-05T20:44:10Z
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https://baixacultura.org/2012/03/09/a-biblioteca-rizomatica-de-ricardo-rosas/
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### A biblioteca rizomática de Ricardo Rosas Ricardo Rosas foi uma das figuras mais proeminentes do ciberativismo brasileiro pré-popularização das redes sociais. Em 2002, quando Mark Zuckerberg recém entrava em Harvard e o Twitter não era nem ideia, o cearense de Fortaleza criou o **Rizoma.net**, um site que, ao longo de sete anos de existência, abrigou o melhor acervo nacional de artigos sobre hackativismo, contracultura e intervenção urbana. Em 2003, Rosas fincaria de vez sua importância na cultura digital brasileira ao ser um dos organizadores do Mídia Tática Brasil, histórico encontro inspirado no holandês Next5Minutes, realizado na Casa das Rosas e no SESC, em plena Av. Paulista, entre 13 e 16 de março, que reuniu Gilberto Gil, John Perry Barlow, Richard Barbrook, Peter Pál Pebart, **Giuseppe Cocco, André Lemos, Beá Tibiriçá, Gilson Schwartz, Hernani Dimantas, Lucas Bambozzi, Suely Rolnik**, dentre outras tantas figuras e coletivos interessantes e representantivos da cultura digital da época. Foi um dos primeiros encontros no país a aproximar artistas, hackers, aficcionados por tecnologia e ativistas políticos. Além disso, o Mídia tática de 2003 é considerado por muitos o berço das políticas de cultura digital no MinC brasileiro. Foi ali que, segundo conta Claudio Prado, ele e Gilberto Gil – que mediou a mesa de abertura com John Perry Barlow, Richard Barbrook, Danilo Santos de Miranda (diretor regional do SESC), Beá Tibiriçá (na época, coordenadora do Governo Eletrônica da Prefeitura de SP) e Ricardo Rosas – tiveram o primeiro papo acertando os pontos para o trabalho com cultura digital no mistério. Gil já estava antenado no assunto, muito alimentado pelo antropólogo Hermano Vianna. A mesa de abertura do Mídia Tática foi uma faísca só. Dizem aqueles que lá estiveram que foi um momento histórico: Barbrook, professor da universidade de Westminster nos EUA (e que é comunista) detonou Barlow, vice-presidente da Electronic Freedom Foundation (e que já foi do partido Republicano); ambos tinham (ainda tem?) visões diferentes de mundo e, também, de cultura digital. [ *Para os que ficaram curiosos, os arquivos desse debate podem ser baixados, parte 1 e parte 2; agradeço ao Felipe Fonseca pelos links*]. A partir do Mídia Tática, Claudio Prado encontraria José Murilo Jr, que ate hoje é o coordenador de cultura digital do MinC, Uirá Porã, Sérgio Amadeu e outras figuras que seriam alguma das principais responsáveis por colocar na cabeça do governo, via Gil, os conceitos de software livre, inclusão digital e copyleft – ideias que, hoje, sabemos que andam amplamente esquecidas pela ministra Ana de Hollanda. Ricardo faleceu em 11 de abril de 2007, em sua cidade natal, Fortaleza, por problemas de saúde. A relevância de seu trabalho também fez com que fosse homenageado em Fortaleza dando nome ao prêmio de arte e cultura digital da cidade. De 2002 a 2009, o Rizoma.net abrigou um acervo significativo de artigos, traduções, entrevistas sobre hackativismo, contracultura e intervenção urbana. Parte desse acervo saiu do ar com o site, mas foi recuperado pelo coletivo CCR (Centro de Criação de Ruídos), que se dispôs a editorar em PDF os textos das seções do site. Num esforço conjunto com o Vírgula-imagem e com Jesus – assim se identificou o voluntário que enviou as últimas contribuições por email, segundo conta a Select – criou-se uma página onde estão disponíveis todos os PDFs e links. Tem muita coisa boa. São 18 PDFs disponibilizados para download e visualização no Issuu, em edições intituladas “Neuropolítica“, “Lisergia Visual“, “Hierografia“, “Desbunde“, “Anarquitextura“, “Recombinação“, dentre outros. Todos são documentos importantes da contracultura, digital ou não, brasileira, e interessarão muito aos curiosos sobre o assunto. Para se ater aquele tema que gostamos mais de falar por aqui, destacamos a edição sobre “ **Recombinação**“. São 153 páginas de artigos, entrevistas e traduções em 37 textos que todos, sem excessão, poderiam ser abordados em posts diferentes por aqui. Tem Critical Art Ensemble com “ *Plágio Utópico, Hipertextualidade e Produção Cultural Eletrônica*“, que re-plagiamos nos posts “Revalorizar o Plágio na Criação“; “ *Copyright e Maremoto*“, dos italianos do Wu Ming, ambos textos do coletivo Baderna.org, que organizou a maravilhosa coleção Baderna da Conrad. Brasil? Tem “ *Manifesto da Poesia Sampler*“, do Círculo de Poetas Sampler de São Paulo. “ *Por que somos contra a propriedade intelectual*“, de Pablo Ortellado; “ *O que é arte xerox*“, de Hugo Pontes”. “ *Entrevista o coletivo Re:Combo*“, por Giselle Beiguelman. “ *A Cultura da Reciclagem*“, por Marcus Bastos. Traduções de textos clássicos? Tem “ *Montagem*“, de Sergei Einsenstein. “ *Um Guia para o usuário do Detournament*“, de Gil Wolman e Guy Debord (que já comentamos por aqui). “ *O método do cut-up*“, de William Burroughs. E muito mais coisas legais, que não vamos citar mais para não ficar cansativo. Melhor: vamos, nos próximos meses, republicar algum desses textos, com uma apresentação e/ou ensaio crítico – ou, caso precise, de alguma atualização. É uma forma de divulgá-los mais amplamente e, também, homenagear o belo legado que o Rizoma e Ricardo Rosas deixaram. Pra encerrar este post, vai uma compilação de textos que Rosas deixou, organizado por Marcelo Terça-Nada, do Vírgula-Imagem: _ Táticas de Aglomeração – Publicação do Reverberações 2006 _ Gambiarra: alguns pontos para se pensar uma tecnologia recombinante (PDF) – Caderno VideoBrasil _ Nome: coletivos | Senha: colaboração – FILE / Sabotagem _ Notas sobre o coletivismo artístico no Brasi – Trópico/UOL _ Hibridismo Coletivo no Brasil: Transversalidade ou Cooptação? – Fórum Permanente/Fapesp _ Alguns comentários sobre Arte e Política – Canal Contemporâneo _ Hacklabs, do digital ao analógico (tradução) – Suburbia _ The Revenge of Lowtech : Autolabs, Telecentros and Tactical Media in Sao Paulo (PDF) – Sarai.net #### Comments: - - ##### Teo Oliver É uma pena que não entendo nada do site Rizoma.net no idioma que ele esta escrito. De qualquer tem bastante material nos os últimos liks do post. Muito boa essa compilação de textos. - ##### baixacul Teo, o Rizoma.net de agora é outro site – não tem mais relação com o antigo, que saiu do ar. abraço, L. - ##### Aracele Torres Nossa, saudosos tempos de Rizoma! Ainda guardo muito material bom que baixei de lá. Louvável e necessária recuperação, parabéns aos envolvidos! Abs. - - ##### Pingback: Mídia tática: uma compilação (1) | - ## Marcelo Terça-Nada Adorei o post! Parabéns pela retrospectiva!
2023-02-05T19:44:58Z
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https://baixacultura.org/2016/05/12/as-taticas-da-bela-baderna-2-os-dilemas-de-decisao/
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### As táticas da bela baderna (2): os dilemas de decisão Brasil, maio de 2016. Passado três semanas de um dos pontos mais lamentáveis da história recente brasileira, a votação do Impeachment de Dilma Roussef na Câmara dos Deputados, damos prosseguimento ao nosso intuito de difundir as táticas do Bela Baderna/Beautiful Trouble, um livro/site que traz, de forma simples e didática, táticas, princípios e teorias para mudar algo. Depois de “Mude seu espectro de aliados”, a tática da vez é a do dilema de decisão, aquela situação em que qualquer coisa que o alvo em questão faça vai ajudar você. É uma tática útil e inteligente, que em certas situações causa um barulho que pode ocasionar mudanças reais no mundo/comunidade/pessoa que você queira mudar. *** COLOQUE SEU OPONENTE EM UM DILEMA DE DECISÃO* Resumo **Desenhe sua ação de modo que seu oponente seja obrigado a tomar uma decisão, e todas as opções disponíveis sejam sempre favoráveis a você** Se você planejar bem sua ação, pode forçar seu oponente a uma situação em que ele precisa responder, mas não tem boas opções – na qual ele está ferrado se o fizer, e também está ferrado se não o fizer. Na verdade, muitas ações com objetivos concretos (como bloqueios, *sit-ins*, *tree-sits*, etc.) PRECISAM de um “dilema de decisão” para serem bem sucedidas. Pense no bloqueio de um prédio. Um bloqueio taticamente efetivo deixa apenas duas opções para seu oponente: **1)** negociar com você / atender duas demandas, ou **2)** reagir por meio de força (violência contra você ou prisão). Isso é um dilema de decisão. Não deixe seu oponente sair de fininho pela porta dos fundos, e não se coloque em uma situação em que ele possa esperar impunemente que você saia. Você deve determinar um claro dilema de decisão. Sem isso, você permite que seu oponente e/ou a polícia ditem o sucesso de sua ação, ao invés de comandá-la por conta própria. Tenha certeza de cobrir todas as saídas possíveis – literal ou figurativamente. Ativistas criativos podem adaptar essa inspiração tática para colocar seus oponentes em dilemas similares no nível simbólico. Veja o caso de Cindy Shehan ( *foto que abre o post*). No verão de 2005, depois da morte de seu filho, especialista do exército Casey Sheehan, na Guerra do Iraque, ela acampou em frente ao rancho do Presidente Bush, no Texas, onde ele tinha acabado de chegar para três semanas de férias. Usando as palavras de Bush contra ele mesmo, ela prometeu não sair de lá até que ele se encontrasse com ela para explicar por qual “causa nobre” seu filho havia morrido. Quando a mídia começou a cobrir o impasse, Bush estava encurralado em um dilema de decisão: ele estaria ferrado caso a encontrasse, e também caso não a encontrasse. Encontrar-se com Cindy seria um fiasco perante a imprensa. Não fazê-lo significaria dar-lhe razão. De todo modo ele perderia. No fim, ele não se encontrou com Cindy Sheehan, e o “Acampamento Casey ( *camp casey*)” se transformou em um momento crucial para que a opinião pública norte-americana ficasse contra a guerra. *[NB: o Indymedia ainda guarda documentação sobre a ação; Cindy ainda é uma ativista importante nos EUA e mantém um blog ativo]*. Outro exemplo é a ação do *Whose Tea Party?* Parlamentares republicanos se reuniram no barco do *Tea Party* em Boston para uma ação midiática: jogar fora um baú com o rótulo “código tributário” na água. Mas eles foram repentinamente confrontados por um bote com ativistas – o “Bote Salva-Vidas da Família Trabalhadora” – que na água, logo abaixo deles, suplicavam para não serem “afogados” pelo imposto único proposto. Com as câmeras filmando, os parlamentares tinham duas opções: jogar fora o código tributário e afundar o bote dos ativistas (o que fizeram) ou recuar em sua intenção declarada de acabar com o código tributário. Ao jogar o baú e virar o bote, eles reforçaram a mensagem dos ativistas de que a reforma tributária proposta pelos republicanos iria “afundar a família trabalhadora”. Recuar também teria enfraquecido o argumento dos republicanos, ao conceder simbolicamente que o imposto seria prejudicial para estas famílias. Assim como no Acampamento Casey, este dilema de decisão não foi um acidente fortuito, e sim um elemento-chave no planejamento de ação. Frequentemente, para que este princípio funcione, você precisa estar preparado para esperar seu oponente. Cindy Sheehan se comprometeu a acampar em frente ao rancho de Bush durante todo o período de férias do presidente. Ela não ia sair dali. Era a vez dele de fazer alguma coisa, mas ele não tinha o que fazer. Na mesma linha, o Bote Salva-Vidas da Família Trabalhadora balançou na água, pedindo que os republicanos poupassem as famílias trabalhadoras, enquanto a mídia documentava o evento. Diferentemente do que acontece em várias ações, não havia seguranças para tirá-los do local. Eles puderam simplesmente esperar, e quanto mais os republicanos hesitavam, mais eles reforçavam a mensagem dos ativistas. **POSSÍVEIS PROBLEMAS**: Isso vale tanto para se proteger de ursos quanto para o ativismo: encurralar alguém pode provocar reações violentas. Se sua intenção for eliminar a opção de fugir em um cenário em que as opções são lutar ou fugir, você precisa tomar todas as precauções necessárias para minimizar os riscos para você e seus aliados, caso o oponente resolva vir pra cima. *Com a contribuição de Joshua Kahn Russel e Andrew Boyd – também editor do Beautiful Trouble, Andrew é autor, humorista e veterano de campanhas criativas em prol de mudanças sociais. É autor dos livros *Daily Afflictions*, *Life’s Little Deconstruction Book* e *The Activist Cookbook*. Site: andrewboyd.com. [Versão do post em inglês] *Créditos foto: Cindy (Indymedia), Whose Tea Party (BeautifulTrouble),* ## Deixe um comentário
2023-01-31T14:12:44Z